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Isabela Alves – Medicina Veterinária Objetivos de aprendizagem: Conceituar os distúrbios pigmentares (pigmento, pigmentação, tipos); Definir os tipos de pigmentações exógenas e endógenas patológicas. Pigmento Substância que possui cor própria. Origem, composição química e significado biológico diversos. Pigmentação Processo de formação ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos em certos locais do organismo. Classificação ✓ Pigmentação exógena; ✓ Pigmentação endógena. Pigmento O que são? Substâncias de composição química e cores próprias, amplamente espalhadas na natureza; São encontradas nas células e tecidos; Podem ter forma de grânulos, alguns com importantes funções, mas que em determinadas circunstâncias podem constituir causa ou efeito de alterações funcionais. Presentes na natureza – células vegetais e animais; Ex.: Caroteno, Citocromos, Clorofila e Melanina. Pigmentações Processos Fisiológicos: acúmulo ou formação de pigmentos nos tecidos. Processos Patológicos: resultado de alterações bioquímicas pronunciadas com aumento ou diminuição de pigmentos. Ou seja, decorrem de: Alterações na formação do pigmento (hiper ou hipoprodução); Alterações na distribuição anormal). PSIU: As pigmentações patológicas ocorrem em um número considerável de doenças. PSIU: O pigmento em sim, raramente ocasiona alterações histofisiológicas significativas (raramente é causa de problema, geralmente é mais um sinal deste). PSIU: Com exceção da Hemocromatose. Hemocromatose É uma disfunção relacionada a excesso de ferro no sangue. Ela tende a ter algumas predileções. O ferro se deposita de forma exacerbada. O indivíduo tem uma hiperfunção que faz com que o organismo absorva de forma intestinal, muito esse ferro. Isabela Alves – Medicina Veterinária Ex.: o que seria 50% absorvido, é 100% absorvido. Acaba se depositando em algumas estruturas, como pele, fígado, coração, pâncreas (na veterinária há mais registros em cães e tucanos), etc. Ex.: batimentos cardíacos irregulares. Pigmentações: Classificação: Pigmentos exógenos – formados fora do organismo animal. São introduzidos no organismo por: ingestão, inalação ou inoculação. Se depositam nos tecidos, funcionando como corpos estranhos, sendo fagocitados por macrófagos ou drenados por vasos linfáticos. PSIU: É a pigmentação que causará a patologia. Os pigmentos se depositam em geral nos pontos dos primeiros contatos com a mucosa ou pele, podendo ali ficar ou ser eliminados (VIEIRA, 2007). A pigmentação exógena pode ser dividida nos seguintes tipos: • Pneumoconioses; • Silicose; • Antracose; • Tatuagem; • Argíria; • Siderose; • Bismuto. Via cutânea Tatuagens: é uma forma de pigmentação exógena usualmente limitadas à pele, na qual resulta da introdução de pigmentos insolúveis na derme, acidental ou propositalmente. São permanentes ou transitórias, conforme o pigmento seja introduzido na derme ou no estrato córneo da epiderme. É feita com sais de enxofre, mercúrio, ferro e entre outros corantes. A cor varia do tipo de pigmento presente. Via cutânea Tatuagens: são insolúveis (nanquim, carvão, etc.); São introduzidos por agulha com propósitos decorativos ou identificadores. Histologicamente o pigmento é visto como pequenos grânulos fagocitados por histiócitos ou retidos no tecido conjuntivo fibroso. Tatuagens na veterinária: Dentro da orelha (suínos, bovinos, ovinos); Face interna da coxa (cães); Lábio inferior (equinos). Via oral Argirismo ou argiria: intoxicação com sais de prata (“Argentum”) – apenas em humanos; Isabela Alves – Medicina Veterinária Mais comumente associada à administração excessiva e prolongada durante o já ultrapassado tratamento de cistites, coccidioses e oftalmias; Deposita-se nos glomérulos renais, glândulas sudoríparas e sebáceas e derme superficial, produzindo uma pigmentação cinzenta azulada permanente na pele e mucosa oral. Geralmente é oriunda por contaminação sistêmica por medicação. Plumbismo ou saturnismo: intoxicação com sais de chumbo (“Plumbum”) Comumente associada à ingestão de capins contaminados com fumaça de fundições ou com água poluída por minas de chumbo; Deposição de sulfeto de chumbo nos ossos (principalmente no fêmur) e na mucosa oral odonto-gengival produzindo uma linha escura – “Linha do chumbo”; Além de graves lesões no sistema hematopoiético, no SNC e renal (nos rins). Pigmentação bismútica ou Bismuto: intoxicação com sais de bismuto; Comumente associada ao tratamento com compostos bismúticos; Deposição de sulfureto de bismuto principalmente nas gengivas com o aparecimento da “linha bismútica”. Atualmente é raro de ser visto, sendo comum na terapia para sífilis. Carotenose ou Lipocromatose exógena*: a ingestão excessiva de pigmentos vegetais (caroteno, xantofila), lipossolúveis (cromolipídeos ou lipocromos exógenos) determina coloração amarelo – pálido na pele e vísceras, sem efeitos deletérios conhecidos. É frequente em equinos e bovinos Jersey e Guernesey (cuja gordura é mais amarelada); Em aves, cuja ração tenha sido adicionados pigmentos como aditivos (com propósito comercial). As células que mais captam tais pigmentos são as células epiteliais da adrenal, dos testículos e da vesícula seminal, as luteínas do corpo lúteo, as células de Kupffer do fígado, as células ganglionares e os adipócitos. A quantidade de carotenóide nos tecidos variam conforme a espécie e está na dependência da eficiência relativa na conversão de caroteno para vitamina A. A carotenose deve ser diferenciada da icterícia e da esteatose. Carotenose – acúmulo de substâncias de Vitamina A, que são pigmentados e causam uma tonalidade amarelada na pele. Isabela Alves – Medicina Veterinária Esteatose – é o termo usado para representar o acúmulo anormal de gordura em um órgão ou tecido. Icterícia – é uma coloração amarela da pele e/ou olhos, causada por um aumento da bilirrubina na corrente sanguínea. Via respiratória Pneumoconioses: Alterações pulmonares e de linfonodos regionais decorrente da inalação de partículas provindas do ambiente (poeira/poluição do ar); Não são verdadeiramente distúrbios pigmentares, mas como alguns pigmentos exógenos são frequentemente inalados serão aqui discutidos superficialmente. Tipos de pneumoconioses: Antracose, Silicose e Siderose. Antracose: são pigmentações por sais de carbono. Pigmentos inalados o mais frequente é a poeira do carvão. É encontrado nos fumantes e em todos os indivíduos, principalmente adultos e idosos, moradores das grandes cidades que são expostos a um grau de poluição. Silicose: na verdade não se trata de um distúrbio dos pigmentos. É a inalação de sílica (“terra”) sendo altamente irritante, determinando por isso mesmo reações violentas (nódulos altamente fibróticos – de natureza granulomatosa), além de predispor à infecções pulmonares. Siderose: pigmentação por óxido de ferro. Atingem principalmente trabalhadores de mineradoras de hematita, soldadoras e trabalhadores que manipulam pigmentos com óxido de ferro. Outras pneumoconioses: • Asbestose: inalação de silicato de magnésio (amianto); • “Calcinose”: de carbono de cálcio (call); • Beriliose: de Berílio; • Cadmiose: de cádmio; • Cuprose: de cobre; • Hidrargirose: de sais de mercúrio. Pigmentações Classificação: Pigmentos endógenos Pigmentação por pigmento produzidos dentro do corpo. Pode ser dividida em dois grupos: Pigmentos hemáticos ou hemoglibinógenos; Pigmentos melânicos. Pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos: são oriundos da lise da hemoglobina. A hemoglobina (Hh) é composta basicamente de uma proteínado grupo das histonas (globina) e de 4 grupos prostéticos derivados Isabela Alves – Medicina Veterinária da síntese de porfirinas (Grupo Heme, cromático, tetrapirrólico). Este grupo Heme, por sua vez, é constituído de um grupo férriro (pigmentos ferruginosos) e de um grupo cromático isento de ferro. Isto explica por que tantos pigmentos ferruginosos quanto não ferruginosos podem ser formados a partir da Hb. Pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos: Classificação dos pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos: Pigmentos ferruginosos: Hematinas: • H. Acida formolínica ou “pigmento do formol”; • Hemozoína ou “pigmento malárico ou pelúdico; • H. Acida hidroclorídrica ou “pigmento da ulcera”; • H. Esquistossomótica ou “pigmento esquistossomótico”. Hemossiderina: PSIU: É uma espécie de