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1 UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação Curso de Administração ANÁLISE E REESTRUTURAÇÃO DE UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL FAMILIAR Trabalho de Conclusão de Curso ALISON FERNANDO GERHARDT Orientador: Prof. Remi Antônio Dama IJUÍ, RS - 1º semestre de 2012. 2 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Clóvis Antônio Gerhardt e Mirna Gerhardt, que sempre estiveram ao meu lado, dando incentivo para seguir adiante. À minha namorada Queli, pela paciência e compreensão, sempre me ajudando a superar as dificuldades. E especialmente a DEUS, pela vida e saúde. 3 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................... 5 LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS ..................................................................................... 6 LISTA DE QUADROS ............................................................................................................. 7 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................... 10 1.1 Apresentação do Tema ................................................................................................. 10 1.2 Problema ou Questão de Estudo ................................................................................... 10 1.3 Objetivos ....................................................................................................................... 11 1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 11 1.3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 11 1.4 Justificativa ................................................................................................................... 11 2 REFERENCIAIS TEÓRICOS ........................................................................................ 13 2.1 Agricultura .................................................................................................................... 13 2.1.1 Operações Agrícolas ........................................................................................... 14 2.1.2 Ciclo das Culturas ............................................................................................... 15 2.1.3 Dependência do Clima ........................................................................................ 15 2.1.4 Riscos .................................................................................................................. 16 2.2 Agricultura Familiar ..................................................................................................... 16 2.3 Conceitos Básicos de Pecuária ..................................................................................... 17 2.3.1 Pecuária Leiteira .................................................................................................. 18 2.3.2 Características do Gado Leiteiro ......................................................................... 19 2.4 Caracterização da Empresa Rural ................................................................................. 20 2.4.1 Administração Rural ........................................................................................... 21 2.5 Planejamento ................................................................................................................ 22 2.5.1 Tipos de Planejamento ........................................................................................ 22 2.5.1.1 Planejamento Estratégico ........................................................................... 23 2.5.1.2 Planejamento Tático ................................................................................... 23 2.5.1.3 Planejamento Operacional .......................................................................... 24 2.6 Projeto ........................................................................................................................... 24 2.6.1 Tipos de Projetos ................................................................................................. 25 2.6.2 Estrutura de Projetos Agropecuários ................................................................... 25 2.6.2.1 Mercado ...................................................................................................... 25 2.6.2.2 Engenharia .................................................................................................. 26 2.6.2.3 Tamanho ..................................................................................................... 26 2.6.2.4 Localização ................................................................................................. 27 2.6.2.5 Investimento ............................................................................................... 27 2.6.2.6 Financiamento ............................................................................................ 28 2.6.2.7 Custos e Receitas ........................................................................................ 28 2.6.2.8 Demonstração de Resultado – DRE ........................................................... 30 4 2.6.2.9 Depreciação ................................................................................................ 31 3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 33 3.1 Classificação da Pesquisa ............................................................................................. 33 3.2 Universo Amostral e Sujeitos da Pesquisa ................................................................... 35 3.3 Coleta de Dados ............................................................................................................ 35 3.4 Análise e Interpretação de Dados ................................................................................. 35 4 ANÁLISE DA PROPRIEDADE RURAL ...................................................................... 37 4.1 Caracterização da Propriedade ..................................................................................... 37 4.2 Análise Técnica da Propriedade ................................................................................... 37 4.2.1 Instalações da Propriedade .................................................................................. 38 4.2.2 Máquinas e Equipamentos da Propriedade ......................................................... 39 4.2.3 Composição do Rebanho ..................................................................................... 40 4.3 Análise Econômica da Propriedade Rural .................................................................... 41 4.3.1 Receita Bruta das Atividades Agrícolas .............................................................. 41 4.3.2 Atividade de Subsistência ................................................................................... 43 4.4 Custos das Atividades desenvolvidas na Propriedade .................................................. 44 4.4.1 Soja ...................................................................................................................... 44 4.4.2 Trigo .................................................................................................................... 45 4.4.3 Aveia Branca ....................................................................................................... 46 4.4.4 Subsistência......................................................................................................... 46 4.5 Custos com o Rebanho Leiteiro.................................................................................... 47 4.5.1 Milho Silagem ..................................................................................................... 49 4.5.2 Pastagem de Verão .............................................................................................. 50 4.5.3 Grama Tifton ....................................................................................................... 51 4.5.4 Pastagem de Inverno ........................................................................................... 51 4.6 Gastos Gerais da Propriedade ....................................................................................... 52 4.7 Outros Gastos ............................................................................................................... 53 4.8 Depreciação .................................................................................................................. 55 4.8.1 Depreciação das Instalações ................................................................................ 55 4.8.2 Depreciação das Máquinas e Equipamentos ....................................................... 56 4.9 Resultado Econômico do Sistema de Produção ........................................................... 57 5 PROJETO PARA A PROPRIEDADE RURAL ............................................................ 59 5.1 Análise de Mercado ...................................................................................................... 59 5.2 Tamanho e Engenharia ................................................................................................. 60 5.3 Localização ................................................................................................................... 