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Livro Digital - Processo do conhecimento penal topico 1

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08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=1 1/31
Unidade 1 TEORIA DO
CONHECIMENTO PENAL
introduzir o acadêmico às noções do Direito Processual Penal;
identi�car as diferenciações sobre os conceitos principais de
Direito Processual Penal;
adentrar o estudante no mundo dos princípios processuais penais;
adentrar o estudante no mundo do inquérito policial;
constatar as ideias principais das teorias das ações penais.
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
Unidade 1 - Tópico 1
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08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=1 2/31
Tópico 1 PROCESSO PENAL NO DIREITO
BRASILEIRO
O direito de punir, exercido pelo Estado, não pode ser absoluto, sob pena de o
Estado se tornar autoritário e retornarmos ao período dos ditadores que exercem
todo o poder sem encontrar ação resistida alguma por parte dos cidadãos. Por
isso, é importante termos um processo penal forte, com normas bem de�nidas na
orientação e limitação deste poder de punir.
Mas, às vezes, as leis não são su�cientes porque não conseguem prever todas as
possibilidades de aplicação do direito, por isso é importante o estudo dos
princípios, que são aqueles que irão balizar o Estado na confecção da legislação ou
até mesmo na falta desta.
Além disso, é importante a compreensão de como e onde podemos aplicar o
processo penal e por isso iremos estudas as formas de interpretação, e aplicação
do processo penal no tempo e no espaço.
Então, convidamos você a começar essa empreitada na busca pelo conhecimento!
1 INTRODUÇÃO
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2 O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR 
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Unidade 1 - Tópico 1
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08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
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O processo penal é uma forma de se impor regras e deter o poder punitivo
exercido pelo Estado contra os cidadãos.
Lopes Jr. (2018, p. 33) a�rma que:
existe uma íntima relação e  interação entre a história das penas e o nascimento do
processo penal, na medida em que o processo penal é um caminho necessário para
alcançar-se a pena e, principalmente, um caminho que condiciona o exercício do
poder de penar (essência do poder punitivo) à estrita observância de uma série de
regras que compõe o devido processo penal.
Nos primórdios, não se podia falar em poder punitivo do Estado, porque esse era
exercido através da vingança privada. Era a autotutela que era exercida e que
resolvia os con�itos entre os particulares. Então se um vizinho roubava uma
galinha, o vizinho prejudicado ia até sua casa e roubava uma cabra.
A Igreja assumiu o importante papel de detentora do ius puniendi, sendo ela que
aplicou a lei divina aos casos concretos, passando o mundo por um período muito
obscuro neste período.
O Estado passa a assumir o papel de detentor do poder punitivo, porém, surge o
problema de o mesmo Estado fazer a lei e a aplicar (na pessoa dos reis), porque
esse Estado não encontra limites para sua ânsia punitivista, exercendo um poder
ilimitado.
Dentro desse contexto histórico surgem as teorias de separação de Poderes.
Com base na doutrina de Montesquieu (O Espírito das Leis), o poder estatal deveria
ser exercido por três Poderes, independentes do ponto de vista orgânico e funcional.
Assim, surge a divisão que hoje se conhece, pela qual o Estado é composto dos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (BONFIM, 2017, p. 34).
Assim, o poder punitivo do Estado começa a encontrar limites dentro da atuação
através das normas processuais e penais legisladas pelo Poder Legislativo. “Do
ponto de vista do Estado, o estabelecimento de processos, de modo geral, é,
assim, uma forma de estabelecer limitações aos seu poder” (BONFIM, 2017, p. 34).
O processo penal serve como uma limitação ao direito de punir exercido
pelo Estado, protegendo os cidadãos dos desmandos Estatais com a �xação
antecipada das regras pelas quais o cidadão irá responder.Unidade 1 - Tópico 1
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Princípios gerais do direito são preceitos de orientação gerais e abstratos não
apenas para a comunidade, mas principalmente para os Poderes instituídos.
Assim, eles devem orientar o Poder Legislativo no momento da confecção das leis,
o Poder Executivo no momento de estruturação das políticas públicas do País, e o
Poder Judiciário no momento de aplicação da lei.
Os princípios gerais do direito são o eixo condutor da sociedade, as normas que
embora não escritas devem ser seguidas por todos.
Os princípios não precisam estar previstos expressamente em algum texto legal,
embora a Constituição do Brasil de 1988 mencione expressamente alguns deles,
por exemplo, a isonomia. Contudo, mesmo os não previstos podem ser utilizados
para fundamentar decisões judiciais como forma de interpretação do direito.
Existem alguns princípios que são gerais a todo o ordenamento jurídico, com a
isonomia, que determina que todos devem ser tratados de maneira igual na
medida de sua igualdade; e outros que são aplicáveis a apenas um ramo do
direito, como o princípio da boa-fé objetiva do direito civil.
Assim, mesmo que o princípio não esteja positivado na legislação escrita do País,
ele faz parte da lógica do sistema, integrando e acrescentando coesão ao todo.
Por isso se torna tão importante o estudo e a análise dos princípios aplicáveis ao
campo do processo penal. Assim, passemos a esse estudo pormenorizado.
O princípio do devido processo legal está previsto em nossa Constituição Federal
no artigo 5º, LIV que prescreve que “ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal” (BRASIL, 1988), ou seja, determina que
3 PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
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3.1 DEVIDO PROCESSO LEGAL
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Unidade 1 - Tópico 1
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nenhuma pessoa pode ser presa, ou ter qualquer de seus bens retido sem ter dito
a chance de se defender perante um tribunal dentro das regras estabelecidas
previamente para o processo.
Este princípio divide-se em devido processo legal material e formal, sendo que o
devido processo legal material se constitui pelas garantias que protegem os
cidadãos contra as ações abusivas cometidas pelo Estado na restrição de direitos.
Já o devido processo legal formal é a garantia dos acusados de serem processados
em conformidade com o processo.
