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MATÉRIA DE DIREITO PENAL IV

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DIREITO PENAL IV
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
ESTUPRO – ART. 213
	Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§2º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Explicações históricas:
Antes de 2009, os crimes contra liberdade sexual recebiam o nome de “crimes contra os costumes”, entendidos como os valores sociais/morais presentes na sociedade. Antes do 2009, o sujeito passivo do crime de estupro era SOMENTE a mulher, pois o antigo art. 213 dizia que estupro era “conjunção carnal”, entendida como a introdução, total ou parcial, do pênis na vagina, sendo impossível o estupro contra homens.
Até 2003, o art. 2013 estabelecia que o sujeito passivo devia ser a MULHER HONESTA, entendida como mulher casada, viúva ou solteira. Assim sendo, prostitutas não podiam ser sujeito passivo do crime de estupro.
Até 1974, era entendido que o sexo era um OBRIGAÇÃO CONJUGAL, não sendo possível a configuração do estupro do marido contra sua esposa.
Atualmente, o estupro pode ser praticado tanto contra homens como mulheres, tendo sido o artigo 213 modificado no ano de 2009, tendo sua redação atual desde então.
Análise da redação do artigo:
Se o constrangimento para praticar conjunção carnal ou ato libidinoso ocorrer mediante:
· Violência ou Grave Ameaça Estupro (art. 213)
· Fraude Violação Sexual Mediante Fraude (art. 215)
Análise Geral:
· Objeto Jurídico: liberdade sexual, entendida como direito de dispor do próprio corpo e direito de livre escolha do parceiro sexual. Liberdade individual. Integridade corporal.
· Objeto Material: pessoa (ofendido).
O exame de corpo de delito é realizado no objeto material, ou seja, no corpo da pessoa.
No caso do estupro, ocorre o EXAME DE CONJUNÇÃO CARNAL E COITO ANAL e EXAME CLÍNICO.
Lei 12.845 lei que prevê atendimento preferencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual.
· Sujeito Ativo: o estupro é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, seja pessoa do sexo masculino, feminino ou transexual. Importante observar que o estupro é crime próprio quando na modalidade “constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal”, pois há exigência de que a relação seja heterossexual, somente podendo ser praticada tal modalidade por homem ou mulher.
O estupro, em qualquer modalidade, é compatível com concurso de pessoas, tanto na coautoria como na participação.
· Elemento Subjetivo: o elemento subjetivo do estupro é o dolo (intenção de constranger a vítima) acrescido de um especial fim de agir (manter conjunção carnal ou outro ato libidinoso). Caso não haja o especial fim de agir, poderá configurar o crime de constrangimento ilegal (art. 146 do CP).
	Observação – 1:Abolitio Criminis do Atentado Violento ao Pudor após 2009
Antes da lei 12.015/2009 existiam os art. 213 (estupro) e o 214 (atentado violento ao pudor). O Legislador então revogou o art. 214, modificando o art. 213 para que este comportasse a conduta do fato criminoso do art. revogado.
HC 253.963/RS: Segundo o STJ, não há que se falar em abolitio criminis quando ao crime de atentado violento ao pudor (antigo art. 214), uma vez que ocorreu apenas um deslocamento do fato criminoso para o artigo 213.
Cleber Masson, assim ensina:
“Embora o art. 214 do CP tenha sido formalmente revogado pela Lei 12.015/2009, a conduta que era nele incriminada subsiste como relevante para o Direito Penal, agora com o nomem iuris estupro. Conclui-se, portanto, pelo simples deslocamento do antigo atentado violento ao pudor para o atual delito de estupro. Incide na hipótese o princípio da continuidade normativa, também conhecido como princípio da continuidade típico-normativa, pois o fato subsiste criminoso, embora disciplinado em tipo penal diverso.”
	Observação – 2:Abolitio Criminis do Roubo Qualificado por Emprego de Arma
No caso do roubo qualificado, que antes era entendido como “roubo praticado com emprego de arma” – modificado para “emprego de arma de fogo” –, a Doutrina entende que, neste caso, ocorreu abolitio criminis. No caso das pessoas condenadas pelo roubo qualificado pelo uso de arma, antes da nova redação, são punidas como ROUBO SIMPLES, havendo, portanto, revisão da pena do condenado, uma vez que o parâmetro com o qual a pena havia sido calculada deixou de existir.
	Observação – 3:Estupro no Código Penal Militar (Decreto Lei 1.001)
O estupro está previsto no art. 232 do C.P.M. Neste, somente pode ser sujeito passivo do crime a MULHER, devido à redação do artigo. 
O Código Penal Militar não foi modificado juntamente com o CP em 2009, mantendo então separados os art. 232 (estupro) e 233 (atentado violento ao pudor).
Contudo, no CP, a pena cominada ao estupro é de 6 a 10 anos, já no CPM, a pena para estupro é 3 a 8 anos, e para atentado violento ao pudor é de 2 a 6 anos.
	Observação – 4:Estupro Como Crime Hediondo
O crime de estupro é um crime hediondo (lei 8.072). A progressão de regime para réus primários é de 2/5, e para reincidentes é 3/5 da pena.
	Observação – 5:Conjunção Carnal X Ato Libidinoso
No Brasil, se adota o critério restritivo de conjunção carnal, entendendo esta como “a cópula segundo as leis da natureza” (cópula vagínica), ou seja, introdução, total ou parcial, do pênis na vagina. Assim sendo, indivíduos transexuais não podem ser sujeitos passivos da CONJUNÇÃO CARNAL, podendo ser vítimas de ato libidinoso, configurando o estupro.
Ato Libidinoso é qualquer ato revestido de conotação sexual que não seja conjunção carnal (ex.: sexo oral, sexo anal, toques íntimos, introdução de dedos ou objetos na vagina, masturbação, etc.).
Beijo Lascivo é ato libidinoso?
Lascívia é desejo sexual, “tesão”. Assim sendo, o beijo lascivo com dissenso da vítima configura ato libidinoso, configurando então o crime de estupro caso seja obtido mediante violência ou grave ameaça.
“Beijo furtivo” (ex.: dar um beijo no rosto de outrem e sair correndo – “selinho”) não configura ato libidinoso, não sendo crime de estupro, mas podendo configurar o crime de importunação sexual. (Resp. 1611910 do STJ)
	Observação – 6:ESTUPRO VIRTUAL
Conforme os ensinamentos de Cleber Masson:
“(...) estupro virtual, praticado à distância, mediante a utilização de algum meioeletrônico de comunicação (Skype, Whatsapp, Facetime etc.). Pensemos na situação em que o sujeito, apontandouma arma de fogo para a cabeça do filho de uma mulher, exige que esta, em outra cidade, se automasturbe à frenteda câmera do celular. Estão presentes as elementares típicas do art. 213, caput, do Código Penal: houveconstrangimento da mulher, mediante grave ameaça, a praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal, razão pelaqual ao agente deverá ser imputado o crime de estupro.”
	Observação – 7:CONTEMPLAÇÃO LASCÍVA 
Contemplação lasciva é o ato de o agente observar, sem autorização, um ato sexual de outrem.
HC. 70976/MS – STJ: Segundo o STJ, a contemplação lasciva é estupro.
Segundo Cleber Masson:
“Por sua vez, não há falar em estupro na contemplação lasciva, ou seja, na hipótese em que a vítima é obrigadaa permitir que alguém simplesmente a observe, com a finalidade de satisfação do desejo sexual.É de serreconhecido o crime de constrangimento ilegal, na forma definida pelo art. 146 do Código Penal. Exemplo: Joãoaponta uma arma de fogo para Maria e, ameaçando matá-la, determina que ela fique nua, a fim de ser por eleobservada enquanto pratica automasturbação.
Também não há estupro no ato de constranger alguém a presenciar ou assistir a realização de conjunção carnal ou outro ato libidinoso. A análise do art. 213, caput, do Código Penal autoriza a conclusão no sentido que oato sexual deve ser praticado pela, com ou sobre a vítima coagida.
No entanto, se quem presenciaa prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso é pessoa menor de 14 anos,e esta conduta tem como finalidade satisfazer a lascívia do envolvido na atividade sexual ou de terceiro, estaráconfigurado o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente, na forma do art. 218-Ado Código Penal.
Finalmente, se pessoa com idade igual ou superior a 14 anos assiste ao ato sexual, em razão do emprego contraela de violência, grave ameaça ou meio análogo (violência imprópria), deverá ser reconhecido unicamente o crimede constrangimento ilegal, nos moldes do art. 146 do Código Penal.”
Assim sendo, conclui-se que o posicionamento do STJ e das Doutrinas é diverso: o primeiro entende que a contemplação configura estupro; já o segundo entende que a contemplação não configura estupro, mas somente o crime de constrangimento ilegal (art. 146, CP).
