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Projeto Cientifico

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UNIVERSIDADE PAULISTA
THIAGO HENRIQUE DE OLIVEIRA
BENEFICIOS DA TERAPIA COM ANIMAIS EM CRIANÇAS COM AUTISMO
AUTISMO
SÃO PAULO
2014
THIAGO HENRIQUE DE OLIVEIRA
BENEFICIOS DA TERAPIA COM ANIMAIS EM CRIANÇAS COM AUTISMO
AUTISMO
Trabalho de conclusão de curso 
para obtenção do título de 
graduação em Enfermagem 
apresentado à Universidade 
Paulista – UNIP.
Orientador: Profª. Dr. Marta Luppi 
SÃO PAULO
2013
THIAGO HENRIQUE DE OLIVEIRA
BENEFICIOS DA TERAPIA COM ANIMAIS EM CRIANÇAS COM AUTISMO
AUTISMO
Trabalho de Conclusão de Curso 
para obtenção do título de 
Graduação em Enfermagem 
apresentado à Universidade 
Paulista – UNIP.
Aprovado em: 
 
 
 BANCA EXAMINADORA 
_______________________/__/___ 
Prof. 
Universidade Paulista – UNIP 
_______________________/__/___ 
Prof. 
Universidade Paulista – UNIP 
_______________________/__/___ 
Prof. 
Universidade Paulista UNIP
RESUMO
Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:
Inabilidade para interagir socialmente; Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos; Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger na qual não há comprometimento da fala e da inteligência, até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.
Os estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.
ABSTRACT
Autism is a pervasive developmental disorder characterized by three key features: 
Inability to interact socially; Difficulty in mastering the language to communicate or deal with symbolic games; Pattern of restrictive and repetitive behavior. 
The degree of impairment is of variable intensity: ranges from milder cases such as Asperger's syndrome (in which there is impairment of speech and intelligence), to severe forms in which the patient is unable to maintain any kind of interpersonal contact and carries aggressive behavior and mental retardation. 
Initial studies considered the disorder result of troubled family dynamics and psychological conditions changed, something which proved unfounded. The current trend is to admit the existence of multiple causes for autism, including genetic and biological factors.
1. INTRODUÇÃO
Dificuldades para aprender a falar, problemas de interação social e movimentos repetitivos sem nenhum motivo aparente são os sintomas mais conhecidos do autismo. Mas essa condição não é uma doença por si só, pode ter várias origens diferentes, e pode ser apenas o indício de uma síndrome mais complexa. (1)
Além disso, há vários graus diferentes do problema, e por isso os especialistas preferem o termo “doenças do espectro autista”. Inclui desde a forma clássica, a criança isolada que não comunica e não fala, mas tem as formas mais leves. A síndrome de Asperger é uma dessas formas mais leves, uma das doenças menos graves do espectro. As crianças aprendem a falar na idade normal, mas têm problemas para se integrar à sociedade. Porém, mesmo dentro do grupo dos que têm essa mesma doença, há diferentes níveis de isolamento. (2, 3 e 5)
Existem alguns que conseguem romper essa dificuldade e se adaptam, e tem outros em que não têm o que se fazer não se adaptam nunca.
A síndrome de Rett provoca, além do autismo, dificuldades motoras que podem até levar à necessidade da cadeira de rodas. (3)
Já a síndrome do X frágil pode provocar autismo, mas tem como característica mais grave o retardo mental. Além disso, traz alterações no tamanho dos testículos, das orelhas e mudança no formato do rosto, que fica mais alongado. As crianças têm um monte de outras coisas além de autismo, o autismo é como se fosse um sintoma de um quadro mais complexo.
Há também muitos casos de autismo que não vêm acompanhados dessas outras doenças. Nesses casos, o autismo é o problema em si a ser tratado. É como se não tivesse sinal clínico suficiente para você dizer que é uma síndrome. Esses pacientes entram no bolo das doenças do espectro autista. (4)
Às vezes o problema é de comportamento que a criança tem, e não tem nada alterado: rosto normal, tamanho normal, tudo normal, é uma criança normal, exceto no comportamento.
Estudos genéticos já levaram os cientistas a encontrar pelo menos cem mutações genéticas diferentes que podem provocar o comportamento autista. Além disso, pode haver casos em que duas ou mais mutações se somam. Por tudo isso, é difícil identificar e combater o problema. (5)
As perturbações do autismo envolvem limitações nas relações sociais, na comunicação verbal e não verbal e na variedade dos interesses e comportamentos, é considerado uma perturbação do neurodesenvolvimento em que existe uma disfunção cerebral orgânica subjacente. Durante muito tempo o autismo não foi compreendido, o que levou a diagnósticos equivocados, intervenções duvidosas e a pais frustrados. (6) A constituição psíquica do bebê é estruturada por três tempos pulsionais: o primeiro tempo é ativo (o bebê vai em direção a um objeto externo); o segundo é reflexivo (o bebê toma seu corpo como objeto); e o terceiro, por fim, é eminentemente ativo (o bebê se faz objeto de outro). Acredita-se que, no autismo, há uma falha nesse terceiro tempo do circuito pulsional. (7)
Apesar de muitas controvérsias a respeito da etiologia do autismo, que vão da organogênese à psicogênese, na Psicanálise veem-se os aspectos psicomotor, cognitivo e de aquisição da língua, além de um efeito puramente maturacional. A partir desses, acredita-se na articulação deste real orgânico à tela simbólica parental, o que dá lugar às antecipações imaginárias e funcionais que os pais colocam em cena para um bebê, é possível diagnosticar efetivamente o autismo apenas a partir dos três anos de idade antes disso, pode-se perceber se há riscos de autismo. (8) Entretanto, uma vez apontado esse risco, deve-se propor uma intervenção para que se possam atingir bons resultados, importante que o psicólogo trabalhe com o pediatra, já que este se dedica aos cuidados do bebê e pode auxiliar na detecção de risco precoce, possibilitando uma nova oportunidade para a criança e seus pais. (9)
Análise do Comportamento Aplicada, técnica utilizada nos tratamentos do autismo para diminuir os comportamentos problemáticos relacionados ao autismo. O alvo é a ampliação e aquisição de comportamentos inexistentes no repertório; diminuição de comportamentos em excesso e que são inadaptativos, visando à construção de um repertório comportamental que se sustente em diferentes ambientes, com diferentes pessoas, gerando inclusão social, escolar e profissional para o autista. (10)
A Terapia Assistida com Animais consiste em intervenções terapêuticas ou programas de apoio, em que há a inserção de animais, com vistas à promoção do desenvolvimento físico e psicológico de crianças, jovens ou adultos.
