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O Papel da Orientação Educacional na Aprendizagem

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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer a ação da Orientação Educacional como auxiliadora para compreensão e superação das
dificuldades de aprendizagem;
2. tomar conhecimento do processo de desenvolvimento da aprendizagem do aluno e das suas necessidades que
auxiliam a promoção da aprendizagem;
3. analisar os aspectos que interferem na aprendizagem, principalmente no que se refere ao fracasso escolar.
1 O que é aprendizagem e quais os seus processos
A função prioritária da escola é cuidar e garantir a aprendizagem, porém esta tarefa aparentemente simples (a
escola ensina e o aluno aprende) não acontece tão facilmente e depende de inúmeras variáveis.
Diante de um conceito tão complexo e abrangente é impossível uma única definição. Sempre aprendemos que
aprendizagem é mudança de comportamento, entretanto alguns questionamentos devem ser levantados:
• Quais os fatores que interferem na aprendizagem?
• Que tipo de aprendizagem a escola deve se preocupar?
• O que causa o fracasso escolar?
• Quais os saberes necessários para o aluno dos dias de hoje?
1.1 O que é aprendizagem?
A aprendizagem está inevitavelmente ligada à História do Homem, à sua construção enquanto ser social com
capacidade de adaptação a novas situações. Desde sempre se ensinou e aprendeu, de forma mais ou menos
elaborada e organizada.
Já antes do início deste século, existiam explicações para a aprendizagem, mas o seu estudo estava intimamente
ligado ao desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência. Contudo não se processou de forma uniforme e
concordante.
O estudo da aprendizagem centrou-se em aspectos diferentes, de acordo com as diversas correntes da Psicologia
e com as diferentes perspectivas que cada uma defendia.
Dessas teorias, as que adquiriram maior relevo foram:
As comportamentalistas (behavioristas)
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A aprendizagem é vista como a aquisição de comportamentos expressos através de relações mais ou menos
mecânicas entre um estímulo e uma resposta, sendo o sujeito relativamente passivo neste processo.
As cognitivistas
A aprendizagem é entendida como um processo dinâmico de codificação, processamento e recodificação da
informação. O estudo da aprendizagem centra-se nos processos cognitivos que permitem estas operações e nas
condições contextuais que as facilitam. O indivíduo é visto como um ser que interage com o meio e é graças a
essa interação que ele aprende.
As humanistas
A aprendizagem baseia-se essencialmente no caráter único e pessoal do sujeito que aprende em função das suas
experiências únicas e pessoais. O sujeito que aprende tem um papel ativo neste processo, mas a aprendizagem é
vista muitas vezes como algo espontâneo.
1.2 Alguns autores e a aprendizagem
Jean Piaget: “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não
simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores.
A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo
que a elas se propõe”.
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• O desenvolvimento intelectual partiu da ideia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico 
e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio.
• O desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico.
• A atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento "total" dos organismos.
• É uma teoria de etapas, que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças 
ordenadas e previsíveis.
Walon: “O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma
necessidade interna”.
• Foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. 
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• Foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. 
Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o 
movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
• Valorizou o aprendizado integral (intelectual, afetiva, social).
• As emoções têm um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno 
exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo 
importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
• A aprendizagem deve levar os alunos a entender sua situação de oprimidos e agir em favor da própria 
libertação.
• Deve desenvolver a criticidade dos alunos e propor a educação como forma para despertar a consciência 
dos oprimidos.
• Pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em 
seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la).
2 Quatro funções da educação
O processo de aprendizagem dá-se tanto de forma alienante como possibilidade libertadora. À educação,
podemos atribuir quatro funções que interagem e se inter-relacionam. São elas:
• Função mantenedora: a continuidade da conduta humana se realiza através da aprendizagem.
• Função socializadora: o indivíduo, à medida que se sujeita à educação, transforma-se em um ser social, 
identifica-se com o seu grupo, com as suas regras e seus códigos.
• Função repressora: permite a continuidade do homem histórico, garante também a sobrevivência do 
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• Função repressora: permite a continuidade do homem histórico, garante também a sobrevivência do 
sistema específico que rege a sociedade.
• Função transformadora: a educação revela formas peculiares de expressão revolucionária.
Paín (2007), no livro Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem, também divide a aprendizagem
em dimensões. São elas:
• Dimensão biológica do processo de aprendizagem;
• Dimensão cognitiva do processo de aprendizagem;
• Dimensão social do processo de aprendizagem.
Para finalizar, a aprendizagem sofre ainda a influência de condições internas e externas da aprendizagem, que
dialogam o tempo inteiro e, assim, não permitem a dicotomia da noção do esquema estímulo--resposta. Apenas
para melhor observação, as externas são definidas a partir do campo do estímulo e as internas que definem o
sujeito.
3 O que é dificuldade na aprendizagem?
Assim como é difícil definir aprendizagem, a definição do conceito de dificuldade na aprendizagem também é
complexa. Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas e que comumente eram
testadas a partir dos testes de QI.
Tínhamos, então, o aluno-problema e rotineiramente lhe era atribuído a razão do fracasso, pois se considera
apenas que existia algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, linguístico ou
emocional, que são observados na escola, através de dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, da
fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou das habilidades matemáticas.
