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Metodologia de Ensino Aplicada as Ciencias Sociais - Livro-Texto Unidade II

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53
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Unidade II
5 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
O processo de construção do conhecimento em sala de aula requer a ação do docente para criar as 
condições adequadas ao ensino. Isto necessita, fundamentalmente, problematizar o próprio conteúdo.
A problematização consiste em explicitar a relevância do conteúdo e estabelecer relações com temas 
atuais. O conteúdo deve criar questionamentos que instiguem os alunos a compreender sua importância.
Esta problematização pode ter início com perguntas socráticas e pode ser acompanhada por uma 
sensibilização do aluno a partir da escolha de um recurso didático como música, texto e charge, entre 
outros.
Perguntas socráticas são aquelas que despertam a curiosidade do aluno, que o conduzem a pensar. 
O método socrático consiste em um diálogo em que o professor conduz o aluno a um processo de 
reflexão partindo de perguntas simples, próximas da ingenuidade, que conduzem a pensar e colocar em 
evidências as contradições presentes na forma de pensar do aluno. Este método foi desenvolvido pelo 
filósofo Sócrates, que viveu no século V a.C.
Embora Sócrates não tenha deixado nenhuma obra escrita, seus diálogos foram transmitidos por seu 
discípulo Platão.
 Observações
As perguntas socráticas são caracterizadas pela maiêutica, que 
conduz uma pessoa, pelo seu próprio raciocínio, à reflexão e à busca do 
conhecimento. A ironia das perguntas socráticas é o que conduz o aluno 
a entrar em contradição e depois à conclusão de que seu conhecimento é 
limitado.
Veja, a seguir, o quadro elaborado por Giddens, no qual descreve o processo de questionamento 
sociológico, que pode se configurar em um dado fundamental para a problematização dos conteúdos 
no processo de aprendizagem da Sociologia.
54
Unidade II
Quadro 2 – A linha de questionamento do sociólogo
Pergunta factual O que aconteceu? Desde a década de 1980, as garotas têm alcançado melhores resultados educacionais na escola do que os garotos.
Pergunta comparativa Isso aconteceu em toda parte?
Esse é um fenômeno global, ou ocorreu apenas na Grã‑Bretanha, 
ou apenas em uma região da Grã‑Bretanha?
Pergunta evolutiva Isso tem acontecido ao longo do tempo?
Quais são os padrões de desempenho educacional das garotas ao 
longo do tempo? 
Pergunta teórica O que está por trás desse fenômeno? 
Por que as garotas estão apresentando melhor desempenho na 
escola? Que fatores podemos analisar para explicar essa mudança? 
Fonte: Giddens (2012, p. 43).
A análise do quadro elaborado por Giddens nos permite identificar como as perguntas sociológicas 
instigam os processos de estranhamento e desnaturalização e estimulam a compreensão dos fenômenos 
com bases mais profundas.
Anthony Giddens é um sociólogo britânico, considerado por muitos como o mais importante filósofo 
social inglês contemporâneo. Nasceu em 1938, em Londres, e foi diretor da London School of Economics.
Do ponto de vista acadêmico, o seu interesse centra‑se em reformular a teoria social e reexaminar a 
compreensão do desenvolvimento e da modernidade.
As ideias de Giddens tiveram uma enorme influência quer na teoria quer no ensino da Sociologia 
e da teoria social em todo o mundo. Sua obra abarca diversas temáticas, entre as quais história do 
pensamento social, estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e 
social, família, relações e sexualidade.
 Saiba mais
Conheça as obras de Anthony Giddens:
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora 
Unesp, 1991.
___. Em defesa da Sociologia: ensaios, interpretações e tréplicas. São 
Paulo: Editora da Unesp, 2001.
___. Sociologia. Tradução Ronaldo Cataldo Costa. 6. ed. Porto Alegre: 
Penso, 2012.
Entretanto, além da introdução de questionamentos que conduzam a reflexão, é imprescindível ao 
docente que tenha um plano adequado de aulas. O plano de aulas deve levar em conta as melhores 
opções didáticas.
55
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Para a elaboração de um plano de aulas, é necessário que o docente realize algumas reflexões prévias, 
como veremos a seguir:
1. Por que isso é importante?
2. Qual o meu objetivo para os estudantes? O que eles devem ser capazes de fazer ao fim deste conteúdo?
3. Como o tema se encaixa no currículo geral?
4. O que os estudantes já sabem sobre isso?
5. Como eu posso despertar o interesse dos alunos?
6. Como eu posso apresentar esse material?
7. O que os estudantes farão durante as aulas?
8. Como eu posso atender as necessidades de cada estudante?
9. Como eu posso ligar o conteúdo e a rotina dos estudantes?
10. Existe alguma tecnologia capaz de melhorar essa tarefa?
Adaptado de: Luzivotto (2013).
O plano de aula é uma ferramenta importante para a organização do trabalho, uma vez que indica 
as intenções (objetivos) e a forma de conduzir a situação de aprendizagem. O plano de aula, além de ser 
um guia, contribui para que o professor não se distancie dos seus objetivos educacionais.
É importante destacar que o plano de aula não requer o seu rígido cumprimento. O contexto da aula 
exige do professor uma postura pró‑ativa no sentido de recriar ou redirecionar as ações quando necessárias.
 Lembrete
Cabe esclarecer que a metodologia utilizada pelo professor deve 
estar relacionada com os objetivos educacionais e com seus pressupostos 
epistemológicos.
Segundo Bridi, Araújo e Motim (2009, p. 83), os questionamentos que devem nortear o seu plano são:
Que tipo de reação minha aula irá provocar?
Quais são as operações mentais que estarei acionando ou exigindo?
56
Unidade II
Recordação, reconhecimento, associação, comparação, levantamento de 
hipótese, crítica, resumo, interpretação, solução de problemas entre outras.
Para Bridi, Araújo, Motim (2009, p. 83) a educação tradicional valoriza a cópia, a reprodução, a 
imitação, a repetição ou o exercício mecânico. É necessário superar a educação tradicional para estimular 
processos mentais mais elaborados.
Espera‑se que o ensino de Sociologia contribua para que os alunos desenvolvam a habilidade de 
compreender e analisar os fenômenos sociais; desenvolvam a desnaturalização da percepção da relação 
do homem com a natureza, as relações do indivíduo com a sociedade e suas instituições e identifiquem 
a estrutura social e como esta produz e reproduz as desigualdades sociais. É necessário compreender 
também a dinâmica do Estado, da cultura e da ideologia.
Não existe um só caminho para o aprendizado dos alunos e não existem também fórmulas acabadas 
de como ensinar. Isto significa que o professor pode utilizar vários recursos didáticos para atingir os 
objetivos.
5.1 Aula expositiva e construção do diálogo coletivo
Parte considerável das atividades desenvolvidas nas escolas se concentra nas salas de aula. As 
atividades desenvolvidas em outros espaços, como museus e estudos de meio, constituem momentos 
especiais do processo de aprendizagem.
As atividades desenvolvidas em sala de aula representam um momento significativo para a 
aprendizagem. Esse fato coloca a necessidade de preparo das atividades pelos docentes.
Atualmente, existem concepções pedagógicas que consideram a aula expositiva como recurso 
ultrapassado. Essas concepções partem do princípio de que o ensino deve ser centrado no aluno que 
deve construir o seu próprio conhecimento.
Para as OCNs, a aula expositiva pode ser uma forma de diálogo, como veremos a seguir:
Mesmo a aula expositiva é um diálogo. Aliás, todo o trabalho – e a esperança 
– do professor é transformá‑la num diálogo, não pretendendo que seja o 
esclarecimento absoluto do tema do dia, mas o levantamento de alguns pontos 
e a apresentação de algumas questões que incentivem os alunos a perguntar. 
Pode ser também um discurso aberto, aliás, conscientemente aberto, para 
provocar a necessidade de questões (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 127).
Deste modo, a aula expositiva é vista como recurso necessário para o estímulo ao diálogo e a 
sistematização doconhecimento. Porém, é necessário que haja diversificação das formas de dar aula 
para que a aula expositiva não seja vista como único recurso pedagógico.
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METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Para que haja diálogo com os alunos no decorrer da aula expositiva, é mister que estes leiam previamente 
o texto base para a aula. A leitura prévia permite a troca de leituras em sala de aula, possibilitando o 
diálogo, e contribui para o desenvolvimento da autonomia do aluno, que deixa de ser um mero ouvinte da 
exposição do professor e enriquece a aula com questões e observações de sua leitura.
Esta questão é analisada por Bridi, Araújo e Motim (2009), conforme veremos a seguir:
Se o professor tem por objetivo que o aluno participe da aula, alguns 
encaminhamentos prévios precisam ser acertados, tais como: a leitura do 
texto, a elaboração de questões, o levantamento de dúvidas (oral ou escrito), 
o fichamento de textos, as respostas previamente elaboradas às questões 
centrais (BRIDI; ARAÚJO; MOTIM, 2009, p. 144).
A organização de esquemas proporciona a intelecção das ideias centrais e das relações entre conceitos 
e contribui no processo de assimilação do conteúdo. Veja a seguir como os mapas conceituais podem ser 
utilizados no ensino da Sociologia a partir da demonstração do conceito de trabalho.
 Observação
Mapas conceituais são ferramentas que permitem representar 
visualmente uma ideia, um conceito, uma teoria, entre outros.
 Saiba mais
Para saber mais acesse: 
SILVA, A. L. S. da Mapas conceituais no processo de ensino‑aprendizagem: 
aspectos teóricos. [s.d.]. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
pedagogia/mapas‑conceituais‑no‑processo‑de‑ensino‑aprendizagem‑
aspectos‑teoricos/>. Acesso em: 3 fev. 2014.