A principal virtude de um cão terapeuta deve ser o amor às pessoas. Ele deve gostar e querer estar com pessoas e seus donos ou condutores devem sempre estimular este comportamento. Este aperfeiçoamento das interações entre cães e humanos é o objetivo das sessões de socialização. A multiplicação de experiências variadas em ambientes diversos (shopping, parques, ruas movimentadas, salas fechadas, carro, elevador...) torna os cães bem socializados mais confiantes e relaxados, capazes de reagir sem medo nem agressividade às mais diversas situações, pessoas, objetos, sons. (11)
Atualmente existente sobre autismo também enfatiza os prejuízos no desenvolvimento de suas habilidades interativas, onde o enfoque nas potencialidades dessas crianças é inexpressivo, faz-senecessária a consideração da importância do ambiente no desenvolvimento dessas crianças. O ser humano é um ser social em essência e o seu desenvolvimento atrela-se à qualidade das interações sociais que ele experimenta. As interações iniciais com pessoas significativas, em geral os pais e familiares, são o cerne do desenvolvimento social da criança. No entanto, a importância das interações para o desenvolvimento social da criança não se limita ao contexto familiar. A interação com pares é de extrema importância para o desenvolvimento infantil saudável, onde se desenvolvem formas específicas de cooperação, competição e intimidade. Deparar-se com as limitações do filho, em qualquer família, é sempre um encontro com o desconhecido. Enfrentar essa nova e inesperada realidade causa sofrimento, confusão, frustrações e medo. Por isso, exercer tanto a maternidade como a paternidade torna-se uma experiência complexa, e, mesmo existindo o apoio de inúmeros profissionais e outros familiares, é sobre os pais que recaem as maiores responsabilidades. Os pais anseiam pela criança perfeita e saudável porque encontra no filho a possibilidade de concretizar seus sonhos e ideais; e quando o filho possui alguma limitação significativa, suas expectativas se fragilizam, já que a criança perfeita que lhes proporcionaria alegrias não nasceu. É possível considerar então que as características inerentes aos comportamentos autistas, somadas à gravidade desse transtorno, podem constituir estressores em potencial para os familiares. (12) 
A identificação precoce de bebês com risco de desenvolver um quadro autístico é importante por permitir uma intervenção também precoce, minimizar o sofrimento da família e tornar os profissionais de saúde e educação mais vigilantes para os possíveis sinais de risco de autismo. Os diferentes comportamentos de atenção compartilhada o engajamento conjunto, o seguir o olhar e o apontar, o apontar imperativo e o declarativo têm sido vistos como um marco fundamental do desenvolvimento da criança por serem precursores do desenvolvimento da fala. Eles surgem entre os 9 e 15 meses de idade, quando mãe e bebê, em interações triádicas (mãe-bebê-objeto), começam a compartilhar o interesse por objetos. Antes disso, sua interação é apenas diádica (mãe-bebê), ou seja, mãe e bebê apresentam interações face a face conversações, mas sem referência a objetos.
Vários estudos têm argumentado haver uma relação entre os comportamentos de atenção compartilhada e o desenvolvimento simbólico: CHAT, M-CHAT, STAT e CSBS DP/SORF.
O CHAT (Checklist for Autism in Toddlers) é um instrumento de rastreamento a ser aplicada a toda a população, na consulta pediátrica de rotina aos 18 meses de idade. Ele inclui um questionário de 9 perguntas para os pais e 5 itens de observação para o profissional de saúde. Tanto no questionário quanto na observação, são avaliados: o jogo de faz-de-conta, o apontar protodeclarativo e o desenvolvimento intelectual. Apenas no questionário, são avaliados: o interesse social por outras crianças, o desenvolvimento motor, a brincadeira social de esconde-esconde, a atenção compartilhada através do mostrar e o apontar protoimperativo, e, apenas na observação, são avaliados: a interação social através do contato ocular e o seguir o apontar. O M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers) que significa (Lista Modificado para o autismo em crianças) que também é um instrumento de rastreamento, inclui apenas o questionário do CHAT mais 13 itens que abrangem funções indicadas como responsáveis pelo autismo em outros estudos, e deve ser aplicado aos 24 meses de idade com o intuito de identificar também crianças com possível regressão entre os 18 e 24 meses.
O STAT (Screening Tool for Autism in Twoyear- olds) que significa (Triagem Ferramenta para o autismo em dois anos de idade) é uma medida interativa breve desenvolvida para ser usada por profissionais da saúde a fim de identificar crianças com necessidade de um teste de diagnóstico mais extenso e especializado. Serve como um segundo estágio do rastreamento, isto é, para diferenciar autistas de crianças com outros transtornos do desenvolvimento. O instrumento inclui 12 itens: 4 de imitação motora, 2 de jogo convencional e 4 de comunicação, como dirigir a atenção. Os autores afirmam que o STAT é provavelmente mais útil como instrumento de rastreamento de crianças menores, porque os itens avaliados têm mais probabilidade de estarem presentes em idades mais jovens.
O CSBS DP (Communication and Symbolic Behavior Scales – Developmental Profile) que significa (Comunicação e comportamento simbólico Balanças - Perfil Desenvolvimento) foi concebido como uma avaliação para o atraso da comunicação, mas ele pode ser útil para a identificação precoce de crianças com autismo muito pequenas, porque avalia habilidades pré-lingüísticas identificadas como déficits em pré-escolares com autismo. É uma ferramenta importante para o rastreamento e a avaliação de habilidades simbólicas e de comunicação de crianças entre 12 e 24 meses de idade, que inclui 3 medidas: 1) uma lista de checagem a ser completada pelos pais (Infant-toddler Checklist), 2) um questionário para o cuidador, 3) uma avaliação da interação da criança com a mãe e o clínico, filmada que inclui 7 habilidades pré-lingüísticas: emoção, olhar, comunicação, gestos, sons e palavras, compreensão e uso de objeto. Há boas evidências para sua confiabilidade e validade. (13)
Palavras chaves: Transtorno autístico/terapia; Manejo clínico, Família/complicações; Identificação (Psicologia); Intervenção precoce (educação). 
2. JUSTIFICATIVA
A construção deste trabalho foi um imenso desafio, pois trabalhar com a temática “Autismo: Terapias com animais ao adolescente” foi algo inusitado.
Desde o início, acreditei que trabalhar com o assunto seria extremamente difícil, porém, sabia que a temática me proporcionaria experiências nunca antes vivenciada e o quanto seria engrandecedor para minha futura carreira profissional. Por isso, resolvi abraçar a ideia e trabalhar na construção e no desenvolvimento do projeto. 
3. OBJETIVOS 
 
