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Análise das demonstrações contábeis II 2º Aula Necessidade de capital de giro Conhecer o repertório de estratégias de aprendizagem e os seus hábitos de estudo constitui um passo fundamental para que você enriqueça sua capacidade de aprender. Previna dificuldades de aprendizagem e avance no desenvolvimento de seu desempenho acadêmico. Para tanto, ao iniciar os estudos da segunda aula, aproveite a oportunidade para posicionar-se criticamente diante dos conteúdos e das estratégias didáticas propostas. Você é o protagonista de sua aprendizagem! Pense nisso... Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • identificar e entender a importância da determinação da necessidade da NCG; • conceituar e rever aspectos importantes das teorias clássicas que fundamentaram a NCG. 15 1 - Determinação da NCG (Necessidade de Capital de Giro) 2 - Fontes de financiamento da NCG (Necessidade de Capital de Giro) Seções de estudo Durante o estudo de cada seção desta segunda aula, é importante que você faça resumos, utilize planilhas ou esquemas para condensar os conteúdos, reclassifi cando-os mentalmente. Estas estratégias podem facilitar a compreensão, bem como acionar os links dos conteúdos com os conhecimentos adquiridos em outras disciplinas ou mesmo contextualizá-los na prática. Bons estudos! 1 - Determinação da NCG (Necessidade de Capital de Giro) Curiosidade “Em uma pesquisa sobre a NCG, foram “coletados os dados de 20 empresas, pertencentes a sete setores da economia. Constatou-se que a maior parte das empresas analisadas não foi capaz de fi nanciar suas necessidades de capital de giro pelo autofi nanciamento. As empresas utilizaram, em maior proporção, recursos de terceiros de curto prazo, geralmente de maior custo e de menor prazo. As pequenas e médias empresas analisadas apresentaram uma situação fi nanceira insatisfatória, com valores positivos para NCG e CCL e negativo para T. O montante do CCL não foi sufi ciente para fi nanciar a NCG e essas empresas precisaram recorrer a fi nanciamento de fontes onerosas de curto prazo, para assegurar a cobertura da parte da NCG que o CCL não foi capaz de fi nanciar. As empresas analisadas mostraram-se dependentes de empréstimos bancários de curto prazo para fi nanciar suas operações” (MACHADO et al., 2012). Segundo Matarazzo (2007), a Necessidade de Capital de Giro, que designaremos NCG, não é só um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. ATENÇÃO “A Necessidade de Capital de Giro apresenta o montante necessário para a empresa fi nanciar seu Ativo Circulante em decorrência de suas atividades de compra, produção e vendas” (PUC RS, 2012). Ainda, segundo o mesmo autor, nenhuma análise econômico-financeira de empresa produtiva (excluem-se, portanto empresas financeiras e securitárias) pode prescindir de abordar a NCG, tamanha a sua importância. Assim, conhecer sua real necessidade de capital de giro, bem como saber determinar suas principais fontes de financiamento, são informações relevantes para a gestão empresarial. Na padronização de balanços, deparamos com a segmentação do Ativo Circulante e Passivo Circulante em Operacional e Financeiro, os quais fogem das classificações habituais. O Objetivo é justamente o de preparar os dados para a elaboração da NCG. O Ativo Circulante Operacional – ACO é o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra/produção/estocagem/ venda, enquanto o Passivo Circulante Operacional – PCO é o fi nanciamento, também automático, que decorre dessas atividades (SCRIBD, 2012, p. 2). A diferença entre esses investimentos (ACO) e os financiamentos (PCO) é quanto a empresa necessita de capital para financiar o giro, ou seja, a NCG. Portanto: NCG = ACO – PCO NCG = ACO – PCO Onde: NCG – Necessidade de Capital de Giro. ACO – Ativo Circulante Operacional. PCO – Passivo