Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1Nutrição fuNcioNal NUTRIÇÃO FUNCIONAL RESUMOS MATERIAL COMPLEMENTAR http://sanarsaude.com http://sanarsaude.com SUMÁRIO 1. Introdução à Nutrição Funcional ................................................................................ 4 1.1 Teia da Nutrição Funcional .............................................................................................................5 1.2 Sistema de ATMS ...........................................................................................................................6 2. Ácido Graxo Ômega-3 ................................................................................................ 9 2.1 Aplicações Clínicas – Perfil Lipídico .............................................................................................10 3. Probióticos .............................................................................................................. 11 4. Fibras Alimentares e Prebióticos .............................................................................. 14 5. Carotenoides e Polifenóis ........................................................................................ 17 6. Detoxificação ........................................................................................................... 19 6.1 Fase I – Bioativação ou Biotransformação ...................................................................................19 6.2 Fase II – Conjugação e Hidrólise ..................................................................................................19 6.3 Fase III – Eliminação ....................................................................................................................20 7. Imunonutrição ......................................................................................................... 21 8. Alimentos com Propriedades Funcionais na Redução de DCNT ................................ 23 8.1 Azeite de Oliva Extravirgem ..........................................................................................................23 8.2 Peixes / Óleo de Peixe ..................................................................................................................23 8.3 Oleaginosas .................................................................................................................................23 8.4 Soja .............................................................................................................................................24 8.5 Vegetais Brássicos ......................................................................................................................24 8.6 Berries Brasileiras ........................................................................................................................24 8.7 Yacon ..........................................................................................................................................25 8.8 Laticínios .....................................................................................................................................25 8.9 Chá Verde ....................................................................................................................................26 http://sanarsaude.com 3Nutrição fuNcioNal 8.10 Cacau / Chocolate ......................................................................................................................26 8.11 Uva / Vinho Tinto .......................................................................................................................26 8.12 Aveia / Psyllium ..........................................................................................................................27 8.13 Canela / Cúrcuma ......................................................................................................................27 8.14 Alho / Cebola .............................................................................................................................27 8.15 Café ...........................................................................................................................................28 9. Legislação Aplicada aos Alimentos Funcionais ........................................................ 29 9.1 Legislações..................................................................................................................................29 9.2 Alegações ....................................................................................................................................29 Referências ................................................................................................................. 32 http://sanarsaude.com 4Nutrição fuNcioNal 1. INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO FUNCIONAL a nutrição funcional é uma área de conhecimento da nutrição baseada na perspec- tiva da medicina funcional. aplica-se o termo “funcional” à manifestação de mudanças em processos fisiológicos básicos que refletem sintomas de duração, intensidade e fre- quência aumentadas, ou seja, não se resume apenas a doenças de origem conhecida, mas alterações precoces nas funções orgânicas que podem evoluir para doenças crônicas ao longo da vida. Os conceitos da nutrição funcional abrangem genética, intervenção clínica por meio da biologia em sistemas e a compreensão da influência de fatores ambientais e de estilo de vida no surgimento e progressão da doença. Na prática clínica, objetiva aplicar condutas personalizadas para equilibrar funcio- nal e nutricionalmente o organismo e modular respostas perante genótipo e diferentes fatores que predisponham desequilíbrios e doenças, promovendo a saúde como vitali- dade positiva. As condutas da nutrição funcional são norteadas pelos seguintes princípios básicos: 1) Individualidade bioquímica: princípio base para a terapia nutricional funcional, caracterizado por um conjunto de fatores genéticos, fisiológicos e bioquímicos individuais que orquestra o funcionamento do organismo e as necessidades nutricionais, as quais interagem com fatores ambientais (incluindo hábitos alimentares, toxinas, poluentes, stress mental e atividade física). Assim, cada indivíduo apresenta uma necessidade ou deficiência nutricional específica, que podem ser determinadas pela avaliação de sinais e sintomas que o mesmo apresenta ou pelo meio ambiente ao qual está exposto; 2) Tratamento centrado no paciente: o foco do tratamento nutricional funcional é centrado no paciente e não na doença, uma vez que é considerada a inter-relação entre os sistemas orgânicos e a influência sofrida por fatores ambientais, socioeconômicos, emocionais, culturais, alimentares, bem como antecedentes individuais e familiares, utilização de medicamentos e prática de atividade física, indicando a individualidade dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Neste ponto, utiliza-se, conjuntamente, o sistema ATMs (Antecedents, Triggers, and Mediators – Antecedentes, Gatilhos e Mediadores) para a identificação dos desequilíbrios nutricionais e funcionais e subsequente obtenção do diagnóstico nutricional; 3) Equilíbrio nutricional e biodisponibilidade de nutrientes: a absorção e a ação dos nutrientes em âmbito celular são dependentes não apenas da adequação da ingestão, mas também da razão de equilíbrio entre estes componentes – os quais agem em sinergismo dentro do organismo, da origem do alimento e sua forma de conservação e preparo, da forma química em suplementações, e, por fim, da condição absortiva e/ ou patológica e da necessidade nutricional individual; http://sanarsaude.com 5Nutrição fuNcioNal 4) Saúde como vitalidade positiva: segundo a OMS, saúde se refere ao perfeito estado de bem-estar físico, mental e social. O indivíduo deve ser avaliado como um organismo completo e tratado com o objetivo de modular os desequilíbrios existentes para restabelecer a relação positiva entre os sistemas, atingindo a saúde de forma plena, ou seja, com vitalidade positiva;5) Inter-relações pela teia de interconexões metabólicas: as interconexões metabólicas caracterizam um modo que permite elencar as inter-relações entre todos os processos bioquímicos do organismo e entre o sistema ATMs, permitindo a identificação dos desequilíbrios metabólicos associados às condições clínicas apresentadas pelo paciente, favorecendo o desmembramento das bases funcionais destes distúrbios para o tratamento de suas causas. 