Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Malária Introdução Um dos principais problemas de saúde pública no mundo. 200 milhões de pessoas afetadas nas áreas subtropicais e tropicais do planeta. 600 mil mortes a cada ano, na grande maioria, crianças. Agente Etiológico Os parasitos causadores de malária pertencem ao filo Apicomplexa, família Plasmodidae e ao gênero Plasmodium. Centenas de espécies causadoras de malária em diferentes hospedeiros vertebrados. 4 espécies que parasitam exclusivamente o homem: 1) Plasmodium falciparum (+ letal). 2) Plasmodium viva (+ comum). 3) Plasmodium malariae. 4) Plasmodium ovale. Plasmodium Knowesi, tem sido associada a casos clínicos de malária no continente asiático. Etiologia Hospedeiro vertebrado – Humanos. A infecção malária inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados pelo inseto vetor em seus hospedeiros vertebrados. Os esporozoítos são móveis, apesar de não apresentarem cílios ou flagelos. Essa mobilidade está intimamente associada a proteínas de superfície do parasito. Hospedeiro Vertebrado – Humanos Durante um repasto sanguíneo infectante, poucos esporozoítos são inoculados na derme do hospedeiro e cerca de 1 hora após a infecção, aproximadamente 70% dos esporozoítos presentes na derme atingem os vasos sanguíneos e 30% alcançam os vasos linfáticos. A maioria dos esporozoítos drenados para os vasos linfáticos termina sua jornada em linfonodos proximais, onde são destruídos ou se desenvolvem parcialmente em formas exoeritrocíticas. Os esporozoítos de Plasmodium podem atravessar células hospedeiras se nelas se desenvolverem. Infecção: Anopheles (vetor) pica uma pessoa infectada, absorve o parasito, e na sua saliva terá a presença desse, onde passará esse parasito para o homem. Hospedeiro Invertebrado – Insetos O gametócito feminino transforma-se em macrogameta e o gametócito masculino dá origem a oito microgametas. Em 20-30 minutos, um microgameta fecundará um macrogameta, formando o ovo ou zigoto. Dentro de 24 horas após a fecundação, o zigoto passa a movimentar-se por contrações do corpo, sendo denominado oocineto. A- Esporozoíto – forma infectante, que é inoculada no ser humano, através da saliva do Anopheles. forma móvel, cai na corrente sanguínea e vai para o hepatócito. B- Merozoíto – ataca as hemácias 1- Eritrócito não infectado. 2, 3 e 4 – trofozoíto jovem. 5 e 6 – trofozoíto. 7, 8, 9 e 10 – esquizontes. 11 – microgameta (gameta masculino). 12 – macrogameta (gameta feminino). O 11 e 12 no inseto, se unem e formam zigoto, fazendo o ciclo sexuado, o qual ocorre dentro do mosquito. Ciclo biológico Ciclo assexuado: Esporozoíto (mosquito) → Esquizogônia tecidual → Esquizontes → Merozoítos → Hemácias → Esquizogônia eritrocitária → Trofozoítos → Esquizonte → Merozoítos. A parte do ciclo em que ele está no hepatócito – assintomática. Merozoíto cai na corrente sanguínea e ganha a hemácia, onde ele se reproduz dentro da hemácia, se transformando em uma esquizogônia eritrocitária, se transforma em trofozoítos, em esquizonte e merozoítos, rompe a hemácia e volta para a corrente sanguínea. Quando o protozoário sai da hemácia e cai na corrente sanguínea, o paciente começa a ter sintoma. Malária: febre e anemia. Ciclo sexuado: Alguns parasitos → Gametócitos → Gametas (mosquito) → Ovo ou Zigoto → Esporozoíto. Esporozoíto cai na saliva do Anopheles, o qual vai inocular no humano esse parasito. Patogenia Apenas o ciclo eritrocítico assexuado é responsável pelas manifestações clinicas e patologia da malária. A passagem do parasito pelo fígado (ciclo exoeritocítico) não é patogênica e não determina sintomas. A destruição dos eritrócitos e consequente liberação dos parasitos e de seus metabólicos na circulação provocam uma resposta dos hospedeiros, determinando alterações morfológicas e funcionai observadas no indivíduo com malária. Destruição