Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Semiologia Morgana Fernandes Semiologia do Abdome Divisão anatômica Formas: 1. Normal 2. Globoso - gravidez, ascite, distensão gasosa, obesidade, pneumoperitônio, obstrução intestinal, tumores e hepatomegalia volumosa 3. Em ventre - ascite em regressão 4. Pendular/ ptótico - puerperal, pessoas emaciadas. 5. Avental - obesidade 6. Escavado - retração. Pessoas muito magras, doenças consuptivas Cicatriz umbilical - protrusão indica hérnia ou acúmulo de líquido. ● Sinal de Cullen - equimose periumbilical ● Sinal de Gray - turner - equimose nos flancos Abaulamentos e retrações - fundamental a localização. projeção das vísceras na parede abdominal. Padrão venoso não é visível, quando ocorre indica circulação colateral. Semiologia Morgana Fernandes Cicatrizes: - Flanco D: colecistectomia - Flanco E: colectomia - ressecção do intestino grosso - Fossa D: apêndice ou hérnia - Fossa E: hérnia - Hipogástrico: histerectomia - Linha média: laparotomia - Região lombar: nefrectomia - Linha vertebral: laminectomia Movimentos Respiratórios - o fisiológico é a respiração tóraco-abdominal, quando ausente indica processo inflamatório do peritônio e é acompanhado de rigidez da parede abdominal. Sexo feminino em condições normais a respiração pode ser puramente torácica. - Pulsações: aneurismas de aorta abdominal e hipertrofia de VD. - Peristalse: podem ocorrer naturalmente ou após manobra. Indicam obstrução de tubo digestivo Obstrução pilórica: região epigástrica. Cima para baixo, esquerda para direita. Intestino delgado: região umbilical, sem direção constante. Intestino Grosso: melhores observadas no cólon transverso. Direita para esquerda. Palpação: decúbito dorsal com mão espalmada. Avaliar o estado da parede abdominal, a sensibilidade, alterações nas vísceras. Órgãos intra-abdominais não se palpam em condições fisiológicas. Estômago, duodeno, ID, pâncreas, vias biliares não são reconhecidos. Palpação superficial: ● Sensibilidade: determinar localização e irradiação. Pontos dolorosos: Pontos gástricos: 1.Xifoidiano: abaixo do apêndice xifóide - dor indica cólica biliar, esofagites, úlceras e neoplasias. 2.Epigástrico: meio da linha xifoumbilical - dor indica gastrite. Ponto biliar ou cístico: ângulo entre a reborda gostam direita e o músculo reto. Sinal de Murphy: colecistite aguda. Compressão do ponto cístico, seguida de inspiração profunda causa dor inesperada. Ponto apendicular ou de McBurney: na extremidade dos dois terços que une a espinha ilíaca ânterossuperior direita ao umbigo. Sinal de Rovsing: compressão progressiva, lenta e contínua seguida de descompressão brusca. Dor intensa indica apendicite aguda. Apendicite aguda também pode ser avaliada por mais duas manobras: 1. Teste do psoas: dor no quadrante inferior direito ao realizar flexão ativa ou hiperextensão passiva de membro inferior direito. 2. Teste do obturador: dor no quadrante inferior direito ao realizar flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa. Sinal de Blumberg: dor por descompressão rápida da parede abdominal. Indica peritonite. Ponto esplênico: abaixo do rebordo costal esquerdo. Dor indica indica infarto esplênico. Semiologia Morgana Fernandes Pontos ureterais: borda lateral dos músculos reto abdominais, na inserção da linha horizontal que passa pelo umbigo e no cruzamento da linha que passa pela espinha ilíaca anterossuperior. A palpação deve ser feita com as mãos sobrepostas e dor a compressão indica cólica renal por migração dos cálculos renal pelos ureteres. Dor referida: 1. Colecistite - ombro direito 2. Dor pleurítica - flancos 3. Cólica renal ou apendicite - região escrotal 4. IAM - região epigástrica. Residência da parede abdominal: avaliar contração voluntária e involuntária (peritonite). Realiza-se a palpação bimanual quando se suspeita de resistência. Para isso, o examinador coloca ambas as mãos longitudinal e paralelamente no sentido craniocaudal e enquanto uma das mãos comprime a parede a outra não o faz para comparar as resistências. Se houver resistência, confirma-se a hipótese de peritonite localizada. Continuidade da parede: 1. Diástase: diferencia-se da hérnia por não haver saco herniário ou anel palpável. 