1.1 Teia da Nutrição Funcional Nesse processo são identificados diversos fatores bioquímicos, neurológicos, emo- cionais, mentais, hormonais, imunológicos e físicos e como modificações nestes pontos podem influenciar direta ou indiretamente a interação entre os sistemas, refletindo ou não em distúrbios orgânicos. Ainda, considera-se o sistema ATMs, o padrão de sono e relaxa- mento, a prática de atividade física, aspectos nutricionais e de hidratação, stress e resiliên- cia, bem como relacionamento e convívio. http://sanarsaude.com 6Nutrição fuNcioNal Figura 1. Desequilíbrios Nutricionais13 Estresse Oxidativo e Metab. Energético Interação Corpo-Mente Disf. Imunológica e Inflamação Disfunções Neuroendócrinas Desequilíbrios Nutricionais Desequilíbrios Nutricionais Alterações Gastrointestinais Problemas Detoxificação Consumo excessivo de ácidos graxos saturados, trans e/ou araquidônico. Infecções crônicas (virais, bacterianas, parasitárias etc.), alergias alimentares, doenças autoimunes. Déficit de micronutriente e fitoquímico. Exposição a toxinas, estresse físico ou mental. Polimorfismos genéticos em enzinas antioxidantes, mitocondrias e outras. Estados de disbiose intestinal, hipermeabilidade, constipação diarreia e suas repercussões nas sete funções básicas do TGI: Consumo desequilibrado de lipídeos cis/trans, ômega 3/6, excessivo de colesterol. Desvio do padrão anatômico. Exposição a xenobióticos (ocupacional doméstico). Alto consumo de alimentos contaminados com resíduos de agrotóxicos. Polimorfismos genéticos nas enzimas. Características de personalidade, estresse mental, ansiedade, depressão, hiperatividade, pânico, esquizofrenia, autismo, bipolaridade e suas repercussões no indivíduo. Desequilíbrio na ingestão de macronutrientes, micronutrientes, aminoácidos e ácidos graxos essenciais. Estados hipercatabólicos e outras. Uso de anticoncepcionais, hormônios sexuais, tireoidianos, de benzodiazepínicos e outros medicamentos. Lesão por metais tóxicos como mercúrio, cádmio e chumbo. Disfunções idiopáticas ou adquiridas, no sistema endócrino ou nervoso. 1.2 Sistema de ATMS Leva em consideração todos os sistemas fisiológicos do nosso organismo, os ante- cedentes, os gatilhos (triggers) e mediadores que afetam esses sistemas e os sintomas pertinentes ao desequilíbrio deles. a → antecedentes t → Triggers (Gatilhos) M → Mediadores S → Sintomas Com o preenchimento da teia, identifica-se os antecedentes, triggers (gatilhos) e os mediadores de cada sintoma correspondente a cada sistema, elegendo-se então os três sistemas em maior desequilíbrio (maior número de sintomas) para iniciar o tratamento nutricional visando o bloqueio dos gatilhos e a introdução de nutrientes que modulem os mediadores para restabelecer o equilíbrio funcional de cada sistema. Alcançando-se des- sa maneira a Vitalidade Positiva para o paciente, desaparecendo os sintomas. http://sanarsaude.com 7Nutrição fuNcioNal A indicação para introdução de nutrientes para restabelecer o equilíbrio funcional de cada sistema é realizada de acordo com a necessidade individual e bioquímica de cada paciente, que é identificada através dessas avaliações. Os antecedentes levam em conta a história de vida do indivíduo e a história genética da família. Se o indivíduo não possui doenças → Prevenção; Se o indivíduo possui doenças →Investigação. São considerados os hábitos alimentares (preferências, aversões, classificações da fome, compulsão, mastigação) e a hipersensibilidade ou alergia alimentar. Essa hi- persensibilidade gera uma resposta imunológica que altera a função intestinal, liberan- do substâncias que atuarão como gatilho para diversas doenças. As reações adversas podem gerar: y Alergia alimentar (mediadas por IgE); y Hipersensibilidade alimentar (mediada principalmente por IgG); y Intolerância alimentar (deficiências metabólicas). os Triggers (gatilhos) são acionados pelo estresse, radiação, estresse oxidativo, traumas, LPS bacterianos, vírus e parasitas. Como consequência favorece a hiperpermea- bilidade intestinal. Já os mediadores são substâncias que causam os sintomas, a destrui- ção dos tecidos e o comportamento em relação à doença. Os mediadores são sintetizados a partir da atividade dos gatilhos. Tabela 1. Mediadores e gatilhos13 MEDIADORES GATILHOS Mediadores bioquímicos Hormônios, neurotransmissores, neuropeptídios, citocinas, radicais livres, fa-tores de transcrição. Mediadores subatômicos Íons, elétrons. Mediadores cognitivos e emocionais Medo da dor e perda, crença em relação à doença, baixa autoestima. Mediadores sociais e culturais Falta de apoio social e solidão, relação profissional x paciente, condições comportamentais. Os mediadores bioquímicos foram os mais estudados e estão envolvidos na infla- mação. A inflamação exerce função crítica em resposta às infecções e também em desor- dens como doença cardiovascular, aterosclerose, DM, câncer, depressão, doença de Crohn, http://sanarsaude.com 8Nutrição fuNcioNal doenças gastrointestinais, obesidade, mal de Alzheimer etc. Visto isso, temos dois tipos de inflamação: I. Inflamação aguda: Mediada pelo sistema imune adquirido → Destrói patógenos criando ambiente tecidual hostil (moléculas oxidantes e ativação de linfócitos T e B); II. Inflamação crônica: Mediada pelo sistema imune inato → atividade de citocinas pró inflamatórias (TNF-alfa/fator alfa de necrose tumoral e interleucinas/IL-1 e IL-6) e polipeptídeos (mediadores) produzidos por muitas células. As citocinas são moléculas de sinalização intracelular que correspondem a infla- mação em resposta à doença. A origem da maioria das Doenças Crônicas está associada com a inflamação de tecidos específicos. As citocinas apresentam diversas funções nos tecidos corporais: → Estimulam, no hipotálamo, o feedback positivo de produção de cortisol (relação com a inflamação e adiposidade abdominal); → No fígado, diminui a síntese de HDL e aumenta de LDL, podendo levar a patogênese de doenças cardiovasculares; → No endotélio estimulam as moléculas de adesão plaquetária e diminuem e produção de óxido nítrico, podendo desencadear a patogênese da aterosclerose; → Nos adipócitos hipertrofiados há aumento da produção de leptina, diminuição da adiponectina, aumento do cortisol e resistência à insulina, podendo levar à patogênese da obesidade e resistência para perda de peso. O mesmo fenômeno ou substância pode agir como antecedente, gatilho ou mediador dependendo dos sintomas relacionados em cada sistema da teia e dependendo da histó- ria individual de cada paciente. Conhecendo os antecedentes, gatilhos e mediadores que levam aos sintomas, são aplicados os princípios básicos da Nutrição Funcional para o restabelecimento orgânico do indivíduo. http://sanarsaude.com 9Nutrição fuNcioNal 2. ÁCIDO GRAXO ÔMEGA-3 Os ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Os ácidos graxos saturados são ácidos monocarboxílicos constituídos de cadeia hidrocarbonada saturada (sem du- plas ligações). Quanto maior a cadeia hidrocarbonada, maiores