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Matrizes Clássicas do Pensamento Sociológico André Puchalski São Paulo Rede Internacional de Universidades Laureate 2015 Matrizes Clássicas do Pensamento Sociológico São Paulo Rede Internacional de Universidades Laureate 2015 © Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Sistema de Bibliotecas da UNIFACS Universidade Salvador - Laureate International Universities) CAPÍTULO 2 - Sociologia clássica Introdução................................................................................................................................. 09 2.1. A Sociologia clássica.............................................................................................................09 2.2. Pensadores...........................................................................................................................09 2.2.1. Augusto Comte (1798-1857)...............................................................................................09 2.2.2. Émile Durkheim (1858-1917)..............................................................................................11 2.2.3. Max Weber (1864-1920).....................................................................................................12 2.2.4. Karl Marx (1818-1883).......................................................................................................14 Síntese.......................................................................................................................................17 Referências.................................................................................................................................18 Sumário 08 Laureate- International Universities 09 É comum que, por alguma razão, o brasileiro reclame constantemente da política e dos políticos. Mas os políticos não possuem uma visão justa e geral dos problemas? Os políticos não foram eleitos pelo povo? Existe uma visão e percepção coletiva dos problemas sociais por parte do eleitor e do político? Por que as prisões estão abarrotadas e, mesmo assim, a violência ainda parece crescer? Através dos principais sociólogos e filósofos você terá uma visão crítica do pensamento sociológico. Existem diferentes teorias dentro do contexto histórico, você entenderá a diversidade de cada uma, assim como seus objetivos, conceitos e perspectivas. Como vimos no capítulo anterior, a Sociologia lança um olhar científico sobre a realidade e apresenta teorias sobre os fatos sociais. Ao longo dos anos, inúmeros pensadores se dedicaram a observar como interagimos uns com os outros e com as estruturas organizacionais. Esses intelectuais investigaram as razões e consequências das transformações trazidas pelo capitalismo. Será que eles chegaram às mesmas conclusões? O que cada um estruturou em termos de pensamento sociológico? Veremos a seguir os principais pensadores sociológicos e como cada um contribuiu com o estudo da Sociologia. 2.2.1 Augusto Comte (1798-1857) Pode-se afirmar que é com Comte que surge a primeira corrente sociológica, o Positivismo. “Foi Comte quem criou o termo em 1838 para indicar a “ciência de observação dos fenômenos sociais” - e é usado atualmente em todo o tipo ou espécie de análise empírica ou teoria que concerne aos fatos sociais” (ABBAGNANO, Nicola, p.881). O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. É considerado a adaptação do Iluminismo à era industrial, porque expressa uma total confiança nos benefícios da industrialização e um otimismo em relação ao novo sistema emergente, o Capitalismo. Os governantes desejariam fazer admitir a máxima segundo a qual só eles são capazes de discernir com exatidão em política, e que, por consequência, somente a eles compete ter opinião a respeito. Têm suas razões para pensar assim, e o governante também tem as suas – precisamente as mesmas – para se recusar a admitir tal princípio, o qual, de Capítulo 2Sociologia clássica Introdução 2.1 A Sociologia clássica 2.2 Pensadores 10 Laureate- International Universities fato, considerando em si mesmo e independentemente de qualquer preconceito, quer de governante, quer de governado, é de todo absurdo. Com efeito: os governantes, por sua posição – mesmo supondo-os honestos - são, pelo contrário, os mais incapazes de possuir opinião justa e elevada sobre a política em geral. (COMTE, Augusto, 1972). A evolução da sociedade está associada à evolução histórica do conhecimento, que, segundo Comte, assume três etapas ou estágios: o primeiro é o primitivo ou teológico, o ponto de partida