2. Hérnia: ao se suspeitar, deve-se pedir que o paciente tussa, o aumento da pressão torna a hérnia mais evidente. Pulsações: Epigástricas: VD hipertrofiado ou pulsações da aorta abdominal. Para admitir dilatação aneurismática, deve-se avaliar se há outros elementos - massa palpável ou alterações no vaso. Palpação profunda: investigação de órgãos e massas palpáveis. Sobre as massas, deve-se determinar: localização, forma, volume, sensibilidade, consistência (cística, borrachosa, dura ou pétrea), mobilidade e pulsatilidade. Palpação do fígado: . O método mais utilizado na prática é o de Lemos Torres(bimanual): deve-se palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrico, do umbigo até a reborda costal. O examinador fica posicionado do lado direito, voltado para a cabeça do paciente. Com a mão esquerda na região lombar direita do paciente tenta evidenciar o fígado para frente e com a mão direita espalmada sobre a parede anterior, tenta palpar a borda hepática anterior. Semiologia Morgana Fernandes Durante a expiração, a(s) mão(s) do examinador ajustam--se à parede abdominal sem fazer compressão e sem se movimentar e na inspiração comprime-se a região e movimenta a(s) mãos para cima, buscando detectar a borda hepática. Existe também a palpação em garra: O examinador posiciona-se à direita, em pé e voltado para os pés do paciente. A seguir, pede ao paciente que inspire profundamente e expire em seguida. Ao final da expiração, o examinador pressiona seus dedos para baixo do rebordo costal direito e mantém a pressão, pedindo ao paciente que inspire novamente. Nesse momento, a borda hepática inferior pode ser sentida com facilidade, vindo de encontro aos dedos do examinador. Deve-se determinar a distância da borda a reborda costal, a espessura (fina ou romba), a superfície (lisa ou nodular), anotando--se as características dos nódulos quanto ao número, consistência (dura ou cística) e a sensibilidade. Nas hepatomegalias crônicas (cirrose, esquistossomose) há apenas uma sensação de desconforto. Palpação da vesícula biliar Só se torna palpável em situações patológicas. Relaciona-se a obstrução do ducto cístico ou do colédoco. Regra de Courvoisier: a existência de icterícia associada a VB palpável é indicativo de neoplasia pancreática maligna. Palpação do baço: procede-se como no fígado, porém no quadrante superior esquerdo. Se não for possível palpar, pode-se colocar o paciente na posição de Schuster - decúbito lateral direito, coxa esquerda fletida a 90° e o ombro esquerdo elevado com o braço sobre a cabeça. Pousando com alguma pressão sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço como se quisesse deslocá-lo para baixo. A característica semiológica principal é a distância entre a reborda costal e a extremidade inferior do baço. Para que o baço se torne palpável, é necessário que alcance o dobro de seu tamanho normal. Normalmente o baço não é percutível. Todo baço aumentado de tamanho é percutível, mas nem sempre palpável. Causas da esplenomegalia: 1. Hipertensão portal. 2. Infeções 3. Distúrbios dermatológicos - anemia hemolítica, LMC, LLC. 4. Linfomas Hodgkin e não Hodgkin 5. Artrite reumatoide, lúpus Hiperesplenismo: Toda esplenomegalia pode levar a alterações no hemograma - anemia, leucopenia e trombocitopenia. Essas alterações podem ser isoladas ou gerais. Palpação do ceco: encontra-se na fossa ilíaca direita e é de fácil palpação. Desliza-se a mão palpatória ao longo da linha que une a cicatriz umbilical a EIAS, quandose alcança a borda superior do ceco, percebe-se uma elevação. A partir desse ponto desloca- se as polpas digitais até alcançar a espinha ilíaca, o movimento é repetido na direção oposta, procurando deslocar o ceco para dentro. Dessa forma, avalia-se a mobilidade. O deslizamento da mão provoca ruídos - borborigmos. Em caso de dificuldade, pode-se palpar com a mão direita enquanto a esquerda exerce pressão sobre o cólon ascendente. Semiologia Morgana Fernandes Massa palpável e ou maior sensibilidade indica processos inflamatórios ou tumores. Palpação do cólon transverso Desliza-se uma ou as duas mãos, de cima para baixo e de baixo para cima no abdome, sua localização é variável. Palpação do cólon sigmóide Está situado no quadrante inferior esquerdo e assemelha-se a uma corda de consistência firme e pouco móvel. Nos casos de mesossigmóide, a alça dilatada