62 5.4 Investimentos e Financiamento .................................................................................... 63 5.5 Custos ........................................................................................................................... 65 5.6 Receitas ......................................................................................................................... 68 5.7 Resultado da Propriedade com o incremento da Produção de Leite ............................ 70 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 77 5 RESUMO Esta pesquisa consiste na análise e diagnóstico de uma pequena propriedade rural familiar, a qual está localizada no interior do município de Augusto Pestana – RS, tendo como proprietário o Senhor Clóvis Antônio Gerhardt. O estudo tem por objetivo analisar como se desenvolvem as atividades na propriedade, quais os custos e resultados econômicos de cada atividade realizada durante o período analisado, mostrando também como o gerenciamento e planejamento das atividades agrícolas na propriedade rural podem aumentar sua rentabilidade. A pesquisa contempla importantes conceitos sobre Agricultura, Agricultura Familiar, Pecuária, Empresa Rural, Planejamento e Projetos. Referente à metodologia, este estudo classificou-se como pesquisa de natureza aplicada, quanto à abordagem, quantitativa e qualitativa, do ponto de vista dos objetivos como exploratória, e quanto aos procedimentos técnicos como pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, documental e estudo de caso. A coleta de dados ocorreu através de visitas realizadas durante o mês de março/2012 diretamente com o proprietário, e também com as empresas que o proprietário costuma realizar seus negócios no intuito de verificar os preços de produtos. A partir destas informações foi possível definir o resultado econômico da propriedade no período analisado tendo como renda agrícola o valor de R$ 102.718,42, sendo que com a reestruturação e um melhor planejamento da atividade leiteira é possível aumentar aproximadamente 90% da renda agrícola da propriedade para os próximos anos. Portanto através da realização deste estudo foi possível verificar que a propriedade encontra-se com uma boa estrutura, e que com a combinação de um melhor planejamento e controle das atividades poderá aumentar sua renda a cada ano. Palavras Chaves: agricultura. planejamento. projeto. reestruturação. resultado. 6 LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS Figura 1: Estrutura de um projeto agropecuário ....................................................................... 25 Figura 2: Foto das instalações da propriedade ......................................................................... 39 Figura 3: Foto de parte do rebanho da propriedade .................................................................. 41 Figura 4: Fluxograma do processo da produção leiteira........................................................... 48 Figura 5: Foto do local de armazenagem do milho/silagem ..................................................... 49 Figura 6: Foto dos novos equipamentos para a propriedade .................................................... 64 Gráfico 1: Composição do rebanho .......................................................................................... 40 Gráfico 2: Percentual da receita bruta das atividades comercializadas .................................... 42 Gráfico 3: Receita bruta, custos e renda agrícola por atividade destinada a comercialização . 54 Gráfico 4: Área de soja e leite para os próximos anos ............................................................. 62 Gráfico 5: Receita bruta, custos e renda agrícola da atividade leiteira .................................... 69 Gráfico 6: Comparativo entre renda agrícola com o novo projeto ........................................... 73 7 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Duração média de máquinas e equipamentos .......................................................... 31 Quadro 2: Áreas de ocupação da propriedade .......................................................................... 38 Quadro 3: Instalações da propriedade ...................................................................................... 39 Quadro 4: Máquinas e equipamentos da propriedade .............................................................. 40 Quadro 5: Receita bruta das atividades comercializadas pela propriedade .............................. 41 Quadro 6: Receita bruta das atividades para a subsistência ..................................................... 43 Quadro 7: Receita bruta total da propriedade ........................................................................... 43 Quadro 8: Custos para o cultivo da soja ................................................................................... 45 Quadro 9: Custos para o cultivo do trigo .................................................................................. 45 Quadro 10: Custos para o cultivo da aveia branca ................................................................... 46 Quadro 11: Custos com a atividade de subsistência ................................................................. 47 Quadro 12: Custos com o rebanho leiteiro ............................................................................... 48 Quadro 13: Custos para o cultivo do milho/silagem ................................................................ 50 Quadro 14: Custos para o cultivo da pastagem de verão .......................................................... 50 Quadro 15: Custos com a grama tifton ..................................................................................... 51 Quadro16: Custos para o cultivo da pastagem de inverno ...................................................... 52 Quadro 17: Gastos gerais .......................................................................................................... 52 Quadro 18: Valor total dos custos das atividades da propriedade ............................................ 53 Quadro 19: Impostos e financiamentos .................................................................................... 53 Quadro 20: Valor do metro quadrado e durabilidade das instalações ...................................... 55 Quadro 21: Depreciação das instalações .................................................................................. 56 Quadro 22: Depreciação das máquinas e equipamentos .......................................................... 56 Quadro 23: Total das depreciações ........................................................................................... 57 Quadro 24: Síntese dos resultados econômicos ........................................................................ 57 Quadro 25: Preço do litro de leite ............................................................................................. 60 Quadro 26: Investimentos para a propriedade .......................................................................... 63 Quadro 27: Financiamento para o projeto ................................................................................ 64 Quadro 28: Custos com o rebanho leiteiro em 2012 ................................................................ 65 8 Quadro 29: Custos com o rebanho leiteiro em 2013 ................................................................ 66 Quadro 30: Custos com o rebanho leiteiro em 2014 ................................................................ 67 Quadro 31: Síntese dos custos para os próximos anos com o rebanho leiteiro ........................ 67 Quadro 32: Receita bruta do leite para os próximos anos ........................................................ 68 Quadro 33: Comparativo entre renda do leite e pagamento do financiamento ........................ 69 Quadro 34: Receita bruta das atividades com o novo projeto para 2012 ................................. 70 Quadro 35: Síntese dos resultados econômicos para 2012 ....................................................... 71 Quadro 36: Receita bruta das atividades com o novo projeto para 2013 ................................. 71 Quadro 37: Síntese dos resultados econômicos para 2013 ....................................................... 72 Quadro 38: Receita bruta das atividades com o novo projeto para 2014 ................................. 72 Quadro 39: Síntese dos resultados econômicos para 2014 ....................................................... 