O princípio da presunção de inocência vem previsto no artigo 5º, LVII da
Constituição Federal e determina que “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
O professor Aury Lopes Júnior (2018, p. 96) defende uma dupla dimensão de
aplicação deste princípio, sendo que:
na dimensão interna, é um dever de tratamento imposto – inicialmente – ao juiz,
determinando que a carga da prova seja inteiramente do acusador (pois, se o réu é
inocente, não precisa provar nada) e que a dúvida conduza inexoravelmente à
absolvição (in dúbio pro reo); ainda na dimensão interna, implica severas restrições
ao (ab)uso das prisões cautelares (como prender alguém que não foi de�nitivamente
condenado?). En�m, na dimensão interna, a presunção de inocência impõe regras de
tratamento e julgamento para o juiz. Externamente, ao processo, a presunção de
inocência exige uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização
(precoce do réu).
Princípio muito discutido recentemente por causa da decisão judicial do Supremo
Tribunal Federal no HC 126.292/SP, de relatoria do Ministro Teori Zavascki,
modi�cou o paradigma do que se entende por sentença penal condenatória. Nesta
decisão, o STF determinou o cabimento da prisão pena – aquela decorrentede
uma sentença penal condenatória – após a análise pelo duplo grau de jurisdição,
não havendo mais a necessidade de aguardar-se o trânsito em julgado da decisão.
3.2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
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Unidade 1 - Tópico 1
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Ementa: CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII).
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA CONFIRMADA POR TRIBUNAL DE
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. 1.
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de
apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência a�rmado
pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. 2. Habeas corpus
denegado. (STF, HC 126292, Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 17/02/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016
PUBLIC 17-05-2016, destacou-se).
Os princípios do contraditório e da ampla defesa vêm previstos no artigo 5º, LV, da
Constituição Federal, que determina “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral serão assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Embora se tratem de dois princípios autônomos, por serem entendidos um como
complemento do outro, é comum entre os autores tratá-los juntos e muitas vezes
são até mesmo considerados sinônimos. Veremos separadamente. Segundo
Bon�m (2017, p. 74):
o princípio do contraditório signi�ca que cada ato praticado durante o processo seja
resultante da participação ativa das partes. Origina-se no brocardo audiatur et altera
pars. A aplicação do princípio, assim, não requer meramente que cada ato seja
comunicado e cienti�cado à parte. Relevante é que o juiz, antes de proferir cada
decisão ouça as partes, dando-lhes igual oportunidade para que se manifestem,
apresentando argumentos e contra-argumentos. Destarte, o juiz, ao proferir a
decisão deve oferecer às partes oportunidade para que busquem, pela via da
argumentação, ou juntando elementos de prova, se for o caso, in�uenciar a
formação de sua convicção.
Assim, nota-se que o princípio do contraditório assegura a parte que participe da
confecção de todas as provas do processo, que possa dela se manifestar mesmo
3.3 CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
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que não tenha sido o autor da prova, e que possa haja contra-argumentação de
todos os fatos e provas produzidos e juntados ao processo.
Já o princípio da ampla defesa determina que seja possibilitada à parte a produção
de sua defesa nas duas modalidades de defesa possíveis no processo: a defesa
técnica e a autodefesa.
A defesa técnica é aquela exercida em nome da parte pelo advogado da parte –
indiferente se esse patrono é constituído pela parte, ou nomeado pelo juiz. Essa
defesa técnica é indisponível e indispensável para a concreta efetivação da ampla
defesa, assim, se o réu não tiver condições �nanceiras para contratar um
advogado, o juiz poderá determinar a noti�cação da defensoria pública ou nomear
um advogado para funcionar no caso sub judice.
Já a autodefesa é a exercida pelo réu pessoalmente, geralmente no momento do
interrogatório, quando o réu terá a oportunidade de relatar ao juiz a sua versão
pessoal dos fatos. Porém, essa modalidade de defesa exercida pelo próprio réu
pode ser por ele dispensada se ele declarar que prefere exercer seu direito ao
silêncio, sendo que o réu não é obrigado a se manifestar pessoalmente no
processo.
O princípio do Juiz natural está previsto no artigo 5º, LIII, da Constituição Federal,
determinando que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente” (BRASIL, 1988), e artigo 5º, XXXVII, da Constituição Federal
que dispõe que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (BRASIL, 1988).
Assim, este princípio determina que o órgão jurisdicional competente para o
julgamento dos crimes deve ser previamente conhecido dentro das regras gerais
de competência e distribuição de processos �rmadas no regimento interno de
cada tribunal, ou seja, a contrário sensu, ele veda os tribunais de exceção.
Os tribunais de exceção são aqueles criados após o cometimento do crime com o
objetivo especí�co de julgar o crime para o qual ele foi criado, extirpando assim o
direito do acusado de ter um julgamento imparcial.
Não podemos confundir tribunal de exceção com vara especializada. As varas
especializadas são criadas pelo Regimento interno dos Tribunais com a função pré-
3.4 JUIZ NATURAL 
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constituída para o julgamento de determinados crimes, antes da ocorrência deles.
Segundo informação do site do CNJ – Conselho Nacional de Justiça –
A ideia do juiz natural tem origem na Constituição inglesa de 1215, que previa ‘o
julgamento legítimo de seus pares e pela lei da terra’. Já a institucionalização desse
princípio se deu na França. O artigo 17 do título II da Lei Francesa de 24.08.1790
determinava que ‘a ordem constitucional das jurisdições não pode ser perturbada,
nem os jurisdicionados subtraídos de seus juízes naturais, por meio de qualquer
comissão, nem mediante outras atribuições ou evocações, salvo nos casos
determinados pela lei’ (CNJ, 2017, s.p.).
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME TIPIFICADO
NO ART. 305 DO CÓDIGO PENAL (SUPRESSÃO DE DOCUMENTO). PLEITO DE
RECLASSIFICAÇÃO DA IMPUTAÇÃO PARA O CRIME DO ART. 356 DO MESMO
DIPLOMA (SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO).
INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE EQUÍVOCO NA CAPITULAÇÃO POSTA NA
DENÚNCIA. 1. Nos termos do Código de Processo Penal, o momento
apropriado, em regra, para o ajuste da tipi�cação trazida na denúncia ocorre
por ocasião da sentença, quando o magistrado pode proceder à emendatio
ou à mutatio libelli (arts. 383 e 384). Conforme dispõe o § 1º do art. 383, se,
em consequência de de�nição jurídica diversa, houver possibilidade de
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo
com o disposto em lei; a signi�car, portanto, que o regular trâmite da ação
penal, no presente caso, não implica qualquer constrangimento ilegal ao
direito de locomoção do ora agravante. 2. Ademais, é da competência do juiz
processante, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, examinar os
elementos de prova colhidos durante a instrução criminal e conferir
de�nição jurídica adequada para os fatos apurados. O exame antecipado
desta Corte Suprema a respeito da matéria, em rigor, implicaria clara afronta
ao juízo natural da causa penal. Precedentes. 3. Agravo Regimental a que se
nega provimento. (STF, HC 164907 AgR, Relator(a):  Min. ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, julgado em 15/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-039 DIVULG 25-02-2019 PUBLIC 26-02-2019) (grifo nosso).
3.5 IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ
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O princípio da identidade física do juiz foi incluído no processo penal apenas com a
reforma processual penal de 2008. A Lei nº 11.719, que incluiu o §2º no artigo 399
determinou que “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”.
Este princípio determina que a sentença penal deve ser proferida pelo juiz que
presidiu a audiência de instrução, isso porque o juiz que instruiu a audiência e que
presenciou a oitiva de todas as testemunhas, o interrogatório do réu, e a
confecção de todas as demais provas no processo, teve maior contato com o
instrumento probatório,sendo o mais quali�cado para proferir essa sentença.
Esse princípio já foi aplicado até mesmo pelo STJ no julgamento a seguir
colacionado:
PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO.
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA
DO JUIZ. SENTENÇA ANULADA. SENTENÇA PROFERIDA QUANDO O MAGISTRADO
TITULAR AINDA NÃO HAVIA SIDO REDESIGNADO. 1. Apesar do entendimento de que
a doutrina pátria e a jurisprudência desta Corte Superior são �rmes em assinalar que
o princípio da identidade física do juiz não pode ser interpretado de maneira
absoluta, por admitir exceções, no presente caso, quando proferida a sentença, o
magistrado que presidiu a audiência de instrução e julgamento, e colheu a prova
testemunhal que serviu de amparo para a sentença, não se teria afastado em razão
de férias, licenças, convocações, afastamento, remoções ou promoções. 2. Embargos
de declaração rejeitados (STJ. EDcl no AgRg no AgRg no AREsp 795932/RJ. Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior. Sexta Turma. Julgado em 23 de fevereiro de 2016).
Como o próprio acórdão demonstra, esse não é o princípio que pode ser
interpretado de maneira absoluta sob pena de impossibilitar o julgamento em
algumas situações como o juiz sair de licença saúde, férias, promoção etc. Porém,
sempre que possível, ele deve ser respeitado porque oportuniza um julgamento
mais próximo da busca da verdade real.
Esse princípio é ligado diretamente ao princípio anterior, o princípio do juiz
natural, sendo dele um desdobramento. 
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3.6 IGUALDADE PROCESSUALUnidade 1 - Tópico 1
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Deriva do princípio da isonomia previsto no art. 5º, caput da Constituição Federal,
que disciplina que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes” (BRASIL,1988).
Da mesma forma, dentro do processo penal, todos os atores processuais devem
ser tratados da mesma maneira, sendo-lhes oportunizadas as mesmas
oportunidades de produção de provas e de argumentações perante o juízo,
produzindo o que a doutrina chama de paridade de armas entre as partes.
Porém, Bon�m (2017, p. 82) lembra que às vezes esse princípio de igualdade
processual encontra uma certa relativização. Ele explica:
Com efeito, no âmbito do processo penal, no mais das vezes o litígio contraporá o
articular a um órgão do Estado. As partes litigantes, portanto, serão essencialmente
diferentes. Além disso, no litígio penal estará em jogo a liberdade individual do
acusado, direito fundamental, o que justi�ca que o princípio da igualdade, no
processo penal, seja mitigado de forma a favorecer, em algumas situações a posição
do acusado (ex.: art. 386, VII, do CPP).
No processo penal busca-se sempre a verdade real, pretende-se descobrir a
realidade dos fatos que estão sendo julgados naquela ação. Esse princípio se opõe
ao princípio da verdade formal, aquela que produzida dentro da realidade provada
através das provas carreadas ao fato.
No processo penal, existe a possiblidade da pena aplicada ao réu ser a pena
restritiva de sua liberdade, assim, o dever de produzir as provas necessárias
ultrapassa apenas as partes no processo, sendo que no artigo 156, CPP, está
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3.7 VERDADE REAL 
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determinado que “A prova da alegação incumbirá a quem �zer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso
da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir
dúvida sobre ponto relevante” (BRASIL, 1941).
Demonstra-se assim, que o objetivo do processo penal é a busca do que realmente
aconteceu no caso concreto, para possibilitar na sentença a aplicação da verdade
real.
A regra geral dos atos processuais – e não apenas no processo penal – é a
publicidade em sua forma mais ampla, e assim encontra-se prevista no artigo 5º,
LX, da Constituição Federal “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”
(BRASIL, 1988).
Essa regra também encontra-se prevista no Código de Processo Penal no artigo
Art. 792 “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e
se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do o�cial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados” (BRASIL, 1941).
A publicidade é tida como ampla, plena, popular, absoluta, ou geral, quando os atos
processuais são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo o público.
Nesse caso, além das partes, qualquer cidadão do povo poderá acompanhar as
audiências criminais de coleta de provas e/ou julgamentos em qualquer grau de
jurisdição, assim como consultar os processos ou obter certidões. Como observa a
doutrina, a publicidade do processo implica os direitos de: a) assistência, pelo
público em geral, à realização dos atos processuais; b) narração dos atos
processuais, ou reprodução de seus termos, pelos meios de comunicação social; c)
consulta dos autos e obtenção de cópias, extratos e certidões de quaisquer partes
dele (LIMA, 2017, p. 63).
