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1. Avaliação do paciente • Necessidade energética basal de 30Kcal/Kg/dia • Fontes energéticas advindas da alimentação ✓ Proteínas → aminoácidos → síntese proteica → massa celular total e funções metabólicas ✓ Glicose → glicogênio → armazenamento no fígado e músculo e consumo celular ✓ Lipídeos → tecido adiposo José, 67kg, 1,65m, IMC normal, necessidade diária, em média, de 2.000Kcal/dia, fontes energéticas são lipídeos, proteínas e glicose. Seus hábitos alimentares não são tão bons, sendo limitadas mais a fast-food. Passou a sentir uma dor aguda no epigástrio, com dor a descompressão brusca, sendo diagnosticado com úlcera péptica perfurada, necessitando de cirurgia de urgência. • Antropometria Avaliação do peso e da perda de peso em quantidade percentual. %𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑜 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙−𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙 𝑥 100. Se o paciente apresenta 5-10% de perda de peso, o risco de complicações é moderado, se superior a 10%, alto risco. Porem há algumas limitações para esse cálculo, como a situação de edema, ascite, derrame pleural e pacientes acamados. Além disso, pode-se avaliar de acordo com o IMC. Pode ser falho na avaliação de pacientes com edema, por exemplo, já que a massa corporal de água pode alterar o IMC IMC (kg/m2) Classificação <16 Desnutrição grau III 16-16,9 Desnutrição grau II 17-18,4 Desnutrição grau I 18,5-24,9 Eutrofia 25-29,9 Pré-obesidade 30-34,9 Obesidade grau I 35-39,9 Obesidade grau II ≥40 Obesidade grau III Outra forma de avaliar é a prega cutânea tricipital (mm), que variam de acordo com o sexo e idade. Idades 16-19 20-24 25-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70 Masc. 12,63 13,43 12,52 13,06 12,14 12,70 11,63 10,46 Fem. 21,57 22,36 23,32 23,78 26,33 26,91 23,12 16,44 Ainda, pode-se fazer essa avaliação pela circunferência muscular do braço, que serve para analisar a reserva muscular área de gordura. Medido no ponto médio entre o acrômio e o olecrano. 𝐶𝑀𝐵 = 𝐶𝑀𝐵 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑥 100 𝐶𝑀𝐵 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑖𝑙 50 CMB Desnutrição Grave moderada Leve Eutrofia <70% 70-80% 80-90% 90% • Testes imunológicos ✓ Contagem linfocitária em relação a quantidade de leucócitos, em que <1.500/mm3 já é um dado que merece atenção 𝐶𝑇𝐿 = % 𝑙𝑖𝑛𝑓ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑥 𝑙𝑒𝑢𝑐ó𝑐𝑖𝑡𝑜𝑠 100 Condição Referência (nº cél/mm3) Depleção leve 1200-2000 Depleção moderada 800-1199 Depleção grave <800 • Testes bioquímicos ✓ Hemoglobina – anemia ferropriva ou perniciosa ✓ Albumina – pouco sensível (reserva corporal grande), com meia vida de 20 dias, indicador prognostico de longa duração. ✓ Transferrina – indicador de estado nutricional mais sensível, meia vida de 8 a 10 dias ✓ Pré-albumina – vida média curta, de 2 a 3 dias (mais utilizada) ✓ Proteína de ligação do retinol – 12h de meia vida (pouco acessível) Proteínas Normal Depleção leve Depleção moderada Depleção grave Albumina >3,5 3-5 2,4-2,9 <2,4 Pré-albumina 20 10-15 5-10 <5 Transferrina > 200 150-200 100-150 <100 2. Desnutrição proteico-calórica • Alteração na composição corporal • Redução da massa muscular magra • Alteração da mecânica respiratória • Atrofia intestinal • Depressão da função imune ✓ Migração leucocitária ✓ Fagocitose ✓ Aderência microbiana ✓ Reconhecimento e processamento antigênico ✓ Exteriorização de receptores ✓ Comunicação intercelular ✓ Favorecimento da infecção • Comprometimento de cicatrização ✓ Redução de fibroblastos ✓ Redução da produção de fibrina Terapia nutricional do paciente cirúrgico Bases Técnicas de Cirurgia e Anestesiologia – aula 6 Nicole Sarmento Queiroga Figura 1. Apesar da condição de sobrepeso, chances de TVP e outras complicações, o primeiro paciente ainda possui chances maiores de complicações devido ao seu estado nutricional. Figura 2. Comprometimento cicatricial após cirurgia • Alteração na homeostase (LEC) ✓ Redução da pressão coloidosmótica há extravasamento de líquidos e provoca o edema em diversas cavidades, como a pleural (ascite), pleural (derrame) • Maior