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4. Sobre DPOC: O que é? Doença pulmonar crônica é a limitação do fluxo de ar provocada por resposta inflamatória a toxinas inalatórias (Ex: fumaça de cigarro). Deficiência de alfa-1 antitripsina e uma variedade de exposições ocupacionais constituem causas menos comuns em indivíduos não tabagistas. Sintomas: tosse produtiva e dispneia (desenvolvendo-se durante anos). Sinais: diminuição do murmúrio vesicular e a ausculta de sibilos. Casos graves: perda ponderal, pneumotórax, episódios frequentes de descompensação aguda, insuficiência cardíaca direita e/ou insuficiência respiratória aguda ou crônica. Diagnóstico: baseado na história, exame físico, radiografia do tórax e nos testes de função pulmonar. Tratamento: broncodilatadores, corticoides e se necessário oxigênio e antibióticos. Envolve: Bronquite obstrutiva crônica (determinada clinicamente) e Enfisema pulmonar (patológica ou radiologicamente). OBS: Muitos pacientes têm características de ambos. Bronquite obstrutiva crônica: com obstrução das vias respiratórias. Bronquite crônica: tosse produtiva na maioria dos dias da semana (duração total de pelo menos 3 meses em 2 anos consecutivos). Bronquite crônica torna-se bronquite obstrutiva crônica se houver desenvolvimento de evidências espirométricas de obstrução das vias respiratórias. Enfisema pulmonar: destruição do parênquima pulmonar, acarretando a perda da retração elástica dos septos alveolares e da tração radial das vias respiratórias - aumento da tendência ao colapso destas. Sucedido por hiperinsuflação pulmonar, limitação do fluxo aéreo e aprisionamento de ar. Os espaços aéreos dilatam-se e com o tempo desenvolvem vesículas ou bolhas. Considera-se a obliteração das pequenas vias aéreas a lesão mais precoce que precede o desenvolvimento do enfisema. Causas: Existem várias causas (tabagismo, exposições inalatórias, fatores genéticos) Exposições inalatórias: Tabagismo: principal fator de risco na maioria dos países (15% dos fumantes desenvolvem DPOC clinicamente aparente). A fumaça proveniente de cozimento ou aquecimento em ambientes internos é um importante fator causador em países em desenvolvimento. O baixo peso corporal, as doenças respiratórias da infância, a exposição passiva à fumaça do cigarro, a poluição aérea e a exposição ocupacional a pós (p. ex., pó de mineral ou de algodão) ou a substâncias químicas inalatórias (p. ex., cádmio) contribuem para o risco de DPOC, mas têm menor importância quando comparados ao tabagismo. Fatores genéticos: Doença genética causadora mais bem definida é a deficiência de alfa-1 antitripsina, que é uma causa importante de enfisema em não tabagistas e aumenta acentuadamente a suscetibilidade à doença em fumantes. Nos últimos anos, descobriu-se que mais de 30 alelos genéticos estão associadas à DPOC ou à deterioração da função pulmonar em populações específicas, mas nenhuma mostrou ser tão relevante quanto a alfa-1 antitripsina. a. Fisiopatologia: Vários fatores causam a limitação do fluxo aéreo e outras complicações da DPOC. Inflamação: https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7a-pulmonar-obstrutiva-cr%C3%B4nica-e-doen%C3%A7as-relacionadas/defici%C3%AAncia-de-alfa-1-antitripsina https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7a-pulmonar-obstrutiva-cr%C3%B4nica-e-doen%C3%A7as-relacionadas/defici%C3%AAncia-de-alfa-1-antitripsina Em indivíduos geneticamente suscetíveis, às exposições inalatórias deflagram uma resposta inflamatória nas vias respiratórias e nos alvéolos, que desencadeia a doença. Admite-se que o processo seja mediado pelo aumento da atividade da protease e pela diminuição da atividade antiprotease. As proteases pulmonares, como a elastase neutrofílica, as metaloproteinases da matriz e as catepsinas, provocam a lise da elastina e do tecido conjuntivo no processo normal de reparação tecidual. A atividade dessas proteases costuma ser balanceada por antiproteases, como alfa-1 antitripsina, inibidor da leuco proteinase secretória derivada do epitélio, elafina e inibidor tecidual da metaloproteinase da matriz. Em pacientes com DPOC, a ativação de neutrófilos e de outras células inflamatórias libera proteases como parte do processo inflamatório; a atividade da protease supera a atividade da antiprotease, resultando em destruição tecidual