 
3.1. Objetivo geral 
 
 
Contribuir com o cuidado a criança com diagnóstico de autismo e seu familiar/acompanhante em regime de terapias com animais, e com a construção de uma metodologia de consulta de enfermagem. 
 
 
3.2. Objetivos específicos 
 
 
1. Construir caminhos para uma adaptação saudável da criança e do familiar/acompanhante frente ao processo do autismo; 
 
2. Identificar e refletir sobre a metodologia de cuidado de enfermagem da terapia com animais 
3. Elaborar, aplicar e avaliar um instrumento de consulta de enfermagem à criança com diagnóstico de autismo e familiar/acompanhante; 
 
4. Ampliar conhecimentos teórico-práticos na área de Enfermagem Autismo. 
4. METODOLOGIA
4.1 Pesquisas Teóricas analise de autismo em crianças e seu desenvolvimento em terapias com animais.
4.2 Levantamentos de temas de interesse dos familiares ou acompanhantes.
4.3 Ampliações da revisão de literatura. 
4.4 Considerações Éticas, a ética é de grande importância no processo educativo, trazendo vários fatores, como: humanização, respeito, responsabilidade, competências, normas e códigos.
4.5 Este estudo teve como abordagem crianças com autismo que tinham entre 4 e 7 anos
5. RESULTADOS ESPERADOS
· Atingir um nível ótimo de adaptação 
· Minimizar o estresse gerado pelos familiares ou acompanhantes
· Aumento da socialização 
· Encorajar á criança a verbalizar seus sentimentos 
· Descontrair á criança favorecendo uma ótima comunicação 
· Manter adequadamente a terapia com animais, a fim de evitar estresse. 
· Melhorar a condição social 
CRONOGRAMA
	 
