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Nutrição Humana Aula 3: Carboidratos Apresentação Relembraremos funções, estruturas, classi�cação e principais diferenças dos carboidratos, quer seja no número de moléculas ou por sua resposta glicêmica. Vamos compreender o papel das �bras alimentares classi�cadas como carboidratos não digeríveis, e conhecer as suas fontes alimentares. Entenderemos o processo de digestão, absorção e transporte dos monossacarídeos da mucosa intestinal para o fígado e tecidos, local do seu metabolismo. Por �m, vamos reconhecer as vias metabólicas (glicólise, ciclo de Krebs, gliconeogênese, glicogênese, glicogenólise) e o seu papel na produção de energia para o organismo humano. Objetivos Recordar estruturas, funções, fontes e classi�cação dos carboidratos; Descrever os processos de digestão, absorção e transporte desse nutriente no nosso organismo; Explicar as reações do metabolismo como glicólise, ciclo de Krebs cadeia fosforilativa, glicogênese, glicogenólise e gliconeogênese. O que são os carboidratos? Os carboidratos têm sido alvo de muitas discussões na literatura popular e cientí�ca. Hoje, eles são apontados como os principais “vilões” da alimentação, sendo citados nos diversos cenários da saúde. Mas o que são os carboidratos? Será que são tão vilões como se pensa? São chamados de carboidratos (hidrato de carbono, glicídios ou açúcares) os compostos orgânicos produzidos pelos vegetais e que contêm em sua molécula os elementos carbono, oxigênio e hidrogênio. Eles podem pertencer ao grupo dos poli-hidroxialdeídos, quando apresentam a formila, ou polidroxicetona se apresentarem a carbonila. Em cada 1 g ingerido desse nutriente, há 4 Kcal. Você acha que é possível o organismo viver sem ingerir carboidrato? Será que o funcionamento do organismo ocorre adequadamente na ausência dele? Vamos compreender sua importância por meio das suas funções. A produção do carboidrato nos vegetais ocorre por meio da fotossíntese que mantém uma relação direta com a respiração dos animais. Com base nas moléculas de CO2, H2O e energia luminosa, os vegetais produzem glicose e O2 que são consumidos pelos animais, os quais reiniciam o ciclo. Dessa forma, os animais não são capazes de sintetizar carboidrato dependendo diretamente dos vegetais (folhas, frutos, raízes, sementes) para consumi- los. Clique nos botões para ver as informações. São responsáveis pelo fornecimento de energia para todas as reações do organismo dos seres vivos. É a partir da glicose que produzimos a nossa moeda energética, a adenosina trifosfato (ATP), que será oxidada liberando energia. Quando não utilizamos toda a glicose ingerida, ocorre a formação de reservas que nos vegetais são chamadas de amido e nos animas de glicogênio. Reserva energética A celulose, hemicelulose, quitina e ácido hialurônico são responsáveis por dar sustentação aos vegetais e animais. A celulose e hemicelulose compõem as paredes dos vegetais; a quitina está presente nas carapaças de crustáceos; o ácido hialurônico atua no tecido conjunto dando elasticidade ou preenchendo a pele no tratamento de rugas. Sustentação Estão presentes em moléculas que atuam no sistema imunológico como glicoproteínas (imunoglobulinas) que possuem funções de anticorpos e se ligam a sustâncias estranhas que invadem o organismo (antígenos) para proteção do indivíduo. Mecanismo de defesa Existem órgãos que são glicose-dependentes, ou seja, utilizam exclusivamente glicose para produção de energia. São eles o cérebro e o tecido nervoso, que apesar de no jejum utilizarem corpos cetônicos, só têm bom rendimento na presença de glicose. Como exemplo: Quais os sintomas que sentimos quando estamos em jejum ou passamos muito tempo sem nos alimentar? Dor de cabeça, irritabilidade, ansiedade, tremores, cansaço, podendo até chegar ao desmaio. Tudo isso ocorre porque o sistema nervoso não funciona de forma adequada, apenas mantém as ações vitais. Funcionamento adequado do sistema nervoso central Quando não