e hipersecreção de muco. A ativação de neutrófilos e macrófagos também provoca acúmulo de radicais livres, ânions superóxidos e peróxido de hidrogênio, que inibem as antiproteases e causam broncoconstrição, edema de mucosa e hipersecreção. A lesão oxidante induzida pelo neutrófilo, a liberação de neuropeptídeos pró- fibróticos (p. ex., bombesina) e a redução dos níveis de fator de crescimento endotelial vascular podem contribuir para a destruição do parênquima pulmonar apoptótico. A inflamação na DPOC aumenta à medida que a gravidade da doença aumenta e, na doença grave (avançada), a inflamação não desaparece completamente com a cessação do tabagismo. Essa inflamação crônica parece não responder aos corticoides. Infecção: A infecção respiratória (pacientes com DPOC são propensos a ela) pode amplificar a progressão da destruição do pulmão. As bactérias especialmente Haemophilusinfluenzae, colonizam as vias respiratórias inferiores em cerca de 30% dos pacientes com DPOC. Em pacientes com comprometimento mais grave (Ex: naqueles com hospitalizações prévias), a colonização por Pseudomonasaeruginosas e outras bactérias gram-negativas é comum. O tabagismo e a obstrução das vias respiratórias acarretam o comprometimento da depuração do muco das vias respiratórias, o que predispõe à infecção. Os surtos repetidos de infecção conduzem ao aumento da magnitude do processo inflamatório, que acelera a progressão da doença. Limitação do fluxo de ar: característica fisiopatológica primordial da DPOC. Provocada por estreitamento e/ou obstrução das vias respiratórias, perda de retração elástica, ou ambas. Estreitamento e obstrução das vias são causadas por inflamação mediada pela hipersecreção de muco, tamponamento de muco, espasmo brônquico, fibrose peribrônquica e remodelação das pequenas vias respiratórias ou uma combinação desse mecanismo. Os septos alveolares são destruídos, reduzindo as inserçòes do parênquima nas vias respiratórias, facilitando assim o fechamento delas durante a expiração. Os espaços alveolares dilatados às vezes se fundem em bolhas, definidas como espaços aéreos ≥1 cm de diâmetro. As bolhas podem estar totalmente vazias ou ter filamentos de tecido pulmonar que as atravessam em áreas de enfisema localmente grave e, ocasionalmente, ocupam todo o hemitórax. Essas mudanças provocam a perda do recolhimento elástico e a hiperinflação pulmonar. A maior resistência das vias respiratórias aumenta o trabalho de respiração. Hiperinsuflação pulmonar, embora diminua a resistência das vias, também aumenta o esforço respiratório. O aumento do trabalho respiratório pode levar à hipoventilação alveolar com hipóxia e hipercapnia, embora hipóxia e hipercarbia também possam ser causadas pelo desequilíbrio entre ventilação e perfusão (V/Q). Complicações: além da limitação do fluxo aéreo e da insuficiência respiratória, pode ocorrer: Hipertensão pulmonar - hipoxemia crônica aumenta o tônus vascular pulmonar que causa hipertensão pulmonar e cor pulmonale. O aumento na pressão vascular pulmonar pode ocorrer por causa da destruição do leito capilar pulmonar em decorrência da destruição dos septos alveolares. Infecção respiratória (virais ou bacterianas) são comuns entre os pacientes com DPOC e causam uma grande porcentagem das exacerbações agudas. Perda ponderal e outras comorbidades - pode haver perda ponderal, talvez em resposta à diminuição da ingestão calórica e aumento dos níveis circulantesdo fator de necrose tumoral (FNT)-alfa. Diagnóstico: espirometria Considerada pelo GOLD como padrão-ouro para o diagnóstico da DPOC, cujo o parâmetro é o índice de Tiffenaud (VEF1/CVF) < 0,7. O relatório destaca ainda que um exame entre 0,6 e 0,8 deve ser repetido para melhor avaliação e desconsidera a resposta broncodilatadora, tanto para diferenciar DPOC vs asma, como para prever resposta ao tratamento com corticoide. Este ponto é importante, porque estas associações eram classicamente feitas. O GOLD orienta o seguinte: VEF1/CVF < 0,7? –>Avalie os sintomas e decida pelo tratamento. Classificação baseada na gravidade da limitação de vias aéreas na DPOC (baseado no VEF1 pós broncodilatador): GOLD VEF1 1 – leve ≥ 80% do valor predito 2 – moderado 50-80% do valor predito 3 – grave 30-50% do valor predito 4- muito grave ≤ 30% do valor predito
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