Porém, há outros tipos de fatores que se relacionam a essa problemática: desde a desestruturação familiar, sem
poder desconsiderar as condições de aprendizagem que a escola oferece a esse aluno, até os outros fatores
intraescolares que favorecem a não aprendizagem.
Para Pain (2007), esta dificuldade pode partir de vários fatores:
Fatores orgânicos
Fatores específicos
Fatores psicógenos
Fatores ambientais
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Fique ligado
O fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber
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Existem problemas de aprendizagem que são produzidos nas relações e no marco da instituição escolar. São
alguns exemplos:
• Resistência às normas disciplinares
• Problemas de integração
• Desqualificação do professor
• Inibição
Diferente dos problemas de aprendizagem que supõem baixonível intelectual, não permitindo ao sujeito
aproveitar suas possibilidades.
Ambos os casos levam ao fracasso escolar, mas necessitam de intervenções diferenciadas que podem ser:
médica, psicológica, pedagógica, entre outras.
Cabe ao orientador preocupar-se principalmente em construir situações de ensino que possibilitem
aprendizagem, buscar os meios, as técnicas e as instruções adequadas para favorecer a aprendizagem.
4 Relação fracasso escolar e dificuldade na aprendizagem
O fracasso escolar está associado às dificuldades de aprendizagem escolar, as quais se manifestam
principalmente entre crianças do segmento popular. É um tema que desperta interesse desde o final do século
XVIII, quando médicos já se preocupavam em estudar o tema.
Assim, o fracasso escolar teria como causa a anormalidade orgânica.
Grinspun (2006) destaca algumas concepções relevantes quanto à explicação do fracasso escolar, as quais são
apresentadas como estudos sobre o tema ao longo dos anos.
Com a corrente psicopedagógica, o fracasso escolar era explicado a partir da medição da inteligência, destacando-
se os estudos de Binet e Claparède, sendo o primeiro o criador da escala métrica da inteligência infantil.
Com a influência das teorias psicanalíticas, o fracasso escolar estava relacionado ao problema de ajustamento ou
de aprendizagem escolar, na qual o aluno com anormalidade escolar era considerado “criança-problema”, sendo
tal anormalidade oriunda do ambiente sócio-familiar.
No Brasil, uma das autoras que se destaca quanto a essa temática é Maria Helena Patto, que analisa as raízes
históricas das concepções sobre o fracasso escolar.
O fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber
lidar com a diversidade dos seus alunos.
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4.1 Sua evolução histórica
Segundo Grinspun (2006), a evolução histórica da análise do fracasso escolar pode ser definida pelas seguintes
teorias:
• Teoria psicológica, na qual o fracasso escolar é devido às características individuais do aluno, sendo ele 
incapaz de adaptar-se à escola.
• Teoria da carência cultural, na qual o fracasso escolar é decorrente das influências de fatores 
extraescolares, levando o aluno a uma deficiência cultural.
• Teoria das diferenças culturais, na qual o fracasso escolar é explicado a partir da padronização da escola 
que não reconhece as diferenças culturais, promovendo a marginalização das camadas populares no 
ambiente escolar.
• Teoria crítico reprodutivista, na qual o fracasso escolar é motivado à desigualdade social exercida por 
condicionantes sociais.
• Fatores intraescolares, nos quais o fracasso escolar é explicado pela própria organização do sistema 
escolar e a promoção da seletividade.
• Teorias estruturais, na qual o fracasso escolar é visto como responsabilidade de todos os membros do 
processo educacional.
5 O papel do Orientador Educacional
O papel do Orientador Educacional, na dimensão contextualizada, diz respeito, basicamente, ao estudo da
realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu desenvolvimento.
A Orientação Educacional – como abordamos – não existe para padronizar os alunos nos paradigmas escolhidos
como ajustados, disciplinados ou responsáveis.
A prática não vem desvinculada da teoria. Precisamos da construção do conhecimento, do pensamento e da
linguagem do nosso aluno. Cabe ao Orientador junto aos demais profissionais da educação, e, dentro das suas
especificidades, favorecermos as relações entre o desenvolvimento e o aprendizado do aluno.
Para Grinspun (2006):
“A Orientação Educacional se fez presente na evolução histórica do fracasso escolar, tendo
atribuições específicas conforme a forma de compreender o próprio fracasso escolar, ou seja, a
concepção estabelecida. Hoje, cabe ao orientador refletir, discutir, viabilizar meios para a superação
do fracasso escolar. Isso significa fomentar meios para que a problemática seja debatida de forma
coletiva na escola.”
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O que vem na próxima aula
• O planejamento, currículo e avaliação.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu que o fracasso escolar necessita ser observado de diversos pontos de vista;
• aprendeu como a Orientação Educacional deve atuar diante da diversidade de fatores que provocam a 
dificuldade na aprendizagem;
• analisou os aspectos que interferem na aprendizagem, principalmente no que se refere ao fracasso 
escolar.
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	Olá!
	1 O que é aprendizagem e quais os seus processos
	1.1 O que é aprendizagem?
	1.2 Alguns autores e a aprendizagem
	2 Quatro funções da educação
	3 O que é dificuldade na aprendizagem?
	4 Relação fracasso escolar e dificuldade na aprendizagem
	4.1 Sua evolução histórica
	5 O papel do Orientador Educacional
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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