serão o peso molecular, o ponto de fusão e a insolubilidade. Os ácidos graxos de 2 a 10 átomos de carbono são vo- láteis, e os que possuem mais de 12 átomos de carbono não são voláteis. Como exemplo temos os ácidos Mirístico, Palmítico e Esteárico. Os ácidos graxos insaturados são ácidos monocarboxílicos, constituídos de uma ou mais duplas-ligações. Uma importante característica dos ácidos graxos insaturadosé a possibilidade de isomeria, que pode ser tanto geométrica como de posição. Os Ácidos graxos insaturados podem ser monoinsaturados (Ômega 9 – Oleico) ou poli-insaturados (Ômega 3 e Ômega 6 – Linoleico e Araquidônico). Três ácidos graxos constituem a família do ômega-3: ácido docosahexaenoico (DHA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido alfa-linolénico (ALA). O ALA é um ácido gordo de cadeia curta (18 carbonos). É encontrado em pequenas quantidades na carne, em muito pequenas quantidades em diversos vegetais e em quan- tidades relativamente grandes na soja, nozes, linhaça e óleo de linhaça, óleo de cânhamo, óleo de camelina e óleo de sementes de chia (sálvia hispânica). O EPA é um ácido gordo de cadeia longa (20 carbonos). É encontrado sobretudo em peixes gordos, em pequenas quantidades em ovos e em muito pequenas quantidades em algas. O DHA é um ácido gordo de cadeia longa (22 carbonos). É encontrado sobretudo em peixes gordos, em pequenas quantidades em ovos e em muito pequenas quantidades em algas. Baixos níveis de DHA têm sido associados a depressão, e ingestões elevadas estão associadas a menores taxas de doenças cardíacas. Embora nosso corpo utilize o ALA para a produção de energia, temos que converter ALA em EPA e DHA antes de finalmente obter os benefícios do ômega-3. Infelizmente, o ALA não se converte imediatamente em EPA e DHA, e apenas 1% é convertido. Ou seja, in- gerir EPA e DHA pré-formados de fontes marinhas é a forma ideal de garantir os benefícios à saúde proporcionados pelo ômega 3. Os eicosanoides são metabólitos oxigenados dos AGs essenciais, compostos princi- palmente por tromboxano, prostraciclina, prostraglandinas e leucotrienos. Os eicosanoi- des derivados do ácido Araquidônico são potencialmente pró-inflamatórios. Já os eicosa- noides derivados do EPA têm reduzido potencial pró-inflamatório. http://sanarsaude.com 10Nutrição fuNcioNal Tabela 2. Fontes Alimentares e Suplementares13 Vegetal (ALA) Animal (EPA e DHA) Suplementos Soja, linhaça, canola Peixes e crustáceos de águas muito frias dos oceanos Pacífico e Ártico Óleo de peixe e Krill 2.1 Aplicações Clínicas – Perfil Lipídico y Suplementação com 2 a 4 g de EPA/DHA ao dia: y Diminuir os níveis de TG em até 25 a 30%; y Aumentar discretamente os níveis de HDL-C (1 a 3%); y Elevar os níveis de LDL-C em 5-10%. A capacidade de redução dos níveis de TG depende da dose. Ocorre redução apro- ximada de 5 a 10% para cada 1 g de EPA/DHA consumido ao dia. Geralmente é maior nos indivíduos com concentrações basais mais elevadas de TG. http://sanarsaude.com 11Nutrição fuNcioNal 3. PROBIÓTICOS os probióticos são descritos como microrganismos vivos que, ao serem administra- dos em quantidades adequadas, oferecem vantagens para a saúde do hospedeiro e a ação desses produtos deve ser demonstrada para cada cepa. O termo microbiota intestinal é definido por uma extensa variedade de microorganis- mos que colonizam o intestino. As principais bactérias que compõem a microbiota entérica são as benéficas e/ ou probióticas e as nocivas. Dentre elas, os organismos mais comuns na microbiota intestinal humana são membros das bactérias Firmicute e Bacteroidetes, entre outros filos, incluindo Actinobacteria, Fusobacteria e Verrucomicrobia , que estão presentes em níveis subdominantes. A colonização é conhecida como temporária, visto que a microbiota pode ser molda- da com o passar dos anos, por diversos fatores como carga genética, sistema imunológi- co, idade, dieta, probióticos e prebióticos, prática ou não de exercícios, hábitos de higiene, estresse, poluição, tabagismo, uso de antibióticos, e outros. Os mecanismos para garantir a saúde intestinal são complexos e compreendem um estilo de vida saudável, uma dieta balanceada, perfusão GI normal, microbioma gastroin- testinal normal e, provavelmente, um estado mental estável A eubiose é quando a colonização de bactérias intestinais possui uma diversidade ideal que melhora as nossas defesas imunológicas e a digestão, nos protegendo de doen- ças. Por outro lado, a disbiose é caracterizada como uma “disfunção” do intestino causada por um desequilíbrio quantitativo dos diferentes micro-organismos que participam na flora microbiana normal (lactobacilos, bifidobacterias etc.). Pode ser ocasionada quando o in- divíduo obtém uma quantidade significativa de bactérias patogênicas como a Salmonella spp., Vibrio ou Estafilococcus, sendo essas com capacidade de induzir uma desordem na microbiota natural, burlando assim os mecanismos de defesa e gerar sintomas clínicos. Sendo assim, os probióticos são muito benéficos, pois, entre seus efeitos, desta- cam-se: y Normalização da microbiota; y Diminuição da permeabilidade intestinal; y Proteção contra invasores patogênicos; y Auxílio nos reestabelecimentos pós antibicoterápicos; y Estimulação do sistema imunológico – Ação imunomoduladora (efeitos na expressão) – TLR, Células apresentadoras de antígeno, Células T diferenciadas, Células T CD4 + esplênicas, Anticorpos; y Biossíntese de vitaminas e AA essenciais – Geração de subprodutos metabólicos de componentes dietéticos não digeridos pelo intestino delgado – AGCC (butirato, propionato e acetato) – Substrato para células epiteliais (barreira mucosa). http://sanarsaude.com 12Nutrição fuNcioNal Tabela 3.Micro-organismos reconhecidos como probióticos pela ANVISA11 Micro-organismos reconhecidos como probióticos pela ANVISA Lactobacillus acidophilus Lactobacillus casei shirota Lactobacillus casei rhamnosus Lactobacillus casei defensis Lactobacillus paracasei Lactococcus lactis Bifidobacterium bifidum Bifidobacterium animalis (incluindo a subspécie B. lactis) Bifidobacterium longum Enterococcus faecium Logo a seguir, listamos algumas especificações de adequabilidade, competitividade, desempenho e funcionalidade e propriedades tecnológicas que devem ser empregadas nas culturas probióticas. Tabela 4. Especificações de adequabilidade, competitividade, desempenho e funcionalidade e propriedades tecnológicas que devem ser empregadas nas culturas probióticas11 Adequabilidade • Identificação taxonômica acurada; • Gênero habitante natural do TGI; • Ser não tóxico, não patogênico, seguro. Competitividade • Capaz de sobreviver, proliferar e apresentar atividade metabólica no organismo; • Resistente a ácidos orgânicos; • Resistente à bile; • Capaz de competir com microbiota, sendo potencialmente resistente a bacterioci- nas, ácidos e outros produtos antimicrobianos pela microbiota residente; • Potencial para aderência e colonização. Desempenho e funcionalidade • Capaz de exercer um ou mais benefícios à saúde clinicamente documentados; • Antagonismo contra bactérias patogênicas/ carcinogênicas; • Produção de substâncias antimicrobianas; • Imunoestimulador/ Antimutagênico / Anticarginogênico; • Produtor de compostos bioativos (enzimas, vacinas, peptídeos). Propriedades tecnológicas • Adequadas: produção de biomassa, crescimento, recuperação, concentração, congelação, desidratação, estocagem e distribuição; • Viabilidade em altas contagens (acima de 108); • Propriedades sensoriais desejáveis dos produtos nos quais são adicionadas; • Geneticamente estável. http://sanarsaude.com 13Nutrição fuNcioNal O uso de probióticos em alimentos requer a comprovação da sua segurança e bene- fícios à saúde. O benefício à saúde associado ao uso do