Os mapas conceituais podem ser construídos com os alunos ao longo de uma aula expositiva. Mesmo 
que não possua a sofisticação do exemplo que acabamos de apresentar, constitui uma forma eficaz de 
sistematização do conhecimento.
Moraes sugere que a aula expositiva esteja associada a outros recursos pedagógicos, como a leitura 
de um artigo de jornal.
A sugestão é associar a apresentação do tema a recursos capazes de 
provocar interesse e conferir materialidade ao conteúdo trabalhado. 
Recortes de jornais, por exemplo, são recursos provocativos e podem 
58
Unidade II
informar sobre a atualidade do conteúdo ensinado. Imagine, por exemplo, 
uma aula teórica sobre Durkheim. Como aplicar o conceito de fato social 
na sociedade em que vivemos? Dependendo das turmas em que se está 
trabalhando, é possível trazer exemplos reais, retirados de reportagens 
de jornais que aproximem a teoria das situações experimentadas pelos 
estudantes. Fenômenos como crimes, abortos, gravidez na adolescência 
e infanticídio são relatados diariamente em reportagens expressas e 
virtuais. Alguns, inclusive, acontecendo próximo ao bairro da escola. 
Pois bem, tais fenômenos são identificáveis como fatos sociais, segundo 
a caracterização dada por Durkheim: são dotados de generalidade, 
coercitividade e exterioridade (MORAES, 2010, p. 55‑6).
Diante do exposto, identifica‑se que a aula expositiva é um recurso importante, mas não deve ser 
usado extensivamente. A boa utilização do recurso expositivo pode ser identificada nos momentos 
iniciais de uma reflexão e nos momentos finais para a elaboração da síntese.
 Saiba mais
Recomendamos que o aluno assista ao filme:
SOCIEDADE dos poetas mortos. Dir. Peter Weir. Estados Unidos: 
Touchstone, 1989. 128 min.
Quando o carismático professor de inglês John Keating (Robin Williams) 
chega para lecionar num colégio para rapazes, seus métodos de ensino 
pouco convencionais transformam a rotina do currículo tradicional e 
arcaico. O filme mostra a relação entre jovens.
O aspecto essencial de aulas expositivas é que seja elaborada levando em conta as falas dos alunos 
para ampliar a participação e evitar a monotonia.
5.2 Os seminários
As atividades em sala de aula podem ser desenvolvidas em grupos e o trabalho pode ser apresentado 
em seminários. Essa é uma forma de trabalhar em grupo sob a supervisão do professor.
Todo seminário deve ter um tema e um texto que sirva de referência para a sala. Segundo Severino 
(1998, p. 51), a condução de um seminário pode ocorrer da seguinte maneira:
• Exposição inicial do professor sobre o problema a ser discutido e indicação de um roteiro de 
questões para a discussão.
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METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Divisão da turma em grupos para a discussão do texto.
• Organização de uma plenária onde os grupos expõem a síntese da discussão.
• Síntese final.
É necessário ressaltar que não existe um único modelo de elaboração de seminário. A discussão do 
tema pode ser realizada diretamente na plenária sem a organização de grupos. O que é imprescindível é 
a existência de um texto de referência e o estímulo ao debate.
Veja a seguir um exemplo de texto de referência de um trabalho a ser realizado com alunos. Este 
trabalho foi apresentado originalmente no III Encontro Nacional sobre o ensino de Sociologia na 
educação básica (Eneseb) realizado em junho de 2013, em Fortaleza‑CE.
TEMA: A formação da identidade nacional
No Brasil, as relações entre os brancos e as raças de cor foram desde a primeira metade do 
século XVI condicionadas, de um lado pelo sistema de produção econômica – a monocultura 
latifundiária; de outro, pela escassez de mulheres brancas, entre os conquistadores. O açúcar 
não só abafou as indústrias democráticas de pau‑brasil e de peles, como esterilizou a terra, 
em uma grande extensão em volta dos engenhos de cana, para os esforços de policultura e 
de pecuária. E exigiu uma enorme massa de escravos. A criação de gado, com a possibilidade 
de vida democrática, deslocou‑se para os sertões. Na zona agrária desenvolveu‑se, com a 
monocultura absorvente, uma sociedade semifeudal – uma minoria de brancos e brancarões 
dominando patriarcais, polígamos, do alto das casas‑grandes de pedra e cal, não só os 
escravos criados aos magotes nas senzalas como os lavradores de partido, os agregados, 
moradores de casas de taipa e de palhas vassalos das casas‑grandes em todo o rigor da 
expressão.
Vencedores no sentido militar e técnico sobre as populações indígenas; dominadores 
absolutos dos negros importados da África para o duro trabalho da bagaceira, os 
europeus e seus descendentes tiveram entretanto de transigir com índios e africanos 
quanto às relações genéticas e sociais. A escassez de mulheres brancas criou zonas de 
confraternização entre vencedores e vencidos, entre senhores e escravos. Sem deixarem 
de ser relações – as dos brancos com as mulheres de cor – de “superiores” com “inferiores” 
e, no maior número de casos, de senhores desabusados e sádicos com escravas passivas, 
adoçaram‑se, entretanto, com a necessidade experimentada por muitos colonos de 
constituírem família dentro das circunstâncias e sobre essa base. A miscigenação que 
largamente se praticou aqui corrigiu a casa‑grande e a mata tropical; entre a casa grande 
e a senzala. O que a monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sentido de 
aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e escravos, com uma rala 
e insignificante lambujem de gente livre sanduichada entre os extremos antagônicos, foi 
em grande parte contrariado pelos efeitos sociais da miscigenação. A índia e a negra‑mina 
a princípio, depois a mulata, a cabrocha, a quadrarona, a oitavona, tornando‑se caseiras, 
60
Unidade II
concubinas e até esposas legítimas dos senhores brancos, agiram poderosamente no 
sentido de democratização social do Brasil. Entre os filhos mestiços, legítimos e mesmo 
ilegítimos, havidos delas pelos senhores brancos, subdividiu‑se assim a força das sesmarias 
feudais e dos latifúndios do tamanho de reinos.
Fonte: Freyre (2004, p. 32‑3).
Exemplo de aplicação
Questões para o debate:
Quem foi Gilberto Freyre e em qual contexto social desenvolveu estas reflexões?
O que o autor pretendedemonstrar no trecho selecionado?
De que maneira o estudo da sociedade colonial brasileira contribui para compreendermos o que é 
ser brasileiro hoje?
A miscigenação do povo brasileiro contribuiu para tornar a sociedade brasileira democrática?
A partir da leitura do texto, os grupos de alunos podem aprofundar sua pesquisa sobre o autor e o 
contexto da produção da obra mencionada e ampliar a sua visão sobre o processo de formação do povo 
brasileiro. Conduz a análise sobre o sentido da formação do povo brasileiro e apresenta questões para o 
debate coletivo.
De acordo com as OCNs, o seminário é um recurso de aprendizagem que requer do professor constante 
intervenção. Não significa distribuir temas, mandar os alunos pesquisar e expor. Como veremos a seguir: 
Ele [o professor] deve organizar os grupos, distribuir os temas, mas 
orientar cada um deles a respeito de uma bibliografia mínima, analisar 
o material encontrado pelos grupos, estar presente, intervir durante a 
apresentação e “fechar” o seminário. Dessa forma, o professor auxiliará 
os alunos na produção e na apresentação do seminário, complementando 
o que possivelmente tiver sido deixado de lado. Possibilitará aos alunos 
a oportunidade de pesquisarem e de exporem um determinado tema, 
desenvolvendo uma autonomia no processo e na exposição dos resultados 
da pesquisa (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 128).
Como recurso pedagógico, a prática do seminário conduz a pesquisa, e a busca de aprofundamento 
e permite a expressão dos alunos, o debate em torno de leituras realizadas pelos grupos e tende a 
estimular o desenvolvimento da reflexão.
61
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
É preciso levar em conta que o debate em sala de aula só é profícuo quando é preparado previamente. 
O debate baseado meramente em opiniões não contribui para superação do senso comum. Deste modo, é 
necessário que os alunos preparem suas argumentações a partir da leitura de uma bibliografia indicada.
É usual que os debates girem em torno de questões polêmicas nas aulas de Sociologia. É um momento 
rico para contraposição de visões diferenciadas sobre o processo social. Neste caso, a sala pode ser 
dividida em dois grupos, uma parte defendendo um ponto de vista e a outra parte se preparando para 
contra‑argumentar.
5.3 A pesquisa como recurso didático
A prática da pesquisa escolar deve ser um estímulo à autonomia intelectual e se configura como um 
“instrumento importante para o desenvolvimento da compreensão e para a explicação dos fenômenos 
sociais” (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 126).
A relevância da pesquisa para o ensino da Sociologia é vista por Moraes da seguinte forma:
O conhecimento no campo das Ciências Sociais é, antes de tudo, um 
exercício de autoconhecimento, mas de modo sistemático, rigoroso 
e intersubjetivo, uma vez que a investigação sociológica oferece ao 
estudante instrumentais que lhe garantam um tratamento coerente 
e analítico das questões que estão à sua volta, compreendidas com 
racionalidade. Ir além do que é imediatamente visível e aceito como 
natural é um dos objetivos de se trabalhar a pesquisa sociológica no 
Ensino Médio (MORAES, 2010, p. 54).
Na análise do papel da pesquisa na formação do jovem, Silva afirma que:
A pesquisa constitui elemento fundamental para o ensino da Sociologia, pois 
coloca o aluno diante de desafios, o faz buscar informações, preparando‑o 
para a autonomia intelectual. Por isso nem mesmo no ensino médio deve 
haver dissociação entre ensino e pesquisa (SILVA, 2011, p. 193).1
Seja na opção por trabalhar com temas, conceitos ou teorias, é recomendável a prática da pesquisa. 