Porém, tanto a Constituição Federal como o Código de Processo Penal preveem
casos em que essa publicidade será restrita ou totalmente restringida. Nesses
3.8 PUBLICIDADE
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casos, temos o que chamamos segredo de justiça. Esses casos estão disciplinados
no parágrafo 1º, do artigo 792, do CPP, e são casos que puderem resultar
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, como é o
caso, por exemplo de crimes contra a dignidade sexual, que sua publicidade
geraria grande inconveniente e vergonha para a vítima do delito.
Guilherme de Souza Nucci (2016, s.p.) assevera que:
Tem a parte o direito de buscar o reexame da causa por órgão jurisdicional superior.
O princípio é consagrado na própria Constituição quando se tem em mira a estrutura
do Poder Judiciário em instâncias, bem como a expressa menção, feita no art. 102,II,
da CF, referente ao Supremo Tribunal Federal, cabendo-lhe julgar em recurso
ordinário : “a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o
mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão; b) o crime político.
Outros autores entendem esse princípio como constitucional implícito uma vez
que é previsto expressamente na Convenção Americana dos Direitos Humanos
(art. 8.º, 2, h).
De toda sorte, esse princípio determina que os processos julgados pelos juízes de
primeiro grau podem ter suas decisões revistas pelos órgãos colegiados
superiores.
Há exceções que são as pessoas que possuem foro por prerrogativa de função,
porém nesse caso, não há afronta alguma ao princípio em análise porque a
decisão exarada será feita por um órgão colegiado, composto por juízes de grau
superior.
3.9 DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
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3.10 PRINCÍPIO DO “NE BIS IN IDEM”
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O princípio do “ne bis in idem” veda que o acusado seja processado ou punido
duas vezes pelo mesmo fato delituoso – lembrando que o fato delituosoé
composto de data, hora, local, quem, o quê, contra quem. Bon�m (2017, p. 91)
a�rma que:
No âmbito da proteção da coisa julgada, o princípio representa uma garantia ao
acusado que tenha sido absolvido por sentença transitada em julgado. Não poderá o
Estado deduzir uma pretensão punitiva que tenha por objeto o mesmo fato, contra o
mesmo acusado, se este foi considerado inocente em decisão de�nitiva, não mais
sujeita a recurso.
Desta maneira, uma pessoa que foi julgada e absolvida por lesão corporal na Rua
São João, em São Paulo, no dia 3 de maio de 2016, às 16 horas, contra Fulano, não
pode ser novamente processada por lesão corporal na Rua São João, em São
Paulo, no dia 3 de maio de 2016, às 16 horas, contra Fulano.
Importante destacar apenas, que uma mesma ação pode ser processada em
diversas esferas jurídicas distintas sem ofender o princípio estudado. Desta forma,
uma mesma pessoa pode, pela prática de um determinado ato, sofre uma sanção
civil, outra penal, outra administrativa etc. Isto porque as esferas são
independentes entre si, distinguindo a natureza jurídica de cada uma das ações.
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. REINCIDÊNCIA. CONSIDERAÇÃO COMO AGRAVANTE E
COMO IMPEDITIVO DE APLICAÇÃO DA MINORANTE DO ART. 33, § 4.º, DA LEI
N.º 11.343/2006. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. A jurisprudência da Suprema Corte, seguida por este
Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de que a agravante genérica da
reincidência foi recepcionada pela Constituição da República, afastando-se a
alegada violação aos princípios da isonomia, da culpabilidade e do non bis in
idem. 2. A reincidência, especí�ca ou não, não se compatibiliza com a causa
especial de diminuição de pena prevista § 4.º do art. 33 da Lei n.º
11.343/2006, dado que necessário, dentre outros requisitos, seja o agente
primário. Tal óbice e a exasperação da pena, na segunda fase, não importam
em bis in idem, mas em consequências jurídico-legais distintas de um
mesmo instituto. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg
no HC 468.578/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
19/02/2019, DJe 11/03/2019, destacou-se)
Unidade 1 - Tópico 1
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Este princípio foi incluído na Constituição Federal em 2004 com a emenda
constitucional 45, e hoje encontra-se previsto no artigo 5º, inciso LXXVIII, que
determina que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”.
Assim, os réus com processo em tramitação têm o direito de ver seus processos
julgados em um tempo juridicamente razoável, isso porque se entende que a mera
acusação judicial já causa graves danos àquele que responde ao processo, não
podendo se prolongar inde�nidamente.
Previsto no artigo 5º, XLV, da Constituição Federal, determina que “nenhuma pena
passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido” (BRASIL, 1988).
Esse princípio determina que a ação penal não pode ultrapassar a pessoa que está
sendo investigada e que é o autor do fato delituoso. Assim, não se pode processar
a mãe porque ela criou o �lho que se transformou em um assassino: a ação penal
deve ser somente contra o �lho.
Note que na esfera civil pode ser possível a responsabilidade decorrente de culpa
in vigilando ou in elegendo, mas isso não ocorre no direito penal e processual
penal. Na esfera criminal somente a pessoa que é a autora do fato criminoso é que
pode ser processada e condenada por ele.
3.11 DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO 
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3.12 PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA 
 -
3.13 INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO
Unidade 1 - Tópico 1
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Esse princípio constitucional tem sua previsão no artigo 5º, LVI, determinando que
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”; também
previsto no Código de Processo Penal no artigo 157, incluído pela Lei nº
11.690/2008, que disciplina que “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação as normas
constitucionais ou legais”.
Assim, as provas ilícitas produzidas na instrução processual penal devem ser
desentranhadas – retiradas – dos autos, para que não possam in�uenciar no
convencimento do magistrado. Bon�m (2017, p. 80) a�rma que:
assim, conquanto o processo penal tenha por �nalidade a busca pela verdade real,
esse valor encontra limites em outros valores tutelados pelo ordenamento jurídico,
principalmente nos direitos e garantias fundamentais assegurados ao cidadão.
