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Aula 6 - Nutrição em cirurgia

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1. Avaliação do paciente 
• Necessidade energética basal de 30Kcal/Kg/dia 
• Fontes energéticas advindas da alimentação 
✓ Proteínas → aminoácidos → síntese proteica → 
massa celular total e funções metabólicas 
✓ Glicose → glicogênio → armazenamento no fígado e 
músculo e consumo celular 
✓ Lipídeos → tecido adiposo 
José, 67kg, 1,65m, IMC normal, necessidade diária, em média, 
de 2.000Kcal/dia, fontes energéticas são lipídeos, proteínas e 
glicose. Seus hábitos alimentares não são tão bons, sendo 
limitadas mais a fast-food. Passou a sentir uma dor aguda no 
epigástrio, com dor a descompressão brusca, sendo 
diagnosticado com úlcera péptica perfurada, necessitando de 
cirurgia de urgência. 
• Antropometria 
Avaliação do peso e da perda de peso em quantidade 
percentual. %𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑜 =
𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙−𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙
𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙
 𝑥 100. 
Se o paciente apresenta 5-10% de perda de peso, o risco de 
complicações é moderado, se superior a 10%, alto risco. 
Porem há algumas limitações para esse cálculo, como a 
situação de edema, ascite, derrame pleural e pacientes 
acamados. 
Além disso, pode-se avaliar de acordo com o IMC. Pode ser 
falho na avaliação de pacientes com edema, por exemplo, já 
que a massa corporal de água pode alterar o IMC 
IMC (kg/m2) Classificação 
<16 Desnutrição grau III 
16-16,9 Desnutrição grau II 
17-18,4 Desnutrição grau I 
18,5-24,9 Eutrofia 
25-29,9 Pré-obesidade 
30-34,9 Obesidade grau I 
35-39,9 Obesidade grau II 
≥40 Obesidade grau III 
Outra forma de avaliar é a prega cutânea tricipital (mm), que 
variam de acordo com o sexo e idade. 
Idades 16-19 20-24 25-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70 
Masc. 12,63 13,43 12,52 13,06 12,14 12,70 11,63 10,46 
Fem. 21,57 22,36 23,32 23,78 26,33 26,91 23,12 16,44 
Ainda, pode-se fazer essa avaliação pela circunferência 
muscular do braço, que serve para analisar a reserva muscular 
área de gordura. Medido no ponto médio entre o acrômio e o 
olecrano. 𝐶𝑀𝐵 =
𝐶𝑀𝐵 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑥 100
𝐶𝑀𝐵 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑖𝑙 50
 
 
 
CMB 
Desnutrição 
Grave moderada Leve Eutrofia 
<70% 70-80% 80-90% 90% 
 
• Testes imunológicos 
✓ Contagem linfocitária em relação a quantidade de 
leucócitos, em que <1.500/mm3 já é um dado que 
merece atenção 𝐶𝑇𝐿 =
% 𝑙𝑖𝑛𝑓ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑥 𝑙𝑒𝑢𝑐ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠
100
 
Condição Referência (nº cél/mm3) 
Depleção leve 1200-2000 
Depleção moderada 800-1199 
Depleção grave <800 
 
• Testes bioquímicos 
✓ Hemoglobina – anemia ferropriva ou perniciosa 
✓ Albumina – pouco sensível (reserva corporal 
grande), com meia vida de 20 dias, indicador 
prognostico de longa duração. 
✓ Transferrina – indicador de estado nutricional mais 
sensível, meia vida de 8 a 10 dias 
✓ Pré-albumina – vida média curta, de 2 a 3 dias (mais 
utilizada) 
✓ Proteína de ligação do retinol – 12h de meia vida 
(pouco acessível) 
Proteínas Normal Depleção 
leve 
Depleção 
moderada 
Depleção 
grave 
Albumina >3,5 3-5 2,4-2,9 <2,4 
Pré-albumina 20 10-15 5-10 <5 
Transferrina > 200 150-200 100-150 <100 
 