	Observação – 8: Ejaculação em Transporte Urbano
Ex.: Indivíduo se masturba e ejacula na vítima.
Até 2018, tal situação configurava a contravenção penal de importunação sexual, não configurando estupro ou outro crime. Contudo, em 2018, foi criado o art. 215-A, tipificando o crime de importunação sexual.
	Observação – 8: Necessidade de Contato entre o Agente e a Vítima 
Quando se trata da conduta típica “praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” é dispensável o CONTATO FÍSICO de natureza erótica entre o estuprador e a vítima, exigindo-se somente o envolvimento corporal da vítima (ex.: “A” aponta revolver para “B” ordenando sua automasturbação).
	Observação – 9:Estupro com a prática de conjunção carnal e outro ato libidinoso
Até 2009, caso o ofensor constrange-se a vítima a praticar conjunção carnal e, no mesmo contexto fático, a praticar outro ato libidinoso (ex.: sexo anal), este incorreria em 2 crimes: estupro e atentado violento ao pudor. Após a unificação das duas condutas dos antigos artigos 213 e 214, para o atual art. 213 (estupro, somente), o entendimento firmado pelo STF é de que o atual tipo penal constitui um tipo penal misto alternativo, sendo forçoso o reconhecimento de um crime único apesar da prática de condutas diversas (conjunção carnal e outro ato libidinoso), não havendo concurso material ou continuidade delitiva, quando o estupro for cometido no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima. Assim sendo, a pluralidade de condutas importa na configuração de um único crime, mas com circunstâncias desfavoráveis ao agente (art. 59 do CP) quando se trata de dosimetria de pena.
Há doutrinadores que defendem posicionamento diverso, entendendo que apesar da união formal entre os artigos 213 e 214, deve-se ler o atual artigo 213 de forma que os especiais fins de agir presentes nele constituam condutas diversas por decorrem de desígnios autônomos. Assim ensina Vicente Greco Filho:
“Se, durante o cativeiro, houve mais de uma vez a conjunção carnal pode estar caracterizado o crime continuadoentre essas condutas; se, além da conjunção carnal, houve outro ato libidinoso, como os citados, coito anal,penetração de objetos, etc., cada um desses caracteriza crime diferente cuja pena será cumulativamenteaplicada ao bloco formado pelas conjunções carnais. A situação em face do atual art. 213 é a mesma do quena vigência dos artigos 213 e 214, ou seja, a cumulação de crimes e penas se afere da mesma maneira, seentre eles há, ou não, relação de causalidade ou consequencialidade. Não é porque os tipos agora estãofundidos formalmente em um único artigo que a situação mudou. O que o estupro mediante conjunção carnalabsorve é o ato libidinoso em progressão àquela e não o ato libidinoso autônomo e independente dela, como noexemplo referido.”
	Observação – 10:Modalidades do Estupro em Razão da Idade da Vítima
De acordo com os artigos do CP, o estupro pode se apresentar em três situações distintas ao se verificar a idade da vítima, quais sejam:
a) Vítima com idade igual ou superior a 18 anos: estupro simples (CP, art. 213, caput);
b) Vítima menor de 18 e maior de 14 anos: estupro qualificado (CP, art. 213, § 1.º, in fine); e
c) Vítima menor de 14 anos: estupro de vulnerável (CP, art. 217-A, caput).
Assim, com base nos critérios estabelecidos pelo legislador, se a vítima for estuprada no dia de seu aniversário de 14 anos, estará configurado tão somente o estupro simples do art. 213, caput. Essa falha legislativa não pode ser sanada no caso concreto em face da inadmissibilidade de analogia in malam parten.
	Observação – 11:Estupro Cometido Contra Índios
O art. 59 da Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio – estabelece que “no caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço”. Assim sendo, incide a causa especial de aumento de pena neste caso.
	Observação – 12:Estupro Corretivo
O “estupro corretivo” consiste no estupro motivado por uma vontade do estuprador de “corrigir/controlar” o comportamento social da vítima. Segundo Cleber Masson, “a expressão ‘estupro corretivo’ é utilizada para se referir à situação em que a conduta do agente é praticada com a motivação de supostamente alterar a opção sexual ou a identidade de gênero da vítima. É o que se dá, a título ilustrativo, quando um homem constrange uma mulher, mediante violência, a com ele ter conjunção carnal, pois não aceita que ela mantenha relações sexuais com outra mulher, e pretende com tal comportamento ‘corrigir’ seu estilo de vida”.
Assim sendo, se configurada tal hipótese no caso concreto, o crime é tipificado pelo art. 213 do CP, incidindo ainda a CAUSA DE AUMENTO DE PENA do art. 226, IV, b (pena aumentada de 1/3 a 2/3).
Tipo Objetivo: 
“Dissenso da vítima” elementar implícita do tipo penal. Para configurar o crime de estupro é necessário que a vítima não consinta com a prática da conjunção carnal ou ato libidinoso, apesar de tal elemento não estar explícito no tipo penal.
Cleber Masson explica que o dissenso deve estar presente durante toda a atividade sexual, pois, “se no início da conjunção carnal ou outro ato libidinoso houve constrangimento, mediante violência ou grave ameaça, mas posteriormente ela consentiu, o fato é atípico.” Entretanto, “logicamente, se o ato sexual iniciou-se com a anuência de ambos os envolvidos, mas depois um deles não concordou com sua continuidade (exemplo: a mulher sentiu dores vaginais e pediu ao homem para interromper a penetração), fazendo com que seu parceiro se valesse de violência ou grave ameaça para prosseguir em seu intento, daí em diante estará configurado o crime de estupro”.
Dissenso Esforço Heroico: o legislador busca que a vítima demonstre que não tenha consentido com o ato praticado, não havendo necessidade de que a vítima pratique esforço heroico, colocando em risco a vida ou integridade física, própria ou alheia, para repudiar a conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
Pluralidade de Agentes: 
Caso ocorra pluralidade de agentes, havendo a situação da “curra”, na qual dois (ou mais) agentes revezam-se na prática da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso, contra a mesma vítima (ex.: um homem segura a mulher enquanto outro mantém conjunção carnal, e vice-versa). Nesse caso, cada um dos sujeitos deve ser responsabilizado por dois crimes de estupro, pois são autores diretos das penetrações próprias e coautores das penetrações alheias, havendo ainda concurso de crimes a ser definida no caso concreto (concurso material ou continuidade delitiva).
Meios de Execução:
1. Violência: real física. 
2. Grave Ameaça: violência moral psicológica.
A grave ameaça não precisa ser injusta.
Sujeito Ativo: 
O estupro pode ser praticado por qualquer pessoa. Porém, é um crime próprio, na pratica de conjunção carnal.
OBS.: Rogério Greco defende que o estupro é crime de mão própria. Contudo, tal posicionamento não se verifica correto, pois o crime de estupro permite coautoria e participação (ex.: um indivíduo segura a vítima enquanto outro a estupra).
Sujeito Passivo:
O estupro pode ser praticado contra qualquer pessoa, salvona prática de conjunção carnal, haja vista que nesta somente homem ou mulher pode ser vítima, assim sendo, o transexual não é sujeito passivo de estupro, na modalidade conjunção carnal, sendo sujeito passivo somente na modalidade de atos libidinosos.
Consumação:
1. Na conjunção carnal: consuma-se com a introdução, total ou parcial, do pênis na vagina, ou vice-versa. Não é necessário orgasmo para caracterizar consumação do crime de estupro.
2. Na prática de atos libidinosos diferentes da conjunção carnal: consuma-se o ato libidinoso quando a vítima se sentir violada.
Tentativa:
Ex. – 1.: Homem, com dolo de praticar conjunção carnal, não consegue praticar a conjunção por circunstâncias alheias a sua vontade. 
Segundo o STF, se ocorre estupro tentado no caso acima, pois o dolo do agente é de conjunção carnal e todos os atos que tenham ocorrido antes da interrupção do práticaforam “preludio de coito”, não configurando a consumação do crime de estupro.
Preludio de Coito atos de cunho sexual que o indivíduo prática para chegar ao objetivo final, qual seja, a conjunção carnal.
Ex. – 2.: Ejaculação precoce.
Caso o agente não consume o crime de estupro devido à ejaculação precoce, configura estupro tentado.
Ex. – 3.: Disfunção Erétil.
Crime Impossível na modalidade conjunção carnal. 
Ex. – 4.: Impotência Generandi.
No caso de agente possuidor de impotência generandi, não há exclusão do crime.
Elemento Subjetivo: 
Dolo, não cabendo modalidade culposa.