armazenagem do íon ferro cristalizado. Este se acumula nas células, principalmente do retículo endotelial. É originada da lise de hemácias, de dieta rica em ferro ou da hemocromatose idiopática. Sua cor é amarelo-acastanhado. Hemocromatose idiopática: sem origem, espontânea, sem sinais prévios. Hemossiderina: é originado da lise das hemácias e representa uma das duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro, e a outra é a ferritina. A deposição excessiva de hemossiderina no tecido pode ser localizada ou sistêmica. Hematoidina: pigmento de coloração mais amarelada que a hemossiderina, apresentando granulação sob a forma de cristais bem nítidos. Também não possui ferro, semelhantemente à bilirrubina. Forma-se em locais com pouco oxigênio. PSIU: Porfirinas são pigmentos originados semelhantemente à hemossiderina, sendo encontrados mais na urina em pequena quantidade. Quando há grande produção deste, pode ocasionar doenças denominadas de “porfirias”. Pigmentos não ferruginosos Bilirrubina É o produto da lise do anel pirrólico, sem a presença de ferro. Conjugada ao ácido glucurônico pelo hepatócito, a bilirrubina torna-se mais difusível, não se concentrando nas células que fagocitam hemácias, o que Isabela Alves – Medicina Veterinária provoca um aumento generalizado desse pigmento, denominado de icterícia. Tem sua origem nos casos de lise hemática, de doença hepatocítica ou de obstrução das vias biliares. Acredita-se, hoje, que a bilirrubina seja originada da hematoidina, pigmento que se cristaliza próximo às hemácias rompidas. Bilirrubina é o subproduto normal do metabolismo da hemoglobina – “isento de ferro”. O responsável pela cor da bile (pigmento biliar). Deriva da fração heme da Hgb e sofre um processo de conjugação no fígado que é fundamental para a constituição dos ácidos biliares. Acúmulo de Bilirrubina • Icterícias Desordem importante caracterizada por uma coloração amarelo-esverdeada nos tecidos, causada pela elevação dos níveis séricos de pigmentos biliares. Sinal causado pela elevação da taxa de bilirrubina circulante e sua deposição nos tecidos. Icterícia Pré-hepática: Produção aumentada de bilirrubina no sangue (destruição excessiva de eritrócitos) excedendo a capacidade excretora do fígado. Icterícia Hepática: Déficit hepático relacionado à absorção, conjugação ou excreção de bilirrubina. Icterícia Pós-Hepática: Interrupção do fluxo dos ductos biliares extra- hepáticos, impedindo o fluxo normal da bile. Pigmentos melânicos Oriundos da melanina. Produzida por melanoblastos, a melanina tem cor castanho-enegrecida, sendo responsável pela coloração das mucosas, pele, globo ocular, retina, neurônios etc. O processo de síntese da melanina é controlado por hormônios, principalmente da hipófise e da suprarrenal, e pelos hormônios sexuais. Casos de alterações nessas glândulas podem acarretar em aumentos generalizados da melanina. Exposições aos raios ultravioletas também provocam esses efeitos. Devido ao aumento de melanina, temos as panteras-negra. Os aumentos localizados da melanina podem se manifestar sob as seguintes formas: Nevus celulares: localização heterotópica dos melanoblastos (camada basal da epiderme). Isabela Alves – Medicina Veterinária Os nevus podem ser planos (ditos juncionais) ou elevados (dérmicos ou intradérmicos). Melanomas: manchas escuras, de natureza cancerosa. Há o aumento da quantidade de melanócitos, os quais encontram-se totalmente alterados, originando esse tumor maigno. Em geral, os melanomas são destituídos de pigmentação melânica devido à natureza pouco diferenciada do melanócito. Efélides ou sardas: hiperpigmentação na membrana basal causada por melanoblastos. Mancha mongólica: mancha clara, principalmente na região do dorso e sacral. Como diminuição localizada da pigmentação melânica tem-se: Vitiligo: comum nas mãos; causada pela diminuição da quantidade de melanócitos produtores de pigmento na epiderme, manifestando-se clinicamente como manchas apigmentadas. Albinismo: forma recessiva e autossômica; localizada principalmente na região do crânio; os melanócitos encontram-se em um número normal, mas não produzem pigmento.
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