ingerimos ou não temos glicose na reserva, glicogênio, o organismo utiliza lipídeos e proteínas para produção de energia por meio do processo chamado gliconeogênese. Essa via não deve ser incentivada, uma vez que envolve a perda de massa muscular (proteólise) e o aumento de ácidos graxos livres (lipídeos) para a síntese de corpos cetônicos que serão utilizados na produção de energia. Mas em excesso os corpos cetônicos acidi�cam o sangue, não devendo ser uma via muito utilizada. Regulação do metabolismo de lipídeos e proteínas O ácido glicurônico se conjuga a bilirrubina e auxilia na sua excreção. Em excesso, ela pode causar problemas renais, hepático, no baço e na vesícula biliar. Facilitam a excreção de substâncias tóxicas Assim, após termos aprendido as funções dos carboidratos, será que devemos excluí-los da nossa alimentação? A resposta é não. Mas precisamos equilibrar a quantidade e qualidade de ingestão desse nutriente. Assim, vamos conhecer os tipos de carboidratos. Os carboidratos podem ser simples ou complexos. Qual a diferença? Por muito tempo, a literatura falava da velocidade com que esse nutriente chegava na corrente sanguínea. Hoje, falamos em relação ao tamanho da cadeia carbônica e do número de ligações glicosídicas, que unem duas ou mais moléculas formando os polímeros. Vejamos a diferença na estrutura da glicose (simples) e do amido (complexo). Glicose (simples) Amido (complexo) Assim, é chamado de carboidrato simples aquele que apresenta baixo peso molecular. São eles: Monossacarídeos Dissacarídeos Oligossacarídeos Frutose Sacarose Maltodextrina Glicose Maltose Rafinose Galactose Lactose Polidextrose Inulina Já os carboidratos complexos, por apresentarem vários simples unidos pelas ligações glicosídicas (polissacarídeos), apresentam alto peso molecular. Por exemplo, Amido, celulose, glicogênio etc. Con�ra as diferenças entre simples e complexo: Carboidratos complexos BOM Pães de grãos integrais / Cereais em farelo / Vegetais verdes / Frutas frescas Por que eles são bons? Ricos em �bras e nutrientes; Baixo índice glicêmico; Ajuda você se sentir completo com menos calorias; Estimula naturalmente o metabolismo. Carboidratos complexos RUIM Doces e sobremesas / Cereais açucarados / Refrigerante e bebidas doces / Pães re�nados Por que eles são ruins? Pobre em �bras e nutrientes; Alto índice glicêmico; Calorias vazias convertidas em gordura; Altos níveis de glicose no sangue = sentimento de cansaço. Adaptado de: http://issoeotimo.com.br Dessa forma, quais devem ser as minhas escolhas alimentares? Devemos preferir na nossa alimentação as fontes de carboidrato complexo. A nossa recomendação de ingestão diária desse nutriente é de 45 a 65% do Valor Energético Total da dieta (VET). Tipos de carboidratos Entre os carboidratos simples temos: 1 Monossacarídeos São os açúcares mais simples, representados pelas hexoses (C6H12O6) glicose, galactose e frutose que se diferenciam apenas nas combinações de átomos como a presença de aldeídos e posição da hidroxila ( glicose e galactose ) e cetona ( frutose ). 1 2 3 2 Dissacarídeos São formados pela união de dois monossacarídeos por meio da ligação glicosídica. Esta reação é uma condensação e resulta na liberação de uma molécula de H2O. Os mais importantes na nutrição são maltose , sacarose e lactose . 4 5 6 3+ Oligossacarídeos São formados por ligações com 3 a 9 moléculas de monossacarídeos que não podem ser quebradas pelas enzimas digestivas. Dessa forma, o organismo fermenta-os no intestino delgado produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que servirão de alimentos para �ora intestinal. São eles: ra�nose (beterraba), inulina, estaquiose (abóbora) e oligofrutose. De carboidrato complexo temos: 10+ Polissacarídeos javascript:void(0); http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.htmlhttp://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html Entre esse grupo estão presentes as �bras dietéticas e os FOS. Os frutoligossacarídeos, conhecidos como FOS, também