Hipóteses:
1. Concurso de Crimes (art. 226, IV, a, do CP):
Várias pessoas que estupram a mesma vítima (também chamado de “curra”).
Aumenta-se de 1/3 a 2/3 se o estupro é cometido mediante concurso de 2 ou mais agentes.
Obs.: o art. 226 está previsto no capítulo “Disposições Gerais”, assim sendo, aplica-se o inciso I a todos os crimes contra a dignidade sexual, e o inciso IV, por ser mais específico, aplica-se somente ao crime de estupro e estupro de vulnerável. 
2. Estupro (art. 213) e o Crime de Perigo de Moléstia Grave (art. 131):
Agente pratica o estupro com a finalidade de transmitir moléstia grave.
O agente será punido por ambos os crimes em concurso formal (mediante uma ação pratica dois ou mais crimes).
3. Agente pratica vários atos libidinosos contra a mesma vítima no mesmo contexto fático
HC. 342.464/SP O STF entende que neste caso há a prática de somente um crime de estupro.
ESTUPRO QUALIFICADO (ART. 213, §1º e §2º)
O §1º do art. 213 pode ser lido em duas partes:
1ª parte: se do estupro resulta lesão corporal de natureza grave.
Caso o dolo do agente seja estuprar, e então resulte lesão corporal leve, ocorre somente o crime de estupro.
Caso o dolo do agente seja de estuprar e de lesionar, resultando o estupro consumado e ainda lesões corporais leves, ocorre o cometimento tanto do crime de estupro quanto do de lesão corporal.
2ª parte: se o estupro é cometido contra pessoa menor de 18 anos e maior de 14 anos.
Observação: o §1º estabelece que a idade da vítima também qualifica o estupro, sendo estupro qualificado aquele em que a vítima for maior de 14 anos e menor de 18 anos. Assim sendo, importante destacar que temos as seguintes situações:
a) Vítima com idade igual ou superior a 18 anos: estupro simples (CP, art. 213, caput);
b) Vítima menor de 18 e maior de 14 anos: estupro qualificado (CP, art. 213, § 1.º, in fine); e
c) Vítima menor de 14 anos: estupro de vulnerável (CP, art. 217-A, caput).
Assim, ocorre que caso a vítima seja estuprada no dia de seu aniversário de 14 anos, será configurado o estupro simples (art. 213, caput).
Ação Penal: 
Súmula 608 do STF não foi revogada, mas perdeu o sentido, haja vista que a ação penal em todos os crimes de estupro se procedem mediante ação penal incondicionada.
A ADI nº 4.301 que tramita no STF, perdeu o objeto.
	Ação penal pública subsidiaria da pública ocorre nos crimes de responsabilidade contra prefeito. Se o promotor de justiça de primeira instância, por inercia, não ingressa com ação contra prefeito, pode o procurador geral de justiça ajuizar a demanda.
	Síndrome da Mulher de Potifah (Gênese: 39:7) ocorre quando a mulher, por vingança, ante o desprezo do homem, imputa a prática de crime sexual a este.
X
Palavra da Vítima nos Crimes Sexuais nos crimes sexuais, a palavra da vítima prevalece nos casos em que não hajam provas cabais em contrário.
	MP/SC: O que são Leis Térmicas do Crime?
Livro “Física Social”, de Adolf Quetelet, estuda o fenômeno social do crime.
O crime é um fenômeno social e que tem períodos do ano em que ocorrem determinados crimes com maior incidência, de acordo com as estações do ano. Sendo:
Verão aumento da taxa de homicídio
Inverno aumento da taxa de crimes contra a propriedade
Primavera aumento da taxa de crimes sexuais
	O que é StrepitusIudicii?
São as consequências do ajuizamento de uma ação penal nos crimes sexuais. 
Durante muito tempo, esse fundamento foi utilizado como justificativa para que a ação penal nos crimes sexuais fosse privada, e posteriormente pública condicionada. Contudo, atualmente, a ação penal é pública incondicionada, tendo em vista que a omissão da vítima pode permitir que o agente venha a praticar outros crimes sexuais contra outras pessoas, não devendo competir à vítima a decisão do ajuizamento ou não do processo criminal.
DIREITO PENAL IV
ART. 215 – VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
	Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
O atual art. 215 é a união dos antigos artigos 215 e 216 do CP, não tendo ocorrido abolitio criminis.
No art. 215, sempre há o consentimento da vítima com o ato sexual, contudo a prática decorreu da fraude, que inibiu a livre e consciente manifestação de vontade da vítima.
Não é crime hediondo, pois a lei de crimes hediondos é taxativa quanto aos crimes considerados hediondos.
Objeto Jurídico: liberdade sexual.
Núcleo do Tipo: 
“Ter” conjunção carnal Imprescindível relação heterossexual.
“Praticar” ato libidinoso diverso da conjunção carnal Relação heterossexual ou homossexual.
	Questão Se, em razão da fraude ou expediente similar, a vítima é obrigada a praticar em si mesma atos sexuais (ex.: automasturbação), ou então venha a praticar no agente algum ato libidinoso (ex.: sexo oral), não se poderá reconhecer o crime de violação sexual mediante fraude.
Explicação: o art. 215 está redigido de forma a estabelecer as condutas do agente, de modo diverso ao artigo 213, não tendo trazido em sua redação a hipótese de que a vítima “permita que se pratique com ela”, ou da mesma forma, a hipótese de que a própria vítima pratique atos libidinosos em si ou em outrem.
Fraude: é o ardil; é o estratagema; é o artifício utilizado para enganar outra pessoa.
“Estelionato Sexual” – Art. 215 contra Prostitutas prostituta realiza o programa sexual crendo que ao final será paga pelo cliente, contudo, este não efetua o pagamento ao final.
Parte da Doutrina defende que neste caso não ocorre o crime do artigo 215.
Contudo, outra parte da Doutrina entende que o caso em tela trate-se de problema de relação comercial, não sendo configurado o crime do artigo 215.
Observação – 1: Se a vítima percebe a fraude no meio do ato sexual e consente, o fato é atípico.
Observação – 2: Se a vítima percebe a fraude e impõe resistência (manifesta repulsa), e o agente mediante violência ou grave ameaça prossegue, configura-se o crime de estupro (art. 213).
Observação – 3: O meio fraudulento deve ser idôneo (deve ser capaz de enganar a vítima). A fraude grosseira torna o fato atípico.
Sujeito Passivo: se o sujeito passivo for menor de 14 anos, o crime é estupro de vulnerável (art. 217-A).
Elemento Subjetivo: dolo.
A Tentativa é possível.
DIREITO PENAL IV
ART. 215-A – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
	Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso como objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena – reclusão, de 1 (um)a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
Se, durante a execução da importunação sexual, o agente comete ato que configure crime mais grave (estupro), este será punido de acordo com o artigo 213 do CP.
O art. 215-A revogou o artigo 61 da Lei de Contravenções Penais. Contudo não ocorreu abolitio criminis deste artigo, pois a conduta manteve-se proibida pela redação do art. 215-A, portanto, trata-se de caso de aplicação do princípio da continuidade normativo-típica.
O crime de importunação sexual constitui crime comum. Se a vítima for menor de 14 anos, aplica-se o art. 218-A (satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente).
O sujeito passivo deve ser pessoa determinada, pois caso não haja vítima específica, o fato constituirá em ato obsceno (ex.: agente que prática automasturbação em praça pública sem que o faça contra pessoa determinada).
O crime de importunação sexual é um crime doloso e admite modalidade tentada.
	 (
C
onduta do Agente
) (
Crime
)
	215-A
Importunação Sexual
	233
Ato ou Escrito Obsceno
	218-A
Satisfação da Lascívia mediante presença de menor de 14 anos
	213
Estupro
	Ato Libidinoso praticado visando pessoa específica maior de 18 anos
	
	
	
	
	
Ato Libidinoso praticado sem alvo específico
	
	
	
	
	Ato Libidinoso praticado visando pessoa menor de 14 anos
	
	
	
	
	Ato Libidinoso praticado configurando crime mais grave devido a violência ou grave ameaça
	
	
	
	
DIREITO PENAL IV
ART. 216-A. ASSÉDIO SEXUAL
	Art. 216-A. Constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. (Vetado)
§2º. A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Objeto Jurídico: liberdade sexual, relacionada ao exercício do trabalho.
Objeto Material: pessoa.
Núcleos do Tipo:
· “Constranger” significa intimidação. No caso do crime de assédio sexual, pode ocorrer nos seguintes parâmetros (definidas pela Organização Internacional do Trabalho - OIT):
1. Ser uma condição clara para manter o emprego. 
2. Influir nas promoções da carreira. 
3. Prejudicar o rendimento profissional.
Obs.: A lei (Código Penal) não esclarece os meios de execução, bastando a caracterização do medo para a ocorrência do crime (ex.: medo de não ser promovido; medo de sofrer humilhações; medo de perder o emprego).
