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Davi Cassiano, 119B Agentes Bacteriano de ITGI I Aula 4 -Vibrio cholerae- - Família Vibrionaceae. - Gênero tipo. - Mais de 80 espécies descritas: . 12 isoladas de infecções humanas. . Espécie tipo . Vibrio Cholerae agente causador da cólera. . 8 pandemias associadas ao patógeno. - Endêmica em países da África e Ásia. - No Brasil, a doença não tem notificação de casos significativa desde 2016, sendo observados apenas casos esporádicos em algumas regiões. -Aspectos morfológicos e fisiológicos- - Bacilos Gram negativos curvos. - Anaeróbios facultativos. - Móveis. - Dependem de NaCl para crescimento, o percentual requerido varia de espécie para espécie. - Classificação: . É dividida em sorogrupos com base na composição química do LPS presente na membrana externa. A porção polissacarídea mais externa (antígeno O) varia entre as espécies. . São descritos mais de 139 sorogrupos. . A cólera é causada apenas por espécies dos seguintes sorogrupos: O1 e O139. . Demais sorogrupos podem causar infecções em humanos mas não causam cólera e são também chamados de Não O1 e Não O139. . Os sorogrupos O1 por sua vez são subdivididos em biotipos de acordo com características fenotípicas: . Clássico . El Tor. . As características são: capacidade de causar hemólise, aglutinação de hemácias de galinha, VP(teste para identificação do tipo de fermentação), inibição pela polimixina e lise por fagos específicos. . Ainda, o sorogrupo O1 pode ser classificado em sorotipos com base na composição química do LPS. - Significado clínico: . V. cholerae O1: . Causa cólera, envolvido nas 7 primeiras pandemias registradas. . O biotipo clássico envolvido da 1ª até a 6ª pandemia. Biotipo El Tor envolvido na 7ª pandemia. . Causa infecção geralmente assintomática ou diarreias autolimitantes (cerca de 75% dos casos ou mais). . Infecção extra intestinais são raras, um exemplo é a bacteremia. . V. cholerae O139: . Emergiu em 1992 causando a última pandemia descrita. . Surgiu por transferência de DNA para o O1 El Tor. . Adultos eram mais acometidos por essa bactéria, ao contrário do que que acontecia para os outros tipos que afetavam mais crianças. . Infecções prévias com o sorogrupo O1 foram então tomadas como não protetoras contra o novo tipo, o que deixou os adultos vulneráveis. . V. cholerae não-O1 e não-O139: . São fenotipicamente idênticas aos sorogrupos O1 e O139 porém não reagem com anti-O1 ou anti-O139. . Produzem enterotoxina mas não a toxina colérica. . Geralmente causam diarreia aquosa branda. . Infecções extra intestinais podem ser do tipo septicemias, especialmente para pacientes com fatores de risco. -Fatores de virulência- O1 e O139 - Flagelo polar contribuindo para a motilidade. Flagelo único em um dos polos. . Importante para que a bactéria se locomova mais facilmente para o seu sítio de ação. - Fator de colonização acessório: importante na regulação da motilidade. - TCP: pilus corregulado com a toxina colérica – contribui na colonização. . O gene envolvido em sua produção está contido em um elemento genético móvel, ilha de patogenicidade. - Hemaglutininas e proteínas de membrana externa: colonização. - Toxina colérica: principal fator de virulência da doença. - Outras toxinas estão também envolvidas na virulência. - Toxina colérica(enterotoxina): . É uma toxina do tipo A-B. . Possui 5 subunidades B servindo a propósitos de ligação. . Se liga a receptores GM1(ganglosídeo M1) presente na mucosa do intestino delgado. . 