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TUT 9- CASO 12- 1º Semestre RELATÓRIO Na sessão realizada dia 30/11/2020 (segunda-feira), debateu-se a narrativa do caso 12 o qual relata a história de Jaqueline, uma garota que teve seu nascimento e desenvolvimento acompanhado pela ACS Josefina. De acordo com a ACS, Jaqueline nasceu com 3.350g e foi uma criança saudável e tranquila. Sua telarca (fenômeno de aparecimento do broto mamário em meninas e determina o início da puberdade) e pubarca (aparecimento de pelos pubianos) iniciaram-se aos 9 anos, e a menarca (primeira menstruação, ocorre fisiologicamente em até dois anos após telarca) ocorreu aos 11 anos. Após tais fenômenos, o corpo de Jaqueline entrou em um turbilhão de descarga hormonal com sucessivas alterações que foram explicadas por Josefina. O primeiro ciclo menstrual, que ocorre com a menarca, iniciou-se regularmente com um período de 28 dias. Anatomicamente, o ciclo menstrual envolve macroestruturas da região pélvica, ou seja, órgãos que compõem o sistema reprodutor, dentre eles tem-se os ovários, a tuba uterina (trompas de Falópio), útero e vagina. Além disso, envolve glândulas secretoras de hormônios, como hipófise e hipotálamo. Tais glândulas, associadas às sexuais, são responsáveis pela regulação hormonal do ciclo. Os principais hormônios envolvidos são GnRH, FSH, LH, estrogênio, progesterona. Diante disso, é válido ressaltar que a interação hormonal entre hipotálamo, glândula hipófise anterior e ovários regula o sistema reprodutivo feminino. Inicialmente, o hipotálamo secreta um peptídeo pequeno, hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). O GnRH regula a liberação de gonadotrofinas: hormônio luteinizante (LH) e de hormônio folículo estimulante (FSH), a partir das células especializadas (gonadótropos) na adenohipófise, onde são sintetizadas. Esses hormônios são liberados em picos curtos (pulsos) a cada 1 a 4 horas. O LH e o FSH promovem a ovulação e estimulam as secreções dos hormônios sexuais pelos ovários, como o estradiol (um estrogênio) e a progesterona. O estrogênio e a progesterona circulam na corrente sanguínea quase totalmente conjugados com proteínas plasmáticas. Somente os que não estão conjugados são biologicamente ativos. Eles atuam nos órgãos-alvo do sistema reprodutor (ex.: mamas, útero e vagina). Em geral inibem a secreção de gonadotrofinas, mas em certas situações (ex.: próximo ao período de ovulação) podem estimular. Estes dois hormônios, são sintetizados a partir do colesterol, por isso são chamados de esteroidais. Enzimas específicas (família CYP) atuam em vias comuns (colesterol → pregnenolona) e vias específicas que irão diferenciar a partir da pregnenolona para chegar aos produtos, os hormônios sexuais. Ademais, a ACS também destacou que o ciclo menstrual é dividido em 3 fases que possuem durações diferentes entre eles e entre cada organismo feminino, iniciando com a Fase proliferativa: a ação do hormônio estradiol, produzido pelo folículo em crescimento no ovário, estimula o espessamento do endométrio; tendo, em seguida, a Fase secretora: Assim que o folículo se rompe, liberando o ovócito, origina-se o corpo-lúteo, que secreta estradiol e a progesterona, estimulando a manutenção e o desenvolvimento da parede uterina, onde ocorrerá, por exemplo, o crescimento das glândulas do endométrio, responsáveis por secretar um líquido que nutrirá o embrião antes de ele se implantar na parede uterina; e finaliza com a Fase menstrual: se nenhum embrião tiver sido implantado na parede uterina até o final da fase anterior, o corpo-lúteo irá se desintegrar, o que ocasionará uma queda na concentração dos hormônios ovarianos. A queda desses hormônios causa a constrição das artérias da parede uterina, o que desencadeia a desintegração de parte dessa parede, que é eliminada na menstruação. Após entender sobre o funcionamento de seu corpo, Jaqueline, já em sua adolescência, refere que sente dores por três dias, o tempo de sua fase menstrual. Denominadas cólicas menstruais, a dismenorreia são dores que ocorrem antes ou durante o fluxo de ejeção sanguínea. Além disso, leves pontadas entre as fossas ilíacas direita e esquerda (localizadas em regiões laterais inferiores do abdômen, entre elas localiza-se a região do hipogástrica) na altura do 14° dia do ciclo são relatadas pela paciente. Tais incômodos são explicados pelo período de ovulação. Este é um processo que ocorre