Sujeito Ativo: é um crime próprio, somente sendo praticado por aquele que detém relação de superior hierárquico em relação de trabalho. 
Obs.: O inferior hierárquico não comete o crime de assédio sexual contra seu superior.
Sujeito Passivo: é um crime bipróprio, pois tanto o sujeito ativo como o passivo são determinados. O sujeito passivo somente pode ser o subordinado hierarquicamente em relação de trabalho.
Hipóteses:
· Relação “professor X aluno”: 
Não há crime de assédio sexual, pois não constitui relação de trabalho entre estas pessoas.
· Relação “líder religioso X fiel”:
Não há crime de assédio sexual, pois não constitui relação de trabalho entres estas pessoas.
· Relação “empregador X empregado”:
Pode tal relação vir a configurar o crime de assédio sexual caso haja dolo e a configuração do constrangimento do subordinado.
Obs. 1: Paixão e Superior Hierárquico – Superior hierárquico insiste em casamento ou namoro sem qualquer intimidação.
Não há crime de assédio sexual, pois não há dolo em face das condutas do superior hierárquico, assim sendo, não há crime. Contudo, pode a conduta, vir a configurar dano moral por assédio quando tratado especificamente na esfera trabalhista.
Obs. 2: Superior propõe relação sexual sem qualquer intimidação.
Não há crime de assédio sexual, pois não há intimidação, não havendo o constrangimento do empregado, por não gerar no subordinado o medo de perseguição/demissão/não promoção na relação de trabalho.
Contudo, pode a conduta, vir a configurar dano moral por assédio quando tratado especificamente na esfera trabalhista.
Obs. 3: Superior hierárquico constrange, mas está completamente apaixonado pelo subordinado.
Tal conduta configura o crime de assédio sexual, tendo como fundamentação o art. 28, I, do CP, que prevê que a emoção e a paixão não excluem o crime. 
Consumação: Crime formal de resultado cortado.
Causa de aumento de pena - §2º: incide a causa de aumento de pena se a vítima é menor de 18 anos.
Se a vítima for menor de 14 anos incide no crime de estupro de vulnerável (art. 217-A).
DIREITO PENAL IV
CRIMES CONTRA VULNERÁVEIS
A. Menor de 14 anos (critério etário ou biológico) pessoa que ainda não completou 14 anos de idade.
O Legislador retirou o consentimento nestes casos, assim sendo, não importa o livre consentimento do menor para a configuração ou não do crime contra este, tratando a violência e a grave ameaça como circunstâncias presumidas para este crime.
Obs.: Existia uma tese de defesa para os casos de crimes contra menores de 14 anos chamada de “Exceção Romeo e Julieta”. São hipóteses de, exemplo, menina com 13 anos e menino com 15 anos, tendo estes mantido relação sexual. Esta teoria defendia que se o menor deu consentimento e caso os pais soubessem da relação sexual, não haveria ocorrência do crime de estupro de vulnerável.
Contudo, em 2018, foi incluído o §5º ao artigo 217-A, que afasta essa teoria (vedação expressa à Exceção Romeo e Julieta), deixando explícito que aplicam-se as penas independentemente do consentimento da vítima e de ela ter mantido relação sexual anterior ao crime.
	a. Vítima com idade igual ou superior a 18 anos: estupro simples (CP, art. 213, caput, ou 215);
b. Vítima menor de 18 e maior de 14 anos: estupro qualificado (CP, art. 213, § 1.º, in fine);
c. Vítima menor de 14 anos: estupro de vulnerável (CP, art. 217-A, caput).
d. Vítima no dia de seu aniversário de 14 anos Damásio defende que configura estupro qualificado do artigo 213, §1º; porém todo o resto da Doutrina defende que aplica-se o estupro simples do art. 213, caput, por não ser possível aplicação de analogia in malam partem no Direito Penal.
B. Enfermos ou doentes mentais (critério biopsicológico) a lei anterior utilizava a expressão “alienado ou débil mental”, que foram abolidas pela nova redação do CP.
Critério biopsicológico para os enfermos:o indivíduo deve cumular a enfermidade com a falta de discernimento para a prática do ato.
O agente tem que conhecer da enfermidade ou da doença mental da vítima para caracterizar o crime do §1º do art. 217-A.
C. Indivíduo que temporariamente não pode oferecer resistência.
DIREITO PENAL IV
ART. 217-A. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
	Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:                
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.          
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.             
§ 2o (Vetado).                
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:            
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.             
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. 
Estupro de Vulnerável Simples (Caput e §1º): contra pessoa menor de 14 anos (no caput) e doentes mentais (no §1º). Segundo o §5º, estabelece que a aplicação da pena independe do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relação sexual anterior.
Obs.: a redação do §1º estabelece que o crime ocorre contra doentes mentais ou enfermos quandoeste não possuir o necessário discernimento para a prática do ato ou não pode oferecer resistência por qualquer motivo. Contudo, a partir de 2018, com a redação do §5º, tornou-se irrelevante a capacidade de discernimento da vítima para a configuração do crime de estupro de vulnerável.
Contudo, na prática, sempre que ocorrer a hipótese do §1º, a interpretação do §5º deve ser relativizada, pois não é intenção do legislador punir o amor, ou o sentimento puro, mas sim a violação da liberdade sexual.
Importante destacar que, nos casos em que for a hipótese do caput, a aplicação do §5º deverá ser absoluta, aplicando-se obrigatoriamente em todos os casos concretos.
Estupro de Vulnerável Qualificado, pela Lesão Grave (§3º) ou pela Morte (§4º).
É um crime Hediondo.
É um crime material, comportando Tentativa.
A ação penal é Pública Incondicionada.
Objeto Jurídico: dignidade sexual do vulnerável.
Objeto Material: o vulnerável.
Núcleo do Tipo: “Conjunção carnal” e “ato libidinoso”. 
Contemplação Lasciva X Vulnerável: R.H.C. (Recurso em Habeas Corpus) 70976/MS.
O entendimento do STJ foi de que deve-se punir a Contemplação Lasciva em face do vulnerável.
	Obs.: Se o sujeito ativo pratica violência ou grave ameaça contra menor de 14 anos, com a finalidade da prática do ato libidinoso, a ele será aplicado a seguinte tipificação legal:
· Ameaça 217-A + 147 do CP.
· Violência 217-A + 129,caput, na hipótese de lesão corporal leve.
· Se a lesão corporal for lesão grave 217-A com a pena do §3º deste artigo (estupro de vulnerável qualificado).
· Se a vítima morrer 217-A com a pena do §4º deste artigo (estupro de vulnerável qualificado).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
	Estupro de Vulnerável Bilateral
Hipótese em que 2 menores de 14 anos praticam conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Nesse caso não há crime.
	Estrupo de Vulnerável X Erro de Proibição
Hipótese em que o agente sabe que a vítima possui menos de 14 anos (ex.: caminhoneiro que para em bordel e então solicita o atendimento de mulher menor de 14 anos). Nesse caso, não existe erro de proibição como tese defensiva para excluir responsabilidade penal do agente, conforme o §5º do art. 217-A.
	Estupro de Vulnerável X Erro de Tipo
Hipótese em que o agente, pelas circunstâncias do caso concreto, desconhece o elemento constitutivo do tipo penal, qual seja, a vítima ser menor de 14 anos. Neste caso, cabe a alegação do erro de tipo como tese defensiva.
	Estupro de Vulnerável X Infiltração de Agente de Polícia na Internet
Art. 190-A, da Lei 8.069/60 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
DIREITO PENAL IV
ART. 218. MEDIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA CONTRA MENOR DE 14 ANOS
	Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:   
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único.  (Vetado)
O art. 218 foi alterado em 2009, deixando um erro no novo artigo 218. O legislador que alterou o artigo retirou o antigo artigo 218, e colocou nova redação, porém não alterou a rubrica lateral. Assim sendo, apesar de alguns Códigos ainda trazerem a antiga rubrica, o nome correto do nome do crime atualmente tratado por este dispositivo é Mediação de Satisfação de Lascívia contra Menor de 14 anos. Alguns Códigos já trazem o dispositivo do artigo 218 sem a rubrica, apresentando apenas o novo texto do artigo.
O crime de corrupção de menores está previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O que é lascívia? É desejo, prazer ou tesão.
 (
Satisfação da Lascívia
) (
Induzimento
)É necessário a presença de 3 pessoas, pelo menos, para que ocorra esse crime.
 (
A B C
)
 (
????????