probiótico deve estar claramente identificado e deve refletir da forma mais adequada o conjunto de evidências apresenta- das. Existem alguns requisitos para a comprovação de eficácia exigida pela ANVISA: y Quantidade mínima viável de 108 a 109 UFC na porção diária do produto pronto para o consumo; y Teste de resistência da cultura utilizada no produto à acidez gástrica e aos sais biliares; y Declaração da quantidade de probióticos em UFC, no rótulo; y Relatório técnico-científico. Tabela 5. Comprovação de identidade, segurança e benefício dos probióticos2 IdentidadeA comprovação da segurança dos probióticos e dos seus benefícios à saúde requer a caracterização e identificação inequívoca da linhagem do microrganismo, por meio da apresentação de documentos técnicos ou estudos científicos que: I. Identifiquem a espécie, de acordo com a nomenclatura binomial mais atual; II. Identifiquem e caracterizem a linhagem, por meio de métodos genotípicos e fe- notípicos; III. Especifiquem a origem da linhagem; IV. Comprovem o depósito da linhagem em uma coleção de cultura internacional- mente reconhecida. Segurança A comprovação da segurança deve ser realizada por meio de documentos técnicos ou estudos científicos que demonstrem: I. Histórico de uso seguro; II. Ausência de registros de eventos adversos relevantes, obtidos a partir de estudos clínicos ou vigilância pós-uso; III. Ausência de fatores de virulência e patogenicidade relevantes para a saúde hu- mana; IV. Ausência de produção de substâncias ou metabólitos que representem risco à saúde humana; V. Ausência de resistência potencialmente transferível a antibióticos relevantes para a saúde humana; VI. Susceptibilidade a, pelo menos, dois antibióticos. Benefício A comprovação do benefício requer demonstração da sobrevivência às condições do trato digestório humano e evidência de efeito em humanos obtida por meio de estudos que: I. Sejam conduzidos com a linhagem do microrganismo; II. Envolvam um grupo representativo da população de interesse ou cujos resultados possam ser extrapolados para aquela de interesse; III. Considerem a quantidade mínima sugerida para obtenção do benefício; IV. Avaliem desfechos relevantes para o benefício alegado; V. Minimizem vieses e fatores de confundimento. http://sanarsaude.com 14Nutrição fuNcioNal 4. FIBRAS ALIMENTARES E PREBIÓTICOS Fibra alimentar são polímeros de carboidratos, com 10 ou mais unidades monomé- ricas, derivados de plantas, que não são hidrolisados por enzimas endógenas no intestino delgado de humanos e que podem ocorrer naturalmente em alimentos ou ser obtidos de matéria-prima crua por meio da extração química, enzimática ou física, ou, ainda, produ- zidos sinteticamente. As fibras alimentares se encontram, principalmente, nas paredes das células vege- tais (periferia ou casca dos alimentos). São responsáveis pela firmeza e textura dos vege- tais, possui o Monossacarídeo como unidade básica. Além disso podem ser solúveis ou insolúveis em água. Tabela 6. Classificação das fibras7 CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS Química Carboidratos complexos (exceto a lignina) → glicose, galactose, manose e algumas pentoses. Botânica Celulose, hemicelulose, substâncias pécticas, gomas, mucilagens, polissacarídeos de algas e lignina. Fisiológica Insolúveis: celulose, lignina e algumas hemiceluloses → estruturais, não viscosas e não fermentáveis. Solúveis: pectina, gomas, mucilagens e demais hemiceluloses → viscosas e fermentáveis. As fibras solúveis exercem importante função no metabolismo. Estão associadas a diversas ações no corpo, sobretudo porque são fermentadas pela microbiota intestinal e têm como prodito AGCC. Com essa produção de AGCC ocorre diminuição do pH intestinal, redução da atividade das enzimas bacterianas e consequentemente uma modulação da composição da microbiota. Essa produção de AGCC pode favorecer a redução da solubilidade e a reabsorção de ácidos biliares. Consequentemente, há maior excreção de ácidos biliares e menor concen- tração sérica de colesterol. Os AGCC (acetato/ propionato/ butirato), além de reduzirem o pH, também são uti- lizados como fonte de energia pelas células da mucosa intestinal. É válido ressaltar que a quantidade de energia gerada a partir das frações de CHO que atingem intactas o cólon é da ordem de 2Kcal/g, contra 4Kcal/g fornecidas pelos CHO disponíveis. http://sanarsaude.com 15Nutrição fuNcioNal tabela 7. fontes alimentares7,10 Fibras Prebióticos Folhas, talos, sementes e bagaços dos vegetais. Frutas, verduras, legumes, farelo de aveia e cevada, semente de linhaça e leguminosas como feijão, ervilha, grão de bico e lentilha. Forma natural: sementes e raízes de vegetais como chicória, yacon, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada, centeio, grãos de soja, grão-de-bico e tremoço. Há indicativos de que a fibra industrializada é mais bem tolerada que a advinda dos alimentos. O fato de serem fermentáveis pela microbiota intestinal faz das fibras alimentos pre- bióticos. Essa fermentação estimula o crescimento de bactérias benéficas, como bifido- bactérias e lactobacilos. Essas fibras prebióticas são: pectina, hemiceluloses ácidas, inu- lina, FOS, oligossacarídeos (rafinose e estaquiose) e amido resistente. Os prebióticos são ingredientes de alimentos que beneficiam o organismo do hos- pedeiro, estimulando o crescimento e/ou o aumento da atividade de um número limitado de espécies de bactérias, gerando seletividade no cólon e possíveis benefícios à saúde e bem-estar dos indivíduos. Os critérios para a classificação dos ingredientes como pre- bióticos são: y Ser resistente à acidez gástrica, à hidrólise por enzimas de mamíferos e à absorção gastrintestinal; y Chegar disponível intacto na região do cólon; y Ser fermentado pela microbiota colônica; y Estimular seletivamente o crescimento e/ou a atividade de bactérias benéficas. A Inulina e FOS (Frutanos) fazem parte da fração de carboidratos de armazenamento dos vegetais. Geralmente, apresentam apenas ligações do tipo beta. Escapam da digestão típica de outras frações de CHO, atingindo praticamente intactas as regiões mais distais do TGI, fato pelo qual apresentam características de fibra alimentar e valor energético reduzido. Tabela 8. Formas de obtenção e uso da inulina e FOS5 Obtenção Uso em produtos alimentícios Inulina Sintetizadas a partir de sacarose ou extraí- das a partir de fontes naturais, como chicória ou alcachofra-de-jerusalém. Menos solúvel que os FOS. Substituto de gordura em diversos produtos alimentícios. FOS Obtidos a partir do mesmo processo de ex- tração da inulina, acrescido de uma etapa complementar de hidrólise, utilizando-se uma inulinase. Também podem ser produzi- dos a partir de sacarose → transfrutosilação. Conferem consistência a produtos lácteos; Umedecem bolos e produtos de confeitaria; Diminuem o ponto de congelamento de so- bremesas geladas; Tornam crocantes biscoi- tos com baixo teor de gordura; Ligantes em barras de cereais ou granola. http://sanarsaude.com 16Nutrição fuNcioNal Tabela 9. Benefícios à saúde associados ao consumo de fibras7 BENEFÍCIOS À SAÚDE Celulose, a lignina e algumas hemiceluloses Redução do tempo de trânsito intestinal e do aumento do bolo fecal. Hemiceluloses ácidas, pectinas, gomas, mucilagens, betaglicanos, FOS e inulina Influenciam as funções da porção superior do TGI (absorção de macro e mi- cronutrientes) Fermentabilidade na porção inferior do intestino grosso Au- mento do conteúdo de água nas fezes → bolos fecais mais macios. Aumentam a saciedade e o tempo de trânsito intestinal, diminuindo a constipação. Favorecem a perda de peso. Reduzem o risco de DCV, obesidade, câncer, síndrome do intestino irritável e Síndrome Metabólica. Fibras solúveis Retardo do