se alonga e se desloca para a direita e para cima, sendo palpável em outras regiões do abdome. Se contiver fezes, sua consistência varia de pastosa a pétrea. O sinal de Gersuny é encontrado nos casos de fecaloma. Sua pesquisa consiste em palpar o “tumor fecal” na topografia da sigmóide. Quando positivo, ouve-se ligeira crepitação, decorrente do ar interposto entre a parede intestinal o fecaloma. Palpação dos rins Em decúbito dorsal ou lateral com o método bimanual, com uma das mãos aplicada transversalmente na região lombar enquanto a outra se apoia longitudinalmente sobre a parede abdominal, à altura do flanco. A mão palpatória é a homônima do lado que se palpa, de modo que o rim direito será palpado com a mão direita do examinador e o rim esquerdo com a mão esquerda. O paciente deve respirar tranquila e profundamente, e, a cada inspiração, procura--se sentir sob as pontas dos dedos a descida do rim, cujo polo inferior é reconhecido por sua superfície lisa, sua consistência firme e seu contorno arredondado. A manobra de Giordano é realizada com o paciente sentado e inclinado para a frente. Para realizar a manobra o profissional faz uma súbita punho-percussão, com a borda ulnar da mão, na região da fossa lombar do paciente, mais especificamente na altura da loja renal (flancos). Se a manobra evidenciar sinal de dor aguda em pontada o sinal de Giordano é positivo, o que indica grande probabilidade de doença renal (litíase e pielonefrite aguda). Outra manobra utilizada para a identificação de um rim palpável é a do choque lomboabdominal: com a extremidade dos dedos da mão que comprime a região lombar, realizam--se no nível do ângulo costovertebral, sucessivas e rápidas impulsões, em direção à mão palpatória, que recebe a sensação de choque do rim quando este é impelido para frente Nos casos de nefroptose, tumor renal, hidronefrose, malformações congênitas ou ectopia renal, os rins podem ser palpáveis mesmo sem o uso das técnicas descritas *O sinal de vascolejo denuncia a presença de líquido no interior do estômago, e este achado não é necessariamente anormal. No entanto, o vascolejo permite levantar a suspeita de estase líquida em um estômago atônico ou quando há estenose pilórica. Para verificar, deve-se: 1. Prender o estômago com a mão direita, movimentando-o de um lado para o outro, ao mesmo tempo que se procura ouvir ruídos hidroaéreos nele originados. 2. (patinação) executar rápidos movimentos compressivos. Quando se ouvem ruídos de líquidos sacolejando, diz-se que há vascolejo. *É Importante palpar e auscultar o trajeto da aorta abdominal, pois dilatações aneurismáticas e estenoses de seus ramos são muito mais comuns em idades avançada. Semiologia Morgana Fernandes Percussão O som timpânico indica a presença de ar dentro de uma víscera oca. Em condições normais, é percebido em quase todo o abdome, porém é mais nítido na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube). Quando aumenta a quantidade de ar, tal como acontece na gastrectasia, no meteorismo, na obstrução intestinal, no vólvulo, no pneumoperitônio, fala-se em hipertimpanismo Menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal origina o som submaciço. Ascite, tumores e cistos contendo líquido originam som maciço O limite superior do fígado estando abaixo do 5 o ou 6 o espaço intercostal direito significa ptose hepática ou diminuição do volume do fígado. O não encontro da macicez hepática ocorre nas seguintes eventualidades: acentuada atrofia hepática; interposição de alça intestinal entre o fígado e a parede costal; e pneumoperitônio (sinal de Jobert que consiste no desaparecimento da macicez hepática, dando lugar a timpanismo). Pesquisa de ascite Grande volume: mais de 1.500 ml. A cicatriz umbilical torna-se plana ou protusa. Para verificar, realiza-se piparote - com o paciente em decúbito dorsal, ele mesmo ou um auxiliar coloca a mão sobre a linha mediana do Abdome, exercendo pressão. O examinador coloca - se do lado direito do paciente e repousa a mão esquerda no flanco esquerdo. Então são feitos golpes com com o indicador no lado direito do Abdome. Em caso de presença de líquido, a mão esquerda captará os choques. Médio volume: nesse caso, o piparote é negativo. A técnica utilizada é a pesquisa de maciez móvel. 