) (
Vítima
 menor de 14 anos
) (
Sujeito Ativo
, ou seja, autor do fato
)
Hipóteses sobre a conduta de C:
1. Se a conduta de C se limitar a assistir a vítima (meramente contemplativo), a doutrina entende que não há crime.
2. Se o C toca na vítima, praticando a conjunção carnal ou outro ato libidinoso, ocorre o estupro de vulnerável (art. 217-A).
3. O C sempre será punido pelo estupro de vulnerável (art. 217-A), pois o STJ entende que a contemplação lascívia é punida como estupro de vulnerável.
O Sujeito Ativo deste crime é chamado de PROXENETA (aquele que induz menor a satisfazer a lascívia de terceiro).
O Sujeito Passivo deste crime será sempre o menor de 14 anos. 
Obs.: Se o sujeito passivo for maior de 14 e menor de 18 anos, ocorrerá o crime do artigo 227, §1º. Se o sujeito for maior de 18 anos, será o artigo 227, caput.
O elemento subjetivo é o dolo.
Consumação: crime material (consumação pelo resultado), comportando a tentativa.
LER A SÚMULA 500 DO STJ.
DIREITO PENAL IV
ART. 218-A. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
	Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:           
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
Praticar significa saber da presença do menor no local do ato sexual, permitindo a presença deste, com o intuito de satisfazer a sua lascívia ou a de terceiro.
Existe um nome técnico para este ato, queé AUTOGONISTOFILIA, mas também é chamado de VOYERISMO ÀS AVESSAS.
É um crime misto alternativo, também chamado de crime de conteúdo variado. Comporta tentativa.
Neste crime há a possibilidade de ocorrem com a desnecessidade da presença física do menor, sendo então um Crime Virtual.
Elemento Subjetivo: dolo.
Condutas do cotidiano não caracterizam o crime (ex.: situações em que a presença de terceiros durante a prática de atos sexuais não possui condão de gerar prazer no indivíduo e satisfazer sua lascívia).
Sujeito ativo: neste crime podem haver 3 pessoas envolvidas ou apenas 2. Se o agente pratica ato sexual ou induz o menor a praticar para satisfazer lascívia própria, temos apenas 2 pessoas, mas se o primeiro age com o intuito de satisfazer a lascívia de terceiro, então temos a hipótese de 3 pessoas envolvidas.
 (
Pratica ato sexual
) (
Satisfação da Lascívia
)
 (
Satisfação da Lascívia
) (
A B C
)
 (
Menor de 14 anos
) (
Sujeito Ativo
)
DIREITO PENAL IV
ART. 218-B. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL.
	Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:              
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.             
§2oIncorre nas mesmas penas:            
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;           
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.            
§3oNa hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.                 
1º Crime:Submeter, induzir ou atrair o menor de 18 anos à prostituição.
2º Crime: Facilitar, impedir ou dificultar que o menor de 18 anos que já está na prostituição a abandone.
O art. 218-B revogou tacitamente o art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente.
É um crime hediondo.
No caso da prostituição tem que haver contato físico. Um exemplo de outra forma de exploração sexual é o “strip-tease”.
Exploração Sexual está ligada ao âmbito financeiro. Satisfação Sexual é apenas a busca do prazer por maior de 18 anos, não havendo crime neste caso.
Núcleos do Tipo:1. Submeter subjulgar.
2. Induzir dar ideia.
3. Atrair aliciar, chamar.
4. Facilitar simplificar o acesso.
5. Impedir vedar. 
6. Dificultar tornar oneroso.
Pornografia infantil (240, 241, 241-A até o 241-E do Estatuto da Criança e do Adolescente). 
Em regra, neste crime não é necessária obtenção de vantagem econômica. Caso ocorra, aplica-se também multa ao agente (art. 218-B, §1º).
É possível a prática de conjunção carnal com menor de 18 anos e maior de 14 anos, desde que por livre vontade do menor, não podendo o menor estar em situação de prostituição ou outra forma de exploração sexual.
Incorre no crime do 218-B o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas de prostituição ou exploração sexual de menor. Neste caso, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento (§3º, do artigo 218-B).
Consumação: é um crime material (consumação pelo resultado). Assim sendo, se uma pessoa induz uma menor à prostituição, mas esta não vem a se prostituir, não há crime.Comporta tentativa.
Se o agente praticar mais de uma das condutas do caput, este incorre em somente um crime, não importando quantas forem suas condutas.
DIREITO PENAL IV
TEORIA DOS JOGOS
É uma ciência específica da matemática que evoluiu para aplicações na economia, com o fim de análise de bolsas de valores. Atualmente, essa teoria tomou novas roupagens para diversas áreas da ciência.
“Equilíbrio de Nash”
	
	“B” delata
	“B” fica em silêncio
	“A” delata
	 (
5 anos 
) (
5 anos 
)
	 (
Não há pena
) (
10
 anos 
)
	“A” fica em silêncio
	 (
Não há pena
) (
10
 anos 
)
	 (
6 meses
) (
6 meses
)
Nash diz que dentro do cenário acima, há uma solução que se apresenta mais equilibrada para ambas as partes, sendo esta a situação em que ambos delatam (pior situação), pois nessa não há necessidade de analisar a outra pessoa, portanto, não havendo necessidade de que haja confiança mutua ou unilateral entre estas partes. Ou seja, essa teoria apresenta como ponto de equilíbrio aquele em que não há necessidade de avaliação das possíveis variáveis que incidem naquele caso.
A situação apresentada pelo MP, ao apresentar propostas a pessoas diferentes sem que estas possuam contato entre si, gera grande insegurança e preocupação naquele que está na negociação.
Essa teoria prevê a necessária análise das circunstâncias que circundam uma determinada situação, devendo então ser avaliada e, sabendo-se das possibilidades, ser escolhida a conduta que apresente a melhor solução possível (escolhendo entre agir de modo seguro ou arrojado mediante daquela situação).
DIREITO PENAL IV
ART. 218-C. DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA
	Art. 218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:  
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.    
Aumento de pena  
§1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.   
Exclusão de ilicitude   
§2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. 
Primeiro crime: divulgação de cena de estupro ou de estupro de vulnerável.
Segundo crime: divulgação, sem autorização da vítima, de cena de sexo, nudez ou pornografia, adquirida com consentimento da vítima.
Excludente de Ilicitude: “Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos”. Se a vítima for menor de 18 anos, não há possibilidade para divulgação das cenas descritas no caput, ainda que sejam empregados meios para impossibilitar a identificação da vítima.
A excludente de ilicitude deve cumular no caso concreto a idade da vítima ser maior de 18 anos e esta ter consentido com a publicidade daquele ato.
DIREITO PENAL IV
AÇÃO PENAL (ART. 225)
Art. 225: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada”.
Obs.: as hipóteses de ações penais privadas e públicas condicionadas a representação estão expressas no código, sendo todos os outros casos, hipóteses de ação penal pública incondicionada.
O art. 225 traz um problema técnico, pois a regra geral diz que não há necessidade de indicação da ação penal nos casos em que esta seja pública incondicionada, assim sendo, não há motivo para que o art. 225 exista no CP.
AUMENTO DE PENA (ART. 226)
Art. 226. A pena é aumentada:               
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;     
· Esta hipótese incide em todos os crime sexuais, exceto o estupro.
No caso do estupro de vulnerável: também não aplica-se este inciso.
Nos casos de estupro, deve-se aplicar a causa de aumento de pena do inciso IV, a, deste artigo (estupro coletivo).
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;  
· Além do aumento de pena, nestes casos aplica-se o art. 92, II, do CP. Assim sendo, também são efeitos da condenação a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.
Na aplicação desta hipótese de causa de aumento de pena, o agente deve agir com conduta comissiva, não podendo agir por omissão.
· Art. 13, §2º, do CP Omissão Penalmente Relevante (Dever de Garantidor).
Neste caso, se uma mãe é punida por coautoria no crime de estupro tenda a vítima sendo seu filho. Nesta hipótese, a mãe deve ter ciência do estupro e portanto, o dever de agir para impedir o crime.
Nesta hipótese (omissão do agente), o STJ entende que não se deve aplicar o art. 226, II, cumulado com o art. 13, §2º, sob pena de incorrer em bis in idem.
III -   (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:   
Estupro coletivo  
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;   
Estupro corretivo  
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
· Hipótese em que um pai, vendo que seu filho possui tendências homossexuais, o leva até uma casa de prostituição e o obriga a ter relações sexuais.
Da mesma forma, é hipótese de um pai que obriga sua filha homossexual a ter relações sexuais com homem para tentar “corrigir” a homossexualidade.
DIREITO PENAL IV
ART. 227 A 230 – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃOOU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
		 (
LENOCÍ
N
IO
)	
 (
Proxeneta
)
DO LENOCÍDIO – ART. 227
Proxeneta é o sujeito ativo dos crime dos artigos 218, 218-A, 218-B, 227, 228 e 229. 