A questão que se coloca é compreender em qual momento da aprendizagem deve ser inserida a prática 
da pesquisa.
Segundo as OCNs:
A pesquisa pode ser feita depois das apresentações teóricas, conceituais ou 
temáticas, como um elemento de verificação ou de aplicação (ou não) do que 
1 No meio acadêmico, acredita‑se que o lugar da pesquisa é na pós‑graduação. Não nos referimos aqui à busca de 
rigor ou domínio teórico, mas na predisposição para conhecer, estimulando a dúvida e a crítica. 
62
Unidade II
foi visto anteriormente. Mas pode ser utilizada como elemento anterior às 
explicações por meio dos três recortes. Podem‑se encaminhar os alunos para 
que realizem uma pesquisa antes de discutirem qualquer teoria, conceito 
ou tema, e, a partir do que encontrarem, problematizar os resultados no 
contexto de cada um dos recortes (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 126).
A prática da pesquisa não pode prescindir dos padrões mínimos da metodologia científica, pois, 
deste modo, as pesquisas tenderiam simplesmente à reprodução do senso comum.
Por exemplo, qual o sentido de realizar uma pesquisa sobre desemprego analisando exclusivamente 
entrevista com desempregados? A entrevista nos concebe a visão do indivíduo, mas não revela por 
si as estruturas sociais. Neste sentido, a pesquisa deve ser acompanhada da análise teórica sobre as 
novas configurações do mercado de trabalho e de dados estatísticos sobre o desemprego no país. Este 
procedimento contribui para que a pesquisa realizada pelo aluno adquira maior amplitude e revele 
novos aspectos da realidade.
 Lembrete
Mesmo as pesquisas de caráter bibliográfico devem ser acompanhadas do 
conhecimento mínimo sobre metodologia científica. É usual encontrarmos 
no meio escolar pesquisas baseadas simplesmente em uma fonte da grande 
imprensa que tendem a reproduzir um ponto de vista de um grupo social.
Deste modo, faz parte do processo de aprendizagem da Sociologia discernir artigos de opinião de 
artigos mais analíticos, assim como saber identificar o que é juízo de fato e juízo de valor nas leituras.
 Observação
Quando dizemos ”Está chovendo” estaremos enunciando um 
acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de 
fato. Se, porém, falarmos: “A chuva é boa para as plantas” ou “A chuva é 
bela”, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, 
proferimos um juízo de valor.
Neste sentido, recomenda‑se que o aluno tenha noções prévias do que seja um editorial, uma 
reportagem, um artigo ou uma entrevista. Outra questão relevante é analisar várias publicações para 
identificar as diferentes abordagens sobre um mesmo tema.
63
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Figura 13 ‑ A pesquisa bibliográfica na escola
Como se observa nas OCNs, a pesquisa de campo também requer um preparo:
Para uma pesquisa de campo, isto é, na qual os alunos vão levantar dados 
diretamente com a população‑alvo, é preciso que eles tomem outros 
cuidados, tais como preparar a pesquisa com antecipação, o que engloba 
discutir o tema, definir o objeto, os instrumentos; fazer um roteiro; aplicar 
um pré‑teste nos instrumentos; enfim, todas as precauções para que a 
pesquisa não seja viciada. Assim, ao utilizar a história de vida, o questionário, 
à entrevista, é necessário que o aluno conheça cada uma dessas técnicas, 
seus limites e possiblidades, para saber o que está fazendo e como fazer 
o que vai encontrar em cada uma delas e por que elas são, muitas vezes, 
usadas complementarmente (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 127).
Um dos grandes problemas da educação contemporânea advém da ausência de uma reflexão mais 
elaborada sobre a utilização de recursos tecnológicos para a pesquisa. Predomina o discurso sobre a 
acessibilidade às informações e à democratização do conhecimento.
Para os jovens, tem sido comum, ao fazer uma pesquisa, se restringir a selecionar informações 
disponíveis na web e imprimir como se fosse sua produção. Para Bridi, Araújo e Motim (2009), a solução 
deste problema que assola o ambiente escolar é:
Jamais pedir uma pesquisa sobre algum tema geral sem o acompanhamento 
das etapas de elaboração do trabalho, a exigência de fichamentos de leituras 
e, principalmente, a organização de um roteiro propondo questões reflexivas 
a serem abordadas pelo aluno (BRIDI; ARAÚJO; MOTIM, 2009, p. 129).
Diante do exposto, evidencia‑se a necessidade de desenvolvernos alunos habilidades de leitura, 
compreensão de texto, interpretação e desenvolvimento da capacidade de discernir os tipos de textos 
presentes na web. Deste modo, é possível diminuir as possibilidades do aluno trabalhar fontes de pouco 
valor científico.
64
Unidade II
Ao analisar as tensas relações entre a prática didática e a pesquisa, Zorzi e Kieling (2012, p. 112) nos 
relembram do intenso debate presente no meio acadêmico centrado na questão de que não existiria 
compatibilidade entre as atividades didáticas e a prática da pesquisa. Nesta perspectiva, compete ao 
pesquisador o empreendimento de elaboração da pesquisa, construir instrumentos de análise; enquanto 
ao docente caberia apenas a tarefa de reproduzir o conhecimento produzido por pesquisadores da área.
A superação da condição que acabamos de descrever requer que o professor se veja também como 
um pesquisador, como colocam Zorzi e Kieling:
Fica mais clara a necessidade de o educador se ver não só como docente, 
mas também como pesquisador. Quando ele se coloca na posição de 
professor‑pesquisador, abre espaço para as curiosidades e perguntas 
dos estudantes. Conforme Becker e Marques (2007, p. 19), o professor 
sabe que “toda investigação começa com uma pergunta”. Diante disso, 
sabendo quais são os problemas que os estudantes se deparam, podemos 
constituir um programa de estudos diferenciado que, em vez de 
privilegiar a reprodução dos conteúdos, destacamos como fundamental 
a contribuição com base em suas ações e reflexões para a construção do 
conhecimento (ZORZI; KIELING, 2012, p. 112).
Diante do exposto, evidencia‑se como a prática da pesquisa é importante para o professor visto como 
trabalhador intelectual, assim como para o aluno concebido como agente construtor do conhecimento.
A realização de uma análise sobre a localidade onde a escola se encontra pode ser uma sugestão de 
pesquisa. Os estudos de meio possibilitam a compreensão da estrutura social do local, que viabilizam 
a análise dos diferentes grupos sociais que convivem na localidade. Essas pesquisas podem conduzir 
a análise das situações de conflito, suas causas e consequências. Por fim, o projeto pode resultar na 
pesquisa da compreensão histórica dos conflitos semelhantes em outras regiões, assim como na análise 
de possíveis soluções. Uma questão importante é compartilhar com o grupo a aprendizagem através da 
exposição de trabalhos.
6 RECURSOS DIDÁTICOS
Entende‑se por recursos didáticos todos os elementos presentes no ambiente educativo que 
contribuam para o processo de ensino‑aprendizagem. Pode ser considerado como recurso didático até 
mesmo a paisagem da janela de uma sala de aula, quando utilizada para observação e análise de um 
fenômeno estudado.
Os materiais didáticos cumprem uma função de intermediar a comunicação entre o professor e o 
aluno, uma vez que podem disponibilizar sons, imagens e romper com a monotonia da aula expositiva.
Cabe aqui fazer um esclarecimento quanto a motivação e sua relação com estratégias e recursos 
didáticos. Para isso, recorremos a Bridi, Araújo e Motim (2009), que afirmam:
65
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Muitos professores confundem motivação com estratégias e recursos 
didáticos utilizados e até mesmo com um ensinamento de maneira lúdica. 
As estratégias e os recursos didáticos são ferramentas que visam facilitar 
a aprendizagem, porém não podem ser confundidas com motivação. A 
Psicologia demonstra que a motivação é um processo interno ao indivíduo 
e implica desejo e vontade pessoais. Entretanto, sendo a motivação um dos 
componentes essenciais para que aconteça a aprendizagem, é mister que os 
alunos encontrem razões suficientes para estudar Sociologia em seu ensino 
médio. Sem dúvida, está entre uma das razões a exigência dos conhecimentos 
que englobem essa disciplina para a aprovação em exames vestibulares ou 
nos exames nacionais para o ensino médio, mas isso é pouco diante de sua 
importância para a formação individual e da consciência social da pessoa 
(BRIDI; ARAÚJO; MOTIM, 2009, p. 73).
Portanto, o êxito do processo educacional não está ligado diretamente à existência de recursos 
didáticos, mas ao grau de motivação que o aluno possui.
As contribuições dos recursos didáticos para o desenvolvimento do processo de aprendizagem são:
1. Servem de estímulo para despertar a curiosidade e o interesse no aprendizado.
2. Contribuem para ilustrar e estimular o debate.
3. Contribuem para o desenvolvimento da capacidade de observação.
4. Permitem a sistematização dos conteúdos.
Existe uma gama de materiais que não foram produzidos originalmente com objetivos didáticos, 
mas que podem ser adaptados para a realidade escolar. É o caso de recursos audiovisuais e espaços de 
vivência coletiva.
É usual que os docentes considerem que os recursos didáticos colocados à disposição das instituições 
sejam insuficientes. Muitas escolas não dispõem sequer de serviços de reprodução de textos, de 
computadores conectados à internet ou de data‑show para exibição de filmes ou imagens, quanto mais 
de recursos para realização de atividades extracurriculares.
66
Unidade II
Figura 14 – Recursos didáticos
A ausência de recursos didáticos não pode ser um obstáculo para o desenvolvimento das atividades. 
Cabe ao docente, como condutor do processo, garantir o desenvolvimento da aula.