	 
	 
	
	ABRIL
	 
	 
	MAIO
	 
	Atividades
	1-6
	7-13
	14-20
	21-27
	28-4
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	12-14
	15-19
	Projeto de Pesquisa
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Levantamento de Literatura
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	Montagem do Projetox
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	Elaboração do Projeto Técnicas
	 
	 
	 
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	Construção das Técnicas
	 
	 
	 
	 
	 
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	Análise Interpretativa
	 
	 
	 
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	Descrição: Análise
	 
	 
	 
	 
	 
	 
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	Entrega do Projeto
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
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REVISÃO DE LITERATURA 
 
A revisão de literatura neste trabalho consiste em uma breve abordagem dos assuntos mais significativos que estão relacionados à criança com diagnóstico de autismo, frente ao processo de adaptação ao adoecimento e tratamento. Os assuntos serviram, também, de subsídios à prática assistencial, auxiliando no alcance dos objetivos. 
Portanto, a presente revisão, pretende trazer algumas considerações sobre: o autismo na criança de 4 a 7 anos – aspectos etiológicos e epidemiológicos; a Enfermagem frente ao processo e cuidado em Autismo; a criança com diagnóstico de autismo; familiares acompanhantes frente ao processo da terapia com animais. 
QUANDO SE COMEÇOU A FALAR DE AUTISMO?
Com Jean Itard, que em 1801 levou a cabo uma descrição da criança selvagem, passando Eugen Bleuler, que em 1901 o relacionou com a esquizofrenia, até Leo Kanner, que realizou em 1943 o detalhamento minucioso dos itens característicos, e Hans Asperger, que se centrou em outro tipo de autismo, às vezes chamado de autismo inteligente; os traços característicos das crianças com autismo são em sua grande maioria os mesmos.
AUTISMO
Autismo é uma síndrome comportamental com etiologias diferentes, na qual o processo de desenvolvimento infantil encontra-se profundamente distorcido (Gilbert, 1990; Rutter, 1996). 
O diagnóstico e subclassificações do autismo estiveram sob o amplo rótulo de ‘esquizofrenia infantil’ por muitas décadas. Considerando que uma séria anormalidade no processo de desenvolvimento  está presente desde cedo na vida da criança (evidência dessa desordem deve ser aparente nos primeiros 36 meses de vida de acordo com o DSM-IV/APA (1994)), o termo ‘transtornos invasivos do desenvolvimento’ tem sido adotado, desde a década de 80.
O estudo na área do autismo infantil, desde as primeiras considerações feitas por (Kanner 1943) até as mais recentes reformulações em termos de classificação e compreensão dessa síndrome (Rutter, 1996), tem sido permeado por controvérsias quanto a sua etiologia. Historicamente, reivindicações a respeito da natureza do déficit considerado “primário” (inato versus ambiental) têm constituído os principais postulados das teorias psicológicas sobre o autismo. Algumas destas teorias serão apresentadas a seguir, iniciando-se com uma breve revisão sobre as abordagens psicanalíticas aplicadas ao estudo do autismo, seguidas pelas teorias afetivas, sócio cognitivas, neuropsicológicas e de processamento da informação.
 Um dos aspectos fundamentais da teoria da mente é a compreensão do papel da crença na determinação de uma ação, ou seja, aquilo que a pessoa acredita pode ser mais relevante no desencadeamento de um dado comportamento do que quaisquer circunstâncias reais. Dessa forma, a consideração de falsas crenças seria tão importante na determinação de um comportamento quanto as reais.
AUTISMO E VACINAS
Muitos pais têm medo de que alguma vacina não seja segura e que possa prejudicar seu bebê ou criança com autismo. Eles podem pedir ao médico ou enfermeira que esperem ou até mesmo recusar a aplicação da vacina. No entanto, é importante pensar também nos riscos de não vacinar a criança.
Algumas pessoas acreditam que uma pequena quantidade de mercúrio (chamada de timerosal), que é um conservante comum em vacinas multidose, causa autismo ou TDAH. No entanto, as pesquisas não indicam que esse risco seja verdadeiro.
A American Academy of Pediatrics e The Institute of Medicine (IOM) dos EUA concordam que nenhuma vacina ou componente dela é responsável pelo número de crianças que atualmente são diagnosticadas com autismo. Eles concluíram que os benefícios das vacinas são maiores do que os riscos.
TEORIAS PSICANALÍTICAS
Melanie Klein foi à pioneira no reconhecimento e tratamento da psicose em crianças. Apesar dessa autora não distinguir os quadros autistas da esquizofrenia infantil, reconheceu a presença, nas crianças com autismo, de características qualitativamente diferentes de outras crianças consideradas psicóticas (Klein, 1965). Para a autora, o autismo era explicado em termos de inibição do desenvolvimento, cuja angústia decorria do intenso conflito entre instinto de vida e de morte, tal inibição seria de origem constitucional a qual, em combinação com as defesas primitivas e excessivas do ego, resultaria no quadro autista. O bloqueio da relação com a realidade e do desenvolvimento da fantasia, que acarretaria com um déficit na capacidade de simbolizar, seria então, central à síndrome.