esvaziamento gástrico → controle glicêmico pós-prandial e dos lípides séricos Redução do LDL-c e do colesterol total. AGCC → endoto- xina LPS → resistência à insulina. Fibras insolúveis Contribuem para a saciedade e controle de peso. http://sanarsaude.com 17Nutrição fuNcioNal 5. CAROTENOIDES E POLIFENÓIS Carotenoides são pigmentos responsáveis pela coloração de amarelo a vermelha de vegetais, algas e microrganismos que conseguem sintetizá-los. No reino animal, a colo- ração é decorrente da alimentação, caso de camarões, caranguejos e aves. Não fazem parte da estrutura ou da produção de energia. E tem a função de proteger a planta contra a perda de água, de temperatura e de predadores (animais herbívoros) e atrair insetos poli- nizadores. Os carotenoides sãoinsolúveis em água e solúveis em lipídios. São compostos sensíveis a calor, luz, oxigênio, ácidos, entre outros. Tabela 10. Tipos de Carotenoides10,17 LICOPENO Ação antioxidante, e anticarcinogênica; Auxilia no combate às doenças cardio- vasculares porque age sobre a oxidação do LDL Tomate maduro, pimentão vermelho, melancia, cenoura e mamão LUTEÍNA Não é sintetizada pelo organismo; Preserva a função visual e ajuda a prevenir o câncer de cólon. Dá a pigmentação amarela aos alimentos Cenoura, laranja, cereais, gema dos ovos, espinafre, agrião e brócolis LIMONOIDES Função antioxidante e antioncogênica Fontes: frutas cítricas Além disso, há a classificação de carotenoides com atividade provitamínica A (Con- vertidos em retinol na presença de β-ionona) e os não precursores de vitamina A: y Pró-vitamina A – β-caroteno, α-caroteno, gama-caroteno, β-criptoxantina; y Não precursor de vitamina A – Luteína Licopeno Zeaxantina. Os polifenóis são produtos do metabolismo secundário das plantas com papel de proteção a situações de estresse, como injúrias, ataques de insetos, radiação ultravio- leta etc; ainda contribuem para o crescimento e reprodução dos vegetais, estimulando a polinização por insetos; como antipatogênicos e estão relacionados com a pigmentação, adstringência, aroma e estabilidade contra a oxidação dos vegetais. Abrangem os ácidos fenólicos, cumarinas, flavonoides e taninos. Possuem ação antioxidante, antialérgica, an- ti-inflamatória e anticarcinogênica e podem estar livres ou ligados a açúcares e proteínas. As fontes alimentares são: y Frutas: Limão, laranja, tangerina, uva, manga, ameixa, pera, maçã, mamão, e frutas típicas do Brasil, como jabuticaba, acerola, mangaba, murici, sapoti, entre outros; y Vegetais: Cebola, alho, repolho, brócolis, tomate, pimentão; y Cereais; http://sanarsaude.com 18Nutrição fuNcioNal y Vinho; y Chás; y Café; y Leguminosas. Tabela 11. Tipos de Compostos Fenólicos17 AÇÃO FONTES Ácidos fenólicos Ação antisséptica, anticarcinogênica e antioxidante. Berinjela, cenoura, tomate, pimentão, frutas cítricas, cereja, couve e brócolis. Cumarinas Antisséptica, vasodilatadora, anties-pasmódica e anticarcinogênica. Canela, cenoura e frutas cítricas. Flavonoides Controle dos níveis de colesterol, os- teoporose e eventos carcinogênicos; antioxidante. Frutas, cereais e vegetais, como a uva (vinho), alfafa, ervilha, feijão, soja e seus derivados. A soja é a maior fonte de isoflavonas. Os flavonoides são considerados a maior classe de compostos fenólicos presen- tes em frutas, vegetais e grãos. Alguns possuem estrutura similar ao hormônio estradiol (atividade estrogênica). As subclasses são: flavonóis, flavonas, flavanonas, flavanóis (ou catequinas), isoflavonas e antocianidinas. Muitos polifenóis são ligados a açúcares (flavonoides glicosilados) e isso favorece a sua solubilidade. As isoflavonas estão ligadas a açúcares e estão inativadas nos vegetais, mas são hidrolisadas pela microbiota intestinal e não sofrem efeito cumulativo. Os efeitos aditivos e sinérgicos dos fitoquímicos alimentares são, provavelmente, responsáveis por suas atividades anticancerígenas de forma mais eficiente do que suple- mentos dietéticos. http://sanarsaude.com 19Nutrição fuNcioNal 6. DETOXIFICAÇÃO Detoxificação é qualquer processo biológico que busque a eliminação ou redução da atividade de determinadas substâncias, seja em nível celular ou em todo o organismo. O principal objetivo biológico da detoxificação é transformar compostos metabolicamente tóxicos para que, posteriormente, sejam excretados. O xenobiótico é qualquer substância química ou molécula estranha ao sistema biológico em questão, originada externamente ou internamente a ele. Podem ser produzidos pela indús- tria ou pela natureza. Eles podem ser: radiação agentes climáticos e físicos poluentes do ar contaminantes da água e solo aditivos alimentares metais tóxicos migrantes de embalagem. A detoxificação acontece em três fases: Bioativação ou Biotransformação; Conjuga- ção e Hidrólise; e Eliminação. 6.1 Fase I – Bioativação ou Biotransformação Consiste em introduzir um novo grupo funcional para modificar o grupo existente e expor o receptor às reações da fase II. Envolve reações de oxidação, redução hidrólise e desalogenação, responsáveis pela conversão do fármaco lipofílico em um metabólito mais polar. Mais especificamente, durante o processo há a ação de cerca de 10 famílias enzimáticas oxidantes, redutoras (ação sobre grupos azo e nitro) ou hidrolíticas (hidrólise de ésteres e amidas), grupos funcionais como –OH, –NH2, –SH ou –COOH são expostos ou introduzidos nas moléculas xenobióticas facilitando a excreção. A principal reação da fase I é a oxidação, catalisada principalmente pelos citocromos P450, e também realizada pelas enzimas Oxidoredutases, Flavina Monooxigenase (FMO), Xantina oxigenase (XO), Xantina desidrogenase (XD), Quinona redutase (QR). O complexo enzimático CYP450 é formado por isoenzimas microssômicas, que fi- cam ancoradas nas membranas dos retículos endoplasmáticos lisos. É responsável pelo metabolismo de aproximadamente 75% de todos os fármacos utilizados. Em múltiplas reações metabólicas de transferência de elétrons em células aeróbicas são formadas espécies reativas de oxigênio que causam peroxidação de lipídios, altera- ções em proteínas e em ácidos nucleicos, produzindo danos às células. A proteção contra esses EROS é feita pelas enzimas superóxido dismutase, catalase, GST, glutation peroxi- dase selênio-dependente, aldo-ceto redutase e enzimas de reparo do DNA. 6.2 Fase II – Conjugação e Hidrólise A fase II consiste em converter os metabólitos ativos, também chamados de inter- mediários metabólicos, em produtos mais hidrofílicos e atóxicos. Ou seja, sistemas enzi- http://sanarsaude.com 20Nutrição fuNcioNal máticos catalisam a conjugação desses metabólitos reativos com moléculas mais polares inativando-os e facilitando suas excreções por meio da bile ou da urina. As reações de conjugação são catalisadas pelas: y Glutationa S-transferases (GST); y Uridina difosfoglicuronosil transferases (UGT); y Sulfotransferases (ST). As enzimas da fase II catalisam a conjugação dos xenobióticos (ou de seus metabó- litos oriundos da fase I) com substratos endógenos (geralmente glutationa, ácido glucurô- nico e glicina) tornando-os mais solúveis em água. É válido ressaltar que algumas subs- tâncias podem ser conjugadas na sua forma original, sem passar pelas reações de fase I. Tabela 12. Nutrientes envolvidos nas Fases I e II PUJOL Fase I Fase II Tiamina, piridoxina, niacina, ácido fólico, cobalamina, vitamina C, ferro, magnésio, molibdênio, enxofre, gluta- tiona, ácidos graxos de cadeia curta, flavonoides e fosfolipídios. Serina, colina, s-adenosilmetionina, ácido pantotênico, piridoxi- na, ácido fólico, cobalamina, magnésio, metionina, taurina, glicina, glutamina, glutationa, fósforo, selênio, riboflavina, vitamina C, mo- libdênio, carotenoides, ácido ascórbico, tocoferol, CoQ10, selênio, zinco, cobre, manganês, flavonoides, antocianididas. Fonte: Autoria Própria, 2020. 