morbidade ✓ Infecção ✓ Deiscência de parede ✓ Deiscência de suturas – antibiótico + limpeza + abertura ✓ Fístulas digestivas ✓ Íleo paralítico prolongado ✓ Distúrbios respiratórios • Maior permanência hospitalar • Maior tempo de convalescença • Maior mortalidade • Aumento do custo hospitalar • Causas ✓ Perdas proteicas anormais ✓ Limitações na ingesta alimentar (retorno alimentar de forma gradual – ingesta liquida → pastosa → sólida – para evitar o aumento da pressão dos órgãos) ✓ Jejum pré e pós-operatório (principalmente em cirurgias do TGI) ✓ Síndrome de má-absorção (ressecção de tubo digestivo) ✓ Anorexia ✓ Neoplasias (consomem mais energia porque são nutridas como qualquer outra parte do corpo) ✓ Trauma e infecções 3. Momento pré-operatório Período de 7-10 dias antes da cirurgia. Paciente já não conseguia se alimentar bem devido às fortes dores que sentia e precisa passar por um jejum de 8 horas, já que vai passar por uma anestesia geral, sendo mais seguro ao paciente, tendo em vista que o estômago vai ter tempo de esvaziar e vai reduzir as chances de broncoaspiração. Além disso, ao ser submetido a um trauma cirúrgico, o que demanda mais energia, sendo equivalente a realização de um exercício físico. Dessa forma, com o jejum e o trauma cirúrgico, o paciente está em déficit calórico que, ao longo do tempo, pode levar a um distúrbio nutricional. Caso o paciente já tenha apresentado perda ponderal importante, como 20% em 6 meses, 15% em 3 meses, 5% em 1 mês, 1-2% em 1 semana ou albumina <3,0 é mais importante realizar o suporte nutricional que adiantar o processo cirúrgico, desde que não seja uma cirurgia de urgência. A medida nutricional tomada para o pré-operatório deve ser utilizada também no pós-operatório. O paciente José, devido à condição que se encontrava, foi submetido a uma gastrectomia parcial + reconstrução a Billroth II (gastrojejunostomia). Em cirurgias que não envolvam o trato gastrointestinais, o paciente saudável (esvaziamento gástrico normal) passa por jejum de 8 horas para sólidos, mas pode ingerir líquidos até 2 horas antes da cirurgia (água + maltodextrina). 4. Pós-operatório Paciente José está em jejum para a realização de cirurgia e nos dias seguintes há alimentação, mas que retorna gradualmente ao que era antes, mas tudo tendo ocorrido bem, o paciente ainda perdeu 5kg. Isso ocorre porque a condição de doença e no procedimento um aumento do gasto energético basal, além do suporte nutricional deficiente por momentos de jejum. O paciente pode desenvolver um íleo-paralítico temporário, por isso a importância da graduação alimentar. Quando a cirurgia é no tubo digestivo, há possibilidade maior de formação de fistulas, dessa forma reduz a ingestão de sólidos e até líquidos para evitar aumento da pressão e rompimento de suturas, para evitar tal formação, sendo o intestino grosso mais propenso. PO1 Dieta zero (análise da condição do paciente) PO2 Dieta de prova (chá, água e gelatina) PO3 Dieta liquida PO4 Dieta pastosa PO5 Dieta branda (pobre em gorduras) PO6 Dieta livre Em cirurgias que não envolvam o trato gastrointestinais, o paciente saudável já pode iniciar assim que o paciente acorda já há oferta de dieta branda, o que reduz os danos nutricionais. Como a nutrição está comprometida, o paciente fica recebendo soro fisiológico para evitar a desidratação, mas com adição de glicose para aumentar a fonte energética e reduzir o déficit calórico. O soro glicosado que é utilizado é com glicose a 5%, sendo 2.000mL/dia. Logo, como em 100mL de SG tem 5g de glicose, o paciente recebe 100g de glicose por dia. Como 1g de glicose tem 4Kcal, ele recebe num total 400Kcalpor dia. Tendo em vista que o gasto energético basal é 30Kcl/kg corporal, o paciente José (basal de 2.000Kcal/dia), passa a ter um déficit calórico de 1.600Kcal. Assim, para suprir esse déficit, ele deve utilizar suas reservas, sendo a primeira o glicogênio (armazenado no fígado) e liberado por meio da glicogenólise, mas que acaba com mais ou menos dois dias, tempo em que há reintrodução alimentar e ocorre o equilíbrio. Como nos primeiros dias a alimentação é líquida, o paciente também consome suas reservas lipídicas (ácidos graxos) por