da inteligência; o segundo é o ponto de transição ou metafísico, onde os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas; e o terceiro é o definitivo ou maduro, que representa a evolução racional da humanidade, o estágio positivo. O último estágio, por ser coordenado pela razão, reconhece a fragilidade dos estágios anteriores no que toca à análise dos fenômenos naturais. Por este motivo, segundo Comte, os estágios conhecidos como teológico e metafísico devem ser ignorados, uma vez que não colaboram para o desenvolvimento da ciência. O lema da ciência positiva é ver para prever. A ciência se torna o motor propulsor da sociedade, porque seu objetivo é o progresso, que está subordinado à ordem. Temos, então, o lema aplicado à sociedade, ordem e progresso. O Positivismo inspirou o movimento republicano brasileiro e, por isso, essas palavras foram gravadas na bandeira nacional. O pensamento positivista está centralizado em sete termos, segundo Comte, real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. O fundador da Sociologia propôs uma ampla reforma, a fim de restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial. A reestruturação estava fundamentada primeiro na reorganização intelectual, depois moral e, finalmente, política. Como resume Costa (1987): O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade europeia do século XIX em franca expansão. Buscava justificar, através de um método científico adequado, os padrões Figura 1: Bandeira do Brasil_Fonte_www.shutterstock.com.br 11 burgueses e industriais de organização social. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem estar do todo social. Por mais evidentes que se tornem hoje os limites, interesses, ideologias e preconceitos inscritos nos estudos positivistas da sociedade, por mais que eles tenham servido como lemas de ação política conservadora, como justificativa para as relações desiguais entre sociedades, é preciso lembrar que eles representam o primeiro esforço relevante de análise científica da sociedade. (COSTA, Maria Cristina Castilho, 1987, p.42-43). Durkheim é o grande teórico da Sociologia. Em 1895, ele publicou “As regras do método sociológico”, expondo com clareza o seu principal objeto de estudo: os fatos sociais. Segundo o pensador francês, as sociedades são regidas por uma consciência coletiva, ou seja, a sociedade está na cabeça de cada indivíduo. Esta consciência coletiva é expressa em fatos sociais. Os fatos sociais apresentam três características: 1) Coerção social – A força que os fatos exercem sobre as pessoas, levando os indivíduos a se conformarem com as regras da sociedade em que vivem. O indivíduo que não vive segundo as normas está sujeito às sanções. A educação, segundo Durkheim, tem a função de conformar os indivíduos à sociedade; 2) Exterioridade – Os fatos sociais existem e atuam na vida de um indivíduo independentemente de sua vontade. As normas, as leis e os costumes existem antes do nascimento, portanto, o indivíduo já ao nascer está sujeitoa eles; 3) Generalidade – “Os fatos sociais são coletivos, isto é, são comuns a todos os indivíduos em uma determinada sociedade” (COSTA, Maria Cristina Castilho, 1987, p.51-52). Os fatos sociais devem ser analisados como coisas, isto é, como objetos exteriores, que podem ser medidos, observados, comparados, independentemente do pensamento do indivíduo. Para Durkheim, as opiniões e os juízos de valor têm o poder de mascará-los. Um fato social é considerado normal quando já está generalizado ou quando desempenha um papel importante para a adaptação ou evolução em uma determinada sociedade. Por exemplo, Durkheim considera o crime normal, não só porque está presente em qualquer comunidade, em qualquer época, mas também porque evidencia a importância de valores sociais que classifiquem condutas como ilegais e condenem os envolvidos às penalidades da lei. A consciência coletiva é o que define a conduta da sociedade e se manifesta por meio da cooperação entre os indivíduos. A cooperação, de acordo com Durkheim, significa a divisão do trabalho social segundo as diferentes funções e especializações dos indivíduos. O modo de viver com base na divisão do trabalho social é chamado de solidariedade. Durkheim distingue dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica ocorre nas sociedades onde a divisão do trabalho social é pouco diferenciada (trabalho masculino, trabalho feminino, trabalho de acordo com a idade etc.); a solidariedade orgânica é típica das sociedades industriais, onde a divisão do trabalho social é diferenciada e está associada