Concebe-se a criança autista como vivendo em um estado mental caracterizado por insuficiente diferenciação entre estímulos vindos de dentro ou de fora do corpo e incapacidade para construir representações emocionais. Dessa forma, todo estímulo social e não social seria experiência como sendo fragmentado, impedindo a possibilidade de formação de uma experiência contínua, seja quando só ou na presença de outros. 
QUAIS SÃO SEUS SINTOMAS?
Os principais sintomas são: Isolamento do mundo exterior e recusa do contato com os outros, tanto no nível da voz quanto no do olhar.
Alterações da linguagem que podem ir desde uma ausência total da fala até uma verbiagem ininteligível. Em algumas ocasiões, repetição de fragmentos de frases retiradas de filmes ou que foram escutadas de alguém, estabelecendo verdadeiros solilóquios. É uma fala que não se dirige a ninguém, que não é usada nem para comunicar nem para estabelecer um diálogo mínimo. Ausência de interação com os outros, ausência de jogo simbólico, estereotipias, temor das mudanças e insistência em manter uma imobilidade naquilo que o rodeia.
QUAIS SÃO SUAS CAUSAS?
Na atualidade, as áreas de investigação científica sobre as causas do autismo são fisiológicas. Existem várias hipóteses sobre essas investigações em curso. As principais são: Afecção em áreas do cérebro, disfunções genéticas, consequências dos metais pesados no interior do organismo, intolerâncias alimentares assintomáticas.
Entretanto, não há, até o momento, nenhuma causam determinante nem conclusiva que se derive do conjunto dessas investigações científicas, ainda que muitos recursos se destinem a buscar uma causa genética ou fisiológica. Ou seja, nenhuma investigação científica pode, até agora, estabelecer a etiologia do autismo.
COMO VIVEM as crianças COM AUTISMO? COMO SE ORGANIZA A REALIDADE QUE OS RODEIA? COMO CONVIVEM COM OS OUTROS?
Conseguir responder a estas preguntas nos aproximará mais da compreensão das pessoas afetadas por autismo e poder, dessa forma, oferecer a elas a possibilidade de conectar nossos dois mundos: O delas e o nosso.
Sabemos que o que caracteriza o ser humano é a dimensão de uma linguagem simbólica feita de símbolos e não de signos, a partir da qual ele pode estabelecer coordenadas simbólicas que conferem um sentido ao mundo que o rodeia e lhe permitem situar-se nele. Estas coordenadas simbólicas atuam sob a forma de união entre as imagens, às coisas e as palavras.
Dessa maneira nós, seres humanos, organizamos o mundo exterior, quer dizer, situamos um espaço e um tempo, um interior e um exterior, um antes e um depois. É dessa maneira também que construímos uma ideia de nosso corpo, localizamos seus limites e o diferenciamos daquele dos outros. São também essas coordenadas simbólicas que nos permitem situar a dor, o prazer, o mal estar e a angustia; diferenciar o eu do tu, nossos pensamentos e os dos outros, o que pensamos e o que ouvimos.
Dessa forma, construímos a realidade que, para o ser humano, nunca está dada de entrada, como o próprio autismo nos ensina. É através do uso das palavras ou de diversos elementos simbólicos (a linguagem dos surdos, por exemplo) que nós acedemos a ter um discurso próprio sobretodas essas coisas, a pensar sobre elas e a falar delas com os outros.
EXAMES CLÍNICOS NECESSÁRIOS EM AUTISTAS
Todas as crianças devem fazer exames de desenvolvimento de rotina com o pediatra. Podem ser necessários mais testes se o médico ou os pais estiverem preocupados. Para autismo, isso deve ser feito principalmente se uma criança não atingir o seguinte marcos de linguagem:
Balbuciar aos 12 meses, gesticular (apontar, dar tchau) aos 12 meses, dizer palavras soltas antes aos 16 meses, dizer frases espontâneas de duas palavras aos 24 meses (não só repetir) e perder qualquer habilidade social ou de linguagem em qualquer idade.
Uma avaliação de autismo normalmente inclui um exame físico e neurológico completo. Pode incluir também alguma ferramenta de exame específica, como.
Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADIR)
Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS)
Escala de classificação do autismo em crianças (CARS)
Escala de classificação do autismo de Gilliam
Teste de triagem para transtornos invasivos do desenvolvimento, estágio três.
As crianças com autismo ou suspeita de autismo normalmente passarão por testes genéticos (em busca de anomalias nos cromossomos).
O autismo inclui um amplo espectro de sintomas. Portanto, uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas a avalie a criança com suspeita de autismo. Eles podem avaliar:
Comunicação
Linguagem
Habilidades motoras
Fala
Êxito escolar
Habilidades de pensamento
Às vezes, as pessoas relutam em fazer o diagnóstico porque se preocupam em rotular a criança. No entanto, sem o diagnóstico, a criança pode não receber os tratamentos e os serviços necessários.