normalmente uma vez em cada ciclo menstrual, quando as alterações hormonais estimulam um ovário a liberar um óvulo, geralmente, ocorre de 12 a 16 dias antes do início da próxima menstruação. Esta dor está associada à liberação do óvulo pelo ovário e será sempre ao lado da estrutura que foi responsável por liberar o gameta. A dor na ovulação, também conhecida por mittelschmerz, é normal e acredita-se que poderá ser provocada pelo óvulo ao romper o ovário, que libera uma pequena quantidade de fluido e sangue, que irritam as regiões em torno do ovário. Jaqueline causou-se com Rodolfo há dois anos, seu colega de escola que namorou durante a adolescência. Há 38 semanas, apresentou amenorreia (ausência de fluxo menstrual) e foi a ACS Josefina quem a auxiliou no período gestacional que estava por vir. Durante a gravidez, Jaqueline percebeu mudanças profundas em seu corpo, por conta das alterações hormonais. Diante disso, é válido pontuar a importância de cada hormônio atuante na fase a qual Jaqueline acabara de passar. O estrogênio, durante a gravidez, é liberado em quantidades extremas, causando https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/princ%C3%ADpios-de-endocrinologia/vis%C3%A3o-geral-da-endocrinologia#v980248_pt https://br.clearblue.com/como-engravidar/ciclos-menstruais-e-ovulacao aumento do útero materno, aumento das mamas maternas e crescimento da estrutura dos ductos da mama e aumento da genitália externa feminina da mãe. Os estrogênios também relaxam os ligamentos pélvicos, assim as articulações sacroilíacas ficam relativamente maleáveis e a sínfise pubiana elástica. Essas mudanças facilitam a passagem do feto pelo canal de parto. A progesterona atua no desenvolvimento de células deciduais (com acumulação de glicogênio e lipídios em seu citoplasma e intumescidas) no endométrio uterino, na diminuição da contratilidade do útero grávido, evitando aborto espontâneo, além de contribuir para o desenvolvimento do concepto mesmo antes da implantação, pois aumenta as secreções de substâncias importantes nas trompas de Falópio e no útero e ajudar o estrogênio a preparar as mamas da mãe para a lactação. A Gonadotropina Coriônica Humana (HCG) é outro hormônio que tem como função mais importante evitar a involução do corpo lúteo ao final do ciclo sexual feminino mensal. Em vez disso, faz com que ele secrete quantidades ainda maiores de progesterona e estrogênios pelos próximos meses. Esses hormônios impedem a menstruação e fazem com que o endométrio continue a crescer e armazenar grandes quantidades de nutrientes, em vez de se descamar em produto menstrual, sendo esta a principal função do corpo lúteo. Já a prolactina atua na preparação da mama para a lactação, bem como atua na produção de leite durante o período de amamentação. Hormônios como os estrogênios e progesterona são um estímulo à produção de prolactina. Eles atuam no hipotálamo, estimulando a produção de PRH (Hormônio liberador de Prolactina), que, por sua vez, atua nas células lactotróficas da adenohipófise, que então produzem a prolactina. Porém, na gestação, a prolactina não atua produzindo leite, pois seu efeito lactogênico é inibido pela progesterona e pelo estrogênio. Então, durante a gestação, a prolactina possui efeito mamogênico, ou seja, atua auxiliando o desenvolvimento da mama. Quando a mulher se encontra fora de uma gestação ou de um período de amamentação, os níveis de prolactina se mantêm baixíssimos. Isso ocorre, pois o hipotálamo libera a dopamina, queinibe as células lactotróficas a secretarem prolactina. Nos homens o mesmo acontece. Dentre as mudanças percebidas por Jaqueline diante de tanto hormônio, encontram-se o alargamento do quadril, ao mesmo tempo em que o fundo uterino foi ultrapassando a altura da cicatriz umbilical e o aumento dos seios. Este último é explicado pelo desenvolvimento das glândulas mamárias que a partir da ação simultânea de hormônios sexuais, como estrogênio e progesterona, fatores de crescimento, como GH, e hormônios hipofisários, como prolactina, os lóbulos mamários são ativados e se desenvolvem a partir da hipertrofia do estroma com células cada vez mais ativas. No entanto, a produção de leite induzida pela prolactina é inibida pelos hormônios sexuais, fazendo com que este último atue apenas como fator estimulante do desenvolvimento mamário. As outras alterações físicas e mentais que ocorrem no corpo de Jaqueline, principalmente no momento que antecede