73 9 INTRODUÇÃO Os princípios básicos da administração que são aplicados à indústria e ao comércio são também válidos em termos gerais para a agricultura. Entretanto, deve-se ressaltar que essa tem determinadas características que a diferenciam dos demais segmentos. Muitos dos fatores de produção, como a terra, por exemplo, que, para a indústria, representa tão somente a base para a instalação do imóvel, para a agricultura, é considerado o principal meio de produção. A agricultura tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do país, por meio de aspectos como geração de renda e emprego, desenvolvimento agrícola, alto grau de mecanização, alta rentabilidade e obtenção de resultados. Porém o cenário atual da economia brasileira requer da propriedade rural um maior controle e uma atenção especial por parte do empresário rural, sendo que o controle e planejamento das atividades da propriedade são fundamentais no gerenciamento da mesma. Em meio a um ambiente com tantas incertezas, variáveis, como por exemplo, o clima, que condiciona todas as atividades produtivas, implicando riscos para a agricultura, e um mercado cada vez mais competitivo, é indispensável que o produtor rural planeje suas atividades, apure os custos de seus produtos, podendo assim optar por melhores decisões. Com vistas a estes fatores o presente estudo foi realizado em uma propriedade rural, tendo como objetivos analisar e diagnosticar a situação da mesma, propondo alternativas de melhoria, buscando assim uma maior rentabilidade para a propriedade. Este trabalho de conclusão de curso apresenta no primeiro capítulo a contextualização do estudo, que contempla a apresentação do tema, problema ou questão de estudo, os objetivos, geral e específicos, e a justificativa. No segundo capítulo está inserido o referencial teórico, que busca na literatura a ênfase na dinâmica escolhida, contemplando os temas: Agricultura, Agricultura Familiar, Pecuária, Empresa Rural, Planejamento e Projetos. No terceiro capítulo evidenciam-se os aspectos metodológicos utilizados, trazendo a classificação da pesquisa, universo amostral e sujeitos da pesquisa, coleta de dados, e análise e interpretação dos dados. Já no quarto capítulo encontra-se a aplicação do estudo, no qual foram coletados e analisados os dados sobre a propriedade, o quinto capítulo apresenta uma estrutura de projeto com sugestões de melhorias na atividade leiteira visando aumentar a renda da propriedade, e por fim a conclusão e as bibliografias consultadas ao longo do estudo. 10 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO A contextualização do estudo tem como propósito apresentar os elementos envolvidos na pesquisa, que compreendem na apresentação do tema, problema ou questão de estudo, a definição dos objetivos gerais e específicos, e a justificativa. 1.1 Apresentação do Tema A atividade agrícola assim como qualquer outra atividade, necessita de mecanismos gerenciais, que lhe deem suporte no controle de suas atividades, acompanhando o seu desempenho para se manter competitiva e com sustentabilidade. As dificuldades que o produtor rural tem frente as suas decisões são muitas, e torna-se muito mais difícil tomar decisões corretas, se o mesmo não tiver um controle dos seus custos, despesas, receitas, entre outros dados relevantes. Partindo desta conjuntura, este trabalho tem como tema a análise e diagnóstico de uma pequena propriedade rural, visando um melhor planejamento das suas atividades, aumentando assim a sua rentabilidade. A partir de um melhor controle e planejamento das atividades agrícolas, é possível apurar com maior clareza a situação da propriedade, identificando possíveis gargalos na produção, obtendo maiores informações, auxiliando assim o proprietário a escolher a melhor decisão. 1.2 Problema ou Questão de Estudo O segmento rural hoje é um dos mais importantes na economia brasileira, sendo responsável pela exploração das terras, cultivando alimentos para toda a população. Este segmento se encontra em constante mutação, pois a todo instante chega um tipo de semente nova juntamente com um tipo de peste e praga para a lavoura, assim também como na pecuária. Além disso, possui um ambiente mercadológico muito instável, pois os preços variam conforme a oferta do mercado. Atualmente, com a inserção de novas tecnologias agrícolas e a expansão da área cultivada, principalmente o pequeno agricultor, muitas vezes trabalha com a escassez de vários recursos. Por isso é importante que estes estejam sempre se aperfeiçoando, para obter um melhor retorno sobre o capital investido. 11 O concorrido mercado mundial através da globalização originou um novo ambiente de negócios onde a informação é a principal ferramenta. O pequeno agricultor muitas vezes, não tem conhecimento e sequer utiliza algum tipo de controle gerencial em sua propriedade e acaba perdendo mercado devido a isso. O produtor também encontra dificuldade no momento de cultivar a sua terra, devido às variações climáticas, por esses motivos possuimuitas dúvidas no momento de decidir sobre o que cultivar em cada época do ano. Portanto diante da importância de se ter um gerenciamento e planejamento das atividades agrícolas, a questão central deste estudo é: Como maximizar as atividades agrícolas em uma propriedade rural familiar, buscando melhorar a sua rentabilidade? 1.3 Objetivos Com base na problematização apresentada foram definidos os objetivos do estudo. 1.3.1 Objetivo Geral Analisar e propor alternativas para a propriedade rural em estudo, a fim de melhorar sua rentabilidade. 1.3.2 Objetivos Específicos - Diagnosticar a situação atual da propriedade, técnica e economicamente; - Verificar os custos e receitas do período analisado; - Propor um projeto para a propriedade; - Propor sugestões de melhoria para a propriedade. 1.4 Justificativa Devido à globalização, a grande concorrência no mercado e a procura incessante por produtos cada vez com mais qualidade e a menores custos, é importante que o segmento rural tenha um controle assíduo sobre suas operações. Nos últimos anos, percebe-se um progresso na tecnologia empregada no campo (plantio direto, diversificação de culturas), mas a gestão das propriedades rurais deixa ainda muito a desejar. É condição da sobrevivência econômica o conhecimento dos custos de 12 produção, do planejamento e do gerenciamento da propriedade, e das técnicas de comercialização. Dentro deste novo cenário, a propriedade rural precisa ser encarada como uma empresa, onde os agricultores passam a ser empresários, visando lucros, controlando custos, planejando e gerenciando a sua atividade e, principalmente, criando novas alternativas para maximizar sua receita e racionalizar a utilização dos recursos (capital, terra e trabalho). A escolha deste tema para elaboração do estudo deu-se pelo fato do proponente identificar-se e possuir envolvimento com esta área, sendo filho de agricultores. A elaboração deste estudo é de grande valia, pois como futuro herdeiro, torna-se possível observar se é viável retornar para administrar e trabalhar na propriedade. Como acadêmico do curso de Administração, é o momento de aperfeiçoar o aprendizado adquirido no decorrer do curso, colocando em prática os conhecimentos teóricos, podendo assim ajudar a família, identificando um melhor gerenciamento da propriedade rural. Para a propriedade este estudo é de grande importância, pois proporciona um conjunto de informações relevantes, sobre o controle e gerenciamento das atividades, auxiliando assim na tomadas de decisões do proprietário, identificando com maior facilidade os gargalos, e buscando melhores maneiras de resolvê-los. Para a Unijuí, principalmente para os alunos do curso de Administração, o trabalho de conclusão de curso fica a disposição como fonte de consulta para interessados, com pretensão de contribuir para o crescimento profissional e aperfeiçoamento na área em estudo. 13 2 REFERENCIAIS TEÓRICOS Neste capítulo apresenta-se a revisão bibliográfica a fim de fundamentar o conteúdo com as teorias realizadas por outros autores, dando o embasamento necessário à realização dos objetivos já citados anteriormente. Segundo Vergara (2009, p. 29) “o referencial teórico tem por objetivo apresentar os estudos sobre o tema, ou especificamente sobre o problema, já realizada por outros autores”. 2.1 Agricultura A agricultura representa o cultivo da terra e inclui todos os trabalhos relacionados com o tratamento do solo e a plantação de vegetais com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer as necessidades humanas. No atual estágio de desenvolvimento da agricultura, o custo de produção é bastante elevado. Não se obtém produção aceitável pelo mercado se não são empregados fortes doses de adubação, sementes selecionadas, e defensivos agrícolas, todos esses insumos de elevados preços. Da mesma forma, intensifica-se cada vez mais a mecanização da lavoura, o que possibilita melhoria significativa de qualidade das práticas agrícolas, mas torna necessário o desembolso de quantias vultosas para sua compra, conservação e serviço (CREPALDI, 2005, p. 23). Conforme os autores Santos, Marion e Segatti (2002, p. 23) “a agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à procura da satisfação de suas necessidades básicas”. O processo produtivo por sua vez, representa o conjunto de eventos e ações por meio dos quais os fatores de produção se transformam em produtos vegetais e animais. É também um sistema de preparar a terra para plantar, tratar e colher, com finalidade de produzir alimentos para a subsistência do homem e do animal. Para Santos, Marion e Segatti (2002, p. 23) “a agricultura será tão mais próspera quanto maior for o domínio que o homem venha a ter sobre o processo de produção, que se obterá na medida do conhecimento acerca das técnicas de execução e gerência”. Assim, na situação atual de vinculação e dependência do agricultor em relação ao mercado, torna-se indispensável aos produtores rurais o conhecimento aprofundado de seu negócio, a agricultura. Para tanto, deve o produtor estar bem informado sobre as condições de mercado para os produtos agrícolas, bem como conhecer as condições dos recursos naturais 14 de seu estabelecimento rural. Pelo conhecimento