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Responsabilidade civil do Estado Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Prestadoras de serviços públicos: respondem por danos tanto de usuários quanto de não usuários Também chamada de civil, aquiliana, patrimonial. Pessoas Jurídicas Direito Público Direito Privado Adm. Púb. Direta Adm. Púb. Indiireta União Estados DF Municípios Autarquias Fundações Públicas Adm. Púb. Indiireta Delegatárias Empresas públicas Soc. Econ. Mista Permissionárias Concessionárias A responsabilidade extracontratual (patrimonial) do Estado é originada quando o mesmo tem de reparar um dano causado a outrem, no momento em que o Estado (na figura do seu agente, ou daquele que age em seu nome), causa lesão à esfera jurídica de um indivíduo, através de atos lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos. Para tanto, entende-se que deve haver NEXO CAUSAL entre a lesão e o dano, conforme se depreende da TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO e é OBJETIVA, ou seja, independe da comprovação de culpa, por parte do Estado. • TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO: surge a obrigação, por parte do Estado, de indenizar o indivíduo (vítima) por conta do dano sofrido, em razão de ato lesivo e injusto causado pela Administração. Trata-se de responsabilidade objetiva, ou seja, não se exige a comprovação de culpa por parte do Estado (na figura dos seus agentes), basta que haja a lesão. Nessa teoria, exige-se apenas o fato do serviço. Na responsabilidade civil do Estado, um contrato administrativo foi quem gerou a responsabilidade: • Se aplica: • O contrato administrativo: . Pessoas Jurídicas Direito Público Direito Privado (que prestam serviços públicos) . bilateral . comutativo . sinalagmático Adm. Pública >> $ Empresas contratadas Para fazer / entregar Aquele que possui obrigações recíprocas Enquanto as Pessoas físicas e privadas respondem apenas por comportamentos ilícitos, conforme os art. 186 – 188 e 927 do Código Civil), o Estado responde tanto por comportamentos ilícitos, quanto por comportamentos lícitos, que causem danos a terceiros. Para que esse dano seja indenizável, é necessário que apresente três características: • CERTO: é o dano efetivo. ≠ do dano provável. EX: lucro cessante / emergente. • ANORMAL: supera os meros dissabores da vida em sociedade. • ESPECIAL: tem de ser individualizado. ≠ do generalizado / genérico (para toda a sociedade. Esse tipo de dano não gera indenização) 1. Fundamentos da Responsabilidade civil do Estado • Se o Estado praticar atos ilícitos, por desobedecer ao PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, deverá indenizar o administrado. • Se o Estado praticar atos lícitos e mesmo assim causar danos ao particular, com fundamento no PRINCÍPIO DA DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DOS ÔNUS E ENCARGOS A QUE ESTÃO SUJEITOS OS ADMINISTRADOS, deverá indenizar o administrado. 2. Exclusão da responsabilidade estatal Não haverá responsabilização do Estado quando não for possível demonstrar o nexo causal entre a conduta do Estado e o dano causado, em situações como: a) CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA: quando a vítima dá causa ao dano que sofre. EX: o indivíduo se atira embaixo de um carro do INSS (autarquia) b) CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: eventos da natureza c) ATO DE TERCEIRO: ocorre quando o prejuízo é causado por pessoa estranha aos quadros da Administração Pública. Nesses casos, o Estado só responde se configurada a culpa. EX: atos decorrentes de multidão. 3. Teoria do Risco Integral É a vertente mais radical da responsabilidade objetiva, e só é utilizada nos casos decorrentes de: a) Danos decorrentes de manipulação de material bélico b) Danos nucleares c) Danos ambientais d) Atos terroristas em aeronaves 4. Responsabilidade civil do Estado em casos de omissão Só haverá responsabilidade do Estado por OMISSÃO (responsabilidade subjetiva), quando, no caso concreto, for possível identificar: Nessas hipóteses, o Estado se configura como: . Segurador universal . Responde integralmente . Não admite oposição de excludente de responsabilidade a) Conduta estatal omissiva: porque houve comportamento aquém dos padrões legais por parte do Estado b) Dano c) Nexo causal: entre o Estado e a conduta omissiva d) Faute du service: no caso, ou o serviço não funcionou ou funcionou mal, ou funcionou atrasado – por dolo ou culpa por parte do Estado e) Se o Estado tivesse atuado e fosse possível atuar, o dano teria sido evitado (princípio da reserva do possível). 