Circulante Operacional. As situações básicas que ocorrem numa empresa, com relação ao ACO/PCO podem ser assim resumidas: Ativo Circulante Operacional maior que Passivo Circulante Operacional -ACO > PCO. É a situação normal da maioria das empresas. Em uma NCG para a qual a empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamento. Ativo Circulante Operacional igual ao Passivo Circulante Operacional - ACO = PCO. Nesse caso a NCG é igual a zero e, portanto, a empresa não tem necessidade de financiamento para o giro. Ativo Circulante Operacional menor que Passivo Circulante Operacional - ACO < PCO. A empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser usados para aplicação no mercado financeiro ou pra a expansão da planta fixa. Vejamos, a seguir, um exemplo: Quadro 2.1 Demonstrações da NCG da Cia BIG. x1 x2 x3 Ativo Circulante Operacional Clientes 1.045.640 751.206 1.796.846 1.122.512 1.039.435 2.161.947 1.529.061 1.317.514 2.846.575 Estoques (1) Soma Passivo Circulante Operacional Fornecedores (708.536) (275.623) (984.159) (639.065) (298.698) (928.763) (688.791) (433.743) (1.122.534) Outras obrigações (2) Soma NCG = (1) – (2) 812.687 1.233.184 1.724.041 FONTE: acervo pessoal Para atingir os objetivos para os quais se propôs no início do estudo desta aula, é preciso, dentre outras estratégias, organizar tempo e espaços de estudo, refl etir sobre as sugestões de colegas de curso e de tutor, bem como gerir e monitorar seu desempenho. Pense nisso... Análise das demonstrações contábeis II 16 Agora, vamos prosseguir nossos estudos, estudando na Seção 2, as fontes de Financiamento da NCG. 2 - Fontes de fi nanciamento da NCG Matarazzo (2007) afirma que “para financiar as necessidades de capital de giro, a empresa pode contar normalmente com três tipos de financiamentos”: a) Capital circulante próprio; b) Empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo; c) Empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas. Saber Mais O capital de terceiros é exigível de curto e longo prazo, tais como empréstimos bancários, empréstimos de empresas coligadas e controladas, enquanto o capital próprio, trata-se do patrimônio líquido, por meio do aumento de Capital ou da retenção de lucros. Como é possível observar, essas fontes trazem frequentemente algum custo para a companhia, uma vez que quando o Capital é de terceiros, ele representa um custo direto por meio dos juros cobrados, e quando o Capital é Próprio, pela remuneração dos acionistas, via lucros distribuídos. Além disso, “mantendo-se o equilíbrio entre ACO (Ativo Circulante Operacional) e PCO (Passivo Circulante Operacional), ou uma relação favorável por um maior volume de PCO, não ocorreria a necessidade de obtenção de novas fontes de financiamento” (SEIDE; KUME, 2003, p. 67). Você Sabia? “Que em inúmeras empresas o maior problema pode não ser o aumento das vendas, mas sim como fi nanciar o aumento dos ACO relacionados” (SEIDE; KUME, 2003, p. 1). Encontram-se a seguir algumas imagens que objetivam permitir ao leitor visualizar a NCG e suas fontes de Financiamento. Observe a Figura 2.1: Figura 2.1 Como localizar a Necessidade de Capital de Giro – NCG – no balanço. Valor total do Ativo Circulante Representa o Investimento total em Giro. Para efeito de análise do Capital de Giro, devem ser expurgados eventuais Ativos Circulantes não Operacionais (como empréstimos a controladas e títulos a receber de venda de Ativo Permanente). Estoques Fornecedores Financiamento Automático do giro com que a empresa pode contar. Duplicatas a Receber Outros Ativos Circulantes Este vazio mostra os fi nanciamentos que a empresa precisa obter para fi nanciar a correspondente área do Ativo Circulante. É a NCG. FONTE: acervo pessoal Veja na Figura 2.2 o complemento do balanço da figura acima, ressaltando-se,exatamente, as fontes de cobertura da Necessidade