do que está ocorrendo no mercado, o agricultor pode escolher melhor o tipo de atividade que deve desenvolver. Crepaldi (2005) comenta sobre os recursos naturais e seu conhecimento, que os mesmos permitem ao produtor rural saber quais culturas e criações encontram boas perspectivas de mercado e se adaptem ao clima e ao solo existentes em seu estabelecimento agropecuário. Dessas duas condições, ou seja, o mercado de produtos agrícolas e os recursos naturais, o agricultor pode tomar conhecimento consultando as Cooperativas e Sindicatos, bem como escritórios dos Serviços de Extensão Rural ou outros técnicos que atuam na área. 2.1.1 Operações Agrícolas Conforme Crepaldi (2005), o agricultor vem diminuindo o número de atividades em seu estabelecimento rural, dedicando-se apenas a uma ou duas espécies, especializando-se para melhorar a qualidade de seus produtos, visando a um mercado na qual recebe um melhor preço. Porem a exploração de mais de uma atividade agrícola constitui em um melhor aproveitamento da terra e distribuição do trabalho durante todo o ano e consequentemente está menos sujeito às eventualidades que possam vir a ocorrer nas atividades. O gerenciamento dos negócios agrícolas exige do agricultor constantes planejamentos e decisões a nível técnico, econômico e financeiro. Por isso, conforme Valle (1987, p. 87): O gerenciamento sob o aspecto técnico estuda a possibilidade de plantio de determinada cultura vegetal ou criação de gado na área rural, isso implica a escolha de sementes, os implementos a serem usados, tipos de alimentação do gado, a rotação de culturas, espécies de fertilizantes e o sistema de trabalho etc. No aspecto econômico, estudam-se várias operações a serem executadas quanto ao seu custo e aos seus resultados, isto é, o custo de cada produção e sua recuperação através do qual se obtém o lucro. Considera-se o aspecto financeiro, quando se estudam as possibilidades de obtenção de recursos monetários necessários e o modo de sua aplicação, ou seja, o movimento de entradas e saídas de monetários, de modo a manter o equilíbrio financeiro do negócio. Na atividade agrícola os agricultores possuem habilidades para a execução das diversas tarefas, sejam elas manuais ou mecanizadas. Sendo assim, as operações desenvolvidas nas propriedades compreendem: - Operações Preliminares (terraplanagens, drenagens, correção do solo), tem caráter de organização para execução das demais atividades; - Operações referentes à produção vegetal (aração, semeadura,adubação, correção do solo); 15 - Operações da produção animal (alimentação, vacinação, ordenha e controle sanitário); - Operações relativas às colheitas e a venda (transporte, armazenagem, colheita) quando se termina o ciclo vegetativo das culturas em condições de colheita e para os animais a sua produção, seja carne ou leite. Portanto, as operações agrícolas desenvolvidas na propriedade influenciam no resultado, devido à importância do aspecto técnico, econômico e financeiro. Pois a escolha e a decisão devem estar respaldadas em obter melhor e mais eficaz retorno das operações. 2.1.2 Ciclo das Culturas O ciclo das culturas é a principal característica genealógica da planta, é o tempo de vida produtiva, a contar da data em que se coloca a semente ou a muda no solo até a data da ultima colheita em nível comercial. De acordo com Santos, Marion e Segatti (2002, p. 24), o ciclo das culturas divide-as em: Culturas temporárias: são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto, cujo ciclo é de no máximo 1 (um) ano. Exemplos: soja, milho, trigo, aveia, arroz, feijão, tomate, e outros. Esse tipo de cultura é também conhecida como anual. Culturas semipermanentes: são cultivos cujo ciclo de produção é menor que 10 (dez) anos, entre o plantio e a ultima colheita, por exemplo: abacaxi, cana-de-açúcar e outros. Culturas permanentes: são cultivos cujo ciclo de produção é de longo prazo, considerando o tempo necessário para a formação do viveiro, formação e manutenção da planta e colheita. Por exemplo: café, laranja, pêssego, uva, e outros. 2.1.3 Dependência do Clima A agricultura é uma atividade muito sazonal, pois depende de muitos fatores externos, tendo como um dos principais o clima, que também influencia na volatilidade dos preços nos mercados. Souza et al (1995) comentam que o clima condiciona a maioria das explorações agropecuárias. Determina, por exemplo, as épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, capacidade de suporte de pastagem e escolha de variedades e espécies, vegetais e animais. Juntamente com as características de solo, proximidade de mercado e disponibilidade de transporte, o clima determina explorações dentre as quais o agricultor deve escolher qual será o melhor tipo de cultura para cada época do ano. De acordo com Hoffmann et al (1992, p. 1) “a sucessão das estações assinala épocas mais ou menos precisas nas quais o produtor deve realizar quase todos os trabalhos. Esse fato 16 deve ser lembrado ao se planejar o uso da mão-de-obra e da maquinaria e tem grande importância no financiamento da produção agrícola”. Conforme Souza et al (1995, p. 85): Os seres vivos, plantas e animais, estão sujeitos aos fenômenos meteorológicos. A maioria das ocorrências não esta sob o controle do homem, e por isso as variações climáticas podem ser altamente prejudiciais ao setor agrícola. O conhecimento científico permite a previsão meteorológica com alto grau de confiabilidade, mas o controle de irregularidades climáticas nem sempre é possível. Pelas suas características biológicas, animais, e vegetais apresentam alta dependência do clima, da umidade, da temperatura e da luminosidade, que juntos interferem significativamente nos índices de produtividade. 2.1.4 Riscos Toda e qualquer atividade econômica está sujeita a riscos, sendo que na agropecuária, os riscos assumem maiores proporções. Segundo Hoffmann et al (1992), a agricultura está exposta a grandes perdas imprevisíveis por efeito de calamidades meteorológicas (secas, inundações, granizos, etc.), como também biológicas (pragas e doenças). A repercussão que estes fenômenos têm nas atividades agrícolas, principalmente para os pequenos e médios produtores, faz com que se considere que o seguro agrícola pode chegar a ser tão importante quanto o crédito agrícola. Os riscos estão ligados a imprevistos que possam acontecer e se tornarem uma ameaça à produção. Segundo Oliveira (1991, p. 136), sobre aspectos do risco: Existe risco quando são conhecidos os estados futuros que possam surgir e suas respectivas probabilidades de ocorrência. A incerteza é caracterizada pelo fato de não serem conhecidos os estados futuros que possam sobrevir, bem como as suas probabilidades de ocorrência. 2.2 Agricultura Familiar Para Morgado (2000 apud MACHADO, 2003, p. 15) “a agricultura familiar brasileira caracteriza uma forma de organização da produção na qual os critérios utilizados para orientar as decisões relativas à exploração não são vistos unicamente pelo ângulo da produção/rentabilidade econômica, mas abrangem, também, as necessidades e objetivos da família”. Segundo Brum (2004), a agricultura familiar tem se caracterizado pela pequena propriedade, pelo trabalho familiar, pela diversificação agrícola, com a renda advinda das lavouras de milho, soja, trigo, feijão, pecuária e outros produtos. Estes desempenham um 17 papel muito importante, pois garantem a subsistência da família, distribuem renda e geram postos de trabalho, garantindo assim o sustento de milhões de brasileiros. Ainda Brum (2004) ressalta que para se manterem na atividade, os pequenos agricultores necessitam da presença do Estado, financiando de forma subsidiada a produção. Alguns destes financiamentos disponibilizados pelo Estado são: - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): oferece apoio financeiro, constituindo-se em uma tentativa de apoio político importante para a agricultura familiar. - Banco da Terra: contribui para assegurar aos pequenos agricultores a possibilidade de acesso a terra. Vilkas e Nantes (2010) comentam que considerando o reduzido número de funcionários e a concentração de atividades administrativas e operacionais na figura do proprietário pressupõe-se, que no caso da agricultura familiar os três níveis de planejamento (estratégico, tático e operacional) são desenvolvidos por apenas uma pessoa, o proprietário, ou por poucas pessoas da família, responsáveis pelas decisões sobre as atividades a serem desenvolvidas na propriedade. Essa simplicidade organizacional resulta na maior dedicação por parte do produtor no nível operacional, não valorizando devidamente as oportunidades de mercado que o ambiente oferece. Portanto, a agricultura familiar é responsável por boa parte da exploração agrícola e pecuária no Brasil, sendo dirigida normalmente por apenas um proprietário ou poucas pessoas da família, onde os mesmos são responsáveis pelas principais decisões, e também pelo trabalho na propriedade, onde se existir, existe pouca mão de obra externa. 2.3 Conceitos Básicos de Pecuária Segundo Santos, Marion e Segatti (2002, p. 29), “pecuária é a arte de criar e tratar o gado”. A pecuária cuida de animais geralmente criados no campo para abate, consumo doméstico, serviços na lavoura, reprodução, leite, para fins industriais e comerciais. De acordo com Santos, Marion e Segatti (2002, p. 29) “existem três sistemas de produção: a pecuária extensiva, a intensiva e a semi-intensiva”. 