desenvolvem esse papel. Suas fontes alimentares são: aspargo, alho, alho-poró, cebola, alcachofra, raiz de chicória, inulina dentre outros. Falando em �bras, você já ouviu falar em �bras alimentares? Quais os tipos, funções e onde encontramos? São conhecidas como parte não digeríveis dos carboidratos presentes em frutas, verduras, cereais integrais e sementes. Podem ser solúveis ou insolúveis. São oriundos da ligação de 10 ou mais monossacarídeos, sendo a maior parte glicose. Pertence a esse grupo as moléculas de reserva de energia amido (vegetais), glicogênio (animais), celulose e hemicelulose . 7 8 9 Dica A maltodextrina, apesar de ser um oligossacarídeo, consegue ser digerida pelas enzimas intestinais liberando glicose. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Prébioticos Você já ouviu dizer que os carboidratos podem funcionar como prébioticos? E o que são prébioticos? Toda vez que o carboidrato apresentar estrutura não digerível pelas enzimas digestivas, ele será fermentado produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) utilizados pelas bactérias intestinais bené�cas. A função de alimentar e estimular o crescimento da microbiota, os probióticos, é chamada de função prebiótica. Com isso, garantimos a integridade da mucosa intestinal. Veja a diferença no quadro abaixo: PREBIÓTICOS PROBIÓTICOS São fibras não digeríveis que funcionam como alimento para as bactérias intestinais benéficas. São produtos farmacêuticos ou alimentares que apresentam microrganismo vivos, como lactobacilos e bifidiobacterias. Inulina, frutoligossacarídeos, frutas, verduras, aveia, banana verde. Leite fermentados, cepas manipuladas, medicamentos. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0245/aula3.html Tipos de �bras Clique no botão acima. Tipos de �bras Fibras Solúveis Se misturam ao bolo alimentar formando um gel por absorver água (solúveis). Além disso, são facilmente fermentáveis pelas bactérias intestinas. São elas: Hemicelulose → aveia e cevada Pectina → frutas cítricas e maçã Gomas → guar e arábica Mucilagens → psyllium e carregenina utilizadas como espessante em indústrias de alimentos. Entres as fontes alimentares mais comuns estão as frutas e leguminosas (feijões). Suas principais funções são: Retardam o esvaziamento gástrico e aumentam o tempo de trânsito intestinal; Produzem AGCC (energia para os colonócitos); Retardam a absorção da glicose (↓ a glicemia pós-prandial); Reduzem o colesterol sanguíneo (total e LDL) e TG; Fixam os ácidos biliares e aumentam sua excreção. Como as �bras solúveis melhoram controlam os níveis glicêmicos e de colesterol no sangue? Por formarem o gel, elas di�cultam a chegada de enzimas digestivas nos carboidratos lenti�cando o processo de digestão, absorção e a presença na corrente sanguínea, controlando dessa forma a glicemia. Além disso, as �bras solúveis para serem excretadas se ligam aos sais biliares, demandando maior produção destes para as demais funções no organismo, como a digestão de lipídeos. Nessa produção, são utilizados colesterol, e, dessa forma, as �bras realizam o seu controle sanguíneo, reduzindo as taxas. Assim, pacientes diabéticos e com colesterol alto devem fazer uso obrigatoriamente de �bras solúveis. Fibras Insolúveis Não formam gel com o bolo alimentar por não absorverem água (insolúveis). São elas: Celulose e hemicelulose → todas as hortaliças, frutas e leguminosas, polpa da madeira ou algodão; Lignina → cenouras e morangos. Entre as principais fontes alimentares estão os grãos e vegetais. Suas principais funções são: Favorecem o peristaltismo do cólon devido à distensão realizada nas paredes intestinais. Aumentam a velocidade do trânsito intestinal, o volume das fezes e o número das evacuações. Reduzem a pressão intraluminal do cólon. Diminuição da velocidade da digestão e absorção, retardando a absorção de glicose. Aumentam a excreção dos sais biliares. A recomendação pela ADA é de 14 g a cada 1.000 Kcal. Como a dieta do brasileiro tem em torno de 2.000 