2. Desnutrição proteico-calórica 
• Alteração na composição corporal 
• Redução da massa muscular magra 
• Alteração da mecânica respiratória 
• Atrofia intestinal 
• Depressão da função imune 
✓ Migração leucocitária 
✓ Fagocitose 
✓ Aderência microbiana 
✓ Reconhecimento e processamento antigênico 
✓ Exteriorização de receptores 
✓ Comunicação intercelular 
✓ Favorecimento da infecção 
• Comprometimento de cicatrização 
✓ Redução de fibroblastos 
✓ Redução da produção de fibrina 
Terapia nutricional do paciente cirúrgico 
 
Bases Técnicas de Cirurgia e Anestesiologia – aula 6 
 
Nicole Sarmento Queiroga 
Figura 1. Apesar da condição de sobrepeso, chances de TVP e outras complicações, o primeiro 
paciente ainda possui chances maiores de complicações devido ao seu estado nutricional. 
Figura 2. Comprometimento cicatricial após cirurgia 
• Alteração na homeostase (LEC) 
✓ Redução da pressão coloidosmótica há 
extravasamento de líquidos e provoca o edema em 
diversas cavidades, como a pleural (ascite), pleural 
(derrame) 
 
 
 
 
 
 
 
• Maior morbidade 
✓ Infecção 
✓ Deiscência de parede 
✓ Deiscência de suturas – antibiótico + limpeza + 
abertura 
✓ Fístulas digestivas 
✓ Íleo paralítico prolongado 
✓ Distúrbios respiratórios 
• Maior permanência hospitalar 
• Maior tempo de convalescença 
• Maior mortalidade 
• Aumento do custo hospitalar 
• Causas 
✓ Perdas proteicas anormais 
✓ Limitações na ingesta alimentar (retorno alimentar de 
forma gradual – ingesta liquida → pastosa → sólida 
– para evitar o aumento da pressão dos órgãos) 
✓ Jejum pré e pós-operatório (principalmente em 
cirurgias do TGI) 
✓ Síndrome de má-absorção (ressecção de tubo 
digestivo) 
✓ Anorexia 
✓ Neoplasias (consomem mais energia porque são 
nutridas como qualquer outra parte do corpo) 
✓ Trauma e infecções 
 
