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1 Ivina Marcella DEFINIÇÃO Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune sistêmica caracterizada pela produção de autoanticorpos, formação e deposição de imunocomplexos, inflamação em diversos órgãos e dano tecidual. EPIDEMIOLÓGICA Acomete principalmente mulheres (9 mulheres:1 homem) jovens em idade fértil. Pode manifestar-se em qualquer idade, mas principalmente entre 15 a 45 anos. É 3 a 4 vezes mais frequente na raça negra do que branca. QUADRO CLINICO Os sintomas do lúpus variam muito de pessoa para pessoa. Os sintomas podem começar subitamente com febre, assemelhando-se a uma infecção súbita. PROBLEMAS DE PELE E MUCOSAS As lesões de pele podem ser: AGUDAS: Presença de lesão em região malar ou em “asa de borboleta” que se caracteriza por erupção sobre as bochechas e nariz, elevada, por vezes dolorosa e pruriginosa. Pode durar horas a dias e é um evento recorrente SUBAGUDAS: Cursa com lesões cutâneas eritematosas e descamativas difusas, não ulcerativas, predominando em membros superiores e parte superior do tronco (a face geralmente é poupada). Frequentemente são desencadeadas pela exposição solar e são acompanhadas por sintomas musculares e anormalidade sorológicas (anti-Ro). CRÔNICAS: Lúpus discoide é a lesão cutânea crônica do LES. Ela pode tanto ocorrer na ausência de quaisquer manifestações sistêmicas, quanto aparecer como parte de um quadro de LES clássico. Há predomínio na face, pescoço, couro cabeludo e pavilhão auricular. Correspondem a placas eritematosas, infiltradas e hiperpigmentadas, que evoluem lentamente com uma cicatriz despigmentada e atrófica, principalmente no centro da lesão. Costuma deixar cicatrizes, incluindo alopecia irreversível Paniculite de Kaposi: forma rara de lúpus cutâneo crônico. - Nódulos firmes e dolorosos no tecido subcutâneo 2 Ivina Marcella - Quando a paniculite está presente abaixo de uma região com lúpus discoide nasuperfície, temos o que se chama de lúpus profundo. PROBLEMAS NAS ARTICULAÇÕES - Artrite lúpica geralmente segue um padrão simétrico, distal e migratório com os sintomas durante 1 a 3 dias em cada articulação. Apresenta-se associada a rigidez matinal inferior a 1 hora e, geralmente, possui pouco ou nenhum derrame articular. PROBLEMAS RENAIS O envolvimento renal pode ser discreto e sem sintomas ou pode ser progressivo e fatal. As pessoas podem desenvolver insuficiência renal que exija diálise. Os rins podem ser afetados a qualquer momento e podem ser o único órgão afetado pelo lúpus. Os resultados mais comuns são: (1) Proteinúria > 500mg/24 h ou ≥ 3+ no EAS (50%) (2) Identificação de cilindros celulares no sedimento urinário (50%). PROBLEMAS PULMONARES É comum que pessoas com lúpus sintam dor ao respirar profundamente. A dor é decorrente da inflamação recorrente da estrutura sacular que envolve os pulmões (pleurisia) PLEURITE LÚPICA (50%): embora possa haver derrames maciços, a dor pleurítica é mais comum do que o achado radiográfico de derrame pleural. O derrame é geralmente bilateral, sendo sempre um exsudato com níveis de glicose geralmente normais. PNEUMONITE LÚPICA (10%): pode causar : • Febre • Tosse • Dispneia • hemoptise. FISIOPATOLOGIA O LES é o resultado da ação de diversos autoanticorpos que geram um desequilíbrio do sistema imunológico. Existe a formação de imunocomplexos quando o autoanticorpo se liga ao auto antígeno levando a ativação do sistema complemento. Ainda não se sabe exatamente o mecanismo responsável pela formação desses autoanticorpos nos pacientes lúpicos. Alguns estudos mostraram uma correlação grande entre fatores genéticos e ambientais. FATORES GENÉTICOS: - Deficiência dos componentes iniciais da cascata do complemento (C1q, C2 eC4), principalmente o C1q. - Deficiência do receptor Fc de imunoglobulinas, altamente associado a nefrite lúpica por depósito de