às funções, às especializações. Fernandes (1959) explica o método sociológico de Durkheim: Durkheim deslocou o problema para um terreno estritamente formal, único, em que ele poderia ser estabelecido em uma ciência em plena formação. Uma observação bem feita em geral deve muito a uma teoria constituída, mas ela não é o produto necessário dos conhecimentos já obtidos. Ao contrário, representa a via inevitável para a consecução 2.2.2 Émile Durkheim (1858-1917) 12 Laureate- International Universities destes. Daí a conclusão lógica: os sociólogos se beneficiarão das teorias à medida que a investigação sociológica progredir. Até lá, e mesmo depois, precisam saber proceder a descrições exatas, a observações bem feitas e, em particular, devem aprender a extrair, da complexa realidade social, os fatos que interessam precisamente à Sociologia (FERNANDES, Florestan, 1959, p.77-78). Assim, ao invés de se dedicar à construção de uma teoria sociológica, Durkheim desenvolveu uma teoria de investigação sociológica. Como destaca Fernandes (1959): Nesse sentido (e não em um plano substantivo), é que a Sociologia poderia aproveitar a lição e a experiência das ciências mais maduras: transferindo para o seu campo o procedimento científico usado nas ciências empírico-indutivas, de observação ou experimentais. Isso seria fácil, desde que a ambição inicial se restringisse à formulação de um conjunto de regras simples e precisas, aplicáveis à investigação sociológica dos fenômenos sociais (...) De fato, ele empreendeu tal tarefa e foi o primeiro sociólogo que conseguiu atingir semelhante objetivo, em condições difíceis e com um êxito que só pode ser contestado quando se toma uma posição diferente em face das condições, limites e ideais de explicação científica na Sociologia . (FERNANDES, Florestan, 1959, p.77-78). A partir das reflexões sobre a teoria de Émile Durkheim, como: o aborto pode ser considerado um fato social? Émile Durkheim é apontado como um dos primeiros grandes teóricos. Ele definiu com precisão o objeto de estudo da Sociologia, estabeleceu um método para analisar os fenômenos sociais. Segundo Durkheim, o aborto e o suicídio são considerados fatos sociais, pois são atos individuais. NÓS QUEREMOS SABER! 2.2.3 Max Weber (1864-1920) Figura 2: Max_Weber_Fonte.www.shutterstocom.br 13 2.2.3 Max Weber (1864-1920) O objeto de investigação de Weber é a ação social, ou seja, a conduta humana dotada de sentido. Para o sociólogo e economista alemão, o homem é quem dá sentido à ação social. Ele discorda de Durkheim e afirma que todos os indivíduos são capazes de agir livremente, uma vez que a sociedade é o resultado da ação de diversas pessoas. Em outras palavras, cada indivíduo é dotado de vontade e tem a capacidade de assumir uma posição consciente no mundo. A sociedade é demasiadamente complexa e, para entendê-la, se faz necessário compreender a ação social, isto é “uma ação que o indivíduo comete quando leva em consideração as ações dos outros indivíduos em suas atitudes e intenções” (COSTA, Ricardo Cesar Rocha; OLIVEIRA, Luiz Fernandes, 2013, p. 36). Weber estabelece quatro tipos de ações sociais: • Tradicional - É a ação baseada na ação dos outros, isto é, aquilo que todos fazem; • Afetiva – Ação praticada porque dá prazer; • Racional em relação aos valores – Ação que busca status. Por exemplo, a compra de um determinado modelo de carro ou de roupa; • Racional com relação a fins – Ação vinculada a um determinado fim. Por exemplo, usar um determinado tipo de roupa porque é exigido pela sua profissão; A complexidade da sociedade e os problemas metodológicos encontrados por cientistas sociais do século XX levaram Weber a buscar novos caminhos, a fim de analisar vários outros problemas sociais e históricos. Um dos trabalhos mais importantes nesse sentido é a “Ética protestante e o espírito do capitalismo”. Nesta obra, o pensador analisa o papel do protestantismo na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno. Com base no estudo das pregações dos adeptos da reforma, ele procura estabelecer uma relação entre a doutrina e a pregação protestante, para, em seguida, medir os efeitos destas pregações no comportamento dos indivíduos e no desenvolvimento capitalista. Como pontua Costa (1987): Weber descobre que valores do protestantismo – como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho – atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao “alheamento” e à atitude contemplativa do catolicismo. (COSTA, Maria Cristina Castilho, 1987, p.66). Para Weber, a ação social não é um ato isolado, mas um processo que envolve uma sequência de elos significativos. E os elementos deste processo articulam-se entre si. Alguns preceitos de sua doutrina são: • Lembra-te que tempo é dinheiro. E quem ganha o dinheiro irá passear ou ficará dormindo, ou vadiando; • Lembra-te de que o crédito é dinheiro. Ou seja, não acumule o dinheiro, aplique-o para ter lucro com os juros; • Lembra-te que o dinheiro é de natureza prolífica, pro criativa. Ou seja, o dinheiro pode gerar dinheiro; • Lembra-te: o bom pagador é dono da bolsa alheia. O bom pagador sempre terá crédito. 