3. Momento pré-operatório 
Período de 7-10 dias antes da cirurgia. Paciente já não 
conseguia se alimentar bem devido às fortes dores que sentia 
e precisa passar por um jejum de 8 horas, já que vai passar por 
uma anestesia geral, sendo mais seguro ao paciente, tendo em 
vista que o estômago vai ter tempo de esvaziar e vai reduzir as 
chances de broncoaspiração. Além disso, ao ser submetido a 
um trauma cirúrgico, o que demanda mais energia, sendo 
equivalente a realização de um exercício físico. Dessa forma, 
com o jejum e o trauma cirúrgico, o paciente está em déficit 
calórico que, ao longo do tempo, pode levar a um distúrbio 
nutricional. Caso o paciente já tenha apresentado perda 
ponderal importante, como 20% em 6 meses, 15% em 3 meses, 
5% em 1 mês, 1-2% em 1 semana ou albumina <3,0 é mais 
importante realizar o suporte nutricional que adiantar o 
processo cirúrgico, desde que não seja uma cirurgia de 
urgência. A medida nutricional tomada para o pré-operatório 
deve ser utilizada também no pós-operatório. O paciente José, 
devido à condição que se encontrava, foi submetido a uma 
gastrectomia parcial + reconstrução a Billroth II 
(gastrojejunostomia). Em cirurgias que não envolvam o trato 
gastrointestinais, o paciente saudável (esvaziamento gástrico 
normal) passa por jejum de 8 horas para sólidos, mas pode 
ingerir líquidos até 2 horas antes da cirurgia (água + 
maltodextrina). 
4. Pós-operatório 
Paciente José está em jejum para a realização de cirurgia e nos 
dias seguintes há alimentação, mas que retorna gradualmente 
ao que era antes, mas tudo tendo ocorrido bem, o paciente 
ainda perdeu 5kg. Isso ocorre porque a condição de doença e 
no procedimento um aumento do gasto energético basal, além 
do suporte nutricional deficiente por momentos de jejum. O 
paciente pode desenvolver um íleo-paralítico temporário, por 
isso a importância da graduação alimentar. Quando a cirurgia 
é no tubo digestivo, há possibilidade maior de formação de 
fistulas, dessa forma reduz a ingestão de sólidos e até líquidos 
para evitar aumento da pressão e rompimento de suturas, para 
evitar tal formação, sendo o intestino grosso mais propenso. 
PO1 Dieta zero (análise da condição do paciente) 
PO2 Dieta de prova (chá, água e gelatina) 
PO3 Dieta liquida 
PO4 Dieta pastosa 
PO5 Dieta branda (pobre em gorduras) 
PO6 Dieta livre 
Em cirurgias que não envolvam o trato gastrointestinais, o 
paciente saudável já pode iniciar assim que o paciente acorda 
já há oferta de dieta branda, o que reduz os danos nutricionais. 
Como a nutrição está comprometida, o paciente fica recebendo 
soro fisiológico para evitar a desidratação, mas com adição de 
glicose para aumentar a fonte energética e reduzir o déficit 
calórico. O soro glicosado que é utilizado é com glicose a 5%, 
sendo 2.000mL/dia. Logo, como em 100mL de SG tem 5g de 
glicose, o paciente recebe 100g de glicose por dia. Como 1g 
de glicose tem 4Kcal, ele recebe num total 400Kcalpor dia. 
Tendo em vista que o gasto energético basal é 30Kcl/kg 
corporal, o paciente José (basal de 2.000Kcal/dia), passa a ter 
um déficit calórico de 1.600Kcal. Assim, para suprir esse 
déficit, ele deve utilizar suas reservas, sendo a primeira o 
glicogênio (armazenado no fígado) e liberado por meio da 
glicogenólise, mas que acaba com mais ou menos dois dias, 
tempo em que há reintrodução alimentar e ocorre o equilíbrio. 
Como nos primeiros dias a alimentação é líquida, o paciente 
também consome suas reservas lipídicas (ácidos graxos) por 
meio de lipólise. Tendo em vista que algumas células só 
aceitam glicose como fonte energética, o sistema nervoso, 
células plasmáticas e inflamatórias, há degradação proteica 
(gliconeogênese – perdendo tecido muscular) para fornecer a 
glicose que seja suficiente para manter a atividade metabólica 
dessas células. 
Em pacientes com estado nutricional adequado submetidos a 
procedimentos cirúrgicos sem complicações associadas ou não 
a jejum apresentam recuperação satisfatória, com perda 
ponderal moderada. Não havendo necessidade de suporte 
nutricional especifico. 
Se o caso do paciente José não tivesse evoluído bem, a 
situação seria outra. No quinto dia de pós-operatório houve 
formação de fistula e o paciente desenvolveu peritonite, sepse 
e precisou ser submetido novamente a uma cirurgia. Com essa 
situação infecciosa grave e febre, seu gasto energético passou 
a ser de 3.000Kcal/dia, além da necessidade e jejum para as 
reoperação. 
 