Kcal, a ingestão recomendada é 28g, o que equivale a 400g de frutas e verdura por dia. Atividade 1. Analise as a�rmativas a seguir sobre �bras alimentares e marque a alternativa CORRETA: a) As fibras alimentares para serem absorvidas devem ser digeridas no estômago e principalmente no intestino; b) A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão de 15 g a 20 g de fibras por dia. c) A principal função das fibras insolúveis é acelerar o trânsito intestinal, devendo ser utilizada por pacientes com constipação intestinal. d) Pacientes diabéticos e dislipidêmicos devem ter dieta rica em fibra insolúvel, pois estas diminuem a absorção de açúcar e colesterol por se solubilizarem ao bolo alimentar dificultando a digestão. e) São exemplos fontes de fibras insolúveis aveia, maçã e cevada. Ação dos carboidratos no organismo Agora que já conhecemos a classi�cação e funções dos carboidratos no nosso organismo, vamos ver como eles funcionam? Um dos principais motivos da grande discussão dos carboidratos é a grande oferta de glicose para o organismo e o que ela causa. Muitas pessoas antes de se alimentar estão procurando saber o índice glicêmico (IG) dos alimentos? A�nal, o que é índice glicêmico? De acordo com Sampaio et al. (2007): "É a área sob uma curva de resposta à glicose, após o consumo de 50 g de carboidrato glicêmico (não incluídas as fibras) de um alimento teste, expressa como percentual de resposta para a mesma quantidade de carboidrato de um alimento padrão (pão branco ou glicose pura), ambos ingeridos pelo mesmo indivíduo." Ou seja, é a alteração da curva glicemia, provocada ao ingerir um alimento, sendo esta comparada a um alimento padrão. Exemplo Ao oferecer um doce a um indivíduo com baixo nível de açúcar (hipoglicemia), rapidamente a glicemia volta ao nível normal. Porém, se fosse oferecido uma raiz, como batata doce, a glicemia retornaria lentamente ao normal. Essa diferença no aumento da glicose no sangue é chamada de índice glicêmico. Con�ra o índice glicêmico de alguns alimentos. Fonte: Da Silva 2011, adaptado de CDOF 2009. Mas é só olhar o IG e realizar as escolhas? Não, além de olhar o índice deve-se olhar, também, a carga glicêmica, uma vez que ela re�ete a quantidade de carboidrato disponível na porção do alimento consumido. Lembre-se: o índice glicêmico é para 50 g de carboidrato do alimento. Então, quantos gramas do alimento devem ser consumido para expressão do índice? O cálculo da carga glicêmica é: CG = IG X Teor CHO disponível na porção do alimento/100. Como exemplo, tem-se o caso da melancia. Apesar de seu índice glicêmico ser alto (80), sua carga glicêmica é baixa, pois para obtermos 50 g de carboidrato com a melancia, devemos ingerir 1 Kg. Alguns fatores podem alterar a expressão do índice glicêmico: Forma de preparo dos alimentos; Presença de �bras, proteínas e gorduras; Relação amilose/amilopectina. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Para desenvolver todas essas funções que já aprendemos sobre os carboidratos, é necessário primeiro realizar digestão, absorção, transporte e metabolismo. Então, vamos lá compreender esses processos. Atividade 2. Os carboidratos têm grande importância no funcionamento do organismo. Julgue as a�rmativas sobre as funções e classi�cação e marque a opção CORRETA: a) São chamados de carboidrato complexo aquele que apresenta baixo peso molecular, e simples, o de alto peso molecular. b) Evitar a cetose e consequentemente regular o metabolismo dos lipídios não é uma das suas funções. c) São exemplos de carboidratos complexos, glicose, amido, glicogênio e celulose. d) Os monossacarídeos, dissacarídeos e oligossacarídeos são classificadoscomo simples, pois apresentam baixo peso molecular. e) Além do fornecimento de energia, os carboidratos são importantes na composição de hormônios. Digestão Já vimos que os alimentos não são absorvidos intactos e precisam ser degradados em moléculas menores. A digestão de carboidrato se resume a quebra dos polímeros (polissacarídeos) em monômeros (monossacarídeos), sendo o produto �nal, principalmente a glicose, mas podem ter frutose e galactose. Tipos de carboidratos Entre os carboidratos simples temos: 10+ Polissacarídeos Formados por mais de 10 molécula apresentam um fracionamento mais extenso. 