6.3 Fase III – Eliminação A fase III consiste em transportar os metabólitos excretáveis para fora da célula e posterior eliminação. Pode ser através das fezes, urina, suor ou lágrimas. http://sanarsaude.com 21Nutrição fuNcioNal 7. IMUNONUTRIÇÃO A imunonutrição é caracterizada pelo potencial para modular a atividade do sistema imune, por meio de intervenções com nutrientes específicos. Ou seja, a imunonutrição con- siste no efeito farmacológico e benéfico dos nutrientes no tratamento de pacientes críticos (cirúrgicos, oncológicos, traumatizados ou com infecções), modulando processos imunoló- gicos, metabólicos e inflamatórios. Durante a imunonutrição, os nutrientes são oferecidos em quantidade que ultrapassa a normalmente ingerida, a fim de que alcancem efeito farma- cológico em um ou mais componentes da resposta imune à cirurgia, trauma ou infecção.Em resumo, a imunonutrição tem a função de: y Modular a atividade do sistema imune (Intensificar função imunológica); y Modular a funcionalidade da barreira de mucosa; y Favorecer modificações orgânicas em resposta a doenças; y Melhorar recuperação clínica. O aporte de nutrientes com um foco específico pode melhorar os resultados finais por modular a resposta imune e/ou metabólica. Esses nutrientes são considerados recur- sos terapêuticos no tratamento de condições hiperdinâmicas complexas. Os principais nutrientes imunomoduladores são: Ácidos graxos ômega-3, Glutamina, Arginina, Nucle- otídeos Vitaminas A, C e E Zn, Se. Eles podem ser utilizados isolados ou em combinação. Além disso têm demonstrado exercer influência nos parâmetros imunológicos, nutricio- nais e inflamatórios. O conceito teórico de que a arginina possa constituir um risco para pacientes em estado crítico baseia-se principalmente na percepção de que estes se encontram com frequência hemodinamicamente instáveis, com atividade da enzima NOS suprarregulada. Em consequência, pode ocorrer um aumento da produção do NO à administração da argi- nina em estados metabólicos de suprarregulação da NOS. O aumento do NO pode induzir vasodilatação e hipotensão, ocasionando uma instabilidade hemodinâmica ainda maior. tabela 13. Principais nutrientes imunomoduladores5,13 Glutamina É o AA livre mais abundante no músculo e plasma humanos (músculo esquelético). Fonte energética preferencial dos enterócitos. As principais aplicações clínicas são: Jejum digestivo (via NP); DII e fases adaptativas pós-ressecções maciças; Hipercatabolismo (câncer, choque, sepse, queimaduras gra- ves); Transplantes. As principais ações da glutamina são: Veículo de transporte de N2 e carreador de amô- nia; Estimula e regula a síntese proteica; Colabora para a retenção nitrogenada; Ma- nutenção do pool de proteínas musculares; Biossíntese de ácido nucleico Substrato energético aos linfócitos; Substrato da amoniagênese renal; Precursora da glutationa, substrato para a síntese da glutationa peroxidase. http://sanarsaude.com 22Nutrição fuNcioNal Arginina Assim como a glutamina, em estados hipermetabólicos e de aumento do turnover pro- teico, a arginina se comporta como AA condicionalmente essencial. Estimula a secreção de hormônios anabólicos. Favorece a divisão celular (vasodilatação / citotoxidade de células natural killer). Suplementação aumenta a síntese de IGF-1 e melhora a cicatri- zação (síntese de tecido conectivo e maior fagocitose). Nucleotídeos Subunidades dos ácidos nucleicos Desoxirribonucleico (DNA) e Ribonucleico (RNA). Constituem as unidades monoméricas de RNA e DNA que são necessárias para a divi- são celular. Parecem estar envolvidos com a funcionalidade intestinal (proteção estru- tural e funcional da mucosa). Em situações de trauma, cirurgia ou queimaduras graves, parte da resposta do sistema imune contra agentes invasores se dá pela proliferação celular, que requer nucleotídeos. Aplicações clínicas: Redução de complicações infecciosas em pacientes politrauma- tizados, cirúrgicos e gravemente enfermos. Mais recentemente, para regeneração da mucosa intestinal, em jejum prolongado e na recuperação de hepatócitos em pacientes com esteatose hepática ou decorrente de outros comprometimentos hepáticos. Ômega-3 Alteração na constituição de fosfolipídios da membrana plasmática das células. Dimi- nuição da ativação de NF-KB (redução da expressão de genes que codificam TNF e IL-1b, ambos potencialmente inflamatórios). Os resultados esperados com o uso de imunonutrientes são: redução de complica- ções infecciosas; menor utilização de recursos de pessoal e financeiro; redução no tempo de internação; menor tempo de ventilação mecânica; menor risco para falência de múl- tiplos órgãos; redução de antibioticoterapia. Apesar de importantes avanços na área da imunonutrição, ainda é um universo que precisa ser mais bem explorado, pois permanece sem respostas importantes. http://sanarsaude.com 23Nutrição fuNcioNal 8. ALIMENTOS COM PROPRIEDADES FUNCIONAIS NA REDUÇÃO DE DCNT 8.1 Azeite de Oliva Extravirgem Excelente fonte de MUFA (ácido oleico), e mais de trinta tipos de polifenóis (antioxi- dantes), vitamina E e caroteno. Seu consumo, associado a uma alimentação saudável, é considerado um componente cardioprotetor. O azeite de oliva extravirgem pode: y Melhorar o perfil lipídico aterogênico – aumentando HDL-c e reduzindo LDL-c; y Reduzir a inflamação subclínica – diminuindo a expressão de citocinas pró- inflamatórias e diminuindo o estresse oxidativo; y Reduzir o risco de DM2 e melhorar o controle glicêmico. 8.2 Peixes / Óleo de Peixe Associado à redução do risco de DCV. A maioria dos estudos retrata sobre o consu- mo de óleo de peixe, e atribui ao peixe, na forma de alimento, os benefícios verificados. O peixe é uma carne magra e fonte de proteínas de alto valor biológico, como também de micronutrientes. O ômega 3 pode: y Inibir a síntese endógena e a esterificação do colesterol; y Aumentar da excreção de colesterol na bile; y Aumentar da síntese de sais biliares; y Inibir a atividade da glicose-6-fosfatase no fígado; y Diminuir a esteatose hepática. 8.3 Oleaginosas Seu consumo minimiza o risco de DCV, DM2, HAS, câncer e SM, por reduzir o dano oxidativo e a inflamação subclínica. As principais fontes são: amêndoas, nozes, pistache, castanhas, avelãs. Tabela 14. Oleaginosas7 AG insaturados Fibras alimentares Tocoferóis, fitosteróis e compostos fenólicos Proteínas de alto valor biológico Redução do CT e LDL-c, melhor oxidação de gorduras. Redução da resposta glicêmica e aumento da saciedade. Ação antioxidante. Efeito sacietogênico / potencial termogênico. http://sanarsaude.com 24Nutrição fuNcioNal 8.4 Soja A ingestão de dietas vegetarianas, composta por proteínas de soja, parece modular os efeitos deletérios da DRC na fase não dialítica, reduzindo o fluxo plasmático renal, a hiperfiltração glomerular e a proteinúria. Seus principais benefícios são: y Redução de colesterol e TG; y Atividade antioxidante (isoflavonas e seus metabólitos); y Controle glicêmico; y Efeitos anti-hipertensivos e protetores do endotélio; y Pode proteger contra o câncer de mama (bioatividade das isoflavonas – estrogênio); y atividade antiobesidade. 