1 subunidade A que é ativa. . O gene desta toxina está presente no material de um fagolisogênio que infectou a cepa e se inseriu no genoma bacteriano carreando o gene para a toxinas. . Subunidade A: é a porção tóxica. Ativa a proteína G que controla produção de AMPc por meio da adenilato ciclase. . A subunidade A impede o controle da proteína G sobre a adenilato ciclase e desencadeia uma grande produção de AMPc. . O AMPc em grande quantidade faz aumentar a secreção de cloro e outros íons para o lúmen intestinal. . A concentração de íons no lúmen faz com que a água seja atraída causando a diarreia. . A ação é por meio de ADO-ribosilação na proteína G, ou seja, a subunidade A insere um filamento ADP-ribose na proteína G inativando-a. -Patogênese- - A transmissão ocorre via fecal oral a partir de alimentos e principalmente água contaminada. - A bactéria ganha o organismo do indivíduo, chega ao intestino delgado colonizando-o. - A toxina colérica produzida desencadeia diarreia profusa que pode ocasionar perda de até 20L de água e muitos eletrólitos por dia. - A perda de líquidos leva a acidose. - Vômitos, câimbras musculares e choque hipovolêmico podem ocorrer. - A bactéria é eliminada nas fezes. -Manifestações clínicas- - Período de incubação varia de algumas horas até 5 dias sendo uma média de 2-3 dias. - O indivíduo apresenta: . Diarreia intensa com aspecto de água de arroz. . Prostração. . Desidratação grave. . Câimbras musculares. . Choque hipovolêmico. . Morte. -Epidemiologia- - Reservatório: . Humanos e reservatórios ambientais (consumo de frutos do mar). - Transmissão: . Ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes. . É necessária uma alta dose para a infecção pois as bactérias são sensíveis ao pH ácido. . O controle da doença foi possível em um época anterior a descoberta do patógeno por meio da observação de como se desenvolvia a doença, observando que a água contaminada causava doença: . Jhon Snow (1854) colocou fim a uma pandemia em Londres a partir da observação da distribuição de água para a população e qual era a fonte. . População que adoecia recebia água desta fonte então o abastecimento foi interrompido e por conseguinte a transmissão da doença. . Portadores assintomáticos e crônicos eliminam a bactéria nas vezes. . Dolores da cólera: casos descrito de uma mulher que por 12 anos eliminou o microrganismo pois a bactéria tinha se alojado na sua vesícula biliar. - Áreas afetadas são geralmente comunidades pobres sem saneamento básico e fornecimento de água portável. -Diagnóstico- - Material coletado são fezes ou Swab retal. - Cultura: realizada em meio TCBS que é seletivo indicador para cólera; é seletivo pois contém sais de bile e citrato que inibem bactérias da microbiota; contém sacarose que permite discernir colônias fermentadoras de sacarose ou não. . Ao fermentar a sacarose o meio, esverdeado, passa a amarelo. . É realizado teste de aglutinação em lâmina , a partir da formação de colônias com características de Vibrio cholerae, com antissoro específico para sorogrupos O1 e O139. Em caso de aglutinação é confirmado a presença do agente. - Exame microscópico da motilidade pode ser feito para os casos clássicos da doença: . Adiciona-se anticorpos anti-O1 ou anti-O139 a uma parte da amostra. . A outra parte não recebe antissoro. . As amostras são observadas ao microscópio observando-se a motilidade. Em caso de a bactéria para de ser mover significa que houve ligação com o anticorpo. - Anticorpo fluorescente específico pode ser adicionado ao material clínico observando-se fluorescência quando em microscópio de fluorescência. -Tratamento- - Reposição de fluidos e eletrólitos. . Reposição por via oral ou oral e intravenosa a depender da gravidade. - Antibioticoterapia é administrada para casos graves. -Controle- - Depende das condições de saneamento básico. - Identificação e tratamento dos casos. - Distribuição e consumo de água tratada. - Vacinas não são recomendadas em função de efeitos colaterais e baixa eficácia. - É considerada uma doença de notificação compulsória. -Vibrio parahaemolyticus- - Na Ásia, é causa líder de infecções intestinais através da ingestão de alimentos contaminados, principalmente peies ou crustáceos crus. - Vibrio mais frequentemente isolado no EUA. - Gastroenterite (emese e diarreia aquosa) e infecções extra intestinais(ex.: sepcemia). 2