meio de lipólise. Tendo em vista que algumas células só aceitam glicose como fonte energética, o sistema nervoso, células plasmáticas e inflamatórias, há degradação proteica (gliconeogênese – perdendo tecido muscular) para fornecer a glicose que seja suficiente para manter a atividade metabólica dessas células. Em pacientes com estado nutricional adequado submetidos a procedimentos cirúrgicos sem complicações associadas ou não a jejum apresentam recuperação satisfatória, com perda ponderal moderada. Não havendo necessidade de suporte nutricional especifico. Se o caso do paciente José não tivesse evoluído bem, a situação seria outra. No quinto dia de pós-operatório houve formação de fistula e o paciente desenvolveu peritonite, sepse e precisou ser submetido novamente a uma cirurgia. Com essa situação infecciosa grave e febre, seu gasto energético passou a ser de 3.000Kcal/dia, além da necessidade e jejum para as reoperação. Figura 3. Edema bilateral em MMII PO1 Dieta zero (análise da condição do paciente) PO2 Dieta de prova (chá, água e gelatina) PO3 Dieta líquida PO4 Dieta pastosa PO5 FÍSTULA Logo, esse paciente necessita de um suporte nutricional diferente da aplicada em casos sem complicações. 5. Suporte nutricional Visa à mimetização da alimentação normal, tentando repor as quantidades suficientes para equilibrar o gasto energético e a ingestão de nutrientes. A decisão sobre o tipo de suporte nutricional é tomada de acordo com o estado funcional do TGI do paciente. Se o paciente está com o TGI funcionando, a decisão deve ser de utilizá-lo. Além do gasto calórico basal, o paciente demanda mais energia em situações de pós-operatório. Fase aguda inicial 20-25 Kcal/Kg/dia Fase de recuperação (anabólica, flow phase) 25-30 Kcal/Kg/dia Desnutrição grave 25-30 Kcal/Kg/dia Necessidade proteica 1,2-1,5 g/Kg/dia • Nutrição enteral Forma nutricional completa, administrada no TGI, através de sonda nasoentérica, sonda nasogástrica, jejunostomia ou gastrostomia. Via de eleição quando o TGI se encontra com função parcial ou totalmente preservadas, sendo liberadas na porção mais superior possível e com administração lenta e gradual. As indicações são: ✓ Incapacidade de alimentação via oral: inconsciência, AVC, neoplasias, anorexia, lesões orais – possível aspiração ✓ Ingesta oral insuficiente – trauma, sepse, alcoolismo crônico, depressão grave, queimaduras ✓ Pacientes em que a alimentação promove dor/desconforto – D. Crohn, colite ulcerativa, câncer de TGI, pancreatite, QT, RxT ✓ Pacientes com disfunções do TGI – síndrome da má absorção, fistula, síndrome do intestino curto São contraindicados em disfunção e obstrução mecânica do TGI, DRGE intenso, íleo paralítico, hemorragia digestiva, vômitos e diarreias graves, fistulas de alto débito (>500mL/dia), enterocolite grave, pancreatite grave, terminalidade com considerações individuais. A fabricação da nutrição enteral pode ser realizada de forma artesanal, em casa, mas também existe a industrial, cujo suporte é balanceado para as todas as necessidades nutricionais do indivíduo, mas apresenta maior custo. As fórmulas podem ser poliméricas – comercial ou liquidificada (macronutrientes intactos e necessitando de digestão, como proteínas intactas, polissacarídeos, dissacarídeos, ácidos graxos polinsaturados (AGP) e triglicerídeos de cadeia média (TCM), indicados quando TGI é totalmente funcional e ocorrem normais os processos de digestão e absorção. Também podem ser oligoméricas (macronutrientes já hidrolisados), estão disponíveis aminoácidos (glutamina e arginina) e oligopeptídeos, monossacarídeos e polímeros de glicose, triglicerídeos de cadeias longa e média, além de vitaminas e sais minerais, indicadas em alergia alimentar, insuficiência pancreática, síndrome de má absorção e síndrome do intestino curto. Existem também os de doença-específicas, indicadas em doenças pulmonares, intolerância à glicose, insuficiência renal, estresse metabólico e HIV/AIDS. A nutrição enteral deve ter, idealmente: ✓ Alta densidade proteica ✓ Alta densidade calórica ✓ Baixa osmolaridade (<300mOsm) O estômago tolera maiores osmolaridades que o intestino, de modo que a liberação para o último ocorre