14 Laureate- International Universities Marx foi o criador da corrente mais revolucionária, porque seus escritos não tinham apenas a intenção de uma grande contribuição sociológica. Enquanto Comte implantou a ideia de que a sociedade é mais que a soma dos indivíduos - porque há normas e instituições -, Durkheim determinou que a sociedade é regida por uma consciência coletiva e Weber constatou que o homem é quem dá sentido à ação social, Marx propôs uma ampla transformação política, econômica e social. A burguesia, surgida a partir do Renascimento devido ao desenvolvimento do comércio, foi o alvo das críticas e análises do filósofo alemão. No “Manifesto do Partido Comunista”, escrito em parceria com Friedrich Engels, ele afirma que: onde quer que tenha chegado ao poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais,idílicas. Dilacerou impiedosamente os variegados laços feudais que ligavam o ser humano a seus superiores naturais, e não deixou subsistir entre homem e homem De que maneira o protestantismo, segundo Weber, gera condutas adequadas ao capitalismo? Os protestantes tiveram um papel importante no sentido de acumular capital e depois investir na produção. Isto mostra uma conexão com a doutrina e a pregação protestante, gerando efeitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista. NÓS QUEREMOS SABER! 2.2.4 Karl Marx (1818-1883) Figura 3: Karl_Marx_Fonte_www.shutterstock.com.br 15 2.2.4 Karl Marx (1818-1883) outro vínculo que não o interesse nu e cru (das nackte Interesse), o insensível “pagamento em dinheiro”. Afogou nas águas gélidas do cálculo egoísta os sagrados frêmitos da exaltação religiosa, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimento pequeno burguês. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca e, no lugar das inúmeras liberdades já reconhecidas e duramente conquistadas, colocou unicamente a liberdade de comércio sem escrúpulos. Numa palavra, no lugar da exploração mascarada por ilusões políticas e religiosas, colocou a exploração aberta, despudorada, direta e árida. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich, 1998, pag.68). Em sua obra “O Capital”, Marx analisa as contradições da sociedade capitalista e as formas de superar estas contradições. Nesse ponto, teve grande influência de Hegel, de quem adotou o método dialético. Mas a Dialética, na concepção Marx, é encarar a contradição geradora do movimento da realidade material, não apenas um produto da ideia. A dialética “é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação” (COTRIM, Gilberto, 1999, pag.260). A industrialização incipiente é um objeto de observação de Marx. Ele percebe, por exemplo, que enquanto o industrial enriquece, o operário empobrece. Ao processo em que o capital se concentra na mão de poucos, Marx dá o nome de mais-valia. Em sua concepção, o sistema de produção do capitalismo aliena o trabalhador, porque o separa dos seus meios de produção, no caso, as ferramentas, as matérias primas, que se tornam propriedade do capitalista. Como alternativa para a mais-valia, Marx propõe a abolição da propriedade privada dos meios de produção, para que o capital se concentre nas mãos do Estado. Assim, não haveria diferenças entre as classes sociais. Os princípios básicos da dialética de Marx são: • Tudo se relaciona – nenhum fenômeno natural ou social pode ser explicado isoladamente; • Tudo se transforma – Como já afirmara Heráclito de Éfeso (“Tudo flui nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser”). O movimento é a realidade que se manifesta na natureza e na sociedade; • Mudanças qualitativas – as transformações podem assumir diferentes ritmos; • Luta dos contrários (tese, antítese e síntese). Tese = determinada afirmação; antítese = negação da tese; síntese = uma nova afirmação, uma nova tese. A sociologia e a obra de Marx A relação de sucessivas gerações com a sociedade de classes foi determinada, assim pensa Geiger, até o dia de hoje pela doutrina de Marx. Lipset e Bendix são de opinião