Embora não estivesse analisando a especificidade do ensino da Sociologia, mas o processo de 
alfabetização, encontramos no depoimento de Paulo Freire (1992) uma reflexão importante, que nos 
conduz a pensar sobre a importância dos recursos pedagógicos: “Fui alfabetizado no chão do quintal de 
minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus 
pais. O chão foi o meu quadro‑negro; gravetos, o meu giz” (FREIRE, 1996, p. 15).
Encontramos no depoimento de Paulo Freire a demonstração de que os recursos didáticos não 
determinam o processo de aprendizagem. Os meios didáticos são, antes, um meio, como veremos no 
depoimento do autor sobre sua experiência na alfabetização de adultos em São Tomé e Príncipe:
Entre as inúmeras recordações que guardo da prática dos debates nos 
Círculos de Cultura de São Tomé, gostaria de referir agora a uma que 
me toca de modo especial. Visitávamos um Círculo numa pequena 
comunidade pesqueira chamada Monte Mário. Tinha‑se como geradora 
a palavra bonito, nome de um peixe, e como codificação um desenho 
expressivo do povoado, com sua vegetação, as suas casas típicas, com 
barcos de pesca ao mar e um pescador com um bonito à mão. O grupo 
de alfabetizandos olhava em silêncio a codificação. Em certo momento, 
quatro entre eles se levantaram, como se estivessem combinado, e se 
dirigiram até a parede em que estava fixada a codificação (o desenho 
do povoado). Observaram a codificação de perto, atentamente. Depois, 
dirigiram‑se à janela da sala onde estávamos. Olharam o mundo lá fora. 
Entreolharam‑se, olhos vivos, quase surpresos, e, olhando mais uma vez 
a codificação, disseram: “É Monte Mário. Monte Mário é assim e não 
sabíamos”. Através da codificação, aqueles quatro participantes do Círculo 
“tomavam distância” do seu mundo e o reconheciam. Em certo sentido, era 
como se estivessem “emergindo” do seu mundo, “saindo” dele, para melhor 
conhece‑lo. No Círculo de Cultura, naquela tarde, estavam tendo uma 
67
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
experiência diferente: “rompiam” a sua “intimidade” estreita com Monte 
Mário e punham‑se diante do pequeno mundo da sua quotidianeidade 
como sujeitos observadores (FREIRE, 1997, p. 44)
Observem pela narrativa de Freire que o estranhamento e a desnaturalização foi estimulado por um 
desenho do povoado, denominado, neste contexto, de codificação. Como recurso didático, o desenho 
contribuiu qualitativamente para que se atingissem os objetivos educacionais e cumpriu um papel 
primordial no desenvolvimento da reflexão dos educandos.
Os recursos didáticos devem ser utilizados não sópara dinamizar as aulas, como também para 
sedimentar os conhecimentos construídos pelos alunos. A observação empírica indica que é usual, 
no ambiente escolar, que professores com o domínio do conhecimento que irão ensinar acabem 
por superestimar a capacidade de abstração dos alunos e deixem de utilizar recursos que poderiam 
enriquecer o processo de ensino‑aprendizagem.
É pertinente afirmar que os recursos podem tornar as aulas mais participativas e agradáveis, mas é 
necessário que o professor os utilize de forma adequada. Ou seja, é necessário planejar qual o momento 
adequado de utilização dos recursos e como explorá‑los adequadamente.
Se o objetivo da aula de Sociologia é refletir sobre a identidade cultural do povo brasileiro, podemos 
utilizar como recurso visual didático gravuras, fotografias, filmes e recursos sonoros, como músicas. 
Seria inconveniente para o estudo deste conteúdo um filme que não retrate o povo brasileiro.
Figura 15 ‑ Recurso visual para discutir a identidade cultural do povo brasileiro
A partir da imagem, é possível suscitar a reflexão sobre a formação cultural, a origem das tradições 
do povo brasileiro e a influência da cultura africana na formação do povo brasileiro, entre outros temas.
O que torna um recurso didático é a sua capacidade de suscitar interesse pela reflexão. Com este 
espírito são produzidos filmes, fotografias e desenhos. É possível que um recurso desenvolvido com 
outra finalidade se transforme em um recurso didático.
68
Unidade II
Como recurso didático, as OCNs analisam a importância das atividades extraescolares, como excursões 
e visitas a museus e parques, como oportunidades de aprendizagem e enriquecimento curricular.
A escola que puder propiciar a seus alunos esse tipo de experiência deve 
fazê‑lo. Mas quando o custo da excursão é impraticável, uma simples 
caminhada ao redor do quarteirão ou pelas ruas do bairro da escola, se 
forem levados em conta aqueles procedimentos críticos de estranhamento e 
desnaturalização, pode guardar riquezas visuais interessantíssimas e capazes 
de propiciar discussões voltadas para a questão dos direitos e deveres do 
cidadão, a preservação ambiental, as políticas públicas, a cultural, enfim, 
um leque de possibilidades voltadas aos objetivos da Sociologia no ensino 
médio (ORIENTAÇÕES..., 2006, p. 128).
Diante do exposto, é importante constar no planejamento do professor atividades extraescolares 
que permitam ao aluno vivenciar fora do ambiente da escola os conteúdos que são discutidos em sala 
de aula. A visita a museus da cidade pode possibilitar a interlocução do olhar individual com o olhar 
coletivo sobre imagens, objetos e obras de arte.
 Saiba mais
É possível fazer visitas virtuais a alguns museus:
O Museu do Holocausto de Curitiba tem como tema a perseguição dos 
judeus na Segunda Guerra Mundial e seu eixo de exposição é a questão do 
preconceito e da violência ao longo do século XX.
Faça uma visita ao Museu do Holocausto de Curitiba no seguinte 
endereço: <http://www.museudoholocausto.org.br>.
O Museu do Índio tem como objetivo contribuir para uma maior 
conscientização sobre a importância das comunidades indígenas na 
sociedade brasileira atual.
Faça uma visita ao Museu do Índio no seguinte endereço eletrônico: 
<http://www.museudoindio.gov.br/>.
Existem muitos museus que possibilitam visitas virtuais, faça uma 
pesquisa e visite os museus mais importantes do Brasil e do mundo.
Moraes produziu o seguinte pensamento sobre como as atividades em museus podem favorecer o 
desenvolvimento da reflexão entre as histórias individuais e os rumos da sociedade:
69
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Museus que guardam a memória da cidade, por exemplo, são espaços de 
conhecimento e de autoconhecimento. Visitados pela turma, assumem 
uma nova dimensão no momento em que os estudantes se reconhecem 
em objetos e montagens que também fazem parte da história da família ou 
mesmo que remetem a situações já conhecidas ou vivenciadas. No coletivo, 
fatos passados, situações vividas, lembranças relatadas pelos moradores 
da cidade ganham novas dimensões, ganham uma significação histórica, 
na medida em são socializados com os estudantes no momento da visita 
(MORAES, 2010, p. 59).
Além do exposto, a visita a museus pode contribuir para ampliar a formação cultural dos estudantes. 
As atividades extraescolares contribuem para que o estudante desenvolva a autonomia reflexiva, na 
medida em que vislumbra que os espaços de aprendizagem são múltiplos.
É necessário ressaltar a necessidade de planejamento prévio das atividades extraescolares, como 
visitas antecipadas do professor com o intuito de preparar as atividades dos alunos.
Figura 16 ‑ Visita a museus
Além disso, as atividades de observação do meio podem ser integradas à pratica cotidiana do 
ensino. O desenvolvimento do olhar sociológico pode ocorrer a partir de práticas de observação de uma 
localidade e posterior análise sobre as condições de vida da população.
6.1 Leitura e produção de textos
A seguir, vamos analisar a importância da leitura na formação do olhar sociológico sobre a realidade. 
Partimos inicialmente das considerações de Paulo Freire sobre a importância do ato de ler.
O ato de ler não se limita à decodificação da palavra escrita, a leitura é elemento primordial para 
a compreensão da realidade onde estamos inseridos. A formação de um público leitor é uma tarefa 
primordial que se coloca para a sociedade brasileira na atualidade. Na análise da importância do ato de 
ler, Paulo Freire afirma:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura 
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem 
70
Unidade II
e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser 
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o 
texto e o contexto (FREIRE, 1997, p. 11).
A leitura como forma de compreensão do mundo se opõe aos tradicionais métodos de leitura que 
pressupõem a memorização do conteúdo. A leitura de um texto, quando pautada na busca inócua da 
memorização e não na da intelecção e no estabelecimento de relação com o mundo, se torna ineficaz.
No ambiente escolar, é importante que se trabalhe com diversos tipos de textos, como jornais, 
revistas e quadrinhos. Sobre a leitura de livros, diferentes gêneros podem conduzir à reflexão sobre o 
mundo social, desde as obras literárias clássicas, poesia e outros.
Segundo as Orientações Curriculares Nacionais, a leitura de textos sociológicos deve servir de 
suporte para o desenvolvimento de um tema, ou para a exposição e análise de teorias e conceitos. Todos 
os textos devem ser contextualizados e analisados dentro do conjunto da obra do autor. Neste sentido, 
cabe ao professor o trabalho de mediação entre o texto e o aluno.
A leitura nas aulas de Sociologia requer do docente a seleção adequada do texto. É preciso iniciar 
com textos curtos que permitam o debate em sala de aula. Os alunos devem ser orientados a ler, 
identificar as ideias centrais, sublinhá‑las, anotar dúvidas e elaborar questões.