8.5 Vegetais Brássicos Quanto maior o consumo dos brássicos, menor o risco de desenvolvimento de câncer (pulmão, colorretal, mama, próstata e pâncreas), DM2, DCV, doenças degenerativas e obesi- dade. Deve-se ter atenção quanto ao modo de preparo e conservação para que os compostos bioativos não sejam perdidos (sensíveis a altas temperaturas e solúveis em água). Os prin- cipais vegetais são: brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve, repolho, nabo e couve- -chinesa. os principais nutrientes encontrados e suas respectivas funções estão na tabela seguinte. Tabela 15. Principais nutrientes encontrados nos vegetais brássicose suas respectivas funções7 Carotenoides + Vit. C e E Inibem a formação de EROs e de radicais peroxila; Impedem a formação da LDL oxidada e de lesões ateroscleróticas. Glicosinolatos Aumentam o metabolismo e a excreção de compostos carcinogênicos (detoxifi- cação celular); Melhoram a atividade antioxidante e são possuem potencial de paralisar o ciclo celular, a apoptose e inibir a angiogênese, impedindo o desenvolvimento tumoral. Compostos fenólicos Propriedades anti-inflamatória, antioxidante, antimicrobiana, antialérgica e an-titumoral. 8.6 Berries Brasileiras As frutas, principalmente as que apresentam coloração vermelha ou azul, são as mais importantes fontes de compostos fenólicos. As Berries brasileiras são: açaí, acerola, jabuticaba e jambolão. http://sanarsaude.com 25Nutrição fuNcioNal Açaí Contém proteínas, lipídios, carboidratos, Ca, P, Fe, vit. B1, ácido gálico, antocianinas, flavo- noides (rutina e apigenina), ácidos fenólicos e estilbenos (resveratrol). Melhora dos níveis glicêmicos e de insulina, colesteroltotal, TG e efeito vasodilatador. Acerola Elevado teor de vitamina C, Ca, Fe, P, Mg, K, B1, B2, B3, fibras, antocianinas e carotenoides. Atividade antioxidante (capacidade de eliminar e inibir glicosidases e produtos finais de glicação). Vit C (pode modular o estado inflamatório relacionado com a interação entre macrófagos e adipócitos). Jabuticaba Rica em vitamina C, minerais (Fe, Ca, P e K), CHO não estruturais, estruturais, pigmentos, ácidos orgânicos e taninos. Possui alta capacidade antioxidante. Os compostos bioativos (casca) aumentam a sensibilidade à insulina, melhoram o perfil lipídico e reduzem a inflamação. Jamelão Fonte de vit. C, fibras, K, quercetina, ácido elágico, rutina e antocianina. Atividade anti-inflamatória, hipolipidêmica e hipoglicemiante. 8.7 Yacon As raízes tuberosas do yacon são classificadas como prebióticos. Possui baixo valor calórico, então, consequentemente, favorece a redução de peso. É rico em vitamina C, K e compostos fenólicos (clorogênico e cafeico). Esses nutrientes são responsáveis pela ação antioxidante e proteção contra a liberação de insulina e o metabolismo da glicose no fígado. É a melhor fonte de FOS. 8.8 Laticínios Quanto maior o consumo de laticínios ou de seus componentes, menor é o risco de DM2 e resistência à insulina. Cálcio, Vitamina D, Magnésio, lactose e proteínas podem contribuir para aumentar a saciedade e reduzir o excesso de peso. Possuem baixa CG e podem contribuir para reduzir o IG das refeições. Os compostos lácteos atuam sinergica- mente, ou seja, o consumo de laticínios é melhor do que o de suplementos isolados em relação à diminuição do risco de DM2. Seus principais nutrientes e suas respectivas fun- ções estão destacada logo a seguir: y Cálcio e vitamina D: Ação direta ou indireta sobre o DM2. Auxilia na secreção e/ou ação da insulina ou sobre o excesso de peso corporal; y Magnésio: Cofator nas vias de transdução de sinal da insulina; y Proteínas: Propriedades insulinotrópicas. http://sanarsaude.com 26Nutrição fuNcioNal 8.9 Chá Verde Contribui para redução do risco de câncer e de DCV. As catequinas podem inibir o crescimento do tumor, a proliferação, a migração e a angiogênese do câncer de mama. Possui efeito significativo sobre a redução da gordura corporal e da CC. A composição química do chá verde inclui diversas classes de compostos fenólicos ou flavonoides, tais como flavonóis e ácidos fenólicos. Os principais flavonóis presentes no chá verde são os monômeros de catequinas. A literatura tem demonstrado constan- temente o potencial papel do chá verde na modulação de processos anti-inflamatórios, antitumorais, antiaterogênicos, hipoglicemiantes e no controle do peso. A propriedade antioxidante está relacionada à estrutura química das catequinas, e tem sido apontada como o principal fator contribuinte na prevenção e tratamento de diver- sas doenças crônico-degenerativas incluindo o câncer, doenças cardiovasculares e diabe- tes mellitus. A EGCG é a forma mais abundante da catequina. A EGCG inibe a proliferação e a dife- renciação de adipócitos, aumenta a oxidação de gorduras, aumenta a expressão de GLUT4 e aumenta a TMB. Altas doses de EGCG podem trazer efeitos adversos. 8.10 Cacau / Chocolate O consumo de cacau rico em polifenóis e seus produtos (chocolate amargo) apre- senta associação inversa à PA e ao risco de DCV. Embora o consumo do cacau rico em polifenóis e de seus produtos, a indústria inclui açúcar e gordura nos produtos, bem como utiliza processamento (torragem e fermentação) que reduz a concentração de polifenóis. 8.11 Uva / Vinho Tinto O efeito cardioprotetor do vinho tinto se deve aos fitoquímicos da uva, como polife- nóis e fitosteróis. Seus principais compostos são: y Antocianinas, resveratrol e proantocianidinas: Efeito anti-inflamatório, antioxidante e hipotensor (produção de NO e redução da agregação plaquetária); y Fitosteróis: Redução do colesterol; y Resveratrol: Ações antioxidante, anti-inflamatória, anti-hipertensiva e de melhora da função endotelial. http://sanarsaude.com 27Nutrição fuNcioNal 8.12 Aveia / Psyllium Tabela 16. Observações sobre aveia e psyllium7 AVEIA (AVENA SATIVA L.) PSYLLIUM Aporte energético e nutricional equilibrado Contém AA, AG, vitaminas e sais minerais Fibras (9 a 11%) >> Fibras solúveis (betaglucana) Farelo de aveia: efeitos benéficos na redução de lipídios séricos Fonte de fibras (FS/FI = 70:30) Possível efeito hipocolesterolêmico Controvérsia em relação aos efeitos so- bre a composição corporal 8.13 Canela / Cúrcuma A cúrcuma é considerada uma poderosa especiaria. Além de sua principal utilização como condimento, possui substâncias antioxidantes, antimicrobianas e corantes. O seu pigmento fenólico curcumina é o responsável pelas propriedades antioxidantes. Além dis- so, a cúrcuma tem ação na: y Redução da peroxidação lipídica; y Aumento da atividade de enzimas antioxidantes; y Neutralização de radicais livres; y Tem efeito anti-inflamatório decorrente de diferentes mecanismos sobre a cascata do ácido araquidônico (cascata de inflamação); y Antibacteriana, antiviral, antifúngica e antitumoral.; Tabela 17. Observações sobre canela e cúrcuma7 CANELA CÚRCUMA (CURCUMINA) Atenuação do DM associada a perda de peso, redução da glicemia de jejum e HbA1c. Diminuição do LDL e aumento do HDL. Propriedades antioxidantes e anti-inflamató- rias auxilia na melhora do risco cardiovascu- lar, no retardo na oncogênese e na modulação de lipídios e colesterol. 8.14 Alho / Cebola O alho é famoso por seu odor característico, decorrente da Alicina e outros compo- nentes. Em estudos foi verificado que, na destilação a vapor homogeneizado de alho, a maioria das alicinas foram decompostas a sulfuretos. Os principais voláteis identificados são os monossulfetos, dissulfetos e trissulfetos. Os compostos do alho que contém en- xofre, ajudam no processo de detoxificação pois aceleram a ação de enzimas da fase II. http://sanarsaude.com 28Nutrição fuNcioNal tabela 18. observações sobre alho e cebola7 ALHO CEBOLA Efeitos benéficos na HAS, hipercolesterole- mia, DM e aterosclerose. Efeito hipotensivo atua na via de sinalização do NO e redução da agregação plaquetária, do estresse oxidativo e da inflamação Flavonoides (quercetina). Efeitos na redução da PA, de marcadores in- flamatórios e de LDL oxidada. 