o parto, são mediadas por hormônios que de certa forma atuaram durante toda a gravidez. No momento anterior à expulsão do bebê, há uma maior proporção de estrogênios em relação à progesterona. Enquanto a progesterona inibe a contratilidade uterina, o estrogênio tem atividade oposta, aumentando o grau de contração do útero para a expulsão do feto. O estrogênio relaxa os ligamentos pélvicos da mãe, além de tornar a sínfise pubiana e as articulações sacroilíacas mais maleáveis, justamente para facilitar a passagem do feto pelo canal de parto. Para a dilatação do colo de útero, há a liberação da ocitocina da hipófise que age provocando contrações uterinas e essas contrações fazem com que a membrana que cerca o feto libere outros hormônios (prostaglandinas) que agem amolecendo o colo do útero causando ainda mais concentrações uterinas. Então nesse momento ocorre um ciclo de feedback positivo, em que a liberação de prostaglandina promove aumento das contrações, que estimulam a liberação de ainda mais prostaglandinas e isso ocorre até a expulsão completa do bebê. Dessa forma, é possível notar que hormônios como a ocitocina são imprescindíveis no momento do parto, haja vista sua ação no aumento da contração da musculatura uterina, influenciando o aumento da contração do miométrio (musculatura lisa do útero) para expulsar o bebê. Além do miométrio, algumas outras estruturas anatômicas estão ligadas diretamente com tal ejeção, como útero, útero gravídico (placenta), cordão umbilical, membranas e líquido amniótico. A pelve, com os ossos ilíacos, sacro e cóccix e músculos do assoalho pélvico, que é um conjunto de músculos e tecidos que formam a rede de sustentação da pelve e de órgãos como bexiga e útero, vai sustentar a cabeça fetal enquanto o colo do útero está se dilatando para permitir a saída do feto. Os músculos pubococcígeo e puborretal, que são os músculos levantador do ânus, são os que rompem com mais facilidade, já que fazem parte de uma grande sustentação da vagina e do canal vagina. A atuação do útero neste processo é insubstituível. Sua estrutura anatômica é divida em fundo, corpo, istmo, óstios (interno e externo) e colo. Já sua estrutura histológica é dada por por três camadas, o endométrio (camada mais interna, envolvida com a descamação no período pós-ovulatório, quando ocorre a menstruação- é a camada mucosa); o miométrio (camada intermediária, é a camada muscular espessa. É contínua com a camada muscular da tuba uterina e da vagina. As fibras musculares lisas também se estendem nos ligamentos conectados ao útero); o perimétrio (cobre toda a superfície posterior do útero, mas apenas parte da superfície anterior. É a camada serosa externa ou revestimento peritoneal visceral do útero, é contínuo com o peritônio pélvico e abdominal e consiste em mesotélio e em uma camada fina de tecido conjuntivo frouxo.). Durante suas 38 semanas de gravidez, Jaqueline apresentou índices glicêmicos e de triglicerídeos elevados. Para manter o consumo contínuo de glicose pelo feto o estrógeno e a progesterona induzem a hiperplasia das células β pancreáticas aumentando os níveis de insulina, porém os hormônios Lactogênio placentário humano, hormônio do crescimento, estrógeno, progesterona, cortisona, prolactina e glucagon atuam reduzindo a utilização periférica de glicose pela diminuição da sensibilidade tecidual à insulina, o resultado é uma resistência à insulina fisiológica. Se a glicose não consegue entrar nas células, ela se acumula no sangue, o que causa a diabetes. Na gravidez, a mãe precisa produzir mais insulina para dar conta daquele outro corpinho que está ali. Quando a mulher tem diabetes gestacional, o pâncreas se mostra incapaz de fazer esse papel pela mãe e pelo bebê. Além disso, durante a gestação, mulheres normais apresentam um aumento dos níveis de triglicerídeos plasmáticos, ocorrendo o seu pico máximo na metade do terceiro trimestre, chegando a valores até cinco vezes maiores do que os valores basais. Isso se deve ao aumento dos níveis de estrogênio e prolactina, que acarretariam maior produção hepática de lipoproteínas ricas em triglicerídeos (VLDL) e ao efeito lipolítico do hormônio lactogênico placentário sobre o tecido adiposo. ANEXO (BANCO DE IMAGENS): Regulação do eixo hipotálamo-hipofisário-gonodal Resumo das vias de síntese dos hormônios sexuais femininos Anatomia do útero e órgãos adjacentes
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