Obs.: Rogério Greco sustenta que a vítima do art. 227 não pode ser prostituta, sendo, nesse caso, um fato atípico, pois a prostituta possuiria experiencia da situação de fato, sendo difícil induzi-la a satisfazer a lascívia de outrem.
 A qualificadora do §1º decorre da qualidade davítima (maior de 14 e menor de 18 anos) ou da qualidade do agente (se o agente é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, tratamento ou de guarda) – agente com condição de cuidado/dever sobre a vítima. Assim sendo, pelo art. 92, II, do CP, também é consequência da condenação penal a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela.
Se o crime do art. 227 for cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude, o agente será punido pelo art. 227, §2º (lenocínio qualificado), cumulado com a pena da violência emprega, ou seja, do artigo 129 (lesão corporal).
O Lenocínio Mercenário (227, §3º) é aquele em que o agente atua buscando auferir lucros ($$$).
FAVORECIMENTO DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL – ART. 228
O Brasil adotou a teoria abolicionista em face da prostituição, motivo pelo qual esta prática/ocupação não constitui crime.
Para contato físico na caracterização da prostituição:
Segundo Rogério Greco a prostituição não necessita de contato físico. O autor faz a ligação da prostituição com o aferimento de lucros. Assim sendo, práticas como “disk sexo”, polidance, strip-tease, etc., configuram prostituição, não sendo, portanto, crime. 
Segundo Cleber Masson a prostituição necessita de contato físico, assim sendo, quando não houver contato físico, ocorrerão “outras formas de exploração sexual”, constituindo crime.
A “criação de dificuldade” a que se refere a redação do art. 228 deve ter caráter de dificuldade onerosa ($$$).
Crime Habitual: esse crime apenas ocorre se o fato for habitual, repetindo-se o tempo e no espaço. Caso seja uma conduta esporádica, não constitui o crime do art. 228.
A qualificadora do §1º decorre da qualidade do agente (se o agente é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, tratamento ou de guarda) – agente com condição de cuidado/dever sobre a vítima. Assim sendo, pelo art. 92, II, do CP, também é consequência da condenação penal a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela.
CASA DE PROSTITUIÇÃO– ART. 229
· Exclusivamente para EXPLORAÇÃO SEXUAL.
Crime Habitual: a maioria da doutrina entende que não há possibilidade de prisão em flagrante no crime de casa de prostituição, uma vez que este é um crime que necessita de habitualidade para sua configuração.
“Não cabe, segundo a doutrina majoritária, prisão em flagrante de crime habitual. Rogério Greco, entretanto, defende a sua possibilidade.”
OBS.: Motel constitui casa de prostituição? Não há consenso na doutrina e na jurisprudência. 
1ª opção: se o motel se destina exclusivamente a exploração sexual, configura casa de prostituição.
2ª opção: se o motel tiver destinação mista (local para encontros amorosos e também para exploração sexual), não configura casa de prostituição, portanto, não há crime.
RUFIANISMO – ART. 230
O recebimento de dinheiro é uma das modalidades do rufianismo. Pode ocorrer com a participação direta nos lucros (ex.: recebimento de bens) ou fazendo-se sustentar. Portanto, o crime deve ter objetivo econômico.
Aquele que obtém a vantagem econômica direta (sujeito ativo direto) é o rufião ativo (cafetão).
Aquele que obtém a vantagem econômica indireta (recebimento de presentes) é o rufião passivo.
Rufião X Proxeneta: 
· Rufião: pessoa que vive da prostituição alheia.
· Proxeneta: intermediário de encontros sexuais de terceiros.
A qualificadora do §1º decorre da qualidade da vítima (maior de 14 e menor de 18 anos) ou da qualidade do agente (se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância) – agente com condição de cuidado/dever sobre a vítima. Assim sendo, pelo art. 92, II, do CP, também é consequência da condenação penal a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela.
DIREITO PENAL IV
ART. 234 – ESCRITO OU OBJETO OBSCENO
	Art. 234- Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I -vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II -realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Não existe consenso jurídico no que vem a ser “obsceno”, uma vez que este conceito é um conceito sociológico e não jurídico.
DIREITO PENAL IV
ART. 232-A – PROMOÇÃO DE MIGRAÇÃO ILEGAL
	Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro. 
§2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: 
I -o crime é cometido com violência; ou 
II -a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. 
§3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas.
Objeto Jurídico Tutelado: Administração Pública.
Artigos que tratam de migração no Código Penal:
· Art. 149-A do CP: Crime de Tráfico de Pessoas
· Art.232-A
· Art. 338 do CP: Crime de Reingresso de Estrangeiro Expulso
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeitos Passivos (lei 13.445 de 2017 – Lei de Migração): 
· Art. 1º:
· Imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil.
· Emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior. 
· Residente Fronteiriço (não é sujeito passivo do art. 232-A): pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho.
· Visitante (não é sujeito passivo do art. 232-A): pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional.
· Apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro. Para efeitos penais, o apátrida é considerado estrangeiro.
Núcleo do Tipo:
· “Promover” viabilizar a entrada ilegal.
· “Por qualquer meio” o meio pode ser: terrestre, aéreo, marítimo ou fluvial. 
Há necessidade de um requisito básico, qual seja a ilegalidade, ou seja, o indivíduo não pode ter autorização para ingressar no Brasil.
Crime Material. Cabe tentativa.
Há necessidade de que seja praticado com finalidade econômica.
DIREITO PENAL IV
ART. 233 – ATO OBSCENO
	Art. 233 -Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pudor X Decência: decência é aquilo que a sociedade entende como comportamento sexual típico (conceitos sexuais aceitos por determinado grupo de pessoas). Pudor é aquilo que não é aceito como normal/corriqueiro por um grupo de pessoas, sendo punido pela indecência.
Algumas pessoas sustentam (ex.: Rogério Greco, Fernando Capez, Mirabet) que os crimes de ultraje ao pudor públicopodem ser praticados na modalidade de omissão imprópria. A exemplo: um policial, quetem o dever de agir, vê um ato ultrajante ao pudor e não faz nada (ex.: policial vê um casal se beijando de forma lasciva e não os interrompe, prendendo-os pelo crime em flagrante); nesse caso, o policial incorreria no crime.
Sujeito Passivo: a coletividade. E de forma secundária, alguém, de forma específica.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Conceitos de Lugar Público:
· Lugar Público Propriamente Dito ex.: praça, rua, praia, etc.
· Lugar Aberto ao Público local fechado que temporariamente torna-se público (ex.: shopping).
· Lugar Exposto ao Público ex.: janela de apartamento, varanda, etc.
A lei não exige que o ato seja visto, bastando apenas a possibilidade de ser visto(ex.: pessoa que corre pelada em praça pública a noite, sem que seja visto por ninguém, porém o ato é registrado por câmeras de vídeo-monitoramento).
Art. 233 (ato obsceno) X Art. 215-A (importunação sexual): 
Objeto Jurídico: pudor público.
BEIJO EM LOCAL PÚBLICO esse beijo é decente ou indecente? Para que se indique se o beijo é crime, deve-se distinguir entre beijo descente e indecente. Se não for feita essa distinção, aplica-se a regra do in dubio pro réu, não havendo, portanto, crime.
Art. 233 X Art. 234: no primeiro o objeto material do crime é a pessoa; já no segundo o objeto material é uma coisa (revista, obra de arte, peça de teatro, etc.).
DISPOSIÇÃO GERAL PARA TODOS OS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ART. 234 
A pena é aumentada se do crime resulta gravidez, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.
Obs.: A regra do art. 234-A não se aplica ao art. 232-A, haja vista que o art. 234-A se limita aos crimes contra a dignidade sexual.
Obs.: a transmissão de doença sexualmente transmissível deve ocorrer de forma culposa, haja vista que caso a transmissão seja dolosa, o agente incorrerá no crime específico de transmissão de moléstia grave, ao mesmo tempo que incorre no crime sexual.
Para Rogério Greco, independentemente se a transmissão é dolosa ou culposa, o agente deverá ser punido com a causa de aumento de pena do art. 234-A, IV. Assim sendo, o agente será punido pelo crime sexual com a causa de aumento de pena e ainda pelo crime de transmissão de moléstia grave.
O art. 234-B determina que todos os crimes contra a dignidade sexual (exceto o art. 232-A) tramitam em segredo de justiça. O segredo de justiça não se estende às partes e aos advogados devidamente constituídos, havendo necessidade de que o advogado interponha procuração para que possa ver o processo.
Obs.: não é só a ação penal que tramita em segredo de justiça, estendendo-se ao inquérito policial o sigilo.