8.15 Café O café é uma mistura complexa de compostos químicos e sua composição varia de acordo com a espécie de grão de café, o processo de torrefação e a fermentação. Devido aos seus compostos bioativos, o café geralmente atua como antiobesidade, antidiabético, hepatoprotetor, antioxidante, pró-oxidante, antigenotóxico, anti-inflamatório, agente cito- tóxico e imunomodulador. tabela 19. observações sobre café verde e café torrado7 CAFÉ VERDE CAFÉ TORRADO Compostos fenólicos (ácidos clorogênicos ou CGAs (6,5-10%)), carboidratos (45-52%), proteínas (11%), minerais (4,2–4,4%), cafeína (1,2–2,2%), trigonelina (0,7-1,0%) e lipídios (10-16%) em diterpenos especiais como cafestol e kahweol. Composição um pouco diferente devido a transformações químicas durante o pro- cesso de torra → aroma, sabor e cor ca- racterísticos. http://sanarsaude.com 29Nutrição fuNcioNal 9. LEGISLAÇÃO APLICADA AOS ALIMENTOS FUNCIONAIS Alegação Nutricional é aquela que declara, sugere ou implica que o alimento tem propriedade nutricional específica, incluindo valor energético, mas não limitada a ela e à concentração de proteínas, lipídios e carboidratos, bem como vitaminas e minerais. Os tipos de alegação nutricional são: y De conteúdo: descreve o conteúdo em questão. Ex.: fonte de cálcio, rico em fibra; y Comparativa: faz a comparação entre níveis de nutrientes e/ou energia de dois ou mais alimentos. Ex.: reduzido, menor que, maior que; y Não adição: alegação de um ingrediente que não foi adicionado ao alimento, mas cuja adição é permitida e o consumidor normalmente esperaria que tivesse. Ex.: sem adição deaçúcares. 9.1 Legislações RDC nº 16/1999: Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimentos e/ou Novos Ingredientes. RDC nº 17/1999: Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes Bási- cas para Avaliação de Risco e Segurança de Alimentos que aprova, baseado em estudos e evidências científicas, se o produto é seguro sob o ponto de risco à saúde ou não. RDC nº 18/1999: Aprova as Diretrizes Básicas para a Análise e Comprovação de Pro- priedades Funcionais e/ou de Saúde, alegadas em rotulagem de alimentos. RDC nº 19/1999: Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimentos com Alegação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde em sua Rotulagem. 9.2 Alegações Segundo a RDC n° 18/99 os tipos de alegações que podem ser utilizadas por um ali- mento funcional são: y ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE FUNCIONAL: é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano; y ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE DE SAÚDE: é aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde. Com a implementação e utilização das leis aprovadas em 1999, foram verificadas algumas lacunas, que foram esclarecidas posteriormente com a RDC nº 02/2002: Aprova http://sanarsaude.com 30Nutrição fuNcioNal Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcional e/ou de Saúde. Suplemento alimentar é todo o produto para administração exclusiva pelas vias oral e enteral, incluídas mucosa, sublingual e sondas enterais e excluída a via anorretal, apre- sentado em formas farmacêuticas, destinado a suplementar a alimentação de indivíduos. A RDC nº 243, de 26 de julho de 2018 (ANVISA) traz muitas informações importantes. Logo a seguir, destacaremos os principais artigos. Art. 6º Outros ingredientes podem ser empregados na elaboração de suplementos alimentares para fornecer sabor, cor ou aroma ou para dissolver, diluir, dispersar ou alterar sua consistência ou forma, desde que atendam aos seguintes requisitos: I – sejam utilizados tradicionalmente na elaboração de alimentos; II – atendam os respectivos padrões de identidade e qualidade; III – não sejam classificados como aditivos alimentares ou coadjuvantes de tecno- logia; IV – não sejam classificados como novos alimentos ou novos ingredientes, segundo a Resolução n° 16, de 30 de abril de 1999, que aprova o regulamento técnico de procedi- mentos para registro de alimentos e/ou novos ingredientes; V – não sejam ingredientes fontes de aminoácidos, vitaminas, minerais, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos, conforme Anexos I e II da Instrução Normativa n° 28, de 26 de julho de 2018; VI – não descaracterizem a finalidade de uso ou a forma de apresentação do produto como suplemento alimentar; e VII – não sejam objeto de qualquer alegação na rotulagem ou propaganda que sugira que o ingrediente é fonte de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probiótico. Art. 15. A rotulagem nutricional dos suplementos alimentares deve seguir o disposto na Resolução – RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003, que aprova o regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, com as seguintes especificidades: I – a porção declarada na informação nutricional deve ser a quantidade diária reco- mendada pelo fabricante, para cada um dos grupos populacionais e faixas etárias espe- cíficos indicados no rótulo; II – a informação nutricional deve conter as quantidades de todos os nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos fornecidos pelo produto declaradas nas uni- dades de medida previstas nos Anexos III e IV da Instrução Normativa n° 28, de 26 de julho de 2018; e http://sanarsaude.com 31Nutrição fuNcioNal III – o percentual de valor diário (%VD) deve ser declarado para cada um dos grupos populacionais específicos indicados no rótulo, com base nos valores de ingestão diária re- comendada dispostos na Resolução – RDC n° 269, de 22 de setembro de 2005, que aprova o regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais, quando estabelecidos. http://sanarsaude.com 32Nutrição fuNcioNal REFERÊNCIAS 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos, constante do anexo desta portaria. Diário Oficial da União, 1999. 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 241. Dispõe sobre os requisitos para comprovação da segurança e dos benefícios à saúde dos probióticos para uso em alimentos. Brasília, 2018. 3. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº 599, de 25 de fevereiro de 2018. Aprova o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2018. 4. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução nº 656, de 15 de junho de 2020. Dispõe sobre a prescrição dietética, pelo nutricionista, de suplementos alimentares e dá ou- tras providências. Diário Oficial da União, 2020. 5. Cozzolino S. Biodisponibilidade de nutrientes. Barueri, São Paulo: Manole; 2016. 6. Cuppari L. Guia de nutrição clínica no adulto. 3. ed. São Paulo: Manole; 2013. 569 p 7. Cuppari L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 4. ed. São Paulo: Manole; 2019. 8. Dias RCE et al. Comparison of Extraction Methods for Kahweol and Cafestol Analysis in Roasted Coffee. J. Braz. Chem. Soc., v. 24, n. 3, 492-499, 2013. 9. Gokcen BB, Sanller N. Coffee Consumption and Disease Correlations. Critical Reviews in Food Science and Nutrition; 2017. 10. Giuntini E. Alimentos funcionais. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.; 2018. 216 p. 11. Lerayer et al. In Gut We Trust. São Paulo: Sarvier; 2013. 12. Lima FA et al. Café e saúde humana: um enfoque nas substâncias presentes na bebi- da relacionadas às doenças cardiovasculares. Rev. Nutr., Campinas, 23(6):1063-1073, nov./dez. 2010. 13. Paschoal V, Naves A, Fonseca AB. Nutrição clínica funcional: dos princípios à prática clínica. 2. ed. Ed. Metha; 2014. 14. Perini et al. Ácidos graxos poli-insaturados n-3 e n-6: metabolismo em mamíferos e resposta imune. Rev. Nutr., Campinas, 23(6):1075-1086, nov./dez., 2010. 15. Santos RMM, Lima DRA. Coffee consumption, obesity and type 2 diabetes: a minire- view. Eur J Nutr, 2016. http://sanarsaude.com 33Nutrição fuNcioNal 16. Singh et al. Influence of diet on the gut microbiome and implications for human health. Journal of Translational Medicine, 2017 17. Vizzoto M, Krolow AC, Teixeira FC. Alimentos funcionais: conceitos básicos. Pelotas: Embrapa Clima Temperado; 2010. 20 p. http://sanarsaude.com MATERIAL COMPLEMENTAR BONS ESTUDOS! http://sanarsaude.com
Compartilhar