Veja a seguir um exemplo de texto trabalhado com alunos:
Devo começar explicando o meu enigmático título. É que será preciso estabelecer 
uma distinção radical entre um “brasil” escrito com letra minúscula, nome de um tipo de 
madeira de lei ou de uma feitoria interessada em explorar uma terra como outra qualquer, 
e o Brasil que designa um povo, uma nação, um conjunto de valores, escolhas e ideais 
de vida. O “brasil” com b minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou 
pulsação interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir 
como sistema; como aliás, queriam alguns teóricos sociais do século XIX, que viam na terra 
– um pedaço perdido de Portugal e da Europa – um conjunto doentio e condenado de 
raças que, misturando‑se ao sabor de uma natureza exuberante e de um clima tropical, 
estariam fadadas à degeneração e à morte biológica,psicológica e social. Mas o Brasil 
com B maiúsculo é algo muito mais complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e 
território reconhecidos internacionalmente, e também casa, pedaço de chão calçado com 
o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma 
ligação especial, única, totalmente sagrada. É igualmente um tempo singular cujos eventos 
são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode ser acelerada na festa do 
carnaval; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser trazida de volta na 
boa recordação da saudade. [...] Sociedade onde pessoas seguem certos valores e julgam as 
ações humanas dentro de um padrão somente seu. Não se trata de algo inerte, mas de uma 
entidade viva, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma e se alarga para o 
futuro e para o passado, num movimento próprio que se chama História. [...]
71
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Assim, o ponto de partida deste ensaio é o seguinte: tanto os homens como 
as sociedades se definem por seus estilos, seus modos de fazer as coisas. Se a 
condição humana determina que todos os homens devem comer, dormir, trabalhar, 
reproduzir‑se e rezar, esta determinação não chega ao ponto de especificar também 
que comida ingerir, de que modo produzir, com que mulher (ou homem) acasalar‑se 
e para quantos deuses ou espíritos rezar. É precisamente aqui, nesta espécie de zona 
indeterminada, mas necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os modos 
de ser e estar, os “jeitos” de cada qual. Porque cada grupo humano, cada coletividade 
concreta, só pode pôr em prática algumas dessas possibilidades de atualizar o que a 
condição humana apresenta como universal. As restantes ficam como uma espécie 
de fantasma a nos recriminar pelo fato de as termos deixado nos bastidores, como 
figuras banidas de nosso palco, embora estejam de algum modo presentes na peça e 
no teatro.
No fundo, essa questão do relacionamento dos universais de qualquer sistema com 
um sistema específico é das mais apaixonantes de quantas existem no panorama das 
Ciências Humanas. Trata‑se, sempre, da questão da identidade. De saber quem somos 
e como somos; de saber por que somos. Sobretudo quando nos damos conta de que 
o homem se distingue dos animais por ter a capacidade de se identificar, justificar e 
singularizar: de saber quem ele é. De fato, a identidade social é algo tão importante 
que o conhecer‑se a si mesmo através dos outros deixou os livros de filosofia para se 
constituir numa busca antropologicamente orientada. Mas o mistério, como se pode 
adivinhar, não fica na questão do saber quem somos. Pois será necessário descobrir 
como construímos nossas identidades. Sei que sou José da Silva, brasileiro, casado, 
funcionário público, torcedor do Flamengo, carnavalesco da Mangueira, apreciador 
incondicional das mulatas, católico e umbandista; jogador esperançoso e inveterado 
da loto, porque acredito em destino – e não outra pessoa qualquer. Em sendo José, não 
sou Napoleão ou William Smith, cidadão americano de Nova York: ou Ivan Ivanovich 
patriota soviético. Posso distinguir‑me assim porque me associo intensamente a uma 
série de atributos especiais e porque com eles e através deles formo uma história: a 
minha história. Mas como é que sei o que sou? Como posso discutir a passagem do ser 
humano que nasci para o brasileiro que sou?
Fonte: DaMatta (1986, p. 11‑6).2
Roteiro para leitura:
• Sublinhe todas as palavras que você não conhece e, em seguida, procure‑as em um dicionário.
• Pesquise sobre a vida do autor, suas obras e ideias principais.
2 Trabalho apresentado pela autora no III Eneseb – Encontro Nacional sobre o Ensino de Sociologia na Educação 
Básica, realizado em Fortaleza em junho de 2013. 
72
Unidade II
• Anote em seu caderno todas as passagens do texto que não compreendeu e faça uma pesquisa 
prévia para esclarecimento. Levante questões sobre o texto para ser discutida na próxima aula.
• Pesquise o significado da palavra cultura. Quantos significados você encontrou? Escreva sua 
própria definição de cultura.
• Qual é o assunto do texto?
• Em busca da ideia central:
• Que ideia o autor defende? O que pretende demonstrar?
• Elabore um resumo do texto que contenha a síntese das ideias do autor.
• É correto afirmar que para o autor o que faz o brasil Brasil é o povo?
• Como você explica a diferença entre a cultura universal e a cultura brasileira? Há algo de específico 
na cultura brasileira?
O texto escolhido faz parte de uma discussão maior sobre a identidade cultural do povo brasileiro. 
Ao disponibilizar esse texto aos estudantes, procurou‑se colocar o jovem em contato com uma 
produção intelectual mais elaborada, por meio do contato com o texto de um renomado pesquisador, 
o prof. Roberto DaMatta. Outro critério de escolha é que o texto é curto, o que permite a leitura em 
sala de aula.
Atualmente, existe um consenso entre intelectuais sobre a importância do ato de ler na formação da 
visão de mundo dos indivíduos. É necessário superar a visão de que é responsabilidade dos professores 
de Língua Portuguesa a formação do leitor.
Figura 17 ‑ A importância da leitura na formação do estudante
Para Bridi, Araújo e Motim (2009, p. 83), os alunos devem ser estimulados a verbalizar e escrever 
sobre os conteúdos estudados, utilizando suas anotações para entender ou explicar sua realidade, os 
73
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
fenômenos sociais, políticos, culturais, econômicos. Para isso, é necessário que os alunos se situem 
criticamente diante de alguma notícia das diversas mídias: impressa, televisão ou internet.
A expressão escrita é fundamental para o desenvolvimento do aluno. Deste modo, é importante 
estimular a passagem da oralidade para a escrita. Diante da importância da expressão escrita na formação 
do jovem, entende‑se que não compete somente à disciplina de Língua Portuguesa o desenvolvimento 
da escrita. Trata‑se de um desafio maior que deve ser encampado por todas as disciplinas do currículo.
Para o desenvolvimento da expressão escrita, Bridi, Araújo e Motim nos recomendam que:
na disciplina de Sociologia, após a leitura, o levantamento de dúvidas, o 
debate e os dados complementares trabalhados, o aluno sistematiza o 
seu entendimento, por escrito, o qual pode conter questões reflexivas, 
questões‑problema ou mesmo ideias centrais do conteúdo. A apresentação 
escrita é uma exigência e um dos componentes fundamentais do processo 
de avaliação, podendo ser através de resenhas, resumos, pesquisas, relatórios, 
levantamentos sociais, sínteses, redações, elaboração de jornal ou revista etc. 
A Sociologia, juntamente com outras disciplinas escolares, deve contribuir 
para uma escrita competente do aluno e isso acontece nas atividades que 
levem a trabalhar com a produção de textos, levantando questões capazes 
de exigir argumentação, análise, comparação, síntese, relações, descrição, 
narração (BRIDI; ARAÚJO; MOTIM, 2009, p. 159).
A inserção do jovem no debate intelectual é um desafio do ensino de Sociologia no nível médio. 
A leitura de clássicos, a busca da disciplina intelectual é que é importante para a compreensão mais 
profunda da realidade que vivemos.
Sabemos que a leitura e a compreensão das obras clássicas, no campo das Ciências Sociais, não é 
uma tarefa simples para jovens do Ensino Médio. Por isso, recomenda‑se a utilização de recortes, ou 
seja, trechos significativos, para que o estudante tenha contato com um pensamento mais sofisticado.3
 Saiba mais
Assista ao vídeo:
A AVENTURA da leitura na educação. Dir. Vicente Guerra. Brasil: TV 
Escola/Grupo Conspiração/TV Cultura, 2009. 47 min. Disponível em: <http://
tvescola.mec.gov.br/tve/video?idItem=5348>. Acesso em: 4 fev. 2015.
3 Nos textos de Roberto DaMatta e Gilberto Freyre se encontram exemplos de recortes adequados ao ensino no 
nível médio. Trata‑se de trechos pequenos, que podem ser lidos e discutidos em uma aula.74
Unidade II
Sinopse: quantos livros você já leu esse ano? Leitura é motor de 
aprendizado e mudança de si mesmo. Ela deve ser ponto‑chave de qualquer 
escola, mas esse hábito ainda é pouco desenvolvido no Brasil. Os Caminhos 
da Escola vai até Santo André (SP), onde na E. M. de Ensino Infantil e 
Fundamental Carolina Maria de Jesus alterou seu baixo índice de alunos 
alfabetizados com um projeto de leitura chamado “Lendo e Aprendendo”. 
Ninguém melhor que o homem‑livro, Evandro dos Santos, para continuar 
o debate sobre esse assunto. Neste filme vemos a última etapa do desafio 
sobre direitos humanos.
6.2 A utilização de poesias e músicas
A poesia e a música podem ser grandes aliadas no processo de ensino‑aprendizagem. A música se 
encontra presente na vida da maioria dos jovens brasileiros como forma de expressão da sua identidade 
cultural. O trabalho com música possibilita o exercício da reflexão e o cultivo da sensibilidade e agrega 
prazer ao processo de aprendizado.
Para Nidelcoff (2004), a importância de trabalhar com poesia nas aulas de Ciências Sociais expressa:
A vinculação de textos literários (neste caso poemas, mas pode tratar‑se 
também de novelas, capítulos de novelas, fragmentos de ensaios, contos ou 
peças de teatro, [...] é um trabalho rico e interessante. Permite dar vida e cor 
aos temas destas matérias, pode oferecer novos dados ou novas maneiras de 
ver as coisas que a proporcionada pelos livros didáticos ou pela explicação 
do professor, ajuda os alunos a ver a realidade de uma maneira ampla, 
integral e não parcelada em matérias de estudo brindando a possibilidade, 
sempre bem vinda, de abrir a aula para a apreciação da comunicação e do 
sentimento vivos num texto literário (NIDELCOFF, 2004, p. 122).