2 Dissacarídeos Por apresentarem apenas 2 moléculas e uma ligação glicosídica são hidrolisados apenas uma vez. 3+ Veja a seguir, onde acontece a digestão no corpo humano. Monossacarídeo Já estão prontos para serem absorvidos. Onde acontece a digestão Clique no botão acima. Onde acontece a digestão Tem digestão de carboidrato na boca? Sim. É só lembrarmos que quando colocamos pão, biscoito ou algum alimento que tem carboidrato na boca ele começa a se dissolver. A digestão na boca ocorre com a mastigação, parte mecânica da digestão que irá triturar os alimentos. Além disso, na boca, teremos a participação da saliva com a ação química da enzima amilase salivar (ptialina) agindo na molécula de amido, (polissacarídeo) que irá resultar em maltose (dissacarídeo) ou outros poli menores como a amilose e amilopectina. Vale destacar que na boca a digestão que acontece é mínima já que passamos pouco tempo com os alimentos em seu interior. E no estômago continuamos a digestão? No estômago a digestão enzimática dos carboidratos dá uma pausa, pois a amilase salivar se inativa devido ao pH ácido do estômago, e não temos enzimas produzidas aqui para esse nutriente. Então ocorre apenas a continuação da digestão mecânica com o peristaltismo da musculatura gástrica e mistura dos alimentos pelo suco gástrico. Antes que o alimento se misture completamente às secreções ácidas, 30% do amido já se transformou em maltose. E no intestino delgado? Quais as enzimas envolvidas? Além dos movimentos peristálticos e a mistura do quimo alimentar, os carboidratos existentes sofrem a participação da enzima amilase pancreática, produzida pelo pâncreas e liberada pelo suco pancreático no intestino delgado. Porém, ainda temos oligo e dissacarídeos que são transformados em monossacarídeos pelas enzimas intestinais, sendo especí�cas para determinadas ligações. São elas sacarase, maltase, lactase, glicoamilase e isomaltase. A isomaltase é a enzima que realiza as quebras glicídicas não realizadas por maltase ou amilase. Vimos que a amilopectina di�culta a digestibilidade tornando o amido resistente, ou seja, não conseguimos digerir para absorver. A isomaltase consegue realizar essa quebra. Já as glicoamilases quebram os oligossacarídeos como a ra�nose presente nos legumes. Absorção Após reconhecermos o processo de digestão, vamos entender a absorção. Apenas os monossacarídeos podem ser absorvidos. A absorção acontece nos enterócitos do intestino delgado. Glicose Absorvida por transporte ativo por meio do transportador SGLT-1 que depende de Na. Galactose Compete pelo mesmo transportador da glicose, o SGLT-1, sendo o transporte ativo. Frutose Absorvida por difusão facilitada sem gasto de energia por meio do Glut 5. Após absorção, os monossacarídeos passam para circulação porta por meio do transportador Glut2 sendo direcionada para o fígado ou tecidos alvos. A depender do tecido, os Glut das membranas das células serão diferentes. Tipo de transportador Local de atuação Transportador GLUT 1 Placenta, cérebro, rins e cólon GLUT 2 Fígado, células betas, rins e ID GLUT 3 Cérebros, testículos GLUT 4 Músculo esquelético e cardíaco, tecido adiposo marrom e branco GLUT 5 ID e esperma Ao chegar no fígado, a frutose e galactose serão transformadas em glicose, como já vimos anteriormente. Em seguida, esta seguirá o caminho do catabolismo, para produção de energia, ou anabolismo sendo armazenada como glicogênio. Metabolismo Após a chagada no fígado, centro do metabolismo desse nutriente, a glicose pode seguir dois caminhos diferentes: anabolismo ou catabolismo. O quadro hormonal do indivíduo vai determinar qual caminho será realizado. Esses hormônios são a Insulina e glucagon. Assim que nos alimentamos, liberamos por