1. Percute-se todo o abdome do paciente em decúbito dorsal. Sim timpânico nos flancos é indicativo de presença de água na cavidade. 2. A percussão realizada com o paciente em decúbito lateral direito, apresenta timpanismo no flanco direito e macicez no esquerdo. 3. O paciente é o colocado em decúbito lateral esquerdo e ocorre o inverso do resultado anterior. Na pesquisa dos semicírculos de Skoda, percute-se a partir do epigástrico em direção aos limites do abdome. Observa-se a sequência de sons: timpânico - maciço. A junção dos pontos de transição forma semicírculos com concavidade voltada para cima. Pequeno volume: menos de 500 ml. Pode-se fazer piparote, mas o ideal é a ultrassonografia. Para avaliar a sonoridade do abdome, o paciente deve estar em decúbito dorsal e o examinador deve comparar áreas homólogos. Em condições normais, nota-se: Fígado e baço - macicez. Vísceras ocas - timpanismo. Ausculta É importante que se realize do Abdome antes da percussão e palpação. Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos de timbre agudo, de localização variável e de aparecimento imprevisível, decorrentes da movimentação dos líquidos e gases contidos no trato gastrintestinal. Nos casos de diarreia e de oclusão intestinal, os ruídos hidroaéreos tornam--se mais intensos em função do aumento do peristaltismo e são denominados borborigmos. O contrário ocorre no íleo paralítico, síndrome caracterizada pelo desaparecimento do peristaltismo intestinal. Sopros sistólicos são indicativos de estreitamento arterial e fístula arteriovenosa ou na gravidez. Semiologia Morgana Fernandes Exame da região anoperineal e toque retal Iniciar sempre com a explicação ao paciente sobre a natureza e importância do exame. Inspeção anal: buscar por lesões, anomalias congênitas, plicomas anais, escoriações, fissuras, condilomas, fístulas, neoplasias e hemorroidas. *deve-se solicitar que o paciente faça "força para baixo" para exteriorizar hemorroidas ocultas, pólipos e prolapso de mucosa. Toque anorretal: feito com o dedo indicador. Canal anal: avalia-se tônus do esfíncter anal, sensibilidade, elasticidade, tumorações. Toque doloroso indica fissura anal, processos inflamatórios, lesões, trombose hemorroidária e abscessos. Esfíncter hipotônico ocorre nas pessoas idosas, ressecção do esfíncter e na doença hemorroidária. Reto: a parede anterior possui características distintas em cada sexo. O encontro de abaulamento do fundo do saco de Douglas, na mulher, ou do fundo retovesical no homem, torna possível o diagnóstico precoce de ascite. Quando dolorosos indicam abcessos,anexite e apendicite. Ao toque das faces laterais e posterior da parede retal, devem--se procurar pontos dolorosos, abaulamentos e tumorações - processos inflamatórios, fratura do cóccix e coccidinia (dor no cóccix) por fibrosite deste osso e neoplasias benignas e malignas desta região. Podem--se ainda reconhecer pelo toque retal os fecalomas, frequentes no megacólon chagásico. Principais síndromes Abdome agudo O abdome agudo é um quadro clínico caracterizado por dor e sensibilidade abdominais, de início súbito ou de evolução progressiva, que geralmente necessita de conduta cirúrgica de emergência para resolução do quadro. Inflamatório: a dor é de início insidioso, com agravamento e localização com o tempo. O paciente apresenta geralmente sinais sistêmicos, tais como febre e taquicardia. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em adolescentes e adultos jovens. Na apendicite, a dor inicialmente é periumbilical associada a náuseas, vômitos e inapetência com posterior localização em fossa ilíaca direita. Perfurativo: a dor é súbita e intensa, com defesa abdominal e irritação peritoneal. Pode haver derrame do conteúdo de víscera oca no peritônio. Obstrutivo: dor em cólica, geralmente periumbilical. Associadamente surgem náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada da eliminação de flatos e fezes. Vascular: dor difusa e mal definida, há desproporção entre a dor e o exame físico e as causas mais comuns são embolia e trombose mesentérica, com isquemia intestinal. Semiologia Morgana Fernandes Hemorrágico: dor intensa, com rigidez e dor à descompressão; há sinais de hipovolemia, tais como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. Semiologia Morgana Fernandes
Compartilhar