imunocomplexos. -Deficiência nos mecanismos de autorregulação do sistema imune, como deficiência na produção de IL-2, TGF-β ou outras citocinas, levando a uma ativação exagerada do sistema imune. FATORES AMBIENTAIS: - Exposição aos raios ultravioleta, principalmente tipo B. - Hormônios sexuais como androgênios e progestógenos (por isso a associação 3 Ivina Marcella da doença em mulheres na idade fértil). De modo que, pacientes em uso de anticoncepção oral ou terapia de reposição hormonal (TRH) possuem risco aumentado de LES. - Medicamentos que geram o “lúpus farmacoinduzido”. Esse mecanismo se explica, principalmente, pela indução de desmetilação do DNA, gerando expressão exagerada de genes. - Tabagismo - Exposição à Sílica -Agentes microbiológicos, principalmente vírus, que podem promover modificações antigênicas e simular auto antígenos, desencadeando doençasautoimunes. DIAGNÓSTICO O diagnóstico do LE é realizado através da associação de dados clínicos e laboratoriais. Quando as manifestações clínicas são insuficientes, algumas informações podendo ajudar como mulheres em fase de reprodução e depois da menopausa, com dor articular e sensação de estar doente, ocorrendo, ainda, emagrecimento, “urticárias” de repetição, queda de cabelo e o fenômeno de Raynaud. Desde 2012 o diagnóstico é realizado através dos critérios do SLICC (Systemic Lupus International Collaborating Clinics). 4 ou mais dos 17 critérios, sendo, pelo menos, um critério clínico e, pelo menos, um critério imunológico OU Biópsia renal demonstrando nefrite lúpica + positividade para algum anticorpo presente na doença (FAN e/ou anti-DNAds) Manifestações laboratoriais -NÃO ESPECÍFICAS - Proteína C reativa normal ou pouco elevada. - Hipocomplementemia devido consumo de fatores do complemento. - Fator antinuclear (FAN): Possui alta sensibilidade para LES, porém não é específico. Pode ser usado como teste de triagem, considerando-se significativo valores maiores ou iguais a 1:80. ESPECÍFICAS 4 Ivina Marcella TRATAMENTO O tratamento do lúpus depende dos órgãos afetados e do nível de atividade da inflamação. No lúpus, a gravidade da lesão nos órgãos não é necessariamente a mesma que a atividade inflamatória. • Por exemplo, os órgãos podem ficar permanentemente lesionados e com cicatrizes em decorrência de uma inflamação associada ao lúpus no passado. Essas lesões podem ser classificadas como “graves” O tratamento visa controle dos sintomas, prevenção e/ou redução das complicações e aumento da sobrevida do paciente. MEDIDAS GERAIS: • 10 horas de sono por noite + um cochilo pela tarde quanto mais ativa a doença maior a fadiga e, portanto, maior a necessidade de repouso. • Uso de protetor solar de preferência > 30 FPS TERAPIA MEDICAMENTOSA ANTIMALÁRICOS: A hidroxicloroquina é administrado via oral (até 400 mg/dia ou 5 mg/kg/dia) ou cloroquina (250-500 mg/dia) a todas as pessoas com lúpus sendo a doença ser leve ou grave, porque diminui as exacerbações e o risco de morte. PSIUUU!! A HIDROXICLOROQUINA NÃO É ADMINISTRADA A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE G6PD (G6PD É UMA ENZIMA QUE PROTEGE AS HEMÁCIAS DE CERTOS QUÍMICOS TÓXICOS), PORQUE O MEDICAMENTO PODE DESTRUIR AS HEMÁCIAS RAPIDAMENTE CORTICOIDES: Pode ser utilizado em formulações tópicas, intralesionais, orais e parenterais,sendo sua ação dose dependente. - Baixas doses → anti-inflamatório - Altas doses → imunossupressão Aumenta o risco do paciente lúpico a desenvolver osteoporose. Portanto é recomendado a reposição de cálcio e vitamina D em todos os usuários de corticoide (principalmente em mulheres em menopausa) CITOTÓXICOS: - Ciclofosfamida, -micofenolato - azatioprina 5 Ivina Marcella Geralmente são empregados emassociação aos glicocorticoides no tratamento das manifestações graves da doença (p.exemplo. glomerulonefrites proliferativas).
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