meio das células beta do pâncreas a insulina, hormônio anabólico que irá promover a: Oxidação da glicose Promovendo a produção de energia por meio das moléculas de ATP. Síntese de glicogênio Após a produção de energia, o excesso irá formar a molécula de reserva. Já quando estamos em jejum, com baixo nível de açúcar no sangue, o pâncreas libera, pelas células alfa, o glucagon responsável por promover: Glicogenólise Quebra do glicogênio em glicose para ser oxidada em ATP. Gliconeogênese No esgotamento de glicogênio serão mobilizados lipídeos e proteínas. Cetogênese Produção de energia por meio dos corpos cetônicos. Veja como é feita a regulação da glicémia pela hormonas glucagina e insulina: Além dessas funções, a insulina ainda ativa a: Síntese de gordura Após a formação de glicogênio, o que ainda tiver de glicose será convertido em triacilglicerol. Síntese de proteína Por ser um hormônio anabólico, vai estimular a síntese proteica. Assim, devemos evitar o consumo de carboidrato além da necessidade, pois estes são convertidos e armazenados como gordura, contribuindo para elevação do nível de triglicerídeos. A insulina tem um papel primordial na utilização de glicose pelas células, uma vez que, ao se ligar ao seu receptor (receptor de insulina), promove deslocamento do glut4 para membrana da célula permitindo a passagem de glicose. A partir daí é que a glicose seguirá seus caminhos anabólicos ou catabólicos. Por isso, os pacientes diabéticos apresentam altos níveis de glicose no sangue. Eles, por possuírem resistência à insulina, não conseguem deslocar o transportador e permitir a passagem de glicose para célula. A seguir, veja como acontece o metabolismo. Conheça, também, as doenças que são associadas aos carboidratos. Vias metabólicas e doenças associadas ao carboidrato Clique no botão acima. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Vias metabólicas e doenças associadas ao carboidrato Vias catabólicas Glicólise aeróbica Na presença do oxigênio, ocorre a conversão de 1 molécula de glicose em 2 de piruvato. Em seguida, esse piruvato se converte em acetil-CoA e entra no ciclo de Krebs produzindo as enzimas desidrogenases (NADH e FADH) que irão lançar seus elétrons na cadeia transportadora de elétrons (cadeia fosforilativa), produzindo ATP. Na ausência de oxigênio, ocorre o ciclo de Cori ou glicólise anaeróbica. Após conversão da glicose em piruvato, este será fermentado formando lactato, que em excesso promove acidose metabólica e cãibras musculares. Para evitar esse quadro, o organismo retira esse lactato e transporta até o fígado sendo então convertido por gliconeogênese em glicose no restabelecimento de oxigênio. Glicogenólise Ocorre quando os níveis sanguíneos de glicose estão baixos, sendo necessário mobilizar a reserva para o funcionamento adequado do organismo. Normalmente, acontece após 2 a 3 horas da última refeição. Vias anabólicas Glicogênese Após a ingestão de carboidrato, o que não for utilizado para produção de energia será convertido em piruvato pela seguinte reação: Gliconeogênese Formação de energia por compostos não glicídicos como lipídeos e proteínas pela não oferta de carboidrato. Doenças associadas ao carboidrato Galactossemia É um erro inato do metabolismo (característica autossômica recessiva), caracterizado por uma inabilidade em converter galactose em glicose da maneira normal. O resultado imediato é o acúmulo de metabólitos da galactose no organismo, que passa a ter níveis circulantes elevados e tóxicos, principalmente para o fígado, cérebro e olhos. Intolerância à lactose Incapacidadede o corpo degradar a lactose, por muitos apresentarem de�ciência enzimática (Lactase). Sintomas: náuseas e vômitos, cólicas abdominais, �atulência e diarreia. Então, nesta aula, aprendemos que não devemos excluir, mas, sim, realizar um equilíbrio entre quantidade e qualidade dos alimentos fontes de carboidrato, uma vez que ele é nossa principal fonte de energia e que existem órgão dependentes como cérebro e SNC. Para