contrária: “o estudo das classes sociais sofreu no passado pela propensão dos cientistas sociais a reagir contra a influência de Karl Marx”. É provável que existam elementos de verdade em ambas as afirmações. A discussão nas ciências sociais tem estado, já por um tempo demasiado longo, dominado seja por tentativas de rejeitar por inteiro a doutrina de Marx, seja no sentido de sustentá-la sem qualificações. Implicitamente, se não explicitamente, essas tentativas ficaram expostas a controvérsias infindáveis a respeito do que Marx realmente quis dizer. Não é difícil perceber por que isso aconteceu. Em primeiro lugar, existem a atração ou a repulsa política, conforme seja o caso, pelo trabalho de Marx; há também a promessa profética de suas previsões; e, sobretudo, existe o que Schumpeter denominou a “síntese imponente” da doutrina de Marx. “Nossa época se revolta contra a necessidade inexorável da especialização e por isso anseia por uma síntese, mais em tudo nas ciências sociais, em que o elemento não profissional é tão importante. Mas, acrescenta Schumpeter, com igual exatidão, nesse ponto, “o sistema de Marx ilustra bem o fato de que, embora a síntese possa significar uma nova luz, pode representar 16 Laureate- International Universities novos grilhões”. [...] Ignorar Marx é conveniente, mas também é ingênuo e irresponsável. Nenhum físico – se me perdoam a analogia – ignoraria Einstein por não aprovar sua atitude política ou alguns aspectos de sua teoria. Aceitar Marx pode ser prova de fidelidade exemplar, mais cientificamente, é estéril e perigoso. Nenhum físico deixaria de atacar Einstein apenas pela circunstância de ser um apreciador do homem e de sua obra como um todo. Iniciamos nossa pesquisa por um exame do trabalho de Marx porque sua formulação da teoria de classes é não só a primeira, mas também, como sabemos agora, a única em gênero. Hoje, essa teoria foi refutada, mas não superada. (DAHRENDORF, Ralf, 1982, p.111-112). Desde cedo Augusto Comte entendeu que o seu trabalho estava ligado indissoluvelmente ao esforço para salvar a sociedade da anarquia em que tinha mergulhado após a Revolução Francesa, mediante a adoção de um novo sistema orgânico de pensamento. Para saber mais não deixe de ler: “COMTE, Augusto. Opúsculos de filosofia social. Tradução Ivan Lins e João Francisco de Souza. Porto Alegre: Globo; São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1972”. Dahrendorf acreditava que nenhuma teoria por si só poderia dar conta de toda a sociedade. O marxismo não levou em conta os dados da óbvia integração social e coesão. Para se aprofundar não deixe de ler: “DAHRENDORF, Ralf. As classes e seus conflitos na sociedade industrial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982”; e “ENGELS, Friedrich, MARX, Karl. O Manifesto do Partido Comunista. 8ª edição, Petrópolis: Editora Vozes, 1998”. NÃO DEIXE DE LER... 17 Neste capítulo observou-se o surgimento da ciência sociológica: estudo dos fenômenos sociais e os seus principais pensadores, como; • O positivismo de Augusto Comte e o surgimento do termo Sociologia; • Émile Durkheim – O fato social e o método sociológico de investigação; • Max Weber - A ação social e o comportamento do capitalismo moderno; • Karl Marx - Análise crítica do sistema capitalista. Por fim, a Sociologia está o tempo todo relacionada com os problemas que o homem enfrenta no dia-a-dia de sua sociedade. Ela pretende ser um conhecimento científico sobre a realidade social e, e visa estabelecer teorias, bem como confrontá-las. SínteseSíntese 18 Laureate- International Universities ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução Alfredo Bosi. São Paulo: Editor Mestre Jou, 1970. COMTE, Augusto. Opúsculos de filosofia social. Tradução Ivan Lins e João Francisco de Souza. Porto Alegre: Globo; São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1972. COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1987. COSTA, Ricardo Cesar Rocha; OLIVEIRA, Luiz Fernandes. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2013. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia – Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva 1999. DAHRENDORF, Ralf. As classes e seus conflitos na sociedade industrial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982. ENGELS, Friedrich, MARX, Karl. O Manifesto do Partido Comunista. 8ª edição, Petrópolis: Editora Vozes, 1998. FERNANDES, Florestan. Fundamentos e conflitos na sociedade industrial. São Paulo: Editora nacional, 1959. ReferênciasBibliográficas
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