Figura 3. Edema bilateral em MMII 
PO1 Dieta zero (análise da condição do paciente) 
PO2 Dieta de prova (chá, água e gelatina) 
PO3 Dieta líquida 
PO4 Dieta pastosa 
PO5 FÍSTULA 
Logo, esse paciente necessita de um suporte nutricional 
diferente da aplicada em casos sem complicações. 
5. Suporte nutricional 
Visa à mimetização da alimentação normal, tentando repor as 
quantidades suficientes para equilibrar o gasto energético e a 
ingestão de nutrientes. A decisão sobre o tipo de suporte 
nutricional é tomada de acordo com o estado funcional do TGI 
do paciente. Se o paciente está com o TGI funcionando, a 
decisão deve ser de utilizá-lo. 
Além do gasto calórico basal, o paciente demanda mais 
energia em situações de pós-operatório. 
Fase aguda inicial 20-25 Kcal/Kg/dia 
Fase de recuperação (anabólica, flow phase) 25-30 Kcal/Kg/dia 
Desnutrição grave 25-30 Kcal/Kg/dia 
Necessidade proteica 1,2-1,5 g/Kg/dia 
• Nutrição enteral 
Forma nutricional completa, administrada no TGI, através de 
sonda nasoentérica, sonda nasogástrica, jejunostomia ou 
gastrostomia. Via de eleição quando o TGI se encontra com 
função parcial ou totalmente preservadas, sendo liberadas na 
porção mais superior possível e com administração lenta e 
gradual. As indicações são: 
✓ Incapacidade de alimentação via oral: inconsciência, 
AVC, neoplasias, anorexia, lesões orais – possível 
aspiração 
✓ Ingesta oral insuficiente – trauma, sepse, alcoolismo 
crônico, depressão grave, queimaduras 
✓ Pacientes em que a alimentação promove 
dor/desconforto – D. Crohn, colite ulcerativa, câncer 
de TGI, pancreatite, QT, RxT 
✓ Pacientes com disfunções do TGI – síndrome da má 
absorção, fistula, síndrome do intestino curto 
São contraindicados em disfunção e obstrução mecânica do 
TGI, DRGE intenso, íleo paralítico, hemorragia digestiva, 
vômitos e diarreias graves, fistulas de alto débito 
(>500mL/dia), enterocolite grave, pancreatite grave, 
terminalidade com considerações individuais. 
A fabricação da nutrição enteral pode ser realizada de forma 
artesanal, em casa, mas também existe a industrial, cujo 
suporte é balanceado para as todas as necessidades 
nutricionais do indivíduo, mas apresenta maior custo. 
As fórmulas podem ser poliméricas – comercial ou 
liquidificada (macronutrientes intactos e necessitando de 
digestão, como proteínas intactas, polissacarídeos, 
dissacarídeos, ácidos graxos polinsaturados (AGP) e 
triglicerídeos de cadeia média (TCM), indicados quando TGI 
é totalmente funcional e ocorrem normais os processos de 
digestão e absorção. Também podem ser oligoméricas 
(macronutrientes já hidrolisados), estão disponíveis 
aminoácidos (glutamina e arginina) e oligopeptídeos, 
monossacarídeos e polímeros de glicose, triglicerídeos de 
cadeias longa e média, além de vitaminas e sais minerais, 
indicadas em alergia alimentar, insuficiência pancreática, 
síndrome de má absorção e síndrome do intestino curto. 
Existem também os de doença-específicas, indicadas em 
doenças pulmonares, intolerância à glicose, insuficiência 
renal, estresse metabólico e HIV/AIDS. 
A nutrição enteral deve ter, idealmente: 
✓ Alta densidade proteica 
✓ Alta densidade calórica 
✓ Baixa osmolaridade (<300mOsm) 
O estômago tolera maiores osmolaridades que o intestino, de 
modo que a liberação para o último ocorre gradualmente. 
Reflete a quantidade de partículas osmoticamente ativas. Os 
nutrientes que mais afetam a osmolaridade são os carboidratos 
simples (mono e dissacarídeos), minerais e eletrólitos (Na, K, 
Cl), e proteínas hidrolisadas, sendo melhores tolerados se 
colocados no estômago. A isotônica é de melhor tolerância. 
Categoria Valores de osmolaridade 
Hipotônica 280-300 
Isotônica 300-350 
Levemente hipertônica 350-550 
Hipertônica 550-750 
Acentuadamente hipertônica >750 
✓ pH neutro 
✓ Baixa viscosidade 
✓ Quantidade necessárias de eletrólitos e vitaminas 
Denomina-se sonda nasoenteral a utilizada na nutrição enteral, 
sendo mais fina, maleável e de silicone, poque a sonda 
nasogástrica é mais grossa usada para realizar o esvaziamento 
do estômago e feita de plástico. A sonda nasoenteral pode estar 
localizada no estômago ou no intestino delgado, e sua 
introdução é mediada por aparelho endoscópico. Pode ser 
utilizada por até 6 semanas, e após deve haver reintrodução 
gradual da alimentação, conforme evolução da capacidade de 
deglutição do paciente, avaliada pelo fonoaudiólogo. 
✓ Localização gástrica: é o reservatório normal de 
comida, pode ser inserida às cegas, acesso mais fácil 
e menos invasivo, maior tolerância a formulas 
variadas, boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas, 
progressão mais rápida ao alcançar VET (valor total 
de nutrientes), permite alimentação intermitente, 
acidez gástrica destrói contaminantes. Possui maior 
risco de aspiração, trauma na região com irritação 
nasofaríngea e possíveis infecções, além de tosse, 
náuseas ou vômitos e possibilidade de deslocamento 
inadvertido. 
✓ Localização entérica/pós-pilórica: menor risco de 
aspiração, maior dificuldade de saída acidental e 
Figura 4. Exemplos de localização de sonda nasoenteral 
Figura 5. Exemplos de produtos para nutrição enteral industriais 
permite a nutrição enteral quando a gástrica é 
inoportuna. O desalojamento acidental pode causar 
refluxo gástrico, requer dietas normo ou hipo-
osmolares. 
As opções adequadas quando o período de tempo de nutrição 
for maior que 6 semanas, via nasoentérica não disponível, 
ingestão oral insuficiente em pacientes crônicos, obstrução e 
doença do TGI superior (tumor de esôfago) ou pós-operatório 
de grande cirurgia abdominal é a gastrostomia, cuja introdução 
é cirúrgica ou percutânea, com o aparelho de endoscopia, ou a 
jujunostomia, com introdução sempre cirúrgica. Outra opção 
é utilizar uma sonda por gastrostomia, mas que chegue ao 
intestino delgado, porque o paciente precisa de uma dieta de 
baixa osmolaridade. 
Os meios de administração são dois, o que ocorre em bolus – 
somente quando tiver posicionada no estômago – ou em 
gotejamento (intermitente ou continuo), característico do 
intestino. 
Algumas complicações podem ser desenvolvidas, elas se 
dividem em duas classes: 
✓ Mecânicas: irritação nasofaríngea, erosão nasal, 
esofagite, obstrução da sonda, deslocamento da 
sonda, infecção, colocação errada em caso de ser às 
cegas. Além de náusease vômitos, flatulências, 
cólicas abdominais e constipações. São de baixa 
incidência e de pequena gravidade. 
 