Algumas crianças com autismo parecem normais antes de 1 ou 2 anos, mas de repente regridem e perdem as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram anteriormente. Esse tipo de autismo é chamado de autismo regressivo.
Uma pessoa com autismo pode:
· Ter visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensível (por exemplo, eles podem se recusar a usar roupas "que dão coceira" e ficam angustiados se são forçados a usá-las).
· Ter uma alteração emocional anormal quando há alguma mudança na rotina
· Fazer movimentos corporais repetitivos
· Demonstrar apego anormal aos objetos
Os sintomas do autismo podem variar de moderados a graves.
Os problemas de comunicação no autismo podem incluir:
· Não poder iniciar ou manter uma conversa social
· Comunicar-se com gestos em vez de palavras
· Desenvolver a linguagem lentamente ou não desenvolvê-la
· Não ajustar a visão para olhar para os objetos que as outras pessoas estão olhando
· Não se referir a si mesmo de forma correta (por exemplo, dizer "você quer água" quando a criança quer dizer "eu quero água").
· Não apontar para chamar a atenção das pessoas para objetos (acontecem nos primeiros 14 meses de vida)
· Repetir palavras ou trechos memorizados, como comerciais.
· Usar rimas sem sentido
Interação social:
· Não faz amigos
· Não participa de jogos interativos
· É retraído
· Pode não responder a contato visual e sorrisos ou evitar o contato visual
· Pode tratar as pessoas como se fossem objetos
· Prefere ficar sozinho, em vez de acompanhado.
· Mostra falta de empatia
Resposta a informações sensoriais:
· Não se assusta com sons altos
· Tem a visão, audição, tato, olfato ou paladar ampliado ou diminuído.
· Pode achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos
· Pode evitar contato físico por ser muito estimulante ou opressivo
· Esfrega as superfícies, põe a boca nos objetos ou os lambe.
· Parece ter um aumento ou diminuição na resposta à dor
Brincadeiras:
· Não imita as ações dos outros
· Prefere brincadeiras solitárias ou ritualistas
· Não faz brincadeiras de faz de conta ou imaginação
Comportamentos:
· Tem acessos de raiva intensos
· Fica preso em um único assunto ou tarefa (perseverança)
· Tem baixa capacidade de atenção
· Tem poucos interesses
· É hiperativo ou muito passivo
· Tem comportamento agressivo com outras pessoas ou consigo
· Tem uma necessidade intensa de repetição
· Faz movimentos corporais repetitivos
EFEITOS DAS RELAÇÕES COPARENTAIS NOS COMPORTAMENTOS INFANTIS
A coparentalidade refere-se ao modo como as figuras parentais trabalham conjuntamente em seus papéis como pais (Feinberg, 2002). Trata-se, portanto, de um interjogo de papéis que se relaciona com o cuidado global da criança, incluindo valores, ideais e expectativas a ela referentes, e no qual não é preciso que a parceria coparental seja exercida por um casal ou pelos pais biológicos da criança, embora esse seja o caso da maioria. A relação coparental se estabelece quando se espera de ao menos dois indivíduos, por meio de acordo mútuo ou normas sociais, a responsabilidade conjunta pelo bem-estar de determinada criança. 
A coparentalidade é um conceito sistêmico que se refere ao modo como as figuras parentais trabalham juntas em seus papéis como pais. 
O conceito da coparentalidade parece ser um importante recurso para estudos de família, no entanto as pesquisas na área da coparentalidade se referem, quase exclusivamente, ao desenvolvimento típico, deixando exposta a lacuna existente no campo das necessidades especiais. No caso do autismo, observa-se ser essa uma síndrome com diversas características clínicas que impõem a necessidade de uma adaptação no contexto familiar.
É necessário investigar os reflexos no contexto familiar do fato de um membro apresentar transtornos do desenvolvimento. Neste sentido, é demonstrado que as mães de crianças com autismo tendem a apresentar maior risco de crise e estresse parental do que os pais, ou mesmo em comparação a mães de crianças com outros transtornos do desenvolvimento. Incide sobre a mãe uma sobrecarga de cuidados relacionados com a criança, de modo que esta fica insatisfeita com a divisão das tarefas do casal. Por outro lado, os pais consideram justa a divisão dos cuidados diretos, visto que eles assumem as responsabilidades financeiras da família.
Os pais de crianças pré-escolares relatavam mais cooperação entre si do que pais de pré-adolescentes. A coparentalidade em casais com filhos pré-escolares requer um alto nível de cooperação e um trabalho de equipe que atenda às demandas cotidianas da criança. Isso pode significar que a divisão das tarefas, mesmo não sendo igualitária entre o casal, pode mostrar-se maior do que em casais com filhos em outras faixas etárias ou com desenvolvimento típico.