de Capital de Giro: Figura 2.2 Fontes de cobertura da NCG. Ativo permanente Patrimônio Líquido Financiamentos Bancários de Longo Prazo Dupl. Descont. Empr. Bancários Este vazio mostra os fi nanciamentos que a empresa precisa obter para fi nanciar a correspondente área do Ativo Circulante. É a NCG. FONTE: acervo pessoal A Necessidade de Capital de Giro, na figura 2.2, é financiada por três fontes: a) 1ª - Duplicatas Descontadas e Empréstimos Bancários de Curto Prazo; b) 2ª - Financiamentos Bancários de Longo Prazo; c) 3ª - Parte do Patrimônio Líquido, ou seja, Capital Circulante Próprio. A Figura 2.2 mostra uma dada configuração. Na prática, existem inúmeras possibilidades: O Capital Circulante Próprio pode ser negativo, caso em que os financiamentos de longo prazo podem cobrir sozinhos o Capital Circulante Líquido e mesmo o Capital Circulante Líquido pode ser negativo. Compreenderam as considerações feitas sobre os conceitos que foram apresentados. Para entender melhor, vamos estudar alguns símbolos e respectivos signifi cados. 2.1 Simbologia Seguem alguns símbolos ligados às fontes de financiamento da NCG e suas especificações: ACO = Ativo Circulante Operacional; AP = Ativo Permanente; BP = Balanço Patrimonial; CCL = Capital Circulante Líquido; CCP = Capital Circulante Próprio; CT = Comunicado Técnico; DFC = Demonstração dos Fluxos de Caixa; DLPA = Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados; DMPL = Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; DRA = Demonstração do Resultado Abrangente; DRE = Demonstração do Resultado do Exercício; DVA = Demonstração do Valor Adicionado; EBCP = Empréstimos Bancários de Curto Prazo (inclusive Duplicatas Descontadas); ELP = Exigível a Longo Prazo; 17 IFRS = International Financial Reporting Standards; IT = Interpretação Técnica; LPD = Lucro Passível de Distribuição; NBC TG = Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral; NCG = Necessidade de Capital de Giro; NE = Notas Explicativas; PC = Princípios de Contabilidade; PCO = Passivo Circulante Operacional; PL = Patrimônio Líquido; PL = Patrimônio Líquido; RLP = Realizável a Longo Prazo. Os símbolos que estudamos nos ajudarão a entender, dentre outros conteúdos desta disciplina, o próximo subtópico, o qual está relacionado às Demonstrações do Capital de Giro. 2.2 Demonstrações do capital de giro Baseado em Matarazzo (2007), segue uma demonstração que evidencia dados relevantes para a avaliação da gestão do capital de giro: Figura 2.3 Demonstração do Capital de Giro (DCG). Demonstração do Capital de Giro – DCG em: 31-12-X5 31-12-X6 Valores Absolutos AV AH Valores Absolutos AV AH Determinação da NCG AC Operacional Clientes Estoques Outros Ativos Operacionais SOMA PC Operacional Fornecedores Outros Passivos Operacionais SOMA NCG (ACop – PCop) FINANCIAMENTOS DA NCG PL - AP = CGP + PELP = CCL + EBCP = FINANCIAMENTO TOTAL NCG = SALDO DE TESOURARIA APLICAÇÕES FINANCEIRAS = CAIXA + BANCOS FONTE: acervo pessoal Agora, vejamos um exemplo de demonstração do capital de giro: Figura 2.4 Demonstração horizontal do Capital de Giro (DCG) da “Cia Líquida”. Balanço Patrimonial em 31/12/2006 – “Cia Líquida” Ativo 31/12/05 31/12/06 Passivo 31/12/05 31/12/06 AC 3.300 3.435 PC 1.500 1.770 Disponível 100 220 Fornecedores 1.100 1.400 Duplicatas a Receber 1.800 2.030 Empréstimos 400 370 Estoques 1.400 1.185 PNC 500 660 ELP - Financiamento 500 660 ANC 2.200 1.945 Imobilizado 2.800 3.145 (-) Depreciação Acumulada (600) (1.200) PL 3.500 2.950 Capital Social 2.000 2.150 Lucros Acumulados 1.500 800 Total do Ativo 5.500 5.380 Total do Passivo 5.500 5.380 FONTE: acervo pessoal Segue, novo exemplo da demonstração, elaborado a partir de outra forma de demonstração: Figura 2.5 Demonstração vertical do Capital de Giro (DCG) da “Cia Líquida” Demonstração do Capital de Giro (DCG) “Cia Líquida” 31/12/05 31/12/06 