dos eritrócitos parasitados O processo de destruição dos eritrócitos está presente em todos os tipos de malária, indiferente de qual plasmodium seja. Fatores causais da anemia: • Destruição dos eritrócitos não parasitados pelo sistema imune. • Aumento da eritrofagocitose esplênica. • Participação de autoanticorpos. • Disfunção da medula óssea estimulada por ação de citocinas (diseritropoiese). Observações No mosquito há um ciclo sexuado. (o mosquito é casado, o homem é solteiro) No homem a primeira multiplicação é tecidual e não eritrocitária, pois acontece no hepatócito. No ciclo tecidual não há fecundação, porque é assexuado. Os gametas não são formados na glândula salivar do mosquito, no mosquito que acontece a fecundação. Na malária pelo P. vivax existe uma forma de esquizonte. Quadro Clínico O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio: 1- 9 – 14 dias para o P. falciparum. 2- 12 – 17 dias para o P. vivax. 3- 18 – 40 dias para o P. malariae. 4- 16 – 18 dias para o P. ovale. Uma fase sintomática inicial, caracterizada por mal-estar, cefaleia, cansaço e mialgia, geralmente precede a clássica febre da malária. O ataque paroxístico agudo (acesso malárico), coincidente com a ruptura de hemácias ao final da esquizogenia, é geralmente acompanhado de calafrios e sudorese. Paroxístico – Entra em sintomatologia e sai da sintomatologia o tempo inteiro. Fase sintomática inicial: 1- Mal-estar. 2- Cefaleia. 3- Cansaço. 4- Mialgia. 5- Febre de malária. P. vivax e P. Falciparum: febre terçã. P. malariae: febre quartã. O ataque paroxístico agudo (acesso malárico): 1- Coincidente com a ruptura das hemácias ao final da esquizogenia. 2- Geralmente acompanhado de calafrio e sudorese. Dura de 15 minutos há 1 hora, sendo seguida por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41°C ou mais. Após um período de 2 a 6 horas, ocorre defervercência e o paciente apresenta sudorese profunda e fraqueza intensa. Depois de algumas horas os sintomas desaparecem. Malária não complicada Os acessos maláricos são acompanhados de intensa debilidade física, náuseas e vômitos. Exame físico: paciente pálido e com baço palpável. • Em áreas de transmissão intensa, como na África, a malária é considerada a principal causa de febre em crianças. • No Brasil, onde a malária acomete principalmente adultos, a febre nem sempre é referida pela totalidade dos pacientes, principalmente se já sofreram várias infecções no passado. Paciente com febre quartã (calafrio, sudorese, febre, passou 72 horas ele voltou a ter febre, calafrio e mal-estar novamente). Malária grave e complicada Adultos não imunes, bem como crianças e gestantes, podem apresentar manifestações mais graves da infecção. Coma, insuficiência renal aguda, edema pulmonar agudo, insuficiência hepática e hemorragias em pacientes infectados apenas com o P. vivax. Indicadores de pior prognóstico: hipoglicemia, o aparecimento de convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia (febra alta), icterícia e distúrbio da consciência. Formas clínicas da malária complicada: 1- Malária cerebral: 2% dos indivíduos não imunes, parasitados pelo P. falciparum. 2- Forte cefaleia, hipertermia, vômitos e sonolência. 3- Convulsões em crianças. 4- Coma, pupilas contraídas e alteração dos reflexos profundos. 5- Insuficiência renal aguda: a complicação grave mais frequente no Brasil. 6- Edema pulmonar agudo: comum em gestantes. 7- Hipoglicemia: mais frequente em crianças. 8- Icterícia: hemólise excessiva. 