Diante disso, um dos desafios da coparentalidade, na área do autismo, é intervir na família no sentido de promover uma divisão mais igualitária das tarefas entre o casal. Isto poderia servir para minorar o estresse enfrentado pelas mães, além de aperfeiçoar os recursos da família diante da criação de um filho com autismo, atenuando as repercussões negativas da sobrecarga materna reiteradamente demonstrada. Outro benefício seria a maior proximidade do pai com o filho, gerando uma maior compreensão, por parte dele, do funcionamento da criança. Entretanto, ressalta-se a importância de considerar-se o contexto de cada família e o significado que suas crenças, valores e atitudes têm na definição e distribuição das tarefas e papéis familiares. Nesse sentido, Feinberg (2002) aponta que a satisfação com o acordo estabelecido (dimensão coparental) com essa distribuição mostra-se mais relevante que propriamente a distribuição das tarefas e papéis familiares. Além disso, a presença de uma rede social que proporcione cuidados alternativos atua também como relevante fator para amenizar a sobrecarga materna.
SITUAÇÃO ESPONTÂNEA DOS PAIS COM A CRIANÇA
Essa dimensão diz respeito ao envolvimento e comprometimento espontâneo na criação do filho, principalmente em situações de lazer compartilhado. Essas atividades diferenciam-se daquelas reportadas na dimensão de “Divisão de Trabalho", porque nesta última as situações de lazer são compreendidas como uma "tarefa" parental.
Os pais proporcionam mais situações espontâneas para com o filho do queas mães, principalmente as recreativas. As atividades relatadas foram andar de bicicleta, andar a cavalo, desenhar, brincar de aviãozinho, cosquinhas, ouvir música juntos, jogos no computador, entre outras. Em sua maior parte, as situações espontâneas trazidas pelas mães referem-se a momentos de carinho e afeto.
Pode-se considerar que as mães ficam sobrecarregadas na execução dessas tarefas em função de duas razões principais. A primeira deve-se à própria especificidade do autismo, o qual impõe mais exigências às mães. As crianças com autismo, enquanto portadoras de uma condição crônica, enfrentam dificuldades importantes no que tange à realização de tarefas próprias de sua fase de desenvolvimento, porque as características clínicas motivam um aumento de sua demanda por cuidados e, consequentemente, de seu nível de dependência para com os pais e/ou cuidadores. A segunda razão é que a própria divisão intrafamiliar de tarefas é configurada de tal forma que as mães se tornam responsáveis pela maior parte dos cuidados diários. Esses achados contrapõem-se à situação contemporânea de um número crescente de pais que compartilham com a mulher, ou até mesmo assumem sozinhas, as tarefas educativas e a responsabilidade de educar os filhos, buscando adequar-se às demandas da realidade atual.
DAS TERAPIAS COM ANIMAIS NO TRATAMENTO DO AUTISMO
A utilização de animais como meio auxiliar no tratamento de perturbações do espectro do autismo tem sido reportada de forma recorrente na literatura especializada. Ainda que não exista nenhum estudo científico com robustez que permita afirmar de forma inequívoca os benefícios destas terapias, a verdade é que os dados disponíveis identificam melhorias na socialização, no bem-estar reportado e, em alguns casos, nas competências de linguagem das crianças com perturbações do espectro do autismo. Importa salientar, que estas técnicas não visam o tratamento, mas a melhoria de algumas das competências que se encontram afetadas pela doença.
As Intervenções Assistidas por Animais proporcionam oportunidades para a motivação, educação e benefícios terapêuticos que, comprovadamente, melhoram a qualidade de vida dos destinatários. A companhia dos animais reduz o stress, obriga a assumir responsabilidades, estimula a interação e competência social, diminui a tensão arterial.
ANIMAL DE TERAPIA
· Atua como ferramenta ao serviço do terapeuta
· É um método para fomentar a comunicação
· É um catalisador de emoções
· O terapeuta utiliza indiretamente a relação que se estabelece com o animal
· Enriquece uma intervenção terapêutica, mas nunca substitui nenhuma terapia. 
Animais de terapia podem fazer com que um cliente se sinta totalmente seguro e amado incondicionalmente, o que abre caminhos de auto expressão que por norma não existe permitindo o acesso à criança por parte dos terapeutas e familiares.
Relativamente à aplicação das terapias assistidas por animais, vários estudos de casos têm demonstrado que a presença do cão nas terapias é benéfica, proporcionando um aumento significativo dos comportamentos positivos (tais como sorrisos, contato físico e visual) e diminuição de comportamentos negativos (como a agressividade, alienação, isolamento, entre outros). 
Os benefícios deste tipo de intervenção não se prendem apenas à presença do cão de terapia, mas ao facto do cão conduzir a mais interações entre paciente e terapeuta. O terapeuta coordena as interações entre a criança e o cão, ensinando ativamente a criança a comunicar, interagir e brincar com o cão. Desta forma, a criança vai desenvolvendo as competências sociais e cognitivas que se encontram em déficit, sem ser forçada a nada, sem frustrações. O cão proporciona segurança nestes contatos, sendo a motivação para a interação muito maior. 
COMPETÊNCIA SOCIAL, INCLUSÃO ESCOLAR E AUTISMO.