gradualmente. Reflete a quantidade de partículas osmoticamente ativas. Os nutrientes que mais afetam a osmolaridade são os carboidratos simples (mono e dissacarídeos), minerais e eletrólitos (Na, K, Cl), e proteínas hidrolisadas, sendo melhores tolerados se colocados no estômago. A isotônica é de melhor tolerância. Categoria Valores de osmolaridade Hipotônica 280-300 Isotônica 300-350 Levemente hipertônica 350-550 Hipertônica 550-750 Acentuadamente hipertônica >750 ✓ pH neutro ✓ Baixa viscosidade ✓ Quantidade necessárias de eletrólitos e vitaminas Denomina-se sonda nasoenteral a utilizada na nutrição enteral, sendo mais fina, maleável e de silicone, poque a sonda nasogástrica é mais grossa usada para realizar o esvaziamento do estômago e feita de plástico. A sonda nasoenteral pode estar localizada no estômago ou no intestino delgado, e sua introdução é mediada por aparelho endoscópico. Pode ser utilizada por até 6 semanas, e após deve haver reintrodução gradual da alimentação, conforme evolução da capacidade de deglutição do paciente, avaliada pelo fonoaudiólogo. ✓ Localização gástrica: é o reservatório normal de comida, pode ser inserida às cegas, acesso mais fácil e menos invasivo, maior tolerância a formulas variadas, boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas, progressão mais rápida ao alcançar VET (valor total de nutrientes), permite alimentação intermitente, acidez gástrica destrói contaminantes. Possui maior risco de aspiração, trauma na região com irritação nasofaríngea e possíveis infecções, além de tosse, náuseas ou vômitos e possibilidade de deslocamento inadvertido. ✓ Localização entérica/pós-pilórica: menor risco de aspiração, maior dificuldade de saída acidental e Figura 4. Exemplos de localização de sonda nasoenteral Figura 5. Exemplos de produtos para nutrição enteral industriais permite a nutrição enteral quando a gástrica é inoportuna. O desalojamento acidental pode causar refluxo gástrico, requer dietas normo ou hipo- osmolares. As opções adequadas quando o período de tempo de nutrição for maior que 6 semanas, via nasoentérica não disponível, ingestão oral insuficiente em pacientes crônicos, obstrução e doença do TGI superior (tumor de esôfago) ou pós-operatório de grande cirurgia abdominal é a gastrostomia, cuja introdução é cirúrgica ou percutânea, com o aparelho de endoscopia, ou a jujunostomia, com introdução sempre cirúrgica. Outra opção é utilizar uma sonda por gastrostomia, mas que chegue ao intestino delgado, porque o paciente precisa de uma dieta de baixa osmolaridade. Os meios de administração são dois, o que ocorre em bolus – somente quando tiver posicionada no estômago – ou em gotejamento (intermitente ou continuo), característico do intestino. Algumas complicações podem ser desenvolvidas, elas se dividem em duas classes: ✓ Mecânicas: irritação nasofaríngea, erosão nasal, esofagite, obstrução da sonda, deslocamento da sonda, infecção, colocação errada em caso de ser às cegas. Além de náusease vômitos, flatulências, cólicas abdominais e constipações. São de baixa incidência e de pequena gravidade. ✓ Metabólicas: hiperglicemia, hiperfosfatemia, hipopotassemia, hipernatremia, hipercapnia – minimizado com uso da nutrição comercial ou caseira seguindo a fórmula ideal. ✓ Infecciosas: pneumonia aspirativa (21-95%) • Nutrição parenteral Fórmula nutricional completa, administrada na corrente sanguínea, através de punção e cateterismo de uma veia periférica ou central. Indicação quando houver impossibilidade temporária ou definitiva de nutrição pelo tubo digestivo. ✓ Obstrução por doença maligna ou benigna ✓ Síndrome de má absorção ✓ Síndrome de intestino curto de forma mais grave ✓ Fístulas digestivas ✓ Pancreatite aguda e abscessos pancreáticos ✓ Doenças inflamatórias intestinais ✓ Situações de hipermetabolismo (necessidade de oferta de grande quantidade de alimento, mas não aceito pelo organismo): sepse, grandes traumas de partes moles, queimaduras, insuficiência orgânica múltipla, insuficiência renal aguda. A fabricação é sempre industrial, precisando ser o mais estéril possível, já que vai ser introduzido direto na corrente sanguínea. Administração por veia central, geralmente na