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AINES - Anti- Inflmátorios

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HISTÓRIA 
- Em 1829, a casca do salgueiro foi isolada e 
sua atividade antipirética foi caracterizada, 
pela primeira vez por Leroux. Seu ingrediente 
ativo tinha como composto principal um 
glicosídeo amargo conhecido como salicina. 
- Em 1875, o salicilato de sódio foi usado pela 
primeira vez como antipirético, no 
tratamento da febre reumática (Insel, 1990; 
Vane e Botting 1996). 
- Em 1893, Felix Hoffman, em busca de novos 
compostos com atividade anti-inflamatória 
modificou a molécula de salicilato 
introduzindo um grupo acetil baseado em 
informações deixadas por Gerhardt de 1853 
– surgimento do ácido acetilsalicílico 
- Em 1899, Hermann Dreser, farmacologista 
chefe da Bayer, fez o lançamento comercial 
do ácido acetilsalicílico com o nome de 
aspirina, derivado de Spiracea, espécie de 
planta a partir do qual o composto foi 
isolado, sendo o primeiro antinflamatório não 
esteroidal (AINE) comercializado (Insel, 1990; 
Wallace, 1997). 
 
DEFINIÇÃO 
- A inflamação (do Latim inflammatio, atear 
fogo) ou processo inflamatório é uma 
resposta dos organismos vivos 
homeotérmicos a uma agressão sofrida. 
Entende-se como agressão qualquer 
processo capaz de causar lesão celular ou 
tecidual. Esta resposta padrão é comum a 
vários tipos de tecidos e é mediada por 
diversas substâncias produzidas pelas células 
danificadas e células do sistema imunitário 
que se encontram eventualmente nas 
proximidades da lesão. 
** Por que uma inflamação precisa ser 
tratada? Quando o processo inflamatório 
passa dos limites e começa ser indesejado 
causando outros sinais e sintomas e até 
mesmo ser um impulso para um processo 
infeccioso, é necessário inibir esse processo 
para evitar a progressão de uma doença e 
aliviar os sintomas dessas patologias. 
** Sinais do processo inflamatório: dor, rubor, 
calor 
FISIOPATOLOGIA 
LESÃO TISSULAR PERIFÉRICA 
- Liberação de neuromediadores (citocinas, 
bradicininas, serotonina, prostaglandinas, 
leucotrienos e radicais livres); 
- Estes promovem e facilitam a transmissão 
dolorosa; 
- Hiperalgesia; 
Anti-inflamatório AINES 
Mariana Vergani Garcia 
- Alterações inflamatórias: edema, calor e 
vermelhidão (rubor); 
- Liberação de neurotransmissores 
excitatórios (aspartato, glutamato e 
substância P). 
 
NÍVEL CENTRAL 
- Os neurotransmissores acima citados são 
liberados no corno dorsal da medula 
espinhal; 
Ativam receptores NMDA (N-Metil-D-
Aspartato); 
Provocam a atuação de 2° mensageiros 
[Fosfolipase C, AMP cíclico, fosfatidilinositol 
(IP-3)]; 
Promovem a abertura dos canais de cálcio 
aumentando o influxo destes íons para o 
interior das membranas celulares; 
O aumento do cálcio estimula a produção 
de outros mediadores químicos (óxido nítrico 
e metabólitos do ácido aracdônico); 
Além da formação de ONCOGENES (cfos, 
fos B, C jun, jun B e D); 
Estes alteram a transmissão do potencial de 
ação, sensibilização medular e fenômeno 
Wind up (aumento da duração da resposta 
de certos neurônios); 
Quanto maior a intensidade do estímulo 
agressivo, maior a quantidade de receptores 
acionados. 
A transmissão dolorosa ascende através da 
medula espinhal e faz conexões com: 
• Formação reticular, hipotálamo, 
tálamo, núcleos da base, sistema 
límbico, córtex motor e somestésico; 
Transporte de substância P para as fibras 
nociceptivas periféricas, promovendo: 
• Ativação de fibras adrenérgicas, 
espasmos musculares reflexos, 
alterações imunes e neuroendócrinas, 
que provocam aumento da 
permeabilidade vascular, a atração 
de células fagocitárias e aumento da 
sensibilidade das fibras nociceptivas à 
ação dos neuromediadores. 
 
CICLOOXIGENASES-COX 
- São enzimas essenciais para a síntese de 
prostaglandinas a partir do ácido 
aracdônico (AA) liberado pelas fosfolipases 
A2 da membrana celular. 
- Via metabólica da ciclooxigenase: O ácido 
aracdônico (AA) produz prostaglandinas que 
irão produzir prostaciclinas, tromboxano A2 
que causará vasodilatação e a 
potencialização do processo inflamatório. 
** Se houver um fármaco que bloqueie a 
formação ciclooxigenase (AINES – 
antiinflamatórios não esteroidais), haverá 
inibição de toda via metabólica do AA e de 
grande parte do processo inflamatório. 
Porem, além de inibir o processo inflamatório, 
pode casar danos ao organismo porque a 
prostaglandina e o tramboxano participam 
de outras questões fisiológicas: proteção 
estomacal, agregação plaquetária. 
** Os AIES (anti-inflamatórios esteroidais) 
também inibem o processo inflamatório, só 
que nas fosfolipases. As consequências são 
maiores por inibir 2 vias. 
 
COX-1 E COX-2 
- As 2 bloqueiam o processo inflamatório de 
formas diferentes: 
• COX-2 → mais seletiva, bloqueando 
diretamente o processo inflamatório. 
• COX-1 → constitutiva, bloqueando 
ações como a homeostasia e causa 
mais efeitos no trato gastrointestinal, 
renal, funções plaquetárias. 
** Os fármacos inibidores de COX2 são mais 
seletivos e consequentemente os efeitos 
danosos que poderiam ser causados pela 
COX-1, não ocorreriam. 
 
FARMACOCINÉTICA 
- Todos os AINES (exceto Paracetamol) são 
ácidos fracos facilmente absorvidos no 
estômago e intestino. A velocidade de 
absorção está aumentada com o uso de 
comprimidos de rápida dissolução ou 
efervescentes; 
- Ligam-se extensivamente às proteínas 
plasmáticas (95 – 99%); 
- São metabolizados pelo fígado e 
excretados pelos rins. 
 
 
MECANISMO DE AÇÃO 
- Inibição da síntese de prostaglandinas (PG): 
• Inibe a COX-1 ou COX-2 ou ambas, 
impedindo a formação de PG. 
• Também antagonizam os receptores 
das PG. 
• Inibem a liberação de histamina dos 
mastócitos. 
• Inibem a migração de leucócitos PMN 
(polimorfonucleares) e monócitos, 
reduzindo a quimiotaxia. 
• Redução da permeabilidade capilar, 
diminuindo o edema e vermelhidão. 
• Inibem a liberação da PGE1 na área 
pré-óptica do hipotálamo anterior, 
inibindo o mecanismo da FEBRE. 
 
USOS TERAPÊUTICOS 
- Inflamação: são as drogas de 1ª linha para 
inibir o processo inflamatório em doenças 
reumáticas e não-reumáticas, incluindo 
artrite reumatóide, osteoartrite, artrite 
psoríaca, espondilite anquilosante. Esses 
fármacos não revertem a progressão da 
doença reumática, mas retardam a 
destruição das cartilagens e ossos e 
aumentam a mobilidade das articulações → 
melhora da qualidade de vida de pacientes 
crônicos. 
- Analgesia: é a melhor opção para o 
tratamento da dor leve a moderada. 
- Ação antipirética: os AINES diminuem a 
temperatura corporal elevada pela ação 
nos centros hipotalâmicos. 
- Outros: a Aspirina® (AAS) pode ser utilizada 
profilaticamente para reduzir a formação de 
trombos, profilaxia do infarto e de doenças 
coronarianas. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS AINES 
• Inibidores não-seletivos da cox 
• Inibidores preferenciais da cox 
• Inibidores seletivos da cox 
• Analgésicos e antipiréticos com 
pouca 
• Ação anti-inflamatória 
 
INIBIDORES NÃO-SELETIVOS DA COX 
• SALICILATOS 
• DERIVADOS DA PIRAZOLONA 
• DERIVADOS INDÓLICOS 
• DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO 
• DERIVADOS DO ÁCIDO ANTRANÍLICO 
• DERIVADOS DO ÁCIDO ARILACETIL 
• DERIVDOS DO OXICAM 
• DERIVADOS DO PIRROLOPIRROL 
 
 
DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO: 
- Ácido salicílico e salicilato de metila 
(Gelol®): uso externo em casos de dores 
articulares e musculares; 
- Ácido acetil salicílico (AAS) [Aspirina®], 
salicilato de sódio (Salicetol®) e Diflunisal 
(DOR-BID®): V.O. 
- Farmacocinética: 
• A forma não-ionizada é absorvida 
passivamente por difusão pelo TGI; 
• Mais de 50% ligam-se às albuminas 
plasmáticas; 
• Sofrem ampla distribuição; 
• São metabolizados pelas enzimas 
hepáticas; 
• Excretados pelos rins através da 
filtração glomerular, secreção tubular 
e reabsorção tubular; 
- Rações adversas: 
Efeitos gastrointestinais 
• Desconforto gástrico, náuseas, 
vômitos, por serem altamente irritantespara a mucosa gástrica; 
• Aumento da secreção ácida gástrica; 
• Hemorragias gástricas; 
• Úlceras, gastrite medicamentosa; 
• Fator: inibição das PGE2 e PGI2 – 
inibem a secreção ácida gástrica e 
promovem a secreção de muco 
citoprotetor. 
** Nesses casos, fazer a utilização de 
medicamentos inibidores de bomba: 
Omeprazol, Pantoprazol. 
Alterações no tempo de coagulação: 
• Aumenta o tempo de coagulação 
por inibir a agregação plaquetária. 
Hipersensibilidade: 
• Urticárias; 
• Choque anafilático. 
Alterações do equilíbrio ácido-base: 
• Hiperventilação pulmonar: maior 
consumo de O2 e maior produção de 
CO2: alcalose respiratória e aumento 
do pH sanguíneo; 
• Intoxicações graves: depressão do 
centro respiratório com diminuição 
ventilatória pulmonar, aumento de 
íons H+ no sangue, redução do pH 
sanguíneo e acidose respiratória; 
Intoxicação aguda: 
• Náuseas, vômitos; 
• Hiperventilação pulmonar – 
alterações do equilíbrio ácido-base; 
• Depressão do centro respiratório, 
falência respiratória e choque 
circulatório; 
• Medidas: lavagem gástrica, 
administração EV de bicarbonato, 
administração de vitamina K e 
transfusão de sangue (em casos de 
choque). 
Intoxicação crônica: 
• Distúrbios gastrointestinais; 
• Úlceras pépticas; 
• Alteração do tempo de coagulação; 
• Reações de hipersensibilidade. 
 
DERIVADOS DA PIRAZOLONA 
- Fenilbutazona (butazolidina) [BUTAZONA®], 
dipirona (NOVALGINA®), oxifenilbutazona 
(TANDERIL®) e feprazona (Zepelan®). 
- São rapidamente absorvidas pelo TGI, 
metabolizadas pelo fígado e lentamente 
excretadas pelos rins; 
- Mecanismo de ação: inibem a síntese e 
liberação de PGs; 
- Reações adversas: 
• Retenção de sódio, cloro e água a 
nível renal; 
• Aumento do volume plasmático; 
• Redução do volume urinário; 
• Alteração da dinâmica cardíaca; 
Intoxicação aguda: 
• Náuseas, vômitos, estimulação do 
SNC e edema; 
Intoxicação crônica: 
• Sintomas da intoxicação aguda; 
• Trombocitopenia, agranulocitose 
(bloqueio medular); 
• Icterícia, febre e lesões orais. 
 
DERIVADOS INDÓLICOS: 
- Indometacina (Indocid®) e sulindaco 
(Clinoril®); 
-Ação antiinflamatória de intensidade 
equivalente à da aspirina, ação antitérmica 
e analgésica comparável; 
- Potente inibidor da síntese das PGs; 
- Reações adversas: cefaléia, náuseas, 
vômitos, anorexia, dores abdominais, 
vertigens, leucopenia, hipersensibilidade; 
- Sulindaco: pró-droga – baixa incidência de 
toxicidade TGI. 
** NÃO SÃO MUITO USADOS. 
DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO: 
- Naproxeno (Naprosyn®), ibuprofeno 
(Motrin®), cetoprofeno (Profenid®), 
fenoprofeno (Algipron®); 
- Bem absorvidos pelo TGI; 
- Acopla-se às proteínas plasmáticas (90%); 
- É extensamente metabolizado pelo fígado; 
- É excretado pelos rins; 
- Potente inibidor das PGs; 
** SÃO OS MAIS COMUNS. Encontrados na 
rede pública, possuem posologia fácil. 
Quando efeitos adversos, deixar um protetor 
gástrico associado. 
 
DERIVADOS DO ÁCIDO ANTRANÍLICO: 
- Ácido mefenâmico (Ponstan®) e ácido 
flufenâmico (Mobilisin®); 
- Ácido mefenâmico: antiinflamatório, 
analgésico e antipirético; 
- Ácido flufenâmico: apenas antiinflamatório; 
- São absorvidos lentamente pelo TGI; 
- Possuem efeitos tóxicos (não devem ser 
utilizados por tempo prolongado); 
- Cefaléias, tonturas, perturbações 
gastrointestinais, agranulocitoses e reações 
de hipersensibilidade. 
 
DERIVADO DO ÁCIDO ARILACETIL: 
- Diclofenaco de sódio (Voltaren®, 
Biofenac®, Dorgen®) e de potássio 
(Cataflan®). 
- Rapidamente absorvido por via oral e 
parenteral. O pico da concentração 
plasmática é alcançado dentro de 2 horas; 
- Após absorção, liga-se a 99,7% das 
proteínas plasmáticas. 
- Possui excelente atividade antiinflamatória, 
analgésica e antitérmica. 
** São medicamentos que são usados com 
muita frequência, porem, deve-se tomar 
cuidado com os efeitos danosos a mucosa 
gástrica e os efeitos renais. 
** É encontrado facilmente na rede pública, 
tem uma boa posologia e boa adesão do 
paciente desde que não tenha distúrbio 
gastrointestinal. 
** Deve também tomar cuidado com os 
antiinflamatórios em geral por aumentarem 
a pressão arterial. 
- Tem sido recomendado até para analgesia 
pós-operatória em infusão IV contínua. 
- Interações: aumenta as concentrações 
plasmáticas do lítio, digoxina e metotrexato 
(MTX), quando administrado 
concomitantemente. 
- Em altas doses, inibe a agregação 
plaquetária. Tem que haver precaução na 
administração com outros antiagregantes 
plaquetários. 
- Contra-indicação: portadores de úlceras, 
gastrites ou pessoas alérgicas ao fármaco. 
Não administrá-lo a crianças, hepatopatas, 
gestantes e lactantes. 
- Reações adversas: sangramento, 
ulceração ou perfuração da parede 
intestinal. 
- Hepatotoxicidade: pode evoluir para 
hepatite tóxica com ou sem icterícia. 
- Induração no local da aplicação da 
injeção IM, abscesso e necrose local. Deve 
administrar somente no GLÚTEO. 
- Insônia, irritabilidade, convulsões, visão 
borrada, diplopia. 
 
DERIVADOS DO OXICAM 
- Piroxicam (Feldene®), tenoxicam (Tilatil®); 
- Piroxicam: meia-vida longa, o que permite 
administração em dose única diária; 
- É completamente absorvido pelo TGI, liga-
se extensamente às proteínas plasmáticas 
(99%) e é excretado pela urina; 
- Tem atividade analgésica, antiinflamatória 
e antitérmica; 
- Sua atividade antiinflamatória é superior à 
da Indometacina, Naproxeno e 
Fenilbutazona; 
- Sua atividade analgésica é superior à do 
Ibuprofeno, Naproxeno, Fenilbutazona e 
Fenoprofeno. 
- Ambos são indicados para inflamação 
reumática e não-reumática; 
- Provocam discrasias sanguíneas tais como 
púrpura, anemia, trombocitopenia e 
leucopenia; 
- Provocam lesões gástricas, náuseas, 
vômitos, diarréia, gastrite; 
- Aumentam o tempo de coagulação. 
- Contra-indicações: 
• Portadores de úlceras e outros 
problemas do TGI; 
• Portadores de alterações da 
coagulação somente quando 
indispensável e sob rigorosa 
supervisão médica; 
• Não foi estabelecido o risco do uso 
em crianças, gestantes e lactantes. 
 
DERIVADOS PIRROLOPIRROL 
CETOROLACO – não é muito utilizado. 
 
INIBIDORES PREFERENCIAIS DA COX-2 
 
NIMESULIDA 
-Seletividade relativa de cox-2 
-Liga-se a proteínas plasmáticas 
-Metabolização hepática 
-Excreção urinária 
-Efeitos adversos:epigastralgia, pirose, 
náuseas, diarréia, exantema, prurido, 
sonolência, tontura 
 
MELOXICAM 
- Efeitos gástricos são mais leves 
- Complicações com o uso prolongado 
- Não há evidências de que é mais seguro 
que os outros aines. 
 
 
NABUMETONA 
- Mais seletivo de cox-2 
- Sem evidências de eficácia de sua 
segurança 
** NIMESULIDA E MELOXACAM → Farmacos 
que podem ser utilizados com uma certa 
segurança, menos efeitos indesejáveis, boa 
posologia, baratos e distribuídos pela rede 
pública. 
INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 
• CELECOXIB 
o Seletividade para cox-2 
o Baixo potencial ulcerogênico 
o Efeitos advesos: dor abdominal, 
dispepsia, diarréia. 
• ROFECOXIB 
o Mais seletivo (36 a 800x) 
o Úlcera péptica é rara 
o Deve-se eitar em cardiopatas e 
o Hepatopatas 
o Proibido no brasil 
• VALDECOXIB 
• ETORICOXIBE 
** Os 2 são iguais ao rofecoxibe, com menos 
efeitos danosos. 
• LUMIRACOXIB 
 
ANALGÉSICOS –ANTIPIRÉTICOS COM POUCA 
AÇÃO ANTIINFLAMATÓRIA 
• DERIVADOS DO PARAAMINOFENOL 
• DERIVADOS DA PIRAZOLONA 
• DERIVAOS DA BENZOXAZOCINA

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