Observa‑se que a utilização de poesias possibilita o desenvolvimento da sensibilidade e que a reflexão 
é estimulada pelos próprios sentimentos que a poesia desperta no aluno.
Diante do incipiente espaço do mundo acadêmico para discussão de práticas pedagógicas, 
a pesquisadora Kelly Mota (2010) defende o desenvolvimento de formas de realização práticas 
do conhecimento sociológico nas escolas. Seu objetivo é ir além de uma sugestão de aula, em 
seus projetos de aula busca “tornar conhecimentos sociológicos em objetos de ensino, a partir da 
recontextualização e mediação pedagógica” (MOTA, 2010, p. 130), que requer a utilização de uma 
linguagem adequada ao meio escolar. Para isso, a autora articula a linguagem literária e temas do 
ensino de Sociologia para o nível médio.
O consumismo é uma prática social que requer uma refinamento de sua compreensão. Para trabalhar 
os conceitos de fetichismo, ideologia, reificação e mais valia e para provocar a percepção do processo 
de “coisificação do ser humano e humanização das coisas” (MOTA, 2010, p. 132), propõe‑se o estudo 
75
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
do consumo sob a perspectiva de Marx, e como objeto de análise o poema Eu, etiqueta, de Carlos 
Drummond de Andrade, que veremos a seguir.
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório,
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu corpo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
76
Unidade II
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidência,
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem‑anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada,
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar a minha identidade,
Trocá‑la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência de demito‑me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso dos outros, tão mim mesmo,
Ser pensante, sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
Ora vulgar, ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
77
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
(Qualquer principalmente)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou – vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
78
Unidade II
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem,
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa
Eu sou a Coisa, coisamente.
Fonte: Andrade (1984, p. 85‑7).
O poema anterior possibilita a análise de um conjunto de conceitos sociológicos ligados ao 
consumismo, fetichismo da mercadoria e alienação. A análise do poema em sala de aula requer 
inicialmente a leitura coletiva, seguida de questionamento das razões pelas quais os alunos são induzidos 
a consumir. A partir de então, é possível refletir sobre a própria participação do aluno no sistema de 
consumo.
A partir do poema Eu, etiqueta é possível desenvolver reflexão sobre o fetiche das mercadorias, o 
papel dos meios de comunicação de massas no estímulo ao consumo. A reflexão pode se estender para 
a análise das mensagens publicitárias e ter como desdobramento o desenvolvimento de um olhar crítico 
sobre os meios de comunicação.
Trabalhar com poesias é um recurso didático que permite inserir na reflexão científica o social, a 
sensibilidade humana ou, como afirma Nidelcoff (2004, p. 130), “compreender que o poeta pode ser uma 
testemunha que nos ajuda a captar melhor e sentir mais intensamente uma problemática”.
Trabalhar com músicas em sala de aula possibilita aproximar a aprendizagem da cultura juvenil. Veja 
as considerações de Moraes (2010, p. 60) sobre a utilização de músicas nas aulas de Sociologia:
A música é um recurso financeiramente acessível, disponível à maioria das 
escolas e que aguça a capacidade de análise em relação a situações, capaz 
de superar as dificuldades presentes nos textos didáticos, levando‑se em 
conta que as letras analisadas não foram escritas com esse propósito, mas 
com intenções as mais diversas. A partir da inspiração pessoal do artista que 
escreveu os versos, a análise sociológica que deles provém pode remeter às 
mais diferentes questões da vida social.
79
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Trabalhar com músicas possibilita agregar o aspecto lúdico no processo de aprendizagem. É 
recomendável que se parta dos interesses musicais dos jovens.
Para exemplificar as formas de utilização da música como recurso pedagógico, segue um exemplo 
de como a música pode ser utilizada para introdução da discussão do consumismo e da atuação da 
publicidade e propaganda.
3ª do plural
Corrida pra vender cigarro
cigarro pra vender remédio
remédio pra curar a tosse
tossir, cuspir, jogar pra fora
corrida pra vender os carros
pneu, cerveja e gasolina
cabeça pra usar boné
e professar a fé de quem patrocina
Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, de rir... Querem te fazer chorar
quem são eles?
quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógiosilicone contra a gravidade
dedo no gatilho, velocidade
quem mente antes diz a verdade
satisfação garantida
obsolescência programada
eles ganham a corrida antes mesmo da largada
Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, à sede... eles querem te sedar
quem são eles?
quem eles pensam que são?
Vender... Comprar... Vedar os olhos
jogar a rede contra a parede
querem te deixar com sede
não querem nos deixar pensar
quem são eles?
quem eles pensam que são?
Fonte: ENGENHEIROS DO HAWAII (2005).
80
Unidade II
Para trabalhar em sala de aula com música, recomenda‑se inicialmente ouvi‑la com a turma, em 
uma atmosfera de aula de maior descontração. A seguir, é produtivo ouvir as impressões iniciais dos 
alunos e em seguida ler a letra com o grupo, levando a discussão sobre a ideologia do consumo e 
classes sociais.
6.3 Tecnologias audiovisuais: TV e vídeo nas aulas de Sociologia
Existem muitos recursos tecnológicos que podem ser utilizados nas aulas de Sociologia. Os vídeos e 
a internet podem atuar como recursos importantes desde que se tenha claro quais são os seus objetivos 
educacionais.
A utilização das novas tecnologias na educação deve conduzir o professor a refletir sobre a forma 
como poderão contribuir para que se atinja os objetivos educacionais. A seguir, veja como esta questão 
é discutida pelo pesquisador José Armando Valente.
As facilidades técnicas oferecidas pelos computadores possibilitam a 
exploração de um leque ilimitado de ações pedagógicas, permitindo 
uma ampla diversidade de atividades que professores e alunos podem 
realizar. Por um lado, essa ampla gama de atividades pode ou não estar 
contribuindo para o processo de construção do conhecimento. O aluno 
pode estar fazendo coisas fantásticas, porém o conhecimento usado nestas 
atividades pode ser o mesmo que o exigido em outra atividade menos 
espetacular. [...] Por exemplo, o aluno pode estar buscando informações 
na rede internet, na forma de texto, vídeo ou gráficos, colando‑as na 
elaboração de uma multimídia, porém sem ter criticado ou refletido sobre 
os diferentes conteúdos utilizados. Com isso, a multimídia pode ter um 
efeito atraente, mas ser vazia do ponto de vista de conteúdos utilizados 
(VALENTE, 2005, p. 23).
Observa‑se que a construção do conhecimento se torna fundamental, o que conduz o professor 
a refletir sempre se a utilização da tecnologia está contribuindo ou não para a construção de novos 
conhecimentos. Isto coloca a necessidade de estabelecer clara distinção entre o que é informação e o 
que é conhecimento.
 Observação
O que diferencia informação de conhecimento?
Segundo o artigo de José Armando Valente (2005, p. 22‑31)
Informação: são os fatos, os dados que encontramos nas publicações, 
na internet ou mesmo aquilo que as pessoas trocam entre si.
81
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Conhecimento: é o que cada indivíduo constrói como produto do 
processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É algo 
construído por cada um, muito próprio e impossível de ser passado – o que 
é passado é a informação que advém do conhecimento, porém nunca o 
conhecimento em si.
Diante do exposto, coloca‑se a necessidade de refletir sobre a forma como as tecnologias podem 
contribuir com o processo educacional.
As tecnologias possuem a capacidade de informar? Elas contribuem para o desenvolvimento do 
conhecimento?
O desenvolvimento da internet e as múltiplas utilizações do computador no meio educacional 
têm levado muitos educadores a desconsiderar a importância da televisão e do vídeo para o processo 
educacional.
Ao analisar a relevância da televisão, do cinema e vídeo – os meios de comunicação audiovisuais 
–, o pesquisador Moran reconhece sua importância na formação das visões de mundo no homem 
contemporâneo.
A informação e a forma de ver o mundo predominantes no Brasil provêm 
fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, 
afetivo e ético que crianças e jovens – e grande parte dos adultos – levam 
para a sala de aula (MORAN, 2005, p. 97).
Ao traçar um paralelo entre o discurso televisivo e o discurso escolar, Moran identifica que a TV possui 
um formato “despretensioso e sedutor”, que cria uma dificuldade para o meio escolar de contrapor com 
uma visão mais crítica, que requer um grau maior de abstração. Enquanto a televisão fala do mundo 
afetivo, o discurso escolar tem base científica. Para abstrações necessárias para o desenvolvimento de 
linhas de raciocínio, a televisão oferece a sedução das imagens.
Figura 18 ‑ A força da linguagem televisiva
82
Unidade II
Na busca por audiência, os meios de comunicação utilizam um discurso de apelo emocional, exploram 
a fantasia e a mostram como realidade as telenovelas e reality shows. Nos meios de comunicação, os 
temas são apresentados sem profundidade, as informações são transmitidas de forma superficial.
Na análise dos meios de comunicação, Moran afirma:
Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas 
sofisticadas de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo 
linguagem e mensagens que facilitam a interação, com o público. A TV fala 
primeiro do “sentimento – o que você sentiu”, não o que você conheceu; as 
ideias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva (MORAN, 
2005, p. 97).
Diante do exposto, Moran indica pistas de como trabalhar a televisão na sala de aula. Parte‑se do 
sensorial, do afetivo, para se avançar para conceitos e teorias. Para Moran, é necessário que o professor 
faça um esforço para integrar imagens, sons e textos para que a linguagem se aproxime mais do jovem.