18 No sistema extensivo, os animais são geralmente mantidos em pastos nativos, sem alimentação suplementar (ração, silagem, etc.). Esses animais ocupam grande área de terra, cujo rendimento é normalmente baixo. Quanto ao sistema intensivo, é caracterizado pelo número de animais em pequena área útil, com objetivo de conseguir bons rendimentos (ganho de peso) e maior rentabilidade, buscando o aprimoramento técnico, e realiza suas vendas em período de escassez de mercado. No sistema semi-intensivo busca-se alta produtividade por hectare e aumento da capacidade de cab/ha, mantendo o gado no pasto com elevado ganho de peso, sendo que a tecnologia usada para esse sistema baseia-se na implantação de cerca elétrica e adubação constante do pasto e irrigação em período de seca. Como a propriedade rural estudadaneste trabalho atua na produção leiteira, segue alguns dados sobre esta atividade. 2.3.1 Pecuária Leiteira O leite, além de ser um produto indispensável na alimentação humana, constitui-se em uma atividade econômica de suma importância na economia do país e principalmente para um número significativo de agricultores familiares. Atualmente, a produção de leite constitui-se em uma estratégia para o pequeno produtor na composição de renda, como uma alternativa para a agricultura familiar, e para o desenvolvimento de muitas regiões brasileiras. Segundo Embrapa (2005), os estabelecimentos agropecuários no Brasil contabilizam mais de cinco milhões de propriedades, um aumento de 7,4% em relação ao censo de 1996. Minas Gerais e Rio Grande do Sul possuem o maior número de propriedades com atividade leiteira, cerca de 210 mil unidades produtivas. O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e cresce a uma taxa anual de 4%, superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares. O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como o café e arroz. O agronegócio do leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para população (EMBRAPA, 2005). 19 2.3.2 Características do Gado Leiteiro De acordo com Krug et al (1993), as raças leiteiras mais comuns que se encontram em nosso Estado são a holandesa, jersey e pardo suíço. A raça leiteira mais conhecida e que melhor se adaptou em nosso estado devido às condições ecológicas favoráveis, tendo alta produtividade de leite foi à raça holandesa. A raça holandesa é originária da Província de Frísia, na Holanda, sendo que esta raça apresenta animais de grande porte, longevidade e excelente produtividade de leite. As demais raças, jersey e pardo suíço, também são boas produtoras de leite, porém devido serem vacas de estruturas menores, produzem menos leite, mas de muita qualidade, com elevado grau de gordura. A propriedade analisada no trabalho conta na sua grande parte com vacas da raça holandesa, e um baixo percentual de vacas Jersey. A idade média para primeira inseminação é aproximadamente entre 18 e 24 meses, ou seja, 2 anos, sendo que a primeira cria ocorre por volta dos 33 meses. De acordo com Krug et al (1993), o período de lactação de uma vaca é em média 400 dias por ano, sendo que aproximadamente 60 dias antes do novo parto as mesmas são secadas (para-se de tirar leite). A quantidade produzida de leite por uma vaca depende de vários fatores, como, ter uma boa genética, alimentação, manejo, entre outras variáveis. Ainda conforme Krug et al (1993), é necessário ter vários cuidados com o rebanho para obter-se bons resultados na pecuária leiteira. O autor salienta que é importante começando com cuidados como a sanidade dos animais, prevenindo os mesmos contra doenças, ter um manejo dos animais muito bem controlado, tanto na parte da alimentação, ordenha, como também na reprodução. Referente à alimentação do gado leiteiro, é importante que a vaca seja alimentada tanto com alimentos secos (ração, silagem, feno, farelo), como também com pasto verde (grama, pastagem de aveia, alfafa), para ter uma melhor digestão, e também para que possa produzir mais. Porém nos últimos tempos está sendo comentado em palestras e seminários sobre o leite, que o sistema de alimentação do gado leiteiro tende a ser o sistema de confinamento, onde os animais permanecerão fechados o dia todo, recebendo os alimentos neste mesmo espaço. 20 2.4 Caracterização da Empresa Rural Segundo Marion (2005, p.24) “empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Para Crepaldi (2005, p. 25) “empresa rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”. Assim como as empresas comerciais, a empresa rural visa à geração de lucro, onde é o meio de sobrevivência dos produtores e estes têm o retorno sobre o capital investido na propriedade. Segundo a Lei 8.023/90 em seu Art. 2º considera-se atividade rural: I - a agricultura; II - a pecuária; III - a extração e a exploração vegetal e animal; IV - a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V - a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matéria- prima produzida na área rural explorada. Crepaldi (2005) também ressalta que assim como as demais empresas, as empresas rurais também devem ter preocupações quando se tratam de custos na produção, aumento da lucratividade, planejamento, controle e retorno do capital investido. Existem fatores de produção que são: terra, capital e trabalho. A terra é o fator mais importante para a agropecuária, pois é nela que se aplicam o capital e o trabalho, desta maneira é imprescindível que o empresário rural conserve a capacidade produtiva de sua terra, evitando seu desgaste pelo mau uso e pela erosão, já o capital representa o conjunto de bens alocados sobre a terra com o objetivo de aumentar a sua produtividade e ainda facilitar e melhorar a qualidade do trabalho humano. O capital da empresa agrícola pode ser: As benfeitorias, os animais de produção e serviço, as máquinas e implementos agrícolas e os insumos agropecuários. Dentro do capital ainda identifica-se o capital fixo, que são os capitais que durarão vários anos dentro da empresa, e o capital circulante que se refere aos recursos que são consumidos dentro do ano agrícola. O trabalho pode ser designado como o 21 conjunto de tarefas desempenhadas pelo homem, que compreende desde lavrar a terra, cuidar de animais, construir cercas, até administrar a propriedade. Para isso o proprietário precisa-se sempre estar em constante atualização para poder desempenhar todas estas tarefas. (CREPALDI, 2005). O empresário rural precisa preocupar-se com a organização e o manejo de sua propriedade. Crepaldi (2005, p. 55) ressalta também que “uma empresa rural existe para aumentar a riqueza de seus proprietários”. Portanto percebe-se que a empresa rural tem como principal objetivo o lucro, sendo este o mesmo objetivo da empresa comercial, porém a empresa rural tem algumas peculiaridades e limitações em relação à empresa comercial. 2.4.1 Administração Rural “Administração rural é o estudo que considera a organização e operação de uma empresa agrícola visando ao uso eficiente dos recursos para obter resultados compensadores e contínuos” (HOFFMANN, 1987, p. 2). No Brasil, o desenvolvimento teórico e prático da administração rural vem-se dando com base em duas abordagens: a primeira é onde a administração rural é definida como “um ramo da economia rural que estuda a organização e administração de uma empresa agrícola, visando o uso mais eficiente dos recursos para obter resultados mais compensadores e contínuos”; a segunda define “administração rural como um ramo da ciência administrativa que se preocupa com a análise dos aspectos inerentes à empresa rural e suas inter-relações com o meio ambiente” (LIMA et al, 2005, p 22 e 23). Para Crepaldi (2005, p. 25) “a administração rural é o conjunto de atividades que facilita aos produtores rurais a tomada de decisões ao nível de sua unidade de produção, a empresa agrícola, com o fim de obter o melhor resultado econômico, mantendo a produtividade daterra”. O administrador rural tem um papel muito importante no desenvolvimento da sua propriedade rural, pois tem como responsabilidades, planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à maximização dos lucros. Conforme Santos, Marion e Segatti (2002), o administrador rural deve estar muito atento aos fatores externos e internos referente à empresa. Por mais que o administrador não tem controle sobre os fatores externos (preço de produtos, clima, política de crédito e 22 financiamento, etc.), deve conhecê-los para tomar as decisões que lhe permitam ajustar-se a eles, aproveitando assim ao máximo as condições favoráveis. Sobre os fatores internos da empresa (seleção e combinação de atividades produtivas, eficiência de equipamentos, tamanho da empresa agropecuária, etc.), o administrador tem controle direto. Por isso deve conhecê-los bem para deles tirar o maior proveito, acompanhando e analisando-os em relação a sua capacidade de prestar serviços. “O administrador deve ter consciência de que quanto maior for seu conhecimento sobre a estrutura, o funcionamento da unidade e os fatores de produção, maiores serão as possibilidades de melhorar seus resultados econômicos” (SANTOS, MARION, SEGATTI, 2002, p. 19). 