5. Responsabilidade do Estado por atos lesivos e judiciais a) ATOS LEGISLATIVOS: via de regra, não haverá responsabilização do Estado por atos legislativos, exceto se a lei for considerada inconstitucional, causadora de dano ao particular, por se tratar de uma atuação indevida por parte do Poder Legislativo. b) ATOS JUDICIAIS: haverá responsabilização do Estado em casos de erros judiciários, conforme a CF: Art. 5º, LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. 6. Jurisprudência sobre responsabilidade civil do Estado O STF entende que (04/04/2016), em caso de morte de detento, dentro do ambiente prisional, gera responsabilidade civil do Estado, quando houver inobservância do seu dever específico de proteção. EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume- se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendoo nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159 DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016) 7. Direito de Regresso Após pagar a indenização à vítima pelo dano sofrido (responsabilidade objetiva), o Estado poderá reaver o que pagou, via ação regressiva, contra o agente público que deu causa ao dano (agindo por dolo ou culpa, portanto, com responsabilidade subjetiva). AÇÃO INDENIZATÓRIA AÇÃO REGRESSIVA . Deve ser movida pela vítima apenas contra o Estado (Princípio da Dupla Garantia). . Não cabe denunciação à lide do agente . Visa a reparação de danos materiais (emergentes / lucro cessante), moral (in re ipsa >> não precisa de prova), estético. . Prescreve no prazo de 5 anos (art. 1º do DC n° 20.910/32): Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. . Deve ser movida pelo Estado, contra seu próprio agente, causador do dano. (Princípio da Dupla Garantia). Garante que o agente não será acionado pela vítima. E é a garantia, para a vítima, de que o Estado vai cobrar dele pela sua conduta. . Se baseia na responsabilidade subjetiva do agente (dolo ou culpa). . Responsabilidade (ação regressiva) é obrigatória, se houver dolo ou culpa. . Prescreve a ação regressiva no prazo de 3 anos (prescrição trienal), conforme CC/02: Art. 206. Prescreve: § 3 o Em três anos: V - a pretensão de reparação civil; . Busca o ressarcimento ao erário. . Art. 37, §6°, CF: as Pessoas Jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado, que prestam serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros (responsabilidade objetiva), assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva). 8. Responsabilidade contratual Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados. Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado. Quando o dano é causado pelo fato da obra, a responsabilidade do Estado se dá de forma Extracontratual! Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. Súmula nº 331 do TST CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Contratos Administração Pública Empresas contratadas Aqui, em algumas hipóteses, o Estado pode responder de forma solidária, subsidiária ou ainda, não responder. $ Prestar o serviço (fazer / entregar) . pagar imposto . pagar trabalhadores . pagar fornecedores . pagar previdência... Daí por que a solução jurídica será a seguinte: • OBRIGAÇÃO DE NATUREZA CIVIL: na execução do contrato, a responsabilidade é da empresa! Se o dano é causado pelo fato da obra, a responsabilidade é primária do Estado. • OBRIGAÇÃO DE NATUREZA COMERCIAL: é o pagamento de fornecedores. A responsabilidade é da empresa, o Estado não responde por nada. • OBRIGAÇÃO DE NATUREZA TIBUTÁRIA: pagamento de impostos. O Estado não responde por nada. • OBRIGAÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA: Lei n° 8.666/93. Súmula 331, TST. O Estado responde subsidiariamente, como tomador do serviço (para proteger a parte hipossuficiente). Para tanto, é necessário preencher os requisitos (NÃO É AUTOMÁTICO): → Se não fiscalizou a contratada: o Estado exige que a empresa comprove o recolhimento de parcelas trabalhistas. → Tenha participado da ação trabalhista • OBRIGAÇÃO DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA: o Estado responde de forma solidária, por danos causados a terceiros, conforme a Lei n° 8.666/93: Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 2o A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos Administração pública + terceiros (subsidiárias) Tem de haver ocorrido as duas hipóteses, simultaneamente. previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm#art31.. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm#art31..
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