A utilização da televisão nas aulas de Sociologia permite partir de elementos mais próximos da 
sensibilidade dos alunos e desenvolver análise do conteúdo com o objetivo dos alunos perceberem os 
aspectos positivos e negativos da abordagem televisiva. Deste modo, é possível formar o telespectador 
criterioso, que saiba avaliar o que é apresentado.
 Lembrete
Cabe ressaltar que nem toda programação televisiva é voltada somente 
para o entretenimento. Existem programas, principalmente nos canais 
educativos, que podem ser utilizados em sala de aula para complementar 
as informações e contribuir para a construção do conhecimento.
Figura 19 ‑ A produção de vídeos pelos alunos
83
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Outra possibilidade de trabalhar com vídeos é estimular os alunos a produzir os seus próprios 
programas com filmadoras amadoras. É possível realizar trabalhos envolvendo a produção de vídeos 
pelos próprios alunos.
A produção de vídeos pode estimular a expressão e criatividade dos alunos. Para isso, é necessário 
aprender um pouco sobre a linguagem televisiva. Diante de uma discussão sobre a diversidade cultural 
nas aulas de Sociologia, é possível que os alunos pesquisem as diferenças culturais e produzam filmes 
sobre as diferenças de costumes e religiosidade entre os habitantes da sua localidade.
A utilização de filmes nas aulas de Sociologia pode contribuir para tornar as aulas mais atrativas 
para os jovens na medida em que vivemos em uma época que se valoriza em demasia a imagem. Os 
filmes podem contribuir para a compreensão da realidade e ser adequado à faixa etária dos alunos.
Segundo as Orientações Curriculares Nacionais, a utilização do cinema, vídeo ou TV nas aulas de 
Sociologia devem contribuir para os processos de estranhamento e desnaturalização da realidade.
Trazer a TV ou o cinema para a sala de aula não é apenas buscar um novo 
recurso metodológico ou tecnologia de ensino adequado aos nossos dias, 
mais palatáveis para os alunos – e o público—, que são condicionados mais 
a ver do que a ouvir, que têm a imagem como fonte do conhecimento de 
quase tudo. Trazer a TV e o cinema para a sala de aula é submeter esses 
recursos a procedimentos escolares – estranhamento e desnaturalização 
(ORIENTAÇÕES..., p. 129).
Defende‑se que a utilização dos recursos tecnológicos atue na formaçãodo olhar crítico, sociológico. 
A incorporação da imagem ao ensino requer uma leitura científica. Portanto, as OCNs defendem que o 
assistir filme na escola se diferencie das formas convencionais de utilização dos meios de comunicação 
de massa. Isso requer discussão e reflexão sobre os conteúdos assistidos.
A utilização de vídeos tem constituído um recurso comum nas aulas de Sociologia. O grande problema 
é que a projeção de filmes destoa dos tempos de aula. As produções médias dos longa‑metragens é de 2 
horas e as horas‑aula possuem em média 50 minutos. Para que aconteça uma projeção, são necessários 
verdadeiros malabarismos, com novos arranjos de turmas. É preciso selecionar filmes que permitam 
certos recortes que tornem evidentes certos aspectos considerados fundamentais.
Assistir trechos de filmes pode parecer uma heresia para os cinéfilos, mas sob a perspectiva didática, 
o recorte permite colocar em evidência um aspecto considerado central e pode estimular o aluno a 
procurar ver a obra inteira em outro contexto.
 Observação
Em junho de 2014, foi promulgada a Lei nº 13.006, que determina a 
obrigatoriedade da exibição de filmes e audiovisuais de produção nacional 
84
Unidade II
nas escolas de Ensino Básico por, no mínimo, duas horas mensais. A exibição 
de filmes nacionais constituirá componente curricular complementar 
integrado à proposta pedagógica da escola.
O objetivo da lei é ampliar a presença da arte na escola e formar usuários 
de bens e serviços culturais.
 Saiba mais
Veja a análise de cineastas sobre a nova lei em: 
CINEASTAS chamam a atenção para seleção de filmes e planejamento 
das aulas. Agência Brasil, 2014. Disponível em: <http://www.ebc.com.
br/educacao/2014/07/cineastas‑chamam‑a‑atencao‑para‑selecao‑de‑ 
filmes‑e‑planejamento‑das‑aulas>. Acesso em: 5 fev. 2015.
A seguir, formulamos um quadro com algumas sugestões de filmes que podem ser utilizados nas 
aulas de Sociologia.
Quadro 3 - Sugestões de filmes para os principais temas das Ciências Sociais
Tema Filme Sinopse
Cultura e diversidade 
cultural
CORAÇÕES Sujos. Dir. Vicente 
Amorim. Brasil: Downtown, 
2010. 115 min. 
A história do imigrante japonês Takahashi, dono de 
uma pequena loja de fotografia, casado com Miyuki, 
uma professora primária, que de um homem comum 
transforma‑se em assassino, enquanto sua mulher luta 
contra o destino, tentando em vão salvar seu amor em 
meio ao caos e à violência.
Os grupos étnicos e a 
questão racial
CAPITÃES da Areia. Dir. Cecília 
Amado. Brasil: Telecine 
Productions, 2009. 96 min. 
Um grupo de meninos que viviam suas aventuras, à 
margem da lei, nas estreitas ruas e praias de Salvador, 
na década de 1940, e por possuírem a habilidade 
de desaparecerem, sem serem notados, ficaram 
conhecidos como os Capitães da Areia.
Sexualidade e gênero
HOJE eu quero voltar sozinho. 
Dir. Daniel Ribeiro. Brasil: 
Lacuna Filmes, 2014. 96 min. 
Leonardo é um adolescente cego em busca de sua 
independência. Seu cotidiano, a relação com a melhor 
amiga, Giovana, e a sua forma de ver o mundo ganham 
novos contornos com a chegada de Gabriel, um 
menino que vai fazê‑lo descobrir coisas que ele nem 
imagina.
Religião e 
religiosidade na 
atualidade
LINHA de passe. Dir. Walter 
Salles e Daniela Thomas. Brasil: 
Double Helix, 2008. 108 min.
O filme conta a história de quatro irmãos que vivem na 
periferia de São Paulo. Com a ausência do pai, precisam 
lutar por seus sonhos. Reginaldo, o mais novo, procura 
obstinadamente seu pai que nunca conheceu. Dario, 
prestes a completar 18 anos, sonha com uma carreira 
como jogador de futebol profissional. Dinho, frentista 
em um posto de gasolina, busca na religião o refúgio 
para um passado obscuro. Dênis, o irmão mais velho, 
já é pai de um filho e ganha a vida como motoboy. No 
centro desta família está Cleuza (Sandra Corveloni), 
que, aos 42 anos, está grávida do quinto filho.
85
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Família e parentesco
LAVOURA arcaica. Dir. Luiz 
Fernando Carvalho. Brasil: 
Video Filmes, 2001. 163 min. 
Baseado no livro de Raduan Nassar sobre uma família 
libanesa no Brasil. Lavoura arcaica é uma versão ao 
avesso da parábola do filho pródigo. André (Selton 
Mello) é um filho desgarrado. Pedro, seu irmão mais 
velho, recebeu da mãe a missão de trazê‑lo de volta ao 
lar. Nas lembranças de André, conhecemos as causas 
de sua fuga: a severa lei paterna e o sufocamento da 
ternura materna.
Indústria cultural 
e os meios de 
comunicação de 
massa 
A NEGAÇÃO do Brasil. Dir. Joel 
Zito Araújo. Brasil: Casa de 
Produção, 2000. 90 min.
O documentário aborda tabus e estereótipos sobre o 
negro na telenovela brasileira. O diretor, baseado em 
suas memórias, analisa as influências do gênero nos 
processos de identidade dos afro‑brasileiros.
A juventude no Brasil
PRO DIA nascer feliz. Dir. João 
Jardim. Brasil: Flávio Tambellini 
Produções Cinematográficas, 
2005. 88 min. 
Documentário sobre as diferentes situações que 
adolescentes de 14 a 17 anos, ricos e pobres, 
enfrentam dentro da escola: a precariedade, o 
preconceito, a violência e a esperança. Foram ouvidos 
alunos de escolas da periferia de São Paulo, Rio de 
Janeiro e Pernambuco e também de dois renomados 
colégios particulares, um de São Paulo e outro do Rio 
de Janeiro.
O trabalho 
na sociedade 
contemporânea
DOMÉSTICAS. Dir. Fernando 
Meirelles. Brasil: O2 Filmes, 
2001. 85 min.
O filme conta a história de cinco amigas, empregadas 
domésticas brasileiras: Raimunda, Cida, Roxane, 
Quitéria e Créo. Raimunda quer encontrar o homem 
ideal e casar; Cida já é casada, mas seu casamento não 
anda bem e ela quer um marido melhor; a bela Roxane 
quer deixar de ser doméstica para virar modelo; a 
estabanada Quitéria não consegue ficar num emprego 
por muito tempo; e Créo está preocupada com o 
sumiço de sua filha adolescente. Todas têm um grande 
sonho e diversas visões de paraíso, mas todas com o 
mesmo inferno: a profissão de doméstica.
Diferença e 
desigualdade
LIXO extraordinário. Dir. Lucy 
Walker. Brasil/Reino Unido: 
Almega Projects/O2 Filmes, 
2010. 99 min.
O documentário mostra o contato do artista plástico 
Vik Muniz com os catadores de material reciclável do 
Aterro do Jardim Gramacho, maior da América Latina, 
localizado no Rio de Janeiro. A partir da experiência, 
surge um novo combustível criativo para Vik e, como 
contrapartida, os catadores diminuem sua distância 
com a arte e conseguem condições melhores de vida.
A questão urbana
CIDADE cinza. Dir. Guilherme 
Valiengo e Marcelo Mesquita. 
Brasil: Sala12, 2013. 80 min. 
Em julho de 2008, um muro de 700 metros quadrados 
no centro de São Paulo foi recoberto de tinta cinza, 
seguindo uma política de limpeza urbana da Prefeitura. 