2.5 Planejamento O planejamento consiste num processo organizado e sistematizado, através do qual se procura utilizar melhor e mais eficientemente os recursos disponíveis, com a finalidade de alcançar objetivos e metas estabelecidas em determinado prazo. Para Woiler e Mathias (1992, p. 23): Pode-se entender planejamento com sendo um processo de tomada de decisões interdependentes, decisões estas que procuram conduzir a empresa para uma situação futura desejada. Neste processo é necessário que haja coerência entre as decisões atuais e aquelas tomadas no passado e que haja realimentação entre as decisões e os resultados. Na visão de Oliveira (1991, p, 20) “o planejamento pode ser conceituado como um processo, considerando os aspectos abordados pelas dimensões anteriormente apresentadas, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa”. “Planejar é definir os objetivos e escolher antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento define onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como, e em que sequência” (CHIAVENATO, 2000, p. 195). 2.5.1 Tipos de Planejamento Na consideração dos grandes níveis hierárquicos, podem-se distinguir três tipos de planejamento: planejamento estratégico, planejamento tático, e planejamento operacional. 23 2.5.1.1 Planejamento Estratégico O planejamento estratégico abrange toda a organização (empresa) e trabalha com os objetivos de longo prazo por isso é de responsabilidade dos níveis mais altos da administração. Para Oliveira (1991, p. 32) “o planejamento estratégico pode ser conceituado como um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o seu ambiente”. Conforme Souza et al (1995, p.108) “o planejamento estratégico é normalmente projetado para longo prazo, com uma abordagem global envolvendo a empresa como um todo, integrando recursos, capacidade e potencialidade”. Nas empresas rurais, o planejamento estratégico é de importância vital, pois o moderno empresário agrícola terá que, de certa forma, visualizar sua atuação futura. A produção de hoje, além de ser um fenômeno influenciado pela tecnologia agrícola, é também um fator social, pois a cada dia cresce o processo de interferência governamental na agricultura, aumentando assim as incertezas decorrentes do sistema produtivo. É preciso, portanto, que cada empresário avalie esse processo e prepare adequadamente sua estratégia de ação (SOUZA et al, 1995, p. 108). 2.5.1.2 Planejamento Tático Segundo Chiavenato (2000), o planejamento tático abrange cada departamento ou unidade da organização e tem como características o projeto médio prazo, envolve os departamentos ou unidades da organização e abrange recursos específicos. Conforme Oliveira (1991, p. 33), “o planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Portanto trabalha com os objetivos e desafios estabelecidos no planejamento estratégico”. Souza et al (1995), comentam que o planejamento tático está localizado entre os níveis estratégico e operacional, cuidando da articulação entre esses dois planos. O planejamento tático tem sob sua responsabilidade a captação e alocação de recursos, bem como a distribuição dos produtos aos diversos segmentos do mercado. No nível tático são tomadas várias decisões visando adequar os objetivos estabelecidos no nível estratégico. 24 2.5.1.3 Planejamento Operacional Segundo Chiavenato (2000), o planejamento operacional abrange as tarefas ou atividades especificas e visam o curto prazo, preocupa-se com alcance de metas especificas e define-se no nível operacional. Conforme Oliveira (1991, p. 33) “o planejamento operacional pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas”. “O planejamento operacional é totalmente voltado para a empresa em si, geralmente de curto e médio prazo, e se refere a como conduzir cada exploração escolhida através do planejamento estratégico, ou seja, quais as tarefas a ser executadas, como executá-las e quem as executará” (SOUZA et al, 1995, p. 133). Ainda Souza et al (1995), destaca que esse planejamento é constituído de planos operacionais das diversas explorações selecionadas, que devem ser bem detalhadas e ter como base o planejamento tático. Portanto vale ressaltar que o planejamento é muito importante e está presente em tudo que fizemos, sendo também indispensável quando pretende-se trabalhar com futuros projetos para melhorias em empresas. 2.6 Projeto “Um projeto é o conjunto de antecedentes, sistematicamente ordenados, que permite estimar os custos e os benefícios de um determinado investimento” (HOFFMANN et al, 1992, p. 182). Para Holanda (1975, p. 95): Projeto corresponde ao conjunto de informações, sistemática e racionalmente ordenadas, que nos permite estimar os custos e benefícios de um determinado investimento, vale dizer, as vantagem e desvantagem de utilizar recursos para a criação de novos meios de produção ou para o aumento da capacidade ou melhoria do rendimento dos meios de produção existentes. Na visão de Woiler e Mathias (1992, p. 27) “entende-se por projeto o conjunto de informações internas e/ou externas à empresa, coletadas e processadas com o objetivo de analisar-se (e, eventualmente, implantar-se) uma decisão de investimento”. 25 2.6.1 Tipos de Projetos Conforme Holanda (1975, p. 98), os projetos podem ser classificados em: a) agrícolas (inclusive pecuários); b) industriais (de indústrias extrativas e manufatureiras); c) de serviços básicos (usinas hidrelétricas, escolas, etc.), serviços sócias (hospitais, habitações, etc.), e outros serviços (hotéis, etc.). Neste trabalho foi proposto um projeto agropecuário para a propriedade rural. 2.6.2 Estrutura de Projetos Agropecuários Vale ressaltar que não existe uma estrutura apenas para o desenvolvimento de um projeto, e sim a adequação da mesma conforme cada trabalho, situação e objetivos que se pretende analisar. Neste item serão apresentados os principais elementos que compõe a estrutura de um projeto agropecuário, conforme ilustra a figura abaixo. Figura1: Estrutura de um projeto agropecuário. Fonte: Adaptado de Holanda (1975), Woiler e Mathias (1992). 2.6.2.1 Mercado O estudo de mercado é a primeira etapa na elaboração deprojetos, através da qual é determinada a necessidade de um bem ou serviço que se pretende ofertar. Segundo Hoffmann Tamanho LoFFFFFFc aliFFzaçã Resultado s Propriedad MERCADO MEgfgfgRffrfC MERCADO ENGENHARIA TAMANHO LOCALIZAÇÃO INVESTIMENTO RESULTADO CUSTOS E RECEITAS FINANCIAMENTO CUSTOS E RECEITAS PROPRIEDADE 26 et al (1992, p. 150) define-se mercado como “o agregado composto de um ou mais compradores e de um ou mais vendedores que discutem a formação de preço de produtos e/ou serviços e efetuam operações de troca entre si”. Conforme Woiler e Mathias (1992) através da análise de mercado obtêm-se muitos elementos importantes, tais como, o confronto entre a demanda e a oferta, a região em que o produto poderá ser comercializado, seu preço de venda, custos de comercialização, estoques nos canais de comercialização, concorrentes, fornecedores, entre outros. Para Holanda (1975, p. 115) “o objetivo do estudo de mercado de um projeto é determinar a quantidade de bens e serviços provenientes de uma nova unidade produtora que, em uma certa área geográfica e sob determinadas condições de venda (preços, prazos, etc.), a comunidade poderá adquirir”. 2.6.2.2 Engenharia Na engenharia iniciam-se os estudos preliminares que permitem o conhecimento do nível tecnológico disponível e das necessidades de estruturas de funcionamento necessárias ao empreendimento projetado. Holanda (1975, p. 154) afirma que “o objetivo do estudo de engenharia de um projeto é definir e especificar tecnicamente os elementos que compõe o sistema de produção e as respectivas inter-relações de forma suficientemente detalhada e precisa que permita a montagem e colocação em funcionamento da unidade produtiva”. Ainda Holanda (1975, p. 154) destaca que: De um modo geral, a definição dessa parte técnica do projeto está associada à participação dos engenheiros no processo de elaboração de um plano de investimento; todavia, existe uma inter-relação muito estreita entre os aspectos técnicos e econômicos, sendo de todo conveniente um intercâmbio de informações entre engenheiros e economistas e técnicos especializados, ao longo do processo de aproximações sucessivas em que consiste a elaboração de um projeto. 2.6.2.3 Tamanho Conforme Holanda (1975, p. 167) “o tamanho de um projeto é definido por sua capacidade de produção, durante um período de trabalho considerado normal”. O tamanho de um projeto também pode ser entendido como sua capacidade de produção durante um determinado período de tempo que se considera normal para as 27 características e o tipo de projeto em estudo. O tamanho de um projeto não pode ser menor do que o tamanho mínimo econômico do projeto, nem deve ser maior do que a demanda permitida pelo dinamismo do mercado. De acordo com Holanda (1975, p. 172) “o objetivo do estudo de tamanho de um projeto é a determinação de uma solução ótima que conduza os resultados mais favoráveis para o projeto, em seu conjunto”. 