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RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO - Maxwell dos Santos

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Prévia do material em texto

IFES - INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
MAXWELL DOS SANTOS
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
Vitória
2020
MAXWELL DOS SANTOS
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
Relato de experiência elaborado como pré-
requisito para conclusão da disciplina de Estágio
Supervisionado II, do curso de Licenciatura em
Letras - Português do Ifes – Campus Vitória, sob a
orientação dos professores Ivania Cover, André
Freitas e Charlini Contarato Sebim.
Vitória
2020
1 INTRODUÇÃO
O trabalho em tela tem como objetivo explanar a experiência vivida como
estagiário ouvinte, durante a observação feita dentro do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) da turma do curso técnico em Eletrotécnica Integrado ao
Ensino Médio do Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Vitória, turma M03, no
turno matutino, entre os meses de agosto e setembro de 2020, enquanto pré-
requisito atividade de encerramento da disciplina.
O Estágio Supervisionado, atividade obrigatória em todos os cursos de
licenciatura plena, além de ser elemento de formação pedagógica dos alunos,
proporciona a execução dos saberes adquiridos ao longo dos semestres através
da prática docente, possibilitando a reflexão acerca do processo de ensino-
aprendizagem e refletindo sobre a prática pedagógica observada. Pimenta e Lima
(2006, p.6) pontuam a diferença da teoria e da prática:
O estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de
formação de profissionais em geral, em contraposição à teoria. Não é raro
ouvir-se dos alunos que concluem seus cursos se referirem a estes como
‘teóricos’, que a profissão se aprende ‘na prática’, que certos professores e
disciplinas são por demais ‘teóricos’. Que ‘na prática a teoria é outra’. No
cerne dessa afirmação popular, está a constatação, no caso da formação
de professores, de que o curso não fundamenta teoricamente a atuação do
futuro profissional nem toma a prática como referência para a
fundamentação teórica. Ou seja, carece de teoria e de prática.
Silva e Gaspar (2018, p. 206) observam que o " estágio supervisionado é um
espaço de aprendizagem da profissão docente e de construção da identidade
profissional".
Em tempos normais, aqui diria quais seriam as etapas do estágio, a
saber:observação, planejamento e regência. Esta seria a ordem natural. No entanto,
a pandemia do coronavírus mudou todos os planos. A palavra de ordem passou a
ser: fique em casa. As aulas do IFES foram suspensas e a última informação
passada pelo Conselho Superior desta instituição é que só retornaremos com as
aulas presenciais em 2021.
Como embasamento teórico, apoio-me em Kuenzer (2011), Pimenta e Lima
(2006),Villas Boas(2020) e Silva e Gaspar (2018).
2
2 AS OBSERVAÇÕES: ENTRE A EXPECTATIVA E A REALIDADE
Ao contrário da maioria dos meus colegas, que está cursando Estágio
Supervisionado II pela primeira vez, sou aluno desperiodizado, finalista, que precisa
cumprir esta disciplina, além da monografia para integralizar o curso.
Antes da pandemia, os professores fizeram a divisão das duplas nas turmas
que fariam a observação e regência. Por eu ser servidor estatutário da Prefeitura
Municipal de Cariacica, lotado na Secretaria de Educação, não tinha a certeza da
liberação por parte de meus gestores. Ato contínuo, os professores orientadores
deliberaram que eu faria o estágio numa das turmas de PROEJA.
É sabido que a pandemia afetou todo o sistema escolar. Por conta da Covid-
19, o Enem foi adiado para janeiro de 2021. O então ministro da Educação,
Abraham Weintraub, relutou em adiar o exame.O senador Otto Alencar (PSD-BA)
reproduziu as falas elitistas do ex-ocupante da pasta:
Ele disse que sabe que existem injustiças, mas que Enem não foi feito para
corrigir injustiças, mas para selecionar.
(...)