Provas obtidas por meios ilegítimos, portanto, não devem in�uir na formação do
convencimento do juiz.
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. QUADRILHA,
CORRUPÇÃO PASSIVA, VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL, FALSIDADE
IDEOLÓGICA E LAVAGEM DE DINHEIRO. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS
AUTORIZADAS POR DECISÃO JUDICIAL. ALEGAÇÃO DE “QUEBRA DA CADEIA
DE CUSTÓDIA”. PERDA OU SUBTRAÇÃO DE PARTE DAS GRAVAÇÕES.
CONSTRAGIMENTO ILEGAL RECONHECIDO NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NA DETERMINAÇÃO DE REMESSA DOS AUTOS AO
JUÍZO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 1. As provas ilícitas, bem como todas aquelas
delas derivadas, são constitucionalmente inadmissíveis, mesmo quando
reconduzidas aos autos de forma indireta, devendo, pois, serem
desentranhadas do processo, não tendo, porém, o condão de anulá-lo,
permanecendo válidas as demais provas lícitas e autônomas delas não
decorrentes, ou ainda, que também decorreram de outras fontes, além da
própria prova ilícita; garantindo-se, pois, a licitude da prova derivada da
ilícita, quando, conforme salientado pelo Ministro EROS GRAU, “arrimada em
elementos probatórios coligidos antes de sua juntada aos autos”. 2.
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Assentou o Superior Tribunal de Justiça que, em matéria de provas ilícitas, o
art. 157, § 1º, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n.
11.690/2008, excepciona a adoção da teoria dos frutos da árvore
envenenada na hipótese em que os demais elementos probatórios não
estiverem vinculados àquele cuja ilicitude foi reconhecida. 3. Não há,
portanto, nenhuma ilegalidade na remessa dos autos ao Juízo processante
de primeira instância, a quem ordinariamente compete o primeiro exame
dos elementos de prova pertinentes à causa, para o �m de selecionar e
expurgar as provas contaminadas, mantendo hígida a porção lícita, delas
independente. Em outras palavras, não cabe a esta CORTE, nesta via estreita,
se antecipar e proferir qualquer decisão acerca da legalidade de provas que
nem mesmo foram analisadas pelo Juízo competente. 4. Agravo Regimental a
que se nega provimento. (STF, HC 156157 AgR, Relator(a):  Min. ALEXANDRE
DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 19/11/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-251 DIVULG 23-11-2018 PUBLIC 26-11-2018) (grifou-se).
Esse tópico será aprofundado no momento do estudo das provas no processo
penal. 
Esses são os princípios mais importantes do processo penal, porém, tem-
se que ter em mente que não são os únicos. Você consegue pensar em mais
três princípios além dos elencados aqui?
Sistemas de processos penais é a terminologia utilizada para denominar a forma
como se estrutura o processo penal em determinada nação, levando-se em conta
características especí�cas. Doutrinariamente, os sistemas se dividem em sistema
inquisitivo, sistema acusatório e sistemamisto. Porém, hoje, nenhum sistema
4 SISTEMAS DE PROCESSO PENAL
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penal no mundo pode ser classi�cado apenas como inquisitivo ou acusatório,
sendo que todos são mistos por causa da mistura de características, como se verá
a seguir. 
O sistema inquisitivo está ligado à época da Inquisição da Igreja Católica, em que
ela perseguia os hereges e utilizava o sistema inquisitivo como meio de julgar e
condená-los. Porém, esse sistema não está apenas ligado à Igreja Católica, sendo
amplamente utilizado na Idade Média para os processos criminais e até mesmo
para os processos civis.
Mas quais são as características deste sistema?
Nucci (2016, p. 75) elenca as características mais importantes apontando que:
É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce,
também, a função de acusador; a con�ssão do réu é considerada a rainha das
provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente
escritos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; há
ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa.
Assim, através das características elencadas, chega-se à conclusão de que esse tipo
de sistema era típico do período dos reis absolutistas, em que os reis possuíam
todos os poderes. E que era totalmente incompatível com as ideias iluministas
adotadas pela Revolução Francesa, e por isso, esse tipo de sistema foi recusado
após a tomada de poder pelos revolucionários, havendo um rompimento na
ordem jurídica.
LEMBRE-SE: Julgador e acusador são funções exercidas pela mesma
pessoa que tem total poder de instruir o processo inclusive com torturas; a
con�ssão é considerada a prova mais importante, mesmo que obtida
mediante tortura, sendo su�ciente para condenação. O procedimento é
escrito e nele não é oportunizado o contraditório ou a defesa.
4.1 SISTEMA INQUISITIVO
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O Sistema Acusatório era o utilizado na antiguidade, porém, entrou em declínio
quando passou a ser adotado o sistema inquisitivo.
Sua principal característica é a divisão de funções para pessoas diversas, ou seja, o
acusador e o julgador não podem ser a mesma pessoa, é necessário que haja
separação das funções, sendo cada uma exercida por uma pessoa diversa. Com
isso, pode-se chegar mais perto de um julgamento imparcial, já que o julgador não
estará vinculado a nenhuma das partes.
Desta forma, busca-se também uma maior paridade entre as partes, sendo que a
acusação é livre para acusar, sendo ela exercida pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, mas o réu pode se defender, utilizando-se de todas as provas admitidas,
privilegiando-se a aplicação do contraditório e da ampla defesa. Essa liberdade de
convencer o juiz acarreta uma responsabilidade para as partes, que é a de
produzir todas as provas que eles entenderem necessárias, não cabendo ao juiz
essa produção de provas, apenas de maneira subsidiária.
Em regra, o procedimento é público e oral, mas houve momentos em que o
procedimento escrito foi utilizado, mas sem descaracterizar esse sistema. Em
regra, o réu responderá ao processo em liberdade.