isso, uma das melhores opções de escolha são os carboidratos complexos. Compreendemos também os processos de digestão, absorção e os transportadores envolvidos e as reações metabólicas, assim como o papel dos hormônios insulina e glucagon. Atividade 3. Sobre o processo de digestão, absorção e transporte dos carboidratos, analise os itens e marque a alternativa CORRETA: I. A digestão de carboidrato ocorre na boca, estômago e intestino delgado por ação enzimática e mecânica. II. A enzima responsável pela digestão do amido na boca é a ptialina ou amilase salivar. Já no intestino delgado são amilase pancreática e as dissacaridades. II. O Glut5 é transportador da frutose que é absorvida por transporte passivo. IV. A glicose e galactose são absorvidas por transporte passivo que depende do sódio, uma vez que o transportador SGLT-1 é dependente desse mineral. V. Nas células musculares e no tecido adiposo o transportador de glicose é o GLUT 2. a) Estão corretas I, III, V. b) Estão corretas I e III. c) Estão corretas II e III. d) Apenas a II está correta. e) Todas estão corretas. 4. Analise as alternativas e marque a sentença que completa os espaços: i. ________________ é a área sob a curva da glicemia pós-prandial após a ingestão de 50 g de carboidratos digeríveis em comparação a 50 g de um alimento-padrão, glicose ou pão branco. II. Quanto menor a quantidade de __________________ menos resistente é o amido; III. Utilizar proteína e lipídeos associados ao carboidrato ________________o índice glicêmico do alimento. IV. Feijões, arroz integral, cevada, aveia, quinoa e frutas, como maçã, pera, laranja e ameixa são de ___________ índice glicêmico. V. A quantidade de carboidrato disponível no alimento e a sua capacidade de alterar a curva se refere a __________________. a) Carga glicêmica; amilose, aumenta, alto; índice glicêmico; b) Índice glicêmico; amilopectina; diminuem; baixo; carga glicêmica. c) Índice glicêmico; amilose; diminuem; alto; carga glicêmica. d) Carga glicêmica; amilopectina; aumentam; alto; índice glicêmico. e) Índice glicêmico; amilopectina; aumentam; alto; carga glicêmica. 5. Em relação às vias para produção de energia, correlacione os conceitos às de�nições corretas e em seguida assinale a alternativa CORRETA: I. É a via de produção de piruvato a partir da glicose absorvida nas vilosidades intestinais. II. A produção de energia a partir de fontes não glicídicas, de produtos �nais do metabolismo ou até mesmo de derivados de proteínas e lipídeos. III. Corresponde ao armazenamento no fígado da glicose absorvida pelo intestino na forma de glicogênio. IV. De�ne-se como sendo a degradação do glicogênio hepático estocado para produção de glicose. ( ) Glicólise ( ) Glicogenólise ( ) Glicogênese ( ) Gliconeogênese a) I, II, III, IV. b) IV, II, III, I. c) II, IV, I, III. d) I, IV, III, II. e) III, I, IV, II. Notas Glicose1 É o monossacarídeo mais abundante da natureza (amido) e no organismo humano (glicogênio). Está presente no sangue, sendo transportado para os diferentes órgão e tecidos que precisem de energia. Quanto à doçura, é menos doce que a frutose e mais que a galactose. É chamada de dextrose quando resulta da hidrólise do amido de milho. As fontes alimentares são frutas, mel, xarope de milho, raízes e tubérculos. Galactose2 A galactose não aparece sozinha na natureza. Sempre está acompanhada da glicose formando a lactose, um dissacarídeo. É o menos doce dos monossacarídeos e encontrada em produtos derivados do leite. No nosso organismo para garantir a produção de energia tanto a frutose quanto a galactose serão convertidas em glicose para seguirem o caminho metabólico dos carboidratos. Frutose ou levulose3 É o mais doce dos monossacarídeos e está presente nas frutas, no açúcar de mesa (junto a glicose) e no mel. A ingestão excessiva de frutose industrializada por produtos de pani�cação e confeitaria tem sido associada ao desenvolvimento de doenças como obesidade e suas consequências. Porém, a frutose que vem das frutas