O ministro chegou a dizer que existem pessoas que são mais inteligentes e
outras que têm pouca inteligência. Achei tão absurdo quando ele falou isso
que tive vontade de sair da reunião. É muito absurdo ouvir isso.
(LEMOS, 2020)
Tão asquerosa como a fala de Weintraub, foi a campanha do MEC com o
mote "a vida não pode parar". Eis a fala mais nauseante:
"E se uma geração de novos profissionais fosse perdida? Médicos,
enfermeiros, engenheiros, professores. Seria o melhor para o nosso país? A
vida não pode parar, é preciso ir à luta, se reinventar, se superar. Dias
melhores virão", diz um estudante no vídeo exibido nesta quinta-feira nas
TVs abertas.
(LEMOS, 2020)
Parece discurso de coach que fez um cursinho de fim de semana com alguém
que tem vários livros na lista dos mais vendidos das revistas semanais. 
Ademais, ignora a realidade da maioria dos alunos, principalmente periféricos,
indígenas, quilombolas, ribeirinhos e os que moram na zona rural, onde sequer o
sinal de celular chega. É o discurso liberaloide de que individuo é responsável pelo
seu sucesso ou fracasso, ignorando o meio em que o(a) jovem vestibulando(a) está
inserido(a).
Vivo esta realidade de perto. Sou professor de dois pré-vestibulares populares
situados na Grande Goiabeiras: Risoflora e Atitude. Ambos atendem alunos vindos
3
de bairros periféricos, alguns deles dominados pelo poder paralelo do narcotráfico.
Estes educandos, ao contrário dos alunos das escolas particulares e dos alunos do
IFES não optantes de ações afirmativas, não dispõem de computador em casa,
quando têm, é dividido com outras pessoas. Quem têm celular, o aparelho é tão
antiquado que trava ao abrir o vídeo ou não dispõem de crédito para o pacote de
dados. Uma hora de aula já "come" a cota de dados, sendo necessário uma nova
recarga. No Risoflora, uso o Google Sala de Aula para subir os conteúdos.
No tocante a essas desigualdades, vale a pena destacar as pontuações da
professora da UNB Benigna Maria de Freitas Villas Boas sobre a EAD na conjuntura
que vivemos:
Em quarto lugar, usada de forma intempestiva, como tem acontecido nesses
meses de enfrentamento do Novo Coronavírus, a ead pode contribuir para o
alargamento das desigualdades sociais e educacionais. Os estudantes que
têm as condições necessárias, tais como computador, espaço próprio para a
realização das atividades e acompanhamento familiar, cumprirão o plano de
estudos e avançarão. Aqueles que não as possuem ficarão em
desvantagem. Quando as aulas forem retomadas, como os professores
atuarão com esses dois grupos?
(VILLAS BOAS, 2020)
Em outras palavras, o MEC, ao insistir na manutenção da aplicação do exame
para novembro, queria instituir a "meritocracia", a "lei das selvas" e o "cada um por si
e Deus por todos".A professora Camilla Ferreira Paulino, em reportagem ao portal
Século Diário, critica a maneira em que a SEDU tem conduzido o ensino remoto:
Ele [Vitor de Angelo, secretário de Educação] diz que os alunos podem
pegar o material impresso, mas esquece que o acesso às escolas as vezes
é muito complicado. Por exemplo, na escola aqui de Coqueiral de Aracruz,
Primo Bitti, o ônibus só passa quando tem aula presencial. Então o aluno
tem dificuldade para chegar na escola. Fora isso, é muito complicado para o
professor corrigir esses exercícios, pois, ou ele tem que ir na escola pegar o
material, se expondo ao risco, já que muitos não tem carro próprio, ou a
equipe da direção da escola manda foto, muitas da vezes bem depois do
lançamento da atividade original, e vira uma bagunça. Ou seja, o que o Vitor
de Angelo diz que é uma alternativa, na verdade não funciona.