2.6.2.4 Localização A localização de um projeto é a situação espacial da parte física do investimento, não existindo, entretanto, uma solução científica para determinar a sua melhor localização, mas somente uma solução prática, em que são feitas comparações entre as variáveis disponíveis. Para Holanda (1975, p. 212) “a determinação da localização de um projeto especifico vai depender de uma análise ponderada de todos os fatores de mercado, tamanho, custo, etc., que influem em sua rentabilidade, de modo a descobrir-se aquela alternativa que assegure lucros máximos”. Ainda Holanda (1975, p. 197) comenta que “a localização ótima é aquela que assegura a maior diferença entre custo e benefícios, ou seja, a melhor localização é aquela que permite obter a mais alta taxa de rentabilidade ou o custo unitário mínimo”. 2.6.2.5 Investimento Para o empresário do setor agrícola as decisões de investimentos são provavelmente as mais importantes, pois se sabe que em uma propriedade rural é imprescindível realizar investimentos para poder produzir com maior qualidade, buscando melhores resultados. Para Hoffmann et al (1992, p. 315) “operação de investimento é toda aplicação em bens ou serviços cujos desfrutes se realizam no curso de vários períodos. Os investimentos resultam na formação do capital fixo da empresa”. Conforme Holanda (1975, p. 259) “investimento corresponde a uma imobilização de recursos no sentido de que estes são aplicados com o objetivo de permanecerem investidos na atividade selecionada por um período de tempo relativamente longo”. A autora comenta também que os investimentos são gastos ou sacrifícios econômicos cujos efeitos se refiram a toda a vida do projeto. 28 No entendimento de Souza et al (1995, p. 61) “investimentos são gastos para a obtenção de recursos necessários às atividades agropecuárias cuja utilização ultrapasse um ciclo produtivo, isto é, os recursos são utilizados por mais de um período de produção”. Conforme Souza et al (1995, p 61): Como exemplos de investimentos em propriedades rurais, têm-se a aquisição de máquinas, equipamentos, rebanhos produtivos e animais de trabalho; a construção de estábulos, silos, galpões ou terreiros; a realização de melhoramentos (açudes, canais de irrigação, sistemas de controle de erosão, instalações elétricas e hidráulicas); e a implantação de novas atividades, como culturas permanentes, pastagem, etc. 2.6.2.6 Financiamento Conforme Woiler e Mathias, (1992, p. 36) “nesta parte são analisadas as alternativas de empréstimo. Procura-se determinar entre as fontes de empréstimo disponíveis, aquelas que apresentam maior conveniência e/ou que otimizam a rentabilidade do projeto”. De acordo com Woiler e Mathias (1992), a disponibilidade de recursos internos e ou externos poderá limitar o tamanho do processo que se pretende implantar, além disso, deve-se ter o cuidado do endividamento excessivo, podendo acarretar um risco financeiro elevado, com a possibilidade de comprometer a viabilidade do projeto. Para Souza et al (1995, p. 62) “financiamentos são recursos financeiros provenientes de terceiros, que o empresário busca para fazer face às necessidades produtivas. Dessa forma, o empresário conta com os seguintes tipos de crédito disponíveis: crédito rural e empréstimos pessoais”. De acordo com Lima et al (2005, p. 95) “os financiamentos referem-se aos empréstimos para custeio e para investimentos, cabendo observar o que foi financiado, em qual agência financeira e quanto é pago normalmente por ano em juros e correção monetária”. 2.6.2.7 Custos e Receitas Dentre as diferentes partes que integram qualquer projeto, o orçamento de custos e receitas é, sem dúvida, uma das mais importantes. Os custos em uma empresa rural, reconhecidamente, são os elementos mais preocupantes sob o ponto de vista do comprometimento financeiro. 29 “De um ponto de vista econômico, podemos considerar como custo todo e qualquer sacrifício feito para produzir um determinado bem, desde que seja possível atribuir um valor monetário a esse sacrifício” (HOLANDA, 1975, p. 225). Existem várias classificações para os custos. Portanto Hoffmann et al (1992, p.8), classificam os custos em: Custos fixos totais são aqueles que não variam com a quantidade produzida (juros sobre o capital empatado, impostos fixos, seguros, a parte da alimentação que é utilizada na manutenção dos animais, as despesas de arrendamento etc.). Custos variáveis totais são aqueles que variam de acordo com o nível de produção da empresa (adubos, combustíveis etc.). O custo médio se obtém dividindo o custo total pelo numero de unidades produzidas. O custo médio incluirá, portanto parcelas dos custos fixos e dos custos variáveis. Este custo total médio a princípio, quando a produção é pequena, é elevado devido ao fato dos custos fixos onerarem bastante as primeiras unidadesproduzidas, isto é, se distribuírem por um número pequeno delas. Para Woiler e Mathias (1992, p 160) “a projeção das receitas decorre do estudo de mercado. É a partir da análise do mercado e das projeções de vendas que serão determinadas as quantidades e o preço unitário de cada produto a ser vendido”. As receitas representam tudo o que vendido, transferido ou consumido dentro de uma empresa agrícola. É comum, entre empresários, considerar como receita somente a produção comercializada, deixando de lado uma parte considerável da produção, que é consumida pelos próprios donos, colonos e empregados temporários (SOUZA et all, 1995, p. 177). “As receitas de um projeto originam-se principalmente das vendas dos seus produtos e subprodutos. O cálculo das receitas consiste em multiplicar a quantidade esperada de venda de cada ano, de cada produto, pelo preço correspondente” (BUARQUE, 1991, p. 105). Conforme Souza et all (1995), devido ao caráter biológico e a sazonalidade (dependência das estações do ano) inerentes ao setor agropecuário, a maioria das atividades não permite que se obtenham receitas contínuas no decorrer do ano, como ocorrem com as explorações agrícolas de um modo geral (milho, café, etc.). Entretanto, outras atividades, como a pecuária leiteira, produzem receitas continuas. Dessa forma, é necessário que o empresário rural faça uma criteriosa previsão de todas as receitas possíveis durante os diversos meses do ano, que, conjugada com as necessidades de gastos de processo produtivo, determinará as épocas de maior ou menor necessidade financeira. 30 2.6.2.8 Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração do Resultado do Exercício “evidencia o resultado que a empresa obteve (Lucro ou Prejuízo) no desenvolvimento de suas atividades durante um determinado período, geralmente igual a um ano” (RIBEIRO, 2010, p.345). Conforme artigo 187 da Lei nº 6.404/1976 (apud Ribeiro, 2010): A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V – o resultado do exercício antes de Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados que não se caracteriza como despesa; VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. São vários os conceitos sobre a DRE, para Basso (2005, p. 275): A demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é o relatório contábil que sintetiza as operações que deram origem ao resultado de um determinado exercício social. Concebida para demonstrar a formação do resultado final do exercício, ou seja, o lucro ou o prejuízo, a DRE está estruturada de forma a evidenciar as diversas fases do resultado, iniciando com o valor da receita operacional bruta apurada nas operações de vendas e de prestação de serviços da entidade, passando pela dedução dos encargos tributários, devoluções e abatimentos a ela relativos, bem como dos seus respectivos custos, apurando-se o lucro operacional bruto. Na busca do retorno financeiro geram-se as informações constantemente, por isso: O administrador precisa saber é como está à rentabilidade de sua atividade produtiva. Quais são os resultados obtidos e como eles podem ser otimizados por meio de avaliação dos resultados, fontes de receitas e tipos de despesas? Como melhorar as receitas e reduzir as despesas? Essa análise só será possível a partir do momento que se sabe onde estamos gastando os recursos e onde estamos gerando receitas (CREPALDI, 2005, p. 65). Portanto, o resultado para as empresas rurais deve ser uma busca constante do empresário rural, proporcionando a ele uma base de informações necessárias para o gerenciamento e controle da sua propriedade. 