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Vitória Araújo- Habilidades Médicas II SÍNDROMES NERUOLÓGICAS SÍNDROME MENÍNGEA As meninges são compostas por três camadas: a dura-máter, a aracnoide e a pia- máter. Meninges e raízes nervosas- podem ser acometidas por processo irritativo ou hemorrágica. A síndrome meníngea é causada por uma infecção (meningite) ou hemorragia (meníngea ou subaracnóidea). • Hemorragia meníngea- quadro agudo, súbito • Meningite- quadro febril de instalação rápido. Características de síndromes que podem ser agrupadas: ➤Síndrome radicular- causa hiperestesia, fotofobia, raquialgia, postura antálgia, habitualmente em decúbito lateral e com os membros inferiores semifletidos, rigidez da nuca, positividade das provas Kernig, Brudzinski e Lasègue. ➤Síndrome Infecciosa (Meningite)- causa febre, prostração, astenia, anorexia, taquicardia, cefaleia intensa. Comum em crianças. ➤Síndromes Hipertensão Intracraniana SÍNDROME HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Pressão intracraniana (PIC) o normal é 10 a 20 cmH2O, média (maioria) é 15 cmH2O. Pressão avaliada de várias maneiras, a mais cum é a punção lombar. A caixa craniana é inextensível pois é osso não possui a capacidade de extensibilidade. É necessário que tenha um equilíbrio perfeito entre o conteúdo e continente, quando rompido predispõe a elevação da PIC. Situações que quebram esse equilíbrio: • Aumento da massa cerebral; • Encefalopatia hipertensiva; • Bloqueio na circulação do liquor; • Bloqueio na reabsorção do liquor; • Presença de sangue extravasado, seja na intimidade do parênquima nervoso, seja no espaço subaracnóideo ou nos demais espaços. CAUSAS DE HIC • Tumores (incluindo abcesso cerebral); • Meningite; • Hemorragia (cerebral ou subaracnóidea); • Traumatismo (com ou sem hematoma); • Edema cerebral; • Intoxicações exógenas; • Trombose venosa cerebral; • Hipertensão arterial maligna; • Estenose congênita do aqueduto Silviano; • Neurocisticercose; • Uso de medicamentos em crianças (tetracíclicas, vitaminas A, ácido nalidíxico); • Hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor cerebral). SINTOMATOLOGIA -A síndrome intracraniana pode exterioriza-se de modo agudo ou lento, dependendo da etiologia. -Sinais e sintomas da instalação lenta e gradual: ➤Cefaleia: sintomas mais frequentes, podendo ser ocasional, intermitente e até contínua. Decorre da compressão ou tração das estruturas intracranianas sensíveis, como as leptomeninges, as artérias, as veias calibrosas e os seis venosos. ➤Vômitos: são frequentes e predominam pela manhã, quando o paciente passa da posição deitado para a sentado ou em pé. Não possui relação com a alimentação. São chamados de “vômitos cerebrais” ou “vômitos em jato”. Não apresenta náuseas antes. Os “vômitos cerebrais” dependem de irritação dos centros eméticos bulbares. ➤Vertigens (quando a pessoa sente que ela ou os objetos à sua volta estão em movimento): pouco frequentes, surgem pela movimentação abrupta da cabeça. São mais comuns nas neoplasias da fossa posterior. Vitória Araújo- Habilidades Médicas II ➤Edema da papila: frequente (fases iniciais), é bilateral e pode ser assimétrico, e sem prejuízo para a acuidade visual no início. Com a evolução pode levar a atrofia do nervo óptico e amaurose definitiva (acuidade abolida). A HIC impede fluxo normal do sangue nas veias retinianas, desaparecendo assim o pulso venoso, turgência venosa, estase papilar, focos hemorrágicos e atrofia papilar pós- edema, por isso, ocorre o edema de papila (todos podem ser reconhecidos á fundoscopia). ➤Convulsão: pouco frequente, ocorre mais em crianças e/ou quando a hipertensão evolui de modo rápido, generalizada (focal). Se focal, agente causal situa-se na área cerebral correspondente. ➤Paralisia dos pares cranianos: VI par (uni ou bilateral), manifesta-se por estrabismo convergente e a diplopia (alteração da posição dos olhos). Não indica o local da lesão. Explicada pelo seu longo trajeto e sua disposição anatômica na base do crânio- ou é comprimido de encontra às paredes ósseas ou é tracionado para baixo pela artéria cerebelar anterior. ➤Distúrbios psíquicos: comum em fases avançadas. Caracteriza-se por irritabilidade, desinteresse, raciocínio lento, indiferença, confusão, desatenção, falta de iniciativa. Um conjunto de alterações que traduzem embotamento global das funções mentais. ➤Distúrbios autonômicos- uma síndrome muito conhecida, Síndrome de Cushing, caracterizada pela bradicardia e hipertensão arterial. No aparelho respiratório pode ter taquipneia, ritmo (respiração de CheyneStokes ou de Biot) ou com períodos irregulares de apneia. ➤Macrocrania: abalamento da fontanela anterior, quando aberta. SÍNDROME DE COMPRESSÃO