Via de regra, o inquérito policial é sigiloso, porém não atinge o advogado. Assim sendo, quando é determinado o sigilo do inquérito, este também alcança o advogado, devendo este, para que possa ver o inquérito, interpor procuração.
DIREITO PENAL IV
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA – ART. 235 A 239
Os crimes contra o casamento, são basicamente, tipo penais em branco, ou seja, necessitam de complementação de outro código.
Bigamia (art. 235)
A interpretação do casamento, neste artigo, é restritiva, compreendendo somente o casamento. A união estável não cabe para este crime.
O crime de bigamia pune tanto a pessoa casada que contrai novo casamento, como também a pessoa que não é casada, mas casa com outra que sabe ser casada. 
Na hipótese do §1º, sempre os dois (o casado e o solteiro) serão punidos, já no caso do caput, somente o casado será punido.
Anulado o casamento por motivo que não seja a bigamia, considera-se inexistente o crime.
A bigamia refere-se ao casamento civil, assim sendo se a pessoa casou somente no religioso (não tendo seguido os procedimentos cíveis), ainda que venha a contrair posterior casamento cível não configurará o crime de bigamia.
Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento (art. 236)
Este artigo remete a dois artigos do código civil, quais sejam: 1521 (impedidos de casar) e 1527 (erro essencial).
Assim sendo, caso uma sentença cível reconheça uma das hipóteses do código civil acima, o processo deve ser encaminhado ao MP para ser apurado o crime do art. 236 do CP.
Conhecimento Prévio de Impedimento (art. 237) 
Crime praticado por omissão.
Simulação de Autoridade para Celebração de Casamento / Estelionato Matrimonial (art. 238) 
O crime pune aquele que finge ter capacidade de celebrar o casamento.
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO – ART. 241 A 243
Registro de Nascimento Inexistente (art. 241)
Parto Suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido (art. 242)
É um crime mutilado.
Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza, o Juiz poderá diminuir a pena ou não aplica-la (perdão judicial).
Em “dar parto alheio como próprio”: 
	É um crime próprio.
Em “registrar como seu filho de outrem”:
	Conhecido como adoção à brasileira. Na maioria das vezes o caso caracteriza erro de proibição.
Em “ocultar recém-nascido, ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil”:
	
Sonegação de Estado de Filiação (art. 243)
“Asilo de Expostos”: orfanato. 
Creche e abrigo de menor não são asilos de expostos.
DOS CRIME CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR – ART. 244 A 247
Abandono Material (art. 244)
Em “deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge” não se aplica a regra ao companheiro.
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA – ART. 286 A 288-A
Incitação ao Crime – Art. 286
É um delito acadêmica (somente importa para efeitos de estudo).
Este delito está situado entre a cogitação e a preparação, no inter criminis.
Obs. 1: Neste crime não se aplica a regra do artigo 31 do CP.
Obs.2:Incitação X Participação a incitação é genérica, atingindo um numero indeterminado de pessoas, já a participação tem algo certo, ou seja, pessoa certa que vai sofrer as consequências da sanção penal.
Obs. 3: Precisa praticar o crime incitado? Não precisa da efetiva prática do crime incitado.
Objeto Jurídico: paz pública (harmonia/tranquilidade coletiva).
Núcleo do tipo: 
“Incitar” é estimular, publicamente a prática de um crime.
“Crime” não cabe incitação de contravenção.
“Publicamente” atingir pessoas indeterminadas.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: coletividade (toda a vez que o sujeito passivo é a coletividade, a doutrina chama o crime de crime vago).
Elemento Subjetivo: dolo.
Consumação: Crime formal, Crime de Consumação Antecipada ou de Resultado Cortado. 
· Lei 7.170 – Lei de Segurança Nacional: aplica-se essa lei quando o crime for praticado contra a vida do Presidente da República, o Presidente do Congresso, o Presidente do Senado ou o Presidente do STF, sendo competente a Justiça Militar para processar e julgar os crimes dessa lei.
O art. 23 dessa lei prevê a incitação ao crime. 
· Lei 2.889 – Lei do Genocídio: art. 3º.
O caso clássico de incitação ao crime é o inquérito nº 3932 do Distrito Federal (Ministro Relator: Luiz Fux).
Apologia de Crime ou Criminoso – Art. 287
É um delito acadêmica (somente importa para efeitos de estudo).
Apologia X Incitação: na apologia o sujeito ativo estimula indiretamente o autor de crime; na incitação o sujeito ativo estimula diretamente o autor de crime.
Núcleo do tipo:
“Fazer Apologia” elogiar/enaltecer um fato criminoso ou ao autor de crime.
Obs.: Fato criminoso Para Nelson Hungria, pouco importa que o crime tenha ocorrido ou que vá ocorrer. Para Magalhães Noronha é indispensável que o crime tenha ocorrido.
Sujeito Passivo: coletividade.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
Obs.: Se a exaltação ou o elogio for fundamentado em crítica ao fato típico, o fato será atípico por ausência de dolo.
Consumação: Crime formal, Crime de Consumação Antecipada ou de Resultado Cortado.
Obs.: a doutrina entende que a tentativa é possível. Ex.: panfleto extraviado (pessoa produz panfletos fazendo apologia a fato criminoso ou autor de crime, mas antes da divulgação os panfletos são extraviados).
Ação Penal:Lei 9099/95, haja vista que é um crime de menor potencial ofensivo, também chamado de crime anão ou crime liliputiano (TJMG – Juiz e MP).
Associação Criminosa – Art. 288
Não existe mais no ordenamento jurídico o crime de quadrilhae bando (quadrilha era organizado e bando era desorganizado). Atualmente só há dois tipos de reunião de pessoas: crime de associação criminosa e crime de organização criminosa.
Associação criminosa é uma união estável e permanente, de 3 ou mais pessoas, para a prática de crimes indeterminados. Se existir algum marco interruptivo para a associação, não há a classificação do crime de associação criminosa.
Obs.: não cabe a associação criminosa com contravenção penal.
Obs.: se associarem-se 3 ou mais pessoas, sendo 1 maior de 18 anos e os demais menores de 18 anos, haverá associação criminosa. Para a associação criminosa basta que uma das pessoas associadas seja maior de 18 anos.
O raciocínio para a associação ao tráfico é o mesmo da associação criminosa.
Para esse crime não há necessidade de que os crimes venham a ser praticados, bastando a preparação para a consumação e caracterização da associação criminosa. Caso venham a ser praticados crimes, os agentes serão punidos pela associação e também pelos crimes que tiverem cometido.
Objeto Jurídico: paz pública.
Núcleo do Tipo:
· “associarem-se” união estável e permanente (permanente é diferente de eterna). Vinculo associativo duradouro.
Obs.: o vínculo associativo duradouro é o que difere a associação criminosa do concurso de pessoas. Não havendo vinculo duradouro, aplica-se o concurso de pessoas, devendo os agentes sujeitarem-se a regra do art. 29 do CP, como também às agravantes ou qualificadoras de acordo com os crimes praticados.
Obs.: pouco importa a natureza dos crimes praticados, podendo ser praticadas ações criminais homogêneas (crimes de mesma espécie) ou heterogêneas (crimes distintos).
Obs.: normalmente a associação criminosa possui um chefe, mas esta circunstância não é requisito para a configuração do tipo penal.
	Na hipótese de 3 ou mais pessoas se reunirem para a prática de um crime continuado haverá associação criminosa?
Resp.: Depende da finalidade da reunião. Se a finalidade da reunião for específica, haverá concurso de pessoas. Já se a finalidade for para a prática de crimes diversos, com o requisito do vinculo associativo duradouro, haverá associação criminosa.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
A extinção da punibilidade no tocante a um dos membros (ex.: caso de morte de um membro) não exclui o vinculo associativo, mantendo-se a capacidade de punibilidade dos demais associados.
Sujeito Passivo: coletividade.
Elemento subjetivo: dolo.
Consumação: crime de perigo abstrato (não há necessidade de produção de dano). Se ocorrer abandono de integrante após a confirmação do vínculo associativo, ainda que restem 2 o crime estará consumado, porque é um crime instantâneo.
Não é necessário a participação efetiva de todos os associados na prática dos crimes.
Causa de aumento de pena: aumenta-se a pena se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 
Obs.: artigo 8º da Lei 8.072 (lei de crimes hediondos) será de 3 a 6 anos a pena quando a associação criminosa se reúne para a prática de crimes hediondos e equiparados.
Obs.:art. 35 da Lei 11.343 (lei de drogas) associação criminosa para o tráfico de drogas.
Lei 12.850/12: em 2013, entrou em vigor a lei que trata de ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. 
· 4 ou mais pessoas. Nunca haverá organização criminosa com menos de 4 pessoas.