QUADRO 1 – QUADRO COMPARATIVO DOS SISTEMAS INQUISITORIAL E
ACUSATÓRIO 
SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATORIAL
Não há separação das funções de
acusar, defender e julgar que estão
concentradas em uma única
pessoa, que assume as vestes de
um juiz inquisidor.
Separação das funções de acusar,
defender e julgar. Por consequência,
caracteriza-se pela presença de partes
distintas (actum trium personarum),
contrapondo-se acusação e defesa em
igualdade de condições, sobrepondo-se a
4.2 SISTEMA ACUSATÓRIO
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ambas um juiz, de maneira equidistante e
imparcial.
Como se admite o princípio da
verdade real, o acusado não é
sujeito de direitos, sendo tratado
como mero objeto do processo,
daí por que se admite inclusive a
tortura como meio de se obter a
verdade absoluta.
O princípio da verdade real é substituído
pelo princípio da busca da verdade,
devendo a prova ser produzida com �el
observância ao contraditório e à ampla
defesa.
Gestão da prova: o juiz inquisidor é
dotado de ampla iniciativa
acusatória e probatória, tendo
liberdade para determinar de
ofício a colheita de elementos
informativos e de provas, seja no
curso das investigações, seja no
curso da instrução processual.
Gestão da prova: recai precipuamente
sobre as partes. Na fase investigatória, o
juiz só deve intervir quando provocado, e
desde que haja necessidade de
intervenção judicial. Durante a instrução
processual, prevalece o entendimento de
que o juiz tem certa iniciativa probatória,
podendo determinar a produção de
provas de ofício, desde que o faça de
maneira subsidiária.
A concentração de poderes nas
mãos do juiz e a iniciativa
acusatória dela decorrente é
incompatível com a garantia da
imparcialidade (CADH, art. 8º, §1º)
o princípio do devido processo
legal.
A separação das funções e a iniciativa
probatória residual restrita à fase judicial
preserva a equidistância que o
magistrado deve tomar quanto ao
interesse das partes, sendo compatível
com a garantia da imparcialidade e com o
princípio do devido processo legal.
FONTE: Lima (2017, p. 41)
4.3 SISTEMA MISTO
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Hélio Tornaghi, Edilson Bon�m – O Brasil, pelo regramento do Código de
Processo Penal, adota o sistema misto, em que existe um inquérito policial,
no qual se objetiva a descoberta da materialidade e da autoria dos delitos,
sendo o procedimento sigiloso, escrito, sem contraditório; E uma segunda
fase, a processual, em que haverá a �gura do acusador – geralmente exercida
pelo Ministério Público –, do defensor do réu, sendo o procedimento, em
regra, público e oral, em que serão aplicados os princípios do contraditório e
da ampla defesa, e será decidido por um juiz imparcial.
Renato Brasileiro Lima – O Brasil adota o sistema acusatório, uma vez que a
Constituição de 1988 assegurou a divisão das funções de julgar, defender e
acusar, sendo que cada uma delas deve ser exercida por uma pessoa
Também denominado de sistema francês, surge com o Código de Processo Penal
Francês de 1808 (Code d’Instruction Criminelle), pós-revolução Francesa.
O sistema inquisitivo, que dominava as nações em 1808, não se adequava mais
aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da revolução francesa. Com o
intuito de romper com a ordem jurídica anterior, o Código de Processo Penal
Francês de 1808 adotou um sistema misto, com uma fase preliminar inquisitiva e
uma fase posterior acusatória.
Assim, esse sistema que conjuga a adoção dos dois outros sistemas é composto de
uma fase preliminar, em que vigora a sigilo, escrita e secreta, sem o contraditório.
E uma segunda fase, na qual o órgão acusador delimita a denúncia, e o réu terá
direito à defesa, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Em relação ao sistema adotado pelo Brasil, os autores não são unânimes em sua
posição, havendo duas correntes doutrinárias a esse respeito. Vejamos:
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4.4 SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL
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distinta; além dos princípios do contraditório e da ampla defesa hoje
�gurarem no rol dos direitos e garantias individuais fundamentais. Para ele o
Código de Processo Penal deveser lido de uma maneira a se adaptar com os
preceitos constitucionais. Porém, o autor faz uma ressalva que mesmo sob o
entendimento de que o Brasil adota o sistema acusatório, esse sistema não
seria totalmente puro.
Lembre-se: Sistema Inquisitório – tem em uma mesma pessoa as funções
de acusar e defender, sendo sigiloso e sem a aplicação do contraditório e da
ampla defesa.
Sistema Acusatório – pessoas diferentes exercem as funções de acusar,
julgar e defender, sendo o procedimento, em regra, público e oral, e sempre
com a observância do contraditório e da ampla defesa.
Sistema Misto – possui uma fase inquisitória e outra acusatória.
A interpretação das leis faz parte da atividade do operador do direito, seja ele juiz,
promotor, delegado, advogado etc. No sistema brasileiro, as leis são redigidas pelo
Legislativo, em regra, e após entrarem em vigor, passam a valer como critério para
que os cidadãos pautem suas atitudes. Por isso, as leis deveriam ser claras e de
fácil intelecção e aplicação, mas nem sempre é assim.
Por isso é tão importante conhecer as formas possíveis de interpretação da lei
processual penal.
O artigo 3º do Código de Processo Penal determina que "a lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito" (BRASIL, 1941). Assim, a normativa legal elenca
dois tipos de interpretação: a extensiva e a analógica. Vamos a eles.
5 INTERPRETAÇÃO PROCESSUAL PENAL  
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A interpretação extensiva é utilizada quando o legislador determinou menos do
que deveria (ou queria). Assim, o CPP autoriza a interpretação extensiva para que a
norma alcance todo o signi�cado que deveria. Nucci (2016) exempli�ca como caso
do artigo 254, em que determina as causas de suspeição do juiz, mas que pode se
interpretar extensivamente e aplicar essas mesmas causas para o jurado, que é
considerado um juiz leigo que funcionará perante o conselho de sentença do júri. 