V. Cava, o acesso pode ser pela V. Jugular ou V. Subclávia para a superior ou pela V. Femoral para a inferior. O acesso central é uma opção para pacientes com estresse moderado ou grave, suporte parenteral, infusão de soluções hiperosmolares, hemodiálise, administração de drogas vasoativas ou plasmaferese. Uma opção para não puncionar uma veia profunda, por receio de complicações, é a colocação de um cateter central de inserção periférica (PICC) guiada por ultrassom, indo até a posição central. O PICC é indicado para: ✓ Pacientes estáveis clinicamente ✓ Necessidade de nutrição parenteral a curto prazo – 7 a 14 dias ✓ Infusão de soluções de baixa osmolaridade ✓ Maior parte da energia for fornecida por soluções lipídicas A nutrição parenteral pode ocorrer de duas formas. Pode ser parcial, caso a nutrição seja a curto prazo, 7 a 14 dias, pode ser por acesso central ou PICC, em que a principal forte é o lipídeo. A nutrição parenteral total é a que necessita de mais de 14 dias, em que a principal fonte de caloria é a glicose e é feito por cateter de infusão central exclusivo. A composição da nutrição parenteral é feita por diversas fontes de energia: ✓ Carboidratos – 45-60% VCT (evitar a cetogênese), disponibilidade e baixo custo. Como desvantagens Figura 7. Sonda nasogástrica Figura 6. Sonda nasoenteral Figura 8. Deslocamento da sonda nasoenteral (esquerda) e infeção na jejunostomia (direita) Figura 9. RX simples de tórax com pneumonia aspirativa Figura 10. Exemplo de introdução de PICC apresenta a elevada carga osmótica, irritante vascular e insulinodependente ✓ Lipídeos – 20-35% VCT, não acarreta complicações da administração de glicose, dispensa cateterismo central por baixa osmolaridade ✓ Proteínas – 10-20% VCT, apresenta 40% dos aminoácidos essenciais ✓ Sais minerais – eletrólitos (Na, K, Cl), macronutrientes (Ca, P, Mg), micronutrientes, oligoelementos (Cr, Fe, Zn, Cu, I) ✓ Vitaminas – complexo B e vitamina C são repostas diariamente, as demais com intervalos, vitamina K em situações de depressão da flora bacteriana A formulação é feita por uma mistura de 3 em 1, geralmente na proporção de 50% de carboidratos, 20% de lipídeos e 10% de aminoácidos. Os eletrólitos devem ser dosados, no mínimo, a cada 2 dias, para fornecer o que o organismo precisa e não provocar mais alterações metabólicas. A administração deve ser iniciada com pequenos volumes, em geral, começa com 500mL/dia, aumentando progressivamente 30% por dia, até atingir 1.000mL/dia, de acordo com a tolerância à glicose. A administração deve contínua, ou seja, durante as 24 horas, para evitar grandes variações glicêmicas. A retirada deve ser gradual para não provocar a hipoglicemia reacional, de modo que seja comum a reposição glicêmica um pouco maior no dia da retirada. A solução padrão possui 1.000Kcal/litro, a administração deve ser feita conforme a necessidade do paciente. Contraindicações para esse tipo de nutrição podem ser absolutas, como de pacientes que estão em choque, ou seja, em instabilidade hemodinâmica – redução de 50-70% do volume sanguíneo esplênico, e a NPT seria mais um fator de desequilíbrio. As relativas são a dificuldade de acesso venoso em grandes queimados ou em discrasia sanguínea, além do pós-operatório imediato. As complicações podem ser listadas a seguir: ✓ Metabólicas: hiperglicemia, hipoglicemia reacional, modificações nas enzimas hepáticas, alterações hepatobiliares, síndrome de deficiência e ácidos graxos essenciais, hipofosfatemia, acidose metabólica, alterações no metabolismo dos aminoácidos, vitaminas e oligoelementos ✓ Não metabólicas: acidentes de punção venosa, infecção PACIENTE PRECISA DE SUPORTE NUTRICIONAL Oral PICC Ingestão <75%? o TGI pode ser utilizado? SIM NÃO Suporta ingestão de alimentos? Não suporta ingestão de alimentos? Tubo Mais que 3-4 semanas? SIM NÃO Nutrição parenteral Sonda nasoenteral Gastrostomia Jejunostomia Pouco tempo Muito tempo Acesso central ? NUTRIÇÃO ENTERAL • Mantém fluxo sanguíneo mesentérico • Maior equilíbrio da flora intestinal • Preservação da estrutura e função intestinal, hepática e imunológica • Utilização mais eficiente dos nutrientes e menor risco de infecção e de complicações metabólicas