não está nessa associação, não sendo necessário excluí-las da alimentação. Maltose4 Composta por glicose + glicose, é produzida pela digestão do amido. Sua principal fonte alimentar são os grãos em germinação, como o malte, que participa da produção da cerveja. Sacarose5 Formado pela ligação entre glicose + frutose. Ela está presente no nosso açúcar de mesa, na cana-de-açúcar, beterraba, frutas e mel. Lactose6 Formada pela união de entre glicose + galactose. É o menos doce dos dissacarídeos estando presente nos leites e derivados. Amido7 É uma estrutura complexa formada por amilose (15 a 20% da molécula) e amilopectina (80 a 85% da molécula). Você já ouviu falar em amido resistente? O amido resistente apresenta maior proporção de amilopectina. Esta tem alto peso molecular e a presença da ligação α (1-6), que não é digerida pelas enzimas digestivas. Dessa forma, se não tem digestão, não tem absorção, e a glicose não chega na corrente sanguínea, efetuando o controle glicêmico. Então, a digestibilidade de um amido é in�uenciada pela concentração de amilopectina na molécula, e o processo hidrotérmico pode in�uenciar na quebra das ligações da amilopectina, retirando a característica de amido resistente. É o que acontece quando cozinhamos alguns alimentos. Um alimento que contém boa quantidade de amilopectina é a biomassa de banana verde, que pode ser utilizada no preparo de pães, bolos, sucos, vitaminas, biscoitos. Glicogênio8 É a reserva de energia nos animais. Pode ser hepático ou muscular. Tem como principal função garantir a homeostasia glicêmica, ou seja, manter o equilíbrio evitando situações de alta ou baixa concentrações. Durante o jejum e o sono, por exemplo, é ele quem mantém o nível de açúcar normal. O glicogênio hepático é responsável por distribuir glicose para os demais órgãos do corpo, enquanto o muscular apenas para as células musculares. Celulose e hemicelulose9 São moléculas de glicose ligadas por meio das ligações β-1.4 também não digeríveis pelas enzimas. Estão presentes nas estruturas dos vegetais, apresentando função de �bras dietéticas. Referências CARDOSO, M.A. Nutrição e metabolismo – Nutrição Humana. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2010. COZZOLINO, S.M.F; COMINETTI, C. Bases bioquímicas e �siológica da nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. São Paulo: Manole, 2013. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION/WORLD HEALTH ORGANIZATION. Protein quality evaluation: report of a joint FAO/WHO expert consultation group. Rome, FAO/WHO, 1990. MAHAN, L.K, ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 11. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2005. WHITNEY, E. & ROLFES, S. R. Nutrição volume 1: entendendo os nutrientes. Tradução da 10. ed. norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2008. PIRES, Christiano Vieira et al. “Qualidade nutricional e escore químico de aminoácidos de diferentes fontes proteicas”. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 26, n. 1, p. 179-187, Mar. 2006. Próxima aula Funções, estruturas e fontes alimentares dos lipídeos; Processo de digestão, absorção e transporte no organismo; Etapas do processo metabólico dos lipídeos. Explore mais Leia o livro: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Low - Calorie Sweeteners <http://www.diabetes.org/food-and-�tness/food/what- can-i-eat/understanding-carbohydrates/arti�cial-sweeteners/> . Ciclo de Krebs em ação. <https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=715#.XOwFXFJKjIU> Software da UNICAMP. Cadeia transportadora de elétrons. <https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=524#.XOwFlVJKjIU> Software da UNICAMP. http://www.diabetes.org/food-and-fitness/food/what-can-i-eat/understanding-carbohydrates/artificial-sweeteners/ https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=715#.XOwFXFJKjIU https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=524#.XOwFlVJKjIU
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