A literatura atualmente existente sobre autismo também enfatiza os prejuízos no desenvolvimento de suas habilidades interativas, onde o enfoque nas potencialidades dessas crianças é inexpressivo (Camargo & Bosa, 2009). Todavia, para além das discussões sobre as limitações características do autismo, faz-se necessária a consideração da importância do ambiente no desenvolvimento dessas crianças.
O ser humano é um ser social em essência e o seu desenvolvimento atrela-se à qualidade das interações sociais que ele experimenta. As interações iniciais com pessoas significativas, em geral os pais e familiares, são o cerne do desenvolvimento social da criança. No entanto, a importância das interações para o desenvolvimento social da criança não se limita ao contexto familiar. A interação com pares é de extrema importância para o desenvolvimento infantil saudável, onde se desenvolvem formas específicas de cooperação, competição e intimidade.
A literatura aponta que a interação de crianças com seus pares proporcionam resultados desenvolvimentos favoráveis (como a aquisição ou elaboração de habilidades sociais básicas de comunicação e cooperação), promove o autoconhecimento, o conhecimento do outro e proporciona o desenvolvimento cognitivo, alguns autores enfatizam que esses ganhos podem ser obtidos através da educação infantil.
Por outro lado, diversas pesquisas apontam para uma variedade de resultados indesejáveis, resultantes da falta de amizades e oportunidades de interação com outras crianças. Dessa forma, os companheiros representam uma fonte de relações imprescindíveis, provendo um contexto adicional único e poderoso que influencia as diferenças individuais durante o desenvolvimento social de qualquer criança. Além disso, a competência social emerge nas interações com pares, sendo que a investigação dessas relações permite evidenciar diferenças individuais. 
A competência social espelha múltiplas facetas do funcionamento cognitivo, emocional e comportamental e é entendida como a capacidade de utilizar os recursos ambientais e pessoais para estabelecer um bom relacionamento, levando em consideração o contexto e o nível de desenvolvimento da criança (Chen & French, 2008; Waters & Sroufe, 1983). Trata-se, portanto, de um conjunto de comportamentos aprendidos no decurso das interações sociais com pares. Sendo assim, proporcionar às crianças com autismo oportunidades de conviver com outras crianças da mesma faixa etária possibilita o estímulo às suas capacidades interativas e o desenvolvimento da competência social, fornecendo modelos de interação e evitando o isolamento contínuo. A inclusão escolar de crianças com autismo surge como uma alternativa que pode fornecer esses contatos sociais e favorecer não só o seu desenvolvimento, mas o das outras crianças, na medida em que aprendem com as diferenças.
A proposta da inclusão supõe a participação de todos na escola regular, independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural e, ao contrário da integração, supõe a adaptação da escola às necessidades e demandas de todas as crianças (Mantoan, 1998; Sassaki, 1998). Diversas são as evidências positivas de sua adequada implementação, inclusive para crianças com autismo. Além das resistências e controvérsias oriundas de informações equivocadas e das poucas ações efetivas das políticas públicas para que a verdadeira inclusão se concretize, fato é que a inclusão escolar está prevista em lei (Brasil, 2001 – ECA, Lei nº 8.069 de 1990), é de extrema importância para o desenvolvimento de diversas crianças com transtornos do desenvolvimento e vem ocorrendo em diversas regiões do país.
Nos raros estudos encontrados na área da psicologia sobre a inclusão escolar de crianças com autismo, o foco é a percepção de pais e professores quanto a essa possibilidade e seus efeitos familiares e escolares. Desse modo, tais estudos não investigam aspectos diretamente relacionados à criança e suas interações, como contexto de expressão da competência social. Os estudos encontrados focando na inclusão escolar de crianças com autismo e suas interações buscaram avaliar programas de intervenção previamente estabelecidos sem utilizar uma metodologia de observação naturalística(Frederickson, Warren, & Turner, 2005; Pereira, 2003), não envolveram amostras com crianças pré-escolares e não consideraram a reciprocidade das interações numa perspectiva interacionista. Percebe-se, portanto, a carência de estudos relacionados à inclusão da criança com autismo, em escola regular de educação infantil, focando na interação dessa criança com as demais e na caracterização de suas possíveis potencialidades interativas.
Diante disso e dos diversos mitos acerca da educabilidade da criança com autismo, torna-se de grande relevância novas pesquisas no campo da psicologia, que demonstrem as potencialidades interativas dessas crianças no ensino regular e a influência do contexto no seu perfil de interação social. A extensão em que as interações com pares são afetadas pelo ambiente social é uma área ainda pouco explorada, sobretudo em relação a crianças com desenvolvimento atípico. 
Referências
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