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ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUTOS E SERVIÇOS
Resenha Crítica de Caso 
Marcella de Mello Araújo Bueno
Trabalho da disciplina Governança Corporativa e Excelência Empresarial
 	 Tutor: Prof. Ricardo Barbosa da Silveira
Brasília/DF 
2020
ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU
Referência: 
MISAWA, Mitsuru. Escândalo da Contabilidade Toshiba: Como a Governança Corporativa Falhou. The University of Hong Kong, Asia Case Research Centre. [Nesta década]
Disponível em: http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/Acervo/Basico/PG0008/Biblioteca_45465/Biblioteca_45465.pdf. Acesso em: 14/10/2020.
	A Resenha Crítica que se apresenta tem como base a descrição do Escândalo da Contabilidade da Toshiba assim como a falha da Governança Corporativa da organização, demonstrados no ano de 2015.
	O caso pôde ser acompanhado após uma auditoria interna realizada na empresa, aonde inúmeras irregularidades escaparam para a mídia mundial; se tornando o maior caso de fraude a acometer uma organização japonesa até aquele momento. O então executivo-chefe e presidente, juntamente com seu vice-presidente e mais oito membros do conselho foram demitidos e o novo CEO, Masashi Muromachi, prometeu que retornaria aos princípios em que a organização havia sido originalmente formada e que a diretoria trataria a vida humana, segurança e conformidade como as maiores prioridades na próxima reestruturação[footnoteRef:2]. [2: Fonte: trecho do documento “Escândalo da Contabilidade Toshiba: Como a Governança Corporativa Falhou”, de MISAWA, Mitsuru, página 3.] 
	A Companhia Toshiba produz desde equipamentos pequenos como aspiradores de pó e televisores até outros mais complexos como aqueles para geração de energia nuclear. No final do ano de 2006, era tida como a maior fabricante japonesa de equipamentos para usinas nucleares até então. Adquiriu neste ano a empresa Westinghouse, composta por: Electric Co., BNFL USA Group Inc. e UK Limited; por mais de US $ 5 bilhões. Essa parceria possibilitou que a Toshiba conseguisse se posicionar como a principal organização de energia nuclear do mundo. Era um período tentador para tal, dado um novo interesse mundial em tecnologias sustentáveis e energia nuclear; seguindo os investimentos da China na área e a emergente necessidade de capacidade adicional na Europa e nos Estados Unidos. 
	No momento da fusão, Toshiba e Westinghouse, impulsionaram suas capacidades de fabricação, vendas e marketing, engenharia e pesquisa e desenvolvimento (PeD); permitindo desenvolver uma importante vantagem estratégica no setor nuclear e sinergias tecnológicas[footnoteRef:3] e, assim, desbravar novos negócios. Foi estipulada uma previsão de vendas em até 700 bilhões de ienes em 2015 e 900 bilhões de ienes em 2020. No entanto em 2011, após um acidente desastroso em Fukushima, a unidade nuclear da Toshiba foi gravemente abalada e as ações da Westinghouse forçadas a registrar depreciação. Para amenizar perdas, a administração decidiu estabelecer medidores inteligentes e cabines de pedágio eletrônicas em muitas divisões da empresa como alvos agressivos; os quais ocasionaram executivos a inflacionar quantias com o intuito de atingir as metas. Nos exercícios fiscais de 2011 e 2012 estes objetivos foram, em especial, favoráveis a criação da “cultura de engano”. A falha contábil se deu não apenas pela falta de uma boa governança corporativa, mas também pelo conjunto de atividades de um gerenciamento insubordinado. [3: trecho do documento “Escândalo da Contabilidade Toshiba: Como a Governança Corporativa Falhou”, de MISAWA, Mitsuru, página 6.] 
	 A Toshiba possuía um modelo de sistema de gerenciamento preparado desde a década de 1990, estilo norte-americano com uma estrutura de governança de comitê, o qual era ambição de muitas outras empresas de mesmo patamar. Este seguia os requisitos do Código de Governança Corporativa do Japão em que, caso a organização estivesse listada nas primeira e segunda seções da Bolsa de Valores de Tóquio, deveria ter pelo menos dois diretores independentes em seu conselho. O comitê da Companhia Toshiba era formado por 16 membros, sendo quatro pessoas de fora e independentes, mas desses, dois eram ex-diplomatas que mostraram não ter experiência com contabilidade, gestão ou direito. 
	As más práticas contábeis da Toshiba foram publicadas ao final do ano fiscal de 2015 (em março), após uma apuração interna encontrar amortizações e superfaturamento nos lucros na divisão de infraestrutura. Com uma maior investigação, foi identificada a mesma falha em várias outras divisões assim como a não declaração da desvalorização de seus títulos. Como boas práticas de contabilidade, a Toshiba era legalmente obrigada a reportar a queda de rentabilidade do momento da aquisição da Westinghouse em US $1,3 bilhões, tanto aos seus investidores quanto ao público; mas não o fez justificando: "Testes de prejuízo são realizados para os resultados comerciais globais da Westinghouse e para a divisão da Toshiba responsável pela Westinghouse. Como a divisão era rentável, não foi necessária a debilitação do patrimônio de marca.”[footnoteRef:4] [4: trecho do documento “Escândalo da Contabilidade Toshiba: Como a Governança Corporativa Falhou”, de MISAWA, Mitsuru, página 6: Muromachi realizou uma conferência de imprensa em 17 de novembro de 2015 apenas após a Bolsa de Valores de Tóquio o pressionar. Para os detalhes, veja: Nikkei (17 de novembro de 2015) "O presidente da Toshiba promete maior transparência na vigília do escândalo em série" http://asia.nikkei.com/Business/Companies/Toshiba-president-vows-greater-transparency-in-wake-of-serial-scandal (acessado em 1º de agosto de 2016). ] 
	Em abril de 2015 foi anunciado que um comitê independente deveria ser definido para realizar uma auditoria, mas os investidores já haviam perdido confiança na organização e as ações da empresa caíram 26% na bolsa de valores, iniciando-se uma série de processos judiciais afim de demandar os danos por perdas incorridas dos acionistas. Mesmo não existindo uma lei específica no Japão, a Toshiba correu o risco de “Clawback" (ou recuperação) por ser uma empresa japonesa listada nos Estados Unidos. Poderia, então, ter que apontar seus executivos responsáveis por suas práticas de relatórios, fazendo-os reaver os valores pagos em prêmios, bônus anuais e outras compensações com base nos lucros superfaturados.
	Muromachi, o novo presidente e CEO, é nomeado em julho de 2015 e, em setembro, garante desenvolver uma nova estratégia de negócios desde uma modificada cultura corporativa, instituindo também um Comitê de Revitalização de Gestão com novos diretores externos, desta vez especialistas. Essas novas práticas, deveriam prevenir que novas falhas ocorressem no futuro.

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