(COUZEMENCO, 2020)
Voltemos ao assunto do estágio propriamente dito. As observações foram
feitas dentro do AVA, onde foram ministradas aulas síncronas de Língua Portuguesa
e Literatura Brasileira, entre os dias 05 de agosto a 02 de setembro. Ei-las:
05/08
A professora ministrou a aula sobre a geração de 1930, segunda geração do
modernismo brasileiro, onde apresentou as características,os autores Jorge Amado.
Os alunos participaram bastante da aula.
4
12/08
A professora continuou a aula sobre a geração de 1930, segunda geração do
modernismo brasileiro, onde apresentou os autores Rachel de Queiroz, José Lins do
Rêgo.
Ao final, ela comentou sobre uma atividadeavaliativa em grupo, sobre as
obras desse período.
19/08
A professora continuou a aula sobre a geração de 1930, segunda geração do
modernismo brasileiro, onde apresentou os autores Graciliano Ramos e Érico
Veríssimo.
No fim, ela respondeu as dúvidas dos alunos sobre a aula e sobre o trabalho
em grupo.
26/08
Nesta aula, ocorreu a apresentação do primeiro grupo, que apresentou o livro,
Menino de Engenho, de José Lins do Rego. Cada um de sua casa apresentou
02/09
Nesta aula, ocorreu a apresentação do segundo grupo, que apresentou o
livro, Fogo Morto, de José Lins do Rego. Cada um de sua casa apresentou sua
parte.
É certo que há alunos do IFES, principalmente do Técnico Integrado ao
Ensino Médio, que não têm acesso à internet e evadem. Sobre tal questão a
professora regente Raquel Vaccari observa: 
Sim, houve. O percentual exato não sei, mas foi pouquíssimo (...) O
percentual exato não sei, mas foi pouquíssimo. Algumas foi por falta de
internet em casa; outros, já era casos de alunos com depressão que se
agravou devido ao isolamento social, então estes ficam algumas semanas
sem participar, mas geralmente voltam e fazer recuperação. 
Houve bastante interesse por parte dos alunos, que procuravam a professora.
 "A interação é ótima. Sempre me procuram via watsapp (sic), às vezes até
aos domingos (não consigo por aqui uma carinha chorando)". (...) A
comunicação é principalmente por whatsapp (cada turma tem um grupo
comigo) e para eles é muito tranquilo, pois faz parte da vida deles, do
mundo dessa geração.
5
Quando indagada a respeito dos desafios da nova forma de dar aula, Raquel
respondeu:"Não chega a ser desafio, mas sinto falta da interação de algumas
atividades presenciais, como Seminários e Teatro (gosto de trabalhar a literatura
com teatro)". Ela pontuou a respeito da primeira semana das APNPs:
"Primeiramente no começo fizemos uma revisão do conteúdo, e por serem alunos
excelentes (em todas as turmas), eles recordaram rapidinho".
Por fim, ela aconselha os professores quanto ao uso das mídias virtuais:
"Devem procurar dominar as mídias virtuais, pois felizmente/infelizmente este será o
futuro.Não tem escapatória".
Neste ínterim, produzi dois planos de aula: um sobre o concretismo e outro
sobre a literatura marginal. Ambos foram postados no AVA e estão à disposição da
professora regente.
6
3 CONCLUSÃO
A experiência do Estágio Supervisionado II foi proveitosa, não obstante as
limitações de somente fazer observações. Não foi permitido que eu e demais
colegas fizéssemos a regência. Meu desapontamento foi por eu ter sido o sujeito
passivo, que só observou, mas não pôde reger.
A professora explicou de forma agradável os autores e obras da Geração de
1930 pelo AVA. Por vezes, o sistema estava instável, o que gerou o cancelamento
de uma das aulas.
A meu ver, o ensino de literatura não pode ter um caráter utilitário, tão-
somente para passar no ENEM ou nos vestibulares da vida. Deve despertar o
desejo dos educandos pelo prazer da leitura. Já dizia o romancista Goethe: ler é a
arte de desfazer nós cegos.