· Estrutura ordenada e com divisão de tarefas. 
· Com a finalidade de praticar crimes cuja a pena máxima seja superior a 4 anos ou crime transnacional.
Constituição de Milícia Privada – Art. 288-A
DIREITO PENAL IV
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA – ART. 289 A 292
Revisão art. 171 – Estelionato 
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I – vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia comoprópria.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II – vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediantepagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.
Defraudação de penhor
III – defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, agarantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado.
Fraude na entrega da coisa
IV – defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar aalguém.
Fraude para recebimento de indenização ou valor do seguro
V – destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpoou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haverindenização ou valor de seguro.
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhefrustra o pagamento.
§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento deentidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência socialou beneficência.
Estelionato contra idoso
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. 
A fraude é uma característica fundamental do estelionato.
No estelionato deve ocorrer os seguintes elementos:
1. A conduta do agente deve ser dirigida finalisticamente à obtenção de vantagem indevida, em prejuízo de outrem (deve haver especial fim de agir na conduta do agente);
2. A vantagem ilícita pode ser para proveito próprio ou de terceiro (sem necessidade que esta vantagem seja econômica);
3. A vítima deve ser induzida ou mantida em erro pelo agente;
4. O agente deve valer-se de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento para a consecução do seu fim.
Erro consiste na percepção equivocada da realidade, assim sendo, aquele que atua movido pelo erro acredita numa coisa, enquanto a realidade é outra. Pode ocorrer em duas modalidades para o Estelionato:
· INDUZIR A ERRO: é fazer nascer a representação equivocada na vítima. O agente, mediante sua fraude, cria no espírito da vítima um sentimento que não condiz com a realidade. 
· MANTER EM ERRO: ocorre quando a vítima já possui um conhecimento equivocado da realidade, e o agente, sabendo dessa condição, a mantém em erro, com a finalidade de obter vantagem ilícita, em seu prejuízo.
Meios pelos quais o Estelionato pode ser praticado:
· Artifício: significa produto de arte, trabalho de artistas. Nesse sentido, portanto, pode-se dizer haver artifício quando hácerto aparato, quando se recorre à arte, para mistificar alguém.
· Ardil: os dicionários indicam como sinônimos astúcia, manha e sutileza, assim sendo, não se trata de um meio de natureza material, mas sim intelectual. É um meio fraudulento direcionado à psique do indivíduo (inteligência ou sentimento), de modo que provoque erro mediante falsa aparência lógica ou sentimental, isto é, excitando ou determinando no sujeito passivo convicção, paixão ou emoção, e criando ilusões da realidade que motivam as ações ou omissões desejadas pelo agente.
· Qualquer outro meio fraudulento:
Ob. Jurídico:patrimônio alheio.
Ob. Material: elementos integrantes do patrimônio, sejam bens móveis ou imóveis, direitos, etc.
Suj. Ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Suj. Passivo:qualquer pessoa (crime comum), devendo ser pessoa determinada e ainda havendo necessidade de que a vítima possua capacidade de discernimento para que seja induzido ou mantido em erro.
Elemento Subjetivo:dolo com especial fim de agir de induzir ou manter alguém em erro para obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, parasi ou para outrem.Não há previsão da modalidade culposa.
Consumação:crime material, consumando-se quando o agente de fato obtém a vantagem ilícita, em prejuízo da vítima (há necessidade da afirmação do binômio VANTAGEM ILÍCITA / PREJUÍZO ALHEIO).O crime comporta modalidade tentada, ocorrendo esta quando o agente inicia os atos executórios com o emprego da fraude conseguindo enganar a vítima, mas não vindo a obter a vantagem ilícita por circunstâncias alheias a sua vontade (o simples emprego de artifício ou ardil sem que o agente consiga enganar a vítima caracteriza apenas atos preparatórios).
· O Estelionato pode ser praticado comissiva ou omissivamente. Na modalidade INDUZIR A ERRO, pressupõe-se conduta comissiva; já na modalidade MANTER EM ERRO, há possibilidade de que seja praticado por meio de omissão do agente, que, sabendo do erro que está incorrendo a vítima, silencia-se para obter benefício ilícito.
· O dolo para o Estelionato deve ser anterior à posse da coisa pelo agente, pois caso contrário, poderá estar configurado o crime de apropriação indébita.
“ESTELIONATO PRIVILEGIADO” – Art. 171, §1º: se o agente for primário e o prejuízo causado à vítima for de pequeno valor o juiz poderá substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuir a pena de 1 a 2 terços, ou aplicar somente a pena de multa.
MODALIDADES ESPECIAIS DE ESTELIONATO – Art. 171, §2º:
· Disposição de coisa alheia como própria
O agente deve enganar a vítima, fazendo-se passar por proprietário da coisa. Caso seja sabido pela vítima que o agente não é o dono da coisa, não ocorrerá o crime de estelionato.
Nesta hipótese há divergência doutrinária quanto à punição em concurso material ou não, nas situações em que o agente dispõe de coisa alheia como se fosse própria, tendo esta coisa sido furtada ou roubada anteriormente.
· Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
A alienação deve ser de coisa própriainalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediantepagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.
Neste caso o sujeito ativo somente poderá ser o proprietário da coisa (crime próprio).
· Defraudação de penhor
Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantiado débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de umacoisa móvel, suscetível de alienação.
Esta modalidade de Estelionato ocorre quando o agente (devedor) aliena, sem o consentimento do credor, a coisa que deu em garantia do débito (penhor).
· Fraude na entrega da coisa
O delito de fraude na entrega de coisa,responsabilizando criminalmente aquele que defrauda substância, qualidade ou quantidade decoisa que deve entregar a alguém.
O crime consuma-se no momento em que a coisa defraudada é entregue à vítima.
· Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
· Fraude no pagamento por meio de cheque 
O agente deve conhecer de antemão a falta de fundos para arcar com o débito contraído ao emitir o cheque.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – Art. 171, §3º:A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidadede direito público ou de instituto de economia popular, assistência social oubeneficência. Ainda, aumenta-se a pena em dobro se o crime for praticado contra idoso.
· Entidades de direito público interno são a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal,suas autarquias e entidades paraestatais. 
· Instituto de economia popular, conforme esclareceHungria, “é todo aquele que serve a direto interesse econômico do povo ou indeterminadonúmero de pessoas (bancos populares, cooperativas, caixas Raiffeisen, sociedades demutualismo etc.). 
· Instituto de assistência social ou de beneficência é o que atende a fins defilantropia, de solidariedade humana, de caridade, de altruístico socorro aos necessitados emgeral, de desinteressado melhoramento moral ou educacional.
ISENÇÃO DE PENA – Art. 181: é isento de pena quem comete o crime de Estelionato em prejuízo de:
· Cônjuge, na constância da sociedade conjugal.
· Ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Fé Pública
· Conceito: fé pública é a crença na verdade dos documentos, dos símbolos, dos sinais e das declarações que são empregados pelo homem (agentes públicos) nas suas relações com a sociedade.
· Requisitos para a Prática dos Crimes contra a Fé Pública: 
1) Imitação da Verdade: 
· ImmutatioVeri modificação da verdade. (Ex.: colocar foto de outrem em documento de identidade).
· ImitatioVeritatis criação da verdade (criar fato que não existe). Existem hipóteses de ocorrência de ImitatioVeritatis:
a) Contrafação: falsificação de coisa semelhante a verdadeira.
b) Alteração: transformação da coisa verdadeira em algo diferente da situação original (modificação da finalidade da coisa original).
c) Supressão: destruição da coisa para que a verdade não apareça.
d) Simulação: “falsidade ideológica”. O suporte/documento é verdadeiro, mas a informação inserida nele é falsa.
e) Uso: utilização da coisa falsificada.
2) Potencial Dano: 
O prejuízo não precisa ser efetivo, basta ser potencial.
3) Dolo.
O art. 1.011, §1º, do Código Civil indica que o agente que for condenado (sentença penal transitada em julgado) por Crime Contra a Fé Pública não pode ser administrador de Sociedade (empresa). 
SÚMULAS IMPORTANTES (“OS CIRCULOS DO INFERNO”):
SÚMULA VINCULANTE Nº 36 DO STF
Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
SÚMULA 522 DO STJ
A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
SÚMULA 104 DO STJ
Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
SÚMULA 73 DO STJ
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. 
SÚMULA 546 DO STJ
A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. 
Usar passaporte estrangeiro falso perante companhia aérea competência da Justiça Estadual. 
Usar passaporte falso perante polícia federal competência da Justiça Federal
Falsidade de documento emitido pela União apresentado contra particular competência da Justiça Estadual
Art. 289 – Moeda Falsa
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Art. 290 – Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete

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