9- Hemoglobinúria: hemoglobina na urina, porque a hemácia está sendo lisada. Hemácia cheia de imunocomplexo – paciente faz necrose, porque a hemácia perde a sensibilidade dela, sendo difícil passar pelo capilar. Epidemiologia Ocorre nas áreas tropicais e subtropicais do mundo. Transmissãonão ocorre em temperaturas inferiores a 16°C ou acima de 33°C e nem em altitudes superiores a 2.000m 97% dos casos no Brasil se concentram em 6 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Se não tem vetor, não tem a doença. A não ser que seja por transfusão sanguínea. Hipinozoíto – forma que fica latente dentro do corpo do ser humano. Esse hipinozoíto pode reativar o ciclo e começar a doença no ser humano. Situação atual da malária e perspectiva para o seu controle 200 milhões de casos de malária a cada ano. 90% dos casos: África tropical. 400.000 mortes, principalmente entre crianças menores de 5 anos de idade (80%). Na América latina, o maior número de casos é verificado na Amazônia brasileira – 150 a 200 mil casos/ano. Em 2014, 143.552 casos da doença foram registrados no Brasil, sendo 99,9% deles na Amazônia legal. Diagnóstico da Malária O diagnóstico: demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados no sangue periférico do paciente. Teste da Gota Espessa: método de escolha no Brasil – maior sensibilidade e especificidade. Esfregaço: mais utilizado para identificação de espécies de Plasmodium – menor sensibilidade. Testes imunocromatográficos. • Exame sensível e especifico para o diagnóstico, é pesquisa do Plasmodium em exame da gota espessa. Tratamento O tratamento é importante para o controle da doença, pois além de reduzir o sofrimento e evitar a morte dos pacientes, contribui significativamente para a redução da transmissão do parasito a outras pessoas. Além da cloroquina, o P. falciparum apresenta resistência a diversos outros antimaláricos. Tratamentos das malárias causadas por P. vivax, P. ovale e P. malariae Cloroquina Embora nível considerável de resistência do P. vivax à cloroquina já seja observado no sudeste asiático, ainda é infrequente nas demais áreas endêmicas do mundo. Para a cura radical da malária causada por P. vivax ou P. ovale é necessária a associação de um esquizonticida tecidual, a primaquina, para atuar sobre os seus hipnozoítos. Tratamento de malária causada pelo P. falciparum A OMS tem recomendado a combinação de diferentes antimaláricos como estratégia para tratar a malária causada pelo P. falciparum. Tratamento de malária na gravidez A placenta favorece o desenvolvimento do parasito na gestante. • Gravidez é causa conhecida de depressão da resposta imune. Mulheres gravidas no segundo e terceiro trimestre são mais suscetíveis aos quadros graves e complicados da malária causada pelo P. falciparum: 1) Aborto espontâneo; 2) Prematuridade; 3) Baixo peso ao nascer; 4) Morte materna. Tratamento em situações gerais P. vivax ou P. ovale: D1 ao D3 – cloroquina + primaquina D4 ao D7 – primaquina. P. falciparum: D1 ao D3 – artemeter + lumefantrina. P. falciparum grave ou complicada: artesunato endovenoso + clindamicina ou artemeter intramuscular + clindamicina. Medidas de Proteção Individual Medidas de proteção contra picadas de mosquitos: • Informação sobre o horário de maior atividade de mosquitos vetores de malária, do pôr-do-sol ao amanhecer. • Roupas claras e com manga longa. Medidas de barreira: • Telas nas portas e janelas, ar condicionado, mosquiteiro • Repelente. Profilaxia primária: evito com que o paciente tenha a doença. Profilaxia secundária: tratamento de quem tem malária. Profilaxia terciária: paciente teve malária, ficou grave e teve sequelas neurológicas, vai fazer fisioterapia – mandar o fisioterapeuta – profilaxia terciária. Quimioprofilaxia Hidroxicloroquina e reoquinol. Recomendação: viajantes e grupos especiais que viajam para áreas de intensa transmissão. Ex: militares, missionários, diplomatas cuja duração não ultrapasse o período de 2 meses. Medidas coletivas Inseticidas em domicílio. Uso de larvicidas. Medidas de saneamento básico. Medidas para melhorar as condições de vida. Vacinação contra a malária Não tem vacina. Algumas vacinas já foram testadas em voluntários humanos, com resultados diversos.
Compartilhar