 
 
 
 
 
✓ Metabólicas: hiperglicemia, hiperfosfatemia, 
hipopotassemia, hipernatremia, hipercapnia – 
minimizado com uso da nutrição comercial ou caseira 
seguindo a fórmula ideal. 
✓ Infecciosas: pneumonia aspirativa (21-95%) 
 
• Nutrição parenteral 
Fórmula nutricional completa, administrada na corrente 
sanguínea, através de punção e cateterismo de uma veia 
periférica ou central. Indicação quando houver 
impossibilidade temporária ou definitiva de nutrição pelo tubo 
digestivo. 
✓ Obstrução por doença maligna ou benigna 
✓ Síndrome de má absorção 
✓ Síndrome de intestino curto de forma mais grave 
✓ Fístulas digestivas 
✓ Pancreatite aguda e abscessos pancreáticos 
✓ Doenças inflamatórias intestinais 
✓ Situações de hipermetabolismo (necessidade de 
oferta de grande quantidade de alimento, mas não 
aceito pelo organismo): sepse, grandes traumas de 
partes moles, queimaduras, insuficiência orgânica 
múltipla, insuficiência renal aguda. 
A fabricação é sempre industrial, precisando ser o mais estéril 
possível, já que vai ser introduzido direto na corrente 
sanguínea. Administração por veia central, geralmente na V. 
Cava, o acesso pode ser pela V. Jugular ou V. Subclávia para 
a superior ou pela V. Femoral para a inferior. 
O acesso central é uma opção para pacientes com estresse 
moderado ou grave, suporte parenteral, infusão de soluções 
hiperosmolares, hemodiálise, administração de drogas 
vasoativas ou plasmaferese. Uma opção para não puncionar 
uma veia profunda, por receio de complicações, é a colocação 
de um cateter central de inserção periférica (PICC) guiada por 
ultrassom, indo até a posição central. O PICC é indicado para: 
✓ Pacientes estáveis clinicamente 
✓ Necessidade de nutrição parenteral a curto prazo – 7 
a 14 dias 
✓ Infusão de soluções de baixa osmolaridade 
✓ Maior parte da energia for fornecida por soluções 
lipídicas 
 
 
 
 
 
 
 