O cuidado que se deve tomar ao aplicar a interpretação extensiva é para não
aplicá-la quando o legislador deixar claro que aquele não era seu intuito.
A analogia é um método de integração da norma e não de sua interpretação; o
que se pretende é que o intérprete consiga colocar na norma algo semelhante –
com as mesmas características – mas que não está previsto expressamente na
norma. Isso porque o legislador não consegue prever todas as hipóteses em que
se poderia aplicar o mesmo direito, deixando assim para o intérprete, no caso
concreto, veri�car a possibilidade de se encaixar ali uma nova possibilidade.
No CPP existem casos expressos em que o legislador previu a aplicação da
analogia como forma de complementar a norma. Por exemplo, o artigo 254, II:
Art. 254.  O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o �zer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
[...]
II- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo
por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia (BRASIL, 1941) (grifo
nosso).
5.1 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
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5.2 APLICAÇÃO ANALÓGICA
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Neste caso, o legislador não pode prever todos os tipos de ação que o juiz irá
julgar, por isso prescreve que, em respondendo a alguém muito próximo dele, por
um fato semelhante àquele que será julgado, o juiz deve se declarar suspeito.
Embora o artigo 3º do CPP preveja expressamente a utilização da
interpretação extensiva e da aplicação analógica, ele não veda outras formas
de interpretação como a gramatical e a literal.
As normas de processo penal, desde o momento em que entrem em vigor, devem
ser aplicadas de imediato ao processo, mesmo para aqueles que já estão em
andamento por força do disposto no artigo 2º do CPP, que determina que “a lei
processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior” (BRASIL, 1941).
Assim, uma regra que muda a forma de intimação dos jurados será aplicada para
todos os casos que estão em processamento perante a vara crime, e para aqueles
que intimaram os jurados pela norma antiga, esta intimação é válida e não precisa
ser refeita.
Porém, o operador do direito terá que ter o cuidado ao analisar a norma para
observar se ela se trata apenas de uma norma processual ou se ela é uma norma
que trata sobre direito material (prescrição, decadência, aquelas que afetem a
liberdade do acusado etc.), porque se ela tiver incidência sobre o direito material,
ela poderá retroagir para alcançar fatos pretéritos se bené�ca; mas não poderá
retroagir para alcançar fatos pretéritos se piorar a situação do réu.
Explica-se com um exemplo:
Uma norma meramente processual entra em vigor no dia 5 de maio de 2019,
neste caso, ela será aplicada para todos os processos em andamento e para os
futuros, a partir do dia 5 de maio de 2019. Porém, se essa norma atingir direito
6 A LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
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material, ela só poderá ser aplicada para os casos futuros, aqueles cometidos a
partir de 5 de maio de 2019, não podendo ser aplicada de imediato aos processos
em andamento.
No processo penal a lei se aplica imediatamente mesmo para os
processos em curso, respeitando-se os atos já cumpridos, e também os
prazos que estão em curso no momento da entrada em vigência da nova lei.
O artigo 1º do CPP determina a aplicação da lei processual penal em todo o
território brasileiro, visando à manutenção da soberania nacional. Porém, esse
mesmo artigo prevê algumas exceções em que não serão aplicadas as regras
previstas neste Código.
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I- os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II- as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
86, 89, § 2º, e 100);
III- os processos da competência da Justiça Militar;
IV- os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, nº 17);
V- os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos
nºs IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso
(BRASIL, 1941).
7 A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art100
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17
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Resumo do Tópico
O processo penal serve como uma limitação ao direito de punir
exercido pelo Estado, protegendo os cidadãos dos desmandos estatais
com a �xação antecipada das regras pelas quais o cidadão irá
responder.
Necessário esclarecer que a ressalva dos tratados e convenções e regras de
direitos internacionais podem ser aplicadas cumulativamente ao processo penal
brasileiro, no caso, por exemplo, da necessidade de produção de provas em outro
país, momento em que deverão ser observadas as regras dispostas nos tratados
de cooperação penal internacional.Da mesma forma, a ressalva relativa aos casos de crimes cometidos pelo
Presidente da República, Ministros de Estado, e do STF se dá por força da previsão
constitucional de procedimento e foro diferenciados a essas pessoas tendo em
vista o cargo que ocupam.
Já em relação à ressalva dos processos de competência da justiça militar se dá em
razão de que aquela possui um Código Penal e de Processo Penal especí�cos de
aplicação exclusiva para eles.
Os tribunais especiais foram extintos com a Constituição Federal de 1988. Sobre os
crimes de imprensa, Lima (2016, p. 92) ressalva que:
Referidos delitos estavam previstos na Lei n° 5.250/67. Dizemos que estavam
previstos na Lei nº 5.250/67 porque no julgamento da arguição de descumprimento
de preceito fundamental n° 130, o Supremo Tribunal Federal julgou procedente o
pedido ali formulado para o efeito de declarar como não recepcionado pela
Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da Lei 5.250/67.
A lei processual penal deve ser aplicada em todos os procedimentos a
serem cumpridos no Brasil, até mesmo nas cartas rogatórias advindas de
outros países.