Hoje, assistimos o ministro da Economia, Paulo Guedes, querendo taxar os
livros, que gozam de imunidade tributária. Cuida-se de uma proposta obscurantista,
ou seja, uma conduta deliberada pela ignorância. O saudoso educador Darcy Ribeiro
já dizia: "A crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto".
A educação pública é intencionalmente sucateada para se afirmar que o
poder público é incompetente para gerir. A mídia corporativa tece loas a iniciativas
de privatização do ensino ou da entrega da rede escolar à gestão de OSCIPs, cujos
controladores têm íntimas relações com os políticos. Kuenzer (2011) comenta a
respeito dessa onda privatista e seu impacto sobre os professores:
De todo modo, tal como tem se dado a crescente privatização dos serviços
 educacionais, a tendência à sua mercantilização é uma característica cada
vez mais presente, diminuindo as possibilidades de intervenção criativa e
independente dos profissionais da área, mesmo considerando a natureza
não material do trabalho docente, o que pode lhe conferir certo grau de
autonomia. Isto porque os serviços educacionais, como os demais serviços,
sofreram os impactos da crise do capitalismo no final do século passado e
no início deste. Forçadas a se reorganizar para serem competitivas,
inclusive na disputa pelos fundos públicos, as instituições educacionais
públicas e privadas desencadearam estratégias próprias da
reestruturação produtiva, não se diferenciando, neste sentido, das demais
empresas, a não ser pela especificidade de seu processo de trabalho.
(KUENZER, 2011, p. 680)
Sinceramente, espero que os alunos que cursarem Estágio Supervisionado II,
em 2021/1, encontrem uma conjuntura mais favorável do que eu, meus colegas de
turma, a professora regente e os professores orientadores encontraram.
7
REFERÊNCIAS
AMADO, Guilherme . APÓS ADIAR ENEM, MEC SEGUE VEICULANDO
CAMPANHA PARA PROVA EM NOVEMBRO: 'A VIDA NÃO PODE PARAR'.
Época. Rio de Janeiro. Disponível em: https://bityli.com/I28i5. Acesso em: 4 set.
2020.
COUZEMENCO, Fernanda. Secretário de Educação é omisso e vive fora da
realidade, apontam professores. Século Diário. 2020. Disponível em:
https://www.seculodiario.com.br/educacao/secretario-de-educacao-e-omisso-e-vive-
fora-da-realidade-apontam-professores. Acesso em: 4 set. 2020.
KUENZER, Acacia Zeneida. A formação de professores para o ensino médio: velhos
problemas, novos desafios. Educação & Sociedade , Campinas, v. 32, n. 116, p.
667-688, 2011.
LEMOS, Iara. Em reunião com senadores, Weintraub diz que Enem não foi feito
para corrigir injustiças. Folha de São Paulo. São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/05/em-reuniao-com-senadores-
weintraub-diz-que-enem-nao-foi-feito-para-corrigir-injusticas.shtml. Acesso em: 4 set.
2020.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena . Estágio e docência :
diferentes concepções. Poíesis Pedagógica, Catalão, v. 3, n. 3 e 4, p. 5-24, 2006.
Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/poiesis/article/view/10542/7012. Acesso
em: 4 set. 2020.
SILVA, Haila Ivanilda ; GASPAR, Mônica. Estágio supervisionado: a relação teoria e
prática reflexiva na formação de professores do curso de Licenciatura em
Pedagogia. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, , v. 99, n. 251, p.
205-221, jan-abr 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S2176-66812018000100205&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 4
set. 2020.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Em tempos de pandemia: banalização
da educação a distância. Disponível em: http://gepa-
avaliacaoeducacional.com.br/em-tempos-de-pandemia-banalizacao-da-educacao-a-
distancia/. Acesso em: 4 set. 2020.
8

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