A nutrição parenteral pode ocorrer de duas formas. Pode ser 
parcial, caso a nutrição seja a curto prazo, 7 a 14 dias, pode ser 
por acesso central ou PICC, em que a principal forte é o 
lipídeo. A nutrição parenteral total é a que necessita de mais 
de 14 dias, em que a principal fonte de caloria é a glicose e é 
feito por cateter de infusão central exclusivo. 
A composição da nutrição parenteral é feita por diversas fontes 
de energia: 
✓ Carboidratos – 45-60% VCT (evitar a cetogênese), 
disponibilidade e baixo custo. Como desvantagens 
Figura 7. Sonda nasogástrica Figura 6. Sonda nasoenteral 
Figura 8. Deslocamento da sonda nasoenteral 
(esquerda) e infeção na jejunostomia (direita) 
Figura 9. RX simples de tórax com pneumonia aspirativa 
Figura 10. Exemplo de introdução de PICC 
apresenta a elevada carga osmótica, irritante vascular 
e insulinodependente 
✓ Lipídeos – 20-35% VCT, não acarreta complicações 
da administração de glicose, dispensa cateterismo 
central por baixa osmolaridade 
✓ Proteínas – 10-20% VCT, apresenta 40% dos 
aminoácidos essenciais 
✓ Sais minerais – eletrólitos (Na, K, Cl), 
macronutrientes (Ca, P, Mg), micronutrientes, 
oligoelementos (Cr, Fe, Zn, Cu, I) 
✓ Vitaminas – complexo B e vitamina C são repostas 
diariamente, as demais com intervalos, vitamina K 
em situações de depressão da flora bacteriana 
A formulação é feita por uma mistura de 3 em 1, geralmente 
na proporção de 50% de carboidratos, 20% de lipídeos e 10% 
de aminoácidos. Os eletrólitos devem ser dosados, no mínimo, 
a cada 2 dias, para fornecer o que o organismo precisa e não 
provocar mais alterações metabólicas. 
A administração deve ser iniciada com pequenos volumes, em 
geral, começa com 500mL/dia, aumentando progressivamente 
30% por dia, até atingir 1.000mL/dia, de acordo com a 
tolerância à glicose. A administração deve contínua, ou seja, 
durante as 24 horas, para evitar grandes variações glicêmicas. 
A retirada deve ser gradual para não provocar a hipoglicemia 
reacional, de modo que seja comum a reposição glicêmica um 
pouco maior no dia da retirada. A solução padrão possui 
1.000Kcal/litro, a administração deve ser feita conforme a 
necessidade do paciente. 
Contraindicações para esse tipo de nutrição podem ser 
absolutas, como de pacientes que estão em choque, ou seja, em 
instabilidade hemodinâmica – redução de 50-70% do volume 
sanguíneo esplênico, e a NPT seria mais um fator de 
desequilíbrio. As relativas são a dificuldade de acesso venoso 
em grandes queimados ou em discrasia sanguínea, além do 
pós-operatório imediato. 
As complicações podem ser listadas a seguir: 
✓ Metabólicas: hiperglicemia, hipoglicemia reacional, 
modificações nas enzimas hepáticas, alterações 
hepatobiliares, síndrome de deficiência e ácidos 
graxos essenciais, hipofosfatemia, acidose 
metabólica, alterações no metabolismo dos 
aminoácidos, vitaminas e oligoelementos 
✓ Não metabólicas: acidentes de punção venosa, 
infecção 
 
 
PACIENTE PRECISA DE SUPORTE NUTRICIONAL 
Oral 
PICC 
Ingestão 
<75%? 
o TGI pode ser utilizado? 
SIM NÃO 
Suporta 
ingestão de 
alimentos? 
Não suporta 
ingestão de 
alimentos? 
Tubo 
Mais que 3-4 
semanas? 
SIM 
NÃO 
Nutrição 
parenteral 
Sonda 
nasoenteral 
Gastrostomia 
Jejunostomia 
Pouco 
tempo 
Muito 
tempo 
Acesso 
central 
? 
NUTRIÇÃO ENTERAL 
• Mantém fluxo sanguíneo mesentérico 
• Maior equilíbrio da flora intestinal 
• Preservação da estrutura e função intestinal, 
hepática e imunológica 
• Utilização mais eficiente dos nutrientes e 
menor risco de infecção e de complicações 
metabólicas