Neste tópico, você aprendeu que:
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Os princípios aplicáveis ao processo penal são:
a) princípio do devido processo legal – previsto em nossa Constituição
Federal no artigo 5º, LIV, que determina que todo procedimento deve
respeitar as regras pré-�xadas na legislação;
b) princípio da presunção de inocência – previsto no artigo 5º, LVII da
Constituição Federal e determina que “ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”;
c) princípio do contraditório e da ampla defesa (embora sejam dois,
estudamos em conjunto porque se interligam), previstos no artigo 5º, LV, da
Constituição Federal, que determina “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral serão assegurados o contraditório e
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”;
d) princípio do juiz natural, previsto no artigo 5º, LIII, da Constituição Federal,
determinando que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente” e artigo 5º, XXXVII, da Constituição Federal que
dispõe que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”;
e) princípio da identidade física do juiz, previsto no artigo 399, §2º, do CPP: “O
juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”;
f) princípio da igualdade processual, considerado um princípio implícito,
deriva do princípio da isonomia previsto no art. 5º, caput da Constituição
Federal, e determina que as partes têm que ser tratadas de maneira igual no
processo;
g) princípio da verdade real, no processo penal busca descobrir o que
realmente aconteceu no caso sub judice;
h) princípio da publicidade, previsto no artigo 5º, LX, da Constituição Federal
“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”;
i) princípio do duplo grau de jurisdição, previsto no art. 8.º, 2, h, da
Convenção Americana dos Direitos Humanos, garante o direito ao réu de
recorrer a um órgão colegiado para rever sua decisão;
j) princípio da aplicação do “ne bis in idem”, veda que o acusado seja
processado ou punido duas vezes pelo mesmo fato delituoso;
k) princípio da duração razoável do processo, previsto no artigo 5º, inciso
LXXVIII, “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”;
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Os sistemas de processo penal se dividem em sistema inquisitivo,
sistema acusatório, sistema misto. Sistema inquisitivo é aquele em que
há a confusão do julgador e acusador na mesma pessoa, sem
contraditório ou direito de defesa efetiva. O sistema acusatório é
aquele em que operadores do direito distintos exercem a função de
acusação, defesa e julgamento, em regra é público e oral, e é garantido
o direito de ampla defesa com uso do contraditório. E o sistema misto é
aquele composto de duas fases, sendo uma preliminar inquisitiva e
outra posterior acusatória.
O sistema adotado pelo Brasil temos duas correntes doutrinárias,
sendo que a majoritária informa que é misto.
A interpretação da lei processual penal pura tem aplicação imediata.
A lei processual penal tem aplicação em todo o território nacional com
exceção dos casos previstos nos incisos do artigo 1º do CPP.
Autoatividades
l) princípio da intranscendência, previsto no artigo 5º, XLV, da Constituição
Federal determina que o processo nem a pena podem ultrapassar a pessoa
do réu;
m) princípio da inadmissibilidade de provas obtidas por meio ilícito. Esse
princípio constitucional tem sua previsão no artigo 5º, LVI, determinando que
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”;
também previsto no Código de Processo Penal no artigo 157, incluído pela
Lei nº 11.690/2008, que disciplina que “São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas
em violação a normas constitucionais ou legais”.
UNIDADE 1 - TÓPICO 1
Caro acadêmico! Para que possamos avaliar o conhecimento adquirido até
este momento, convido-o a realizar as atividades a seguir:
1  O princípio da identidade física do juiz é aquele que proíbe o tribunal de
exceção:
Unidade 1 - Tópico 1
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08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
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A) 
B) 
Responder
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Responder
Falso.
Verdadeiro.
2  Os sistemas penais são divididos em:
Sistema acusatório e inquisitivo, sendo que a corrente
majoritária a�rma que no Brasil se adota o sistema acusatório.
Sistema acusatório e inquisitivo, sendo que a corrente
majoritária a�rma que no Brasil se adota o sistema inquisitivo.
Sistema inquisitivo, acusatório e misto, sendo que a corrente
majoritária a�rma que no Brasil se adota o sistema inquisitivo.
Sistema inquisitivo, acusatório e misto, sendo que a corrente
majoritária a�rma que no Brasil se adota o sistema acusatório.
Sistema inquisitivo, acusatório e misto, sendo que a corrente
majoritária a�rma que no Brasil se adota o sistema misto.
3  A lei processual penal brasileira, segundo os artigos 1º e 2º do CPP se
aplicam em relação ao território e ao tempo, respectivamente:
Unidade 1 - Tópico 1
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A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Responder
A) 
B) 
Em todo território nacional e imediatamente, respeitando-se a
proibição da retrospectiva se a lei nova prejudicar o réu.
Em todo território nacional respeitando-se a proibição da
retrospectiva e imediatamente.
Em todo território nacional e imediatamente, sem exceções.
Em todo território nacional, ressalvado os casos previstos em
os tratados, as convenções e regras de direito internacional; as
prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente
da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal,
nos crimes de responsabilidade, os processos da competência
da Justiça Militar, e em relação ao tempo, é aplicado
imediatamente.
Em todo território nacional e imediatamente, respeitando-se a
proibição da retrospectiva se a lei nova bene�ciar o réu.
4 Com relação aos princípios processuais penais, assinale a alternativa
correta:
O princípio da publicidade não pode nunca ser excepcionado,
sendo todas as ações devem correr com toda publicidade para
garantir a imparcialidade do julgador.
O princípio da publicidadepode ser excepcionado, nos casos
da vítima ser menor.
Unidade 1 - Tópico 1
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C) 
D) 
Responder
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
O princípio da publicidade pode ser excepcionado quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
O princípio da publicidade não pode nunca ser excepcionado,
sendo que todas as ações devem correr com toda publicidade
para garantir a o duplo grau de jurisdição.
5 São princípios aplicáveis ao processo penal:
Princípio do juiz natural, princípio da identidade física do juiz,
princípio do tribunal de exceção, princípio da verdade real,
princípio da publicidade, princípio do duplo grau de jurisdição.
Princípio do juiz natural, princípio da identidade física do juiz,
princípio da igualdade processual, princípio da verdade real,
princípio da publicidade, princípio do duplo grau de jurisdição.
Princípio do juiz natural, princípio do sigilo, princípio da
igualdade processual, princípio da verdade real, princípio da
publicidade, princípio do duplo grau de jurisdição.
Princípio do juiz natural, princípio da identidade física do juiz,
princípio da igualdade processual, princípio da verdade formal,
princípio da publicidade, princípio do duplo grau de jurisdição.
Princípio do juiz natural, princípio da identidade física do juiz,
princípio da igualdade processual, princípio da verdade real,
princípio da publicidade, princípio do triplo grau de jurisdição.
Unidade 1 - Tópico 1
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Apresentação  Tópico 2
Conteúdo escrito por:
Todos os direitos reservados © Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
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