MEDULAR É caracterizada por uma série de manifestações medulares e radiculares que surgem de nodo agudo ou gradativo, na dependência de compressão súbita ou lenta exercida por processo expansivo intrarraquidiano ou intramedular. SINAIS E SINTOMAS ➤Distúrbios da sensibilidade Alterações subjetivas: a primeira queixa do paciente costuma ser dor do tipo radicular, irradiando-se em forma de cinta, e que piora com movimentos súbitos toracoabdominais (tosse, espirro). Parestesias, traduzidas pela sensação de formigamento ou dormência de distribuição nos membros, frequentemente iniciadas nos pés, acompanham a dor; Alterações objetivas: dependendo da extensão da lesão e do período evolutivo, podem ser encontradas desde a leve diminuição das várias modalidades de sensibilidade até a sua perda total, cujos limites superiores denunciam fielmente o nível lesão medular; ➤Distúrbios da motricidade: a paresia inicial de grupos musculares é substituída progressivamente até alcançar o grau de paralisia completa dos membros; ➤Distúrbios dos reflexos: são comuns o reflexo cutaneoplantar invertido (Sinal de Babinski) e os profundos hiperativos, além do exagero do reflexo de automatismo e de defesa. ➤Distúrbio do tônus: aumento do tônus nos membros atingidos- caráter de espasticidade. ➤Outros distúrbios: urgência miccional e a incontinência retovesical (precedida ou não por retenção). Impotência e incapacidade de ejaculação. ➤Úlceras de decúbito- são feridas que aparecem na região sacral, tornozelos e calcanhares. ➤ Importante lembrar ⚠ Localização da lesão define quais sintomas surgirão- comprometimento em MMSS (acometimento cervical- tetraplegia) ou em MMII (paraplegia sensimotora com distúrbios esfincterianos ou tróficos). SÍNDROME DO I NEURÔNIO MOTOR OU SÍNDROME PIRAMIDAL A síndrome piramidal é conjunto de sinais e sintomas decorrentes da interrupção, anatômicas ou funcional, da via Corticoespinhal. Vitória Araújo- Habilidades Médicas II Origem: células do córtex motor pré-rolândico (área 5) com os neurônios situados em núcleos dos nervos cranianos no tronco encefálico e na coluna ventral da medula. ➤Causa vários tipos de afasia: SINTOMAS DEFICITÁRIOS OU NEGATIVOS (SINTOMAS QUE ELE PERDE) ➤ Perda ou diminuição da motricidade- paresia ou plegia. Atinge globalmente um ou mais membros, sobretudo a musculatura antigravitária; ➤ Diminuição ou abolição dos reflexos cutâneo-abdominais; ➤ Atrofias musculares atingindo globalmente o segmento paralisado. Ocorre após muito tempo e é consequência do desuso da musculatura ou, segundo alguns, é causada por um mecanismo transináptico. SINTOMAS DE LIBERAÇÃO OU POSITIVOS: ➤ Sincinesias- correspondem a movimentos anormais, e encontrados nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento. Exemplo: quando a mão do lado hemiplégico se contrai quando o paciente fecha fortemente a mão do lado normal. ➤Sinal de Babinski- que é positivo quando ocorre a extensão do hálux (“dedão do pé” - primeiropododáctilo) ao estímulo cutaneoplantar (é uma prova feita no pé para estimular). ➤ Exagero do reflexo do automatismo ou de defesa, representado pela tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo. ➤ Hiperreflexia profunda- policinesia (mais de uma resposta a um único estímulo) e/ou sinreflexia (resposta ao estímulo também do lado oporto). ➤Espasticidade. LESÕES AGUDAS DA VIA PIRAMIDAL Causa paralisia, hipotonia e arreflexia, pois é uma via motora. ⚠ Paralisia: a manifestação clínica será ao lado oposto em que ocorreu a lesão. Após um período variável a paralisia pode regredir parcialmente, o tônus e os reflexos profundos se tornam aumentados (surgimento de sintomas de liberação). ➤ Causas: acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores, doenças desmielinizantes (esclerose múltipla), processos degenerativos (esclerose lateral amiotrófica), traumatismo e infecções. Vitória Araújo- Habilidades Médicas II SÍNDROME DO II NEURÔNIO MOTOR Nas lesões do II neurônio motor (corpo celular ou axônio), os impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. E consequência, todos os atos motores (voluntários, automáticos e reflexos) são abolidos. ⚠ A manifestação clÍnica será do mesmo lado lesionado. SINAIS E SINTOMAS ➤Paresia ou paralisia: segmentar, assimétrica, interessando o grupamento muscular inervado pelos neurônios lesionados. A manifestação clínica será do mesmo lado lesionado. ➤Hipotonia- traduz-se por aumento da passividade e da extensibilidade musculares. ➤Arreflexia- pode ser superficial ou profunda. ➤Fasciculação- decorrem dos processos simultâneos de degenerações nos músculos comprometidos, e é de evolução crônica. Atrofia da musculatura comprometida- insta- se mais ou menos precocemente. CAUSAS • Poliomielite anterior aguda; • Esclerose lateral amiotrófica; • Amiotrofia mielipática infantil; • Siringomielia; • Polineuropatia periférica; • Radiculopatias; • Mononeuropatias; • Neuropatias múltiplas. SÍNDROME HEMIPLÉGICA Ocorre lesão da via piramidal, em qualquer ponto do trajeto desde o córtex cerebral até a medula, e se traduz pela perda da motricidade de uma metade do corpo, com o cortejo sintomático que constitui a síndrome do I neurônio motor. CAUSAS • Acidentes vasculares cerebrais; • Tumores; • Traumatismo; • Infecções doenças desmielinizantes. SÍNDROME CEREBELAR Constituída de alterações da coordenação e do tônus muscular. As alterações dependentes das lesões hemisféricas se refletem nos membros e são sempre do mesmo lado. As decorrentes das lesão do verme localizam- se de modo predominante no tronco. SINAIS E SINTOMAS Alterações dos movimentos ativos (ataxia): • Dismetria- é um distúrbio na medida do movimento verificável pelas provas indicador-nariz e calcanhar-joelho; • Disdiadococinesia e adiadococinesia- é a dificuldade ou incapacidade de se realizar movimentos rápidos e alternados, como fazer alternadamente supinação e pronação da mão; • Tremor- chamado tremor intencional, cinético ou cerebelar, ocorre quando o Vitória Araújo- Habilidades Médicas II paciente executa um movimento e reflete sua decomposição; • Dissinergia ou assinergia- dificuldade ou incapacidade para efetuar um conjunto de movimentos que representam determinado ato. Assim, na mudança da posição deitada para sentada, o paciente eleva demasiadamente os membros inferiores, fazendo com que este ato seja difícil ou impossível; • Disartria- é caracterizada pela fala lenta, monótona e explosiva; • Disgrafia- as letras se tornam maiores (macrografias) e muito irregulares; • Disbasia- do tipo ebrioso ou em ziguezague, com ampliação da base de sustentação; • Distúrbio do movimento ocular- representados pela lentidão e descontinuidade dos movimentos, além da instabilidade na fixação dos olhos; Alteração do tônus (hipotonia): • Diminuição da consistência das massas musculares, aumento da passividade, reflexos patelar e tricipital pendulares e a dificuldade para manter o equilíbrio. ⚠ Dificuldade de manter o equilíbrio- sinal de Romberg negativo, pois as manifestações não se modificam se eliminar o controle visual. CAUSAS DA SÍNDROME • Tumores (incluindo o abcesso) • Infecções • Distúrbios vasculares (infarto, hemorragia) • Intoxicação exógenas (álcool) • Uso de medicamentos (hidantoinato, piperazina) • Doenças desmielinizante (esclerose múltipla) • Doenças heredodegenerativas • Traumatismo • Atrofias (primária e paraneoplástica). SÍNDROME RADICULOCORDONAL POSTERIOR Conjunto de manifestações decorrentes de lesão do cordão ou funículo posterior da medula e das raízes que o constituem, que são condutoras da sensibilidade proprioceptiva. SINAIS E SINTOMAS • Disbasia do tipo ataxotalonte, aumento da base de sustentação, para a manutenção do equilíbrio, quando na posição vertical. • Prova de Romberg positiva; • Ataxia nas provas habituais; • Hipotonia bem evidente; • Abolição dos reflexos profundo; • Abolição de todas as modalidades sensitivas que transitam pelas fibras calibrosas (vibratória, cinético-postural e tátil epicrítico). CAUSAS • Sífilis nervosa (tabes); • Doença de Friedreich (ataxia espinocerebelar); • Degeneração combinada da medula (mielose funicular). SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD OU HEMISSECÇÃO TRANVERSA LATERAL DA MEDULA ➤ Do lado da lesão: Síndrome piramidal: destaca-se aqui a paralisia; Síndrome cordonal posterior: evidenciada pela abolição da sensibilidade vibratória e cinéticopostural. ➤ Do lado oposto da lesão: Síndrome sensitiva: caracterizada pela abolição da sensibilidade dolorosa e térmica. Cumpre observar que a altura da lesão medular determina o nível da anestesia e da participação de um ou dos dois membros paralisados. ➤ Causas mais importantes ⚠ Vitória Araújo- Habilidades Médicas II • Traumatismo, em especial por projétil de arma de fogo; • Neoplasias; • Infecções. NEUROPATIAS PERIFÉRICAS Comprometimento de um nervo isolado, de dois ou mais nervos em regiões diferentes ou vários nervos simultaneamente e de forma simétrica. Lesões de fibras nervosas pequenas resulta em alterações da sensibilidade térmica e dolorosa. Lesão de fibras mielinizadas de maior calibre acompanha-se de déficits proprioceptivos ou motores. A localização das manifestações é um dado semiológico fundamental no raciocínio diagnóstico. ⚠Neuropatia muito comum: neuropatia diabetes. Açúcar é toxico e acaba comprometendo as fibras nervosas, perdendo a sensibilidade tátil e dolorosa. Por isso, o paciente diabético não percebe quando se machuca.