Valores Absolutos AV AH Valores Absolutos AV AH Determinação da NCG AC Operacional Clientes 1.800 2.030 Estoques 1.400 1.185 Outros Ativos Operacionais - - SOMA 3.200 3.215 PC Operacional Fornecedores 1.100 1.400 Outros Passivos Operacionais. - - SOMA 1.100 1.400 NCG 2.100 100 100 1.815 100 86 FINANCIAMENTOS DA NCG PL 3.500 100 2.950 84 - AP 2.200 100 1.945 88 = CGP 1.300 62 100 1.005 56 77 + PELP 500 24 100 660 36 132 = CCL 1.800 86 100 1.665 92 93 + EBCP 400 19 100 370 20 93 = FINANCIAMENTO TOTAL NCG 2.200 105 100 2.035 112 93 Análise das demonstrações contábeis II 18 = SALDO DE TESOURARIA 100 5 100 220 12 220 A P L I C A Ç Õ E S FINANCEIRAS - - = CAIXA + BANCOS 100 5 100 220 12 220 FONTE: acervo pessoal Observe que as análises horizontais e verticais dessa demonstração ajudam a entender quais foram as principais fontes de financiamento da NCG e suas variações de um período para o outro, as quais nos ajudam a entender como determinada empresa está gerenciando suas fontes de financiamento de capital de giro. E aí, agora fi cou mais fácil entender a Necessidade de Capital de Giro? Estou certo de que sim! Contudo, é importante que continue pesquisando sobre o tema para aprofundar e ampliar cada vez mais seus conhecimentos e que realize as atividades explicitadas no ambiente virtual para melhorar continuamente seu processo de aprendizagem. Pense nisso... Retomando a aula Retomar conhecimentos é fundamental para sedimentar o processo de aprendizagem. Assim, convidamos você a relembrar os estudos realizados na aula 2! 1 - Determinação da NCG (Necessidade de Capital de Giro) Na primeira seção da aula 1, vimos que o conceito de NCG é fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro (análise de caixa), bem como das estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Nesse interim, entendemos que é exatamente quando há diferença entre os investimentos (ACO) e os financiamentos (PCO) que a empresa necessita de capital para financiar o giro, ou seja, a NCG. 2 - Fontes de Financiamento da NCG (Necessidade de Capital de Giro). Na segunda seção, estudamos as fontes de financiamento da NCG: o Capital circulante próprio, os e empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo e os empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas. Abordamos também alguns símbolos ligados à temática da disciplina e seus respectivos significados, os quais facilitaram a compreensão das demonstrações do Capital de Giro, explicitadas posteriormente. MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2007. SEIDE, André; KUME, Ricardo. Contabilização das variações da necessidade de capital de giro. Revista Contabilidade/ Finanças - USP, São Paulo, n. 31, p. 66 - 77, janeiro/abril, 2003. Vale a pena Vale a pena ler MIRANDA, João Carlos Meroni. Captação de recursos: fontes de financiamentos. Disponível em: <http://www. pucrs.br/eventos/torneioempreendedor/1torneio/ palestra_caprecursos_1809.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2012. MACHADO, Márcio André Veras et al. Análise dinâmica e o financiamento das necessidades de capital de giro das pequenas e médias empresas. Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi. org/artigos52005/147.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2012. SCRIBD. Contabilização das variações da necessidade de capital de giro. Disponível em: <http://pt.scribd.com/ doc/4941870/CONTABILIZACAO-DAS-VARIACOES- DA-NECESSIDADE-DE>. Acesso em: 16 jul. 2012. Vale a pena acessar YOUTUBE. Capital de giro - TV Cultura. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pVFC2RXnYQ0>. Acesso em: 15 jun. 2012. ______. Exercício: gestão financeira e orçamentária (capital de giro). Disponível em: <http://www.youtube. com/watch?v=57WNh0nwfgY>. Acesso em: 15 jun. 2012. Vale a pena assistir Minhas anotações
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