31 2.6.2.9 Depreciação Assim como qualquer outra empresa, a rural também possui equipamentos e ou maquinários, e os mesmos depreciam com o decorrer do tempo. A depreciação representa o desgaste que um bem imobilizado adquire durante um período de vida útil econômico, ou seja, a sua desvalorização depende do tempo e não de sua utilização. Se um bem for pouco utilizado durante o ano, sua depreciação ocorrerá devido ao desuso, e se for intensamente utilizado, a depreciação se dará devido ao desgaste. A diferença é que, no segundo caso, o bem proporcionou um retorno por meio do serviço prestado. De acordo com Buarque (1991, p. 127) “conceito de depreciação decorre da perda de valor. É a perda de valor que sofrem os bens de capital por causa dos anos de operação. A depreciação pode ser originada por: fatores físicos (uso ou desgaste), fatores funcionais (insuficiência e absolescência) e por acontecimentos eventuais (acidentes)”. Na concepção de Marion (2005, p. 67) “uma das dificuldades para calcular o custo das lavouras ou das safras é o cálculo exato do custo dos equipamentos agrícolas utilizados na cultura agrícola”. Na sequência tem-se o quadro 1 com a estimativa de duração média de construções, melhoramentos, e também de máquinas e equipamentos utilizados direta ou indiretamente na atividade agrícola. Quadro 1: Duração média de máquinas e equipamentos ESTIMATIVA DE DURAÇÃO DE CONSTRUÇÕES E MELHORAMENTOS CONSTRUÇÕES E MELHORAMENTOS Duração em Anos Taxa de Depreciação CONSTRUÇÕES Parede de tijolos, cobertura de telha 25 4% Parede de madeira, cobertura de telha 15 6,67% Piso de tijolo, cimentado 25 4% MELHORAMENTOS Instalações elétricas, telefônicas com postes de madeira 30 3,33% Instalações elétricas, telefônicas com postes de concreto ou ferro 50 2,0% Cercas de pau-a-pique 10 10% Cercas de arame 10 10% Rede de água 10 10% Cercas elétricas 10 10% VIDA PRODUTIVA MÉDIA DE ALGUNS ANIMAIS Animais de criação Bovinos reprodutores 08 12,5% Matrizes 10 10% Suínos 04 25% Animais de Trabalho Burro de tração 12 8,33% 32 Cavalo de sela 08 12,5% Boi de carro 05 20% DURAÇÃO MÉDIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Tratores De roda 10 10% De esteira 10 10% Microtrator 07 14,28% VEÍCULOS Caminhão 5 20% Carroça 10 10% Carro de bois 10 10% Carreta de trator 15 6,67% IMPLEMENTOS Ancinho 12 8,33% Arado de disco e aiveca 15 6,67% Carreta com pneus 15 6,67% Semeadeira de linhas 15 6,67% Plaina 15 6,67% Colheitadeira 10 10% Grade de dentes e rolos 20 5% Colheitadeira de forragem 10 10% Ceifadeira 12 8,33% Plantadeira 10 10% Debulhadeira 10 10% Motores elétricos 15 6,67% Pulverizador 10 10% Ensiladeira 7 14,28% Ordenhadeira 10 10% Carrinho de terreiro 08 12,5% Roçadeira 10 10% Encerado 06 16,67% Secador de cereais 10 10% Saco de colheita 03 33,33% Adubadeira 08 12,5% Riscador 06 16,67% Rodo 02 50% Arreio 06 16,67% Fonte: Marion (2005, p. 77-79). 33 3 METODOLOGIA Apresenta a estrutura do trabalho, apontando a classificação da pesquisa, a fim de posicionar os procedimentos metodológicos. Conforme Alves (2003), a metodologia pode ser considerada o momento de especificar qual o método que irá adotar-se para alcançar os objetivos, optando por um tipo de pesquisa, bem como define como irá proceder à coleta e a análise de dados. 3.1 Classificação da Pesquisa Beuren et al (2004, p. 77) “diz que o delineamento da pesquisa implica em um plano para conduzir a investigação”. Para tanto,a correta classificação de uma pesquisa proporciona excelentes resultados na busca de seus objetivos. 3.1.1 Quanto a Natureza Sob o ponto de vista da sua natureza, o presente estudo caracteriza-se como pesquisa aplicada, pois visa gerar conhecimentos para a aplicação prática, voltados a solução de problemas específicos da realidade. Segundo Vergara (2009, p. 43) “a pesquisa aplicada é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos ou não. Tem, portanto, finalidade prática”. 3.1.2 Quanto a Abordagem Existem dois tipos de pesquisa segundo a natureza dos dados: a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa. Este estudo quanto à abordagem do problema classifica-se como pesquisa quantitativa, pois foram coletados, analisados e interpretados dados, (números) sobre a propriedade em estudo. A pesquisa quantitativa conforme Beuren et al (2004) caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. Esse procedimento se preocupa apenas com o comportamento geral dos acontecimentos. A pesquisa também se classifica como qualitativa, pelo fato de serem analisados e interpretados os dados da propriedade em estudo, de forma descritiva e analítica. De acordo 34 com Beuren et al (2004) a pesquisa qualitativa concebe uma análise mais profunda em relação ao fenômeno que está sendo estudado, e visa detectar características não observadas por meio de um estudo quantitativo. 3.1.3 Quanto aos Objetivos Segundo Gil (2002), toda e qualquer classificação deve ser feita mediante algum critério, sendo assim, referindo-se a pesquisas considera-se como base os objetivos gerais do trabalho. Quanto aos objetivos o estudo classifica-se como Pesquisa Exploratória. Conforme Beuren et al (2004, p. 80) “a pesquisa exploratória deve concentrar-se em algo que necessita ser esclarecido ou explorado no campo do conhecimento”. Enquanto que Gil (2002, p. 41) esclarece que “a pesquisa exploratória envolve levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado”. 3.1.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos Quanto aos procedimentos técnicos do estudo a pesquisa é classificada como pesquisa bibliográfica, na medida em que foram utilizados conceitos e fundamentos teóricos, com base em determinados autores para aprofundar o conhecimento e sustentar o estudo. Conforme Gil (2002, p. 44) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. O estudo também se classifica como uma pesquisa de campo, documental, e estudo de caso, para que fosse possível obter as informações desejadas para a realização do mesmo. A pesquisa de campo segundo Vergara (2009), refere-se à investigação de um tema realizado no local que ocorreu o evento ou que tenha elementos para explicá-lo. Ainda conforme Vergara (2009, p. 44), o “estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão publico, comunidade ou mesmo país. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo”. 35 De acordo com Gil (2002, p. 45) “a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Foram utilizados dados (documentos, relatórios...) da propriedade para aprofundar o estudo. 3.2 Universo Amostral e Sujeitos da Pesquisa A empresa escolhida para a realização do estudo encontra-se no setor agropecuário, uma pequena propriedade rural, localizada no interior do município de Augusto Pestana – RS. O sujeito da pesquisa foi o proprietário da empresa rural, Sr. Clóvis Antônio Gerhardt, sendo que para a coleta de preços dos produtos foram realizadas pesquisas na empresa Cotrijuí. 3.3 Coleta de Dados A coleta de dados para a realização do estudo ocorreu através de visitas entre os dias 13 de março de 2012 a 23 de março de 2012 na propriedade rural do Senhor Clóvis Antônio Gerhardt, onde foram realizadas entrevistas com o proprietário, busca de dados junto a documentos disponibilizados pelo mesmo, e observações para o levantamento dos dados necessários. As entrevistas realizadas com o proprietário podem ser entendidas como semi- estruturadas, pois não existiu um roteiro pré-estabelecido, apenas o uso de quadros conforme o decorrer do trabalho como instrumento de coleta de dados. Beuren et al (2004, p. 133) “diz que esse tipo de entrevista possibilita ao entrevistado a liberdade de desenvolver cada situação na direção que considera mais adequada”. Também foram realizadas algumas visitas durante o mês de março de 2012 com o intuito de coletar preços, na empresa em que o proprietário realiza seus negócios, onde adquire insumos para a realização do plantio da lavoura, bem como realiza a venda dos produtos produzidos pela família, além da compra de alimentos para os animais criados na propriedade, entre outros. 3.4 Análise e Interpretação dos Dados A análise e interpretação dos dados expõe à forma pela quais os dados coletados foram tratados, de forma a melhor adequá-los aos propósitos do estudo pertinente. 36 De acordo com Gil (2002, p. 125): O processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Após, ou juntamente com a análise, pode ocorrer também à interpretação dos dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já fornecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente. No estudo de caso desenvolvido no Trabalho de Conclusão de Curso, a análise e interpretação dos dados ocorreram a partir das informações obtidas através das entrevistas com o proprietário, e das informações geradas por planilhas e gráficos, elaborados no software da Microsoft Excel. 37 4 ANÁLISE DA PROPRIEDADE RURAL Este capítulo aborda a caracterização da propriedade familiar do Sr. Clóvis Antônio Gerhardt, trazendo a coleta e análise dos dados, onde foi realizado um diagnóstico de como se encontra técnica e economicamente organizada a propriedade, buscando apresentar em seguida no quinto capítulo propostas de melhorias e um projeto para aumentar a renda agrícola da propriedade rural. 4.1 Caracterização da Propriedade A propriedade rural estudada neste trabalho encontra-se situada na localidade de Fundo Grande interior do município de Augusto Pestana/RS, a qual possui como principal fonte de renda a produção de grãos e leite. Desde pequeno o atual proprietário Sr. Clóvis Antonio Gerhardt auxiliava seus pais nas atividades agrícolas da propriedade. Com o passar dos anos, casou-se com Mirna Gerhardt, com a qual teve três filhos, Cátia Raquel Gerhardt, Alison Fernando Gerhardt e Alan Felipe Gerhardt, aos quais também foram transmitidos conhecimentos da atividade rural. Em 1995 com o falecimento do seu pai, o proprietário juntamente com sua esposa herdou a propriedade, onde deram sequência as atividades da mesma. No ano de 1997 houve a ampliação da área para produção, através do arrendamento de 30 hectares de terra. Já no ano de 2002, os proprietários conseguiram comprar 7,5 hectares de terra, e sequentemente no ano de 2010 ampliaram a área arrendada de 30 hectares para 66 hectares. Portanto hoje a propriedade possui uma superfície total de 102,5 hectares de terra, divididos em área própria de 36,5 hectares, sendo que destes possuem uma área de 3 hectares não útil para produção, divididos em mato e um açude que está desativado, e também conta com uma área de 66 hectares de terra arrendados, os quais são utilizados na sua totalidade
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