Acabava de ser apagado um grafite feito, entre outros, 
pela dupla Os Gêmeos, que naquele momento fora 
convidada a pintar a área externa do Tate Modern, em 
Londres.
O acesso à terra no 
Brasil
XINGU. Direção Cao 
Hamburguer. Brasil: O2 Filmes/
Globo Filmes, 2011. 192 min. 
Os irmãos Orlando, Claudio e Leonardo Villas Boas, 
resolveram trocar o conforto da vida urbana pela 
aventura de viver nas matas. Eles se alistaram no plano 
de expansão da região central, estabeleceram contato 
com os índios do Brasil central e foram os responsáveis 
pela criação do Parque Nacional do Xingu. 
Violência 
CIDADE de Deus. Dir. Fernando 
Meirelles. Brasil: O2 Filmes/
Globo Filmes, 2002. 130 min.
O longa conta a história de dois meninos – Buscapé 
e Dadinho/Zé Pequeno – durante a ocupação do 
conjunto habitacional Cidade de Deus, no Rio de 
Janeiro. Enquanto o primeiro consegue resistir ao 
apelo de se tornar bandido e vira fotógrafo, o outro se 
transforma no mais temido bandido do Estado. 
86
Unidade II
Meio ambiente
SANEAMENTO básico: o filme. 
Dir. Jorge Furtado. Brasil: Casa 
de Cinema de Porto Alegre, 
2007. 112 min 
A comunidade da Linha Cristal, uma pequena vila de 
descendentes de colonos italianos na Serra Gaúcha, 
reúne‑se para tomarprovidências sobre a construção 
de uma fossa para o tratamento do esgoto da vila. 
Os moradores resolvem fazer um vídeo de ficção, 
ambientado nas obras de construção de uma fossa, 
com o único objetivo de usar a verba para as obras.
Movimentos sociais
QUANTO vale ou é por quilo?. 
Dir. Sérgio Bianchi. Brasil: 
Agravo Produções, 2005. 110 
min. 
Livre adaptação do conto Pai Contra Mãe, de Machado 
de Assis. O filme traça um paralelo entre a vida 
no período da escravidão e a sociedade brasileira 
contemporânea, focando as semelhanças existentes 
no contexto social e econômico das duas épocas. 
Apontando a câmera para a falência das instituições no 
país, o filme faz uma analogia entre o antigo comércio 
de escravos e a exploração da miséria pelo marketing 
social: a solidariedade de fachada.
Estado, governo e 
cidadania
O BEM amado. Dir. Guel Arraes. 
Brasil: Natasha Filmes/Globo 
Filmes, 2010. 110 min.
Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) é o prefeito da 
cidade de Sucupira. Pilantra, ele tem uma plataforma 
de campanha: erguer um cemitério na cidade. O 
problema é que, após a construção, ninguém morre 
para inaugurar o local.
Democracia e 
participação política
DEMOCRACIA em preto e 
branco. Dir. Pedro Asbeg. Brasil: 
TV Zero, 2010. 90 min. 
Durante o ano de 1982, a ditadura militar completava 
18 anos. A música popular brasileira sobrevivia de 
metáforas, devido a grande opressão e censura, e o 
clube de futebol Corinthians passava por um período 
interno turbulento. No meio disso, o rock nacional 
começava a nascer. O filme mostra como a música, o 
esporte e a política se encontraram para mudar o rumo 
da história do país.
Direitos sociais, 
direitos civis, direitos 
políticos e direitos 
humanos
BATISMO de sangue. Dir. 
Helvécio Ratton. Brasil: 
Quimera Filmes, 2006. 110 min.
No fim dos anos 60, um convento de frades torna‑se 
um local de resistência contra a ditadura militar. Os 
freis Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo passam a 
apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, 
comandado por Carlos Marighella. Por isso, ficam na 
mira das autoridades policiais.
Globalização
JEAN Charles. Dir. Henrique 
Goldman. Brasil: Ja Filmes/
Mango Filmes, 2008. 93 min.
O filme acompanha as experiências de diversos 
brasileiros que, em busca do sonho de uma vida 
melhor, arriscam viver longe de seu país, contando 
não apenas com seus próprios esforços, mas, 
principalmente, com a alegria e a criatividade, ̵ 
características marcantes do povo brasileiro. A história 
dessa comunidade é contada a partir de Jean Charles 
(Selton Mello), eletricista brasileiro assassinado em 
2005 pela polícia britânica por ter sido confundido 
com um terrorista.
O uso de recursos audiovisuais requer planejamento e relação com os conteúdos estudados. Utilizar 
filmes para substituir a presença do professor não contribui para o desenvolvimento da reflexão do aluno.
O filme pode ser utilizado em diferentes momentos do processo de aprendizagem. Pode servir 
para instigar a curiosidade do aluno para compreender mais a fundo um tema. Pode ser utilizado 
no meio do processo de aprendizagem para ilustrar o tema em estudo. Finalmente, pode ser 
utilizado no final do processo, quando o aluno já possui um conhecimento básico sobre o tema, 
servindo assim para fechamento e análise de possíveis desdobramentos sobre um tema abordado 
pelo professor.
87
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Na reflexão sobre a utilização de recursos audiovisuais no ensino de Sociologia, Bridi, Araújo e Motim 
(2010, p. 179) propõem a elaboração de um roteiro de observação para que seja estimulada a discussão 
sobre o filme. Segue abaixo o exemplo.
Roteiro de observação de filmes
1 Nome, autor, período em que foi produzido, gênero;
2. A temática básica do filme e outros temas sociais observados;
3. Especificação do tempo e do espaço em que ocorre a trama;
4. A fala dos personagens principais / o que pensam/ o que traduzem;
5. Imagens mais importantes;
6. Costumes da época/ cultura/ valores/ contexto social;
7. Identificação das ideias e valores passados pelo filme e também ideias e valores por 
ele questionados;
8. Semelhanças e diferenças do período apresentado com a realidade atual;
9. Críticas e observações sobre a trama do filme/ a realidade mostrada;
10. Relação entre o filme e os conteúdos sociológicos aprendidos.
Adaptado de: Bridi, Araújo e Motim (2010, p. 179).
Além dos recursos descritos, a fotografia também pode ser utilizada em aulas. Ela permite a análise de 
contextos sociais, políticos e culturais. Sua análise contribui para compreender os valores, as ideologias 
e as tensões de uma determinada época e local.
88
Unidade II
Com o avanço dos recursos tecnológicos, tem se popularizado a utilização de filmadoras e câmaras 
fotográficas, que podem ser utilizados no espaço escolar pelos alunos para refletir sobre os temas das 
Ciências Sociais.
 Saiba mais
Assista ao filme:
AS NOVAS tecnologias em sala de aula. Brasil: TV Escola, 2009. 25 
min. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/video?idItem=6922>. 
Acesso em: 5 fev. 2015.
Sinopse: o programa discute os recursos tecnológicos que contribuem 
para transformar a forma de ensinar e, principalmente, melhoram a 
relação entre os alunos, os professores e a comunidade. Vídeo, data‑show, 
retroprojetor, computadores, internet: as tecnologias são ferramentas 
importantes, mas o que elas exigem dos gestores das escolas? Em que 
tipo de projetos podem ser usadas? Especialistas convidados apontam 
suas opiniões nesse assunto.
A fotografia é um recurso pedagógico muito utilizado na ilustração de materiais didáticos e atua 
como suporte para a compreensão dos conteúdos. Porém, pouco se trabalha no meio escolar com a 
leitura da imagem fotográfica.
A projeção de slides com uma sequência de imagens sobre um determinando assunto é um recurso 
muito utilizado nas escolas. O trabalho com imagens permite ilustrar os fatos sociais.
Na análise do uso pedagógico da fotografia, Costa propõe:
Quando falamos no uso da linguagem fotográfica na prática educativa, 
estamos nos referindo a um uso bem mais amplo do que estes que já 
se consagraram na escola. Estamos nos referindo a trazer para a sala de 
aula essa cultura imagética que os quase duzentos anos de produção de 
fotografias acabaram implantando em nosso cotidiano. Estamos sugerindo 
que os temas sejam abordados também em sua trajetória imagética, através 
da qual tiveram suas diferentes faces registradas por foto‑amadores ou 
fotógrafos profissionais que estamparam seu olhar em documentos que 
hoje fazem parte do acervo de agências e editoras, museus e gavetas de 
colecionadores. Estamos sugerindo também que os próprios professores e 
alunos utilizem a fotografia para fazer seus próprios registros, aprendendo a 
olhar, a selecionar e a ver o mundo (COSTA, 2005, p. 81).
89
METODOLOGIA DE ENSINO APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
A utilização de imagens nas aulas de Sociologia cria a possibilidade de “tornar viva” uma mensagem, 
na medida em que dá cor e feição ao tema estudado. Além disso, a fotografia mobiliza o sistema 
emocional e orienta a atenção dos alunos.
No trabalho didático com fotografia, é possível que esta sirva não só como ilustração, podendo atuar 
também como “fonte de conhecimento, descoberta, atenção e memória” (COSTA, 2005).
Na apresentação de um tema, é possível utilizar imagens que sejam motivadoras e suscitem 
questões sobre o que temos como objetivo pedagógico. É importante que os alunos tenham um tempo 
para simplesmente olhar e refletir. Em seguida, cabe aos alunos expressar suas impressões iniciais e ao 
professor extrair os elementos que interessam para a reflexão do tema, teoria ou conceito.
Figura 20 ‑ A condição do índio no Brasil
A imagem anterior abre a perspectiva para exploração de vários temas presentes nos currículos estaduais 
de Sociologia no Ensino Médio. A condição do índio no país merece uma reflexão fundamentada em torno 
dos conceitos de

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