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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Biópsias Conceito: Retirada cirúrgica exame de células, fluídos ou tecidos do organismo vivo. Indicação: necessidade de análise histopatológica para o diagnóstico diferencial de uma doença → - Diagnósticos de doenças com alterações morfológicas - Quantificação do grau de displasia → quanto essa célula varia da célula funcional daquele tecido? - Avaliação da extensão da lesão em neoplasias - Verificação da totalidade da ressecção da lesão - Avaliação da etiologia → histopatológica ou imunohistoquímica Avaliação Clínica: a biópsia é um procedimento cirúrgico, logo, tem riscos que devem ser avaliados - Anticoagulantes: - Diretos: Rivaroxabana, apixabana, edoxabana, dabigatrana (não fazem alteração do RNI) → idealmente, suspensão por 24 a 48 horas antes do procedimento (isso depende da profundidade da lesão, do tipo de órgão que será biopsiado…) - Warfarina (Marevan): biópsia segura se realizada com RNI na faixa terapêutica (entre 2 e 3) → ressalvas de alguns procedimentos como punções hepáticas - Anti Plaquetários: AAS, clopidogrel, ticagrelor, prasugrel. As biópsias são seguras quando a terapia é única, ou seja, somente um antiplaquetário é utilizado. Pacientes em uso de terapia dupla devem suspender um dos antiplaquetários por 7 dias (dependendo do risco potencial desse paciente, devemos substituir por outro tipo de anticoagulante). Princípios para coleta da amostra - Punções aspirativas (PAAF): colher material de diversos pontos da lesão. - Feitas com anestesia local, guiadas por um meio ultrassonográfico, feitas em órgãos superficiais. Exemplos: tireóide, linfonodos, mama. Boa para análise de líquidos corporais, lesões císticas, análise citológica de lesões sólidas. - Limitações: volume de amostra tissular é pequeno, a avaliação é feita principalmente pela citologia. - Core Biopsy: punção por agulha mais calibrosa, que retira mais de um fragmento. Utiliza-se quando o PAAF é inconclusivo ou se precisa de mais tecido para ver sua arquitetura. Exemplos: Fígado, próstata (transretal), mama. Também é guiado por imagem e permite a análise histológica. - Boa para órgãos sólidos como fígado mama e pleura OBS: Orientação das punções: Além da orientação por ultrassom/tomografia ou ressonância (órgãos profundos), deve-se fazer um exame físico, com palpação. Além disso, existem algumas agulhas especiais para serem utilizadas e variam de acordo com calibre e função: - Vim Silverman: fígado e órgãos sólidos - Menghini: fígado e rim - Cope: pleura e pulmão - Biópsia Excisional: feita em lesões pequenas e superficiais, como em pele ou tecido subcutâneo superficial. - É feita uma incisão em elipse, geralmente na proporção 3:1, para que seja feita a aproximação de bordas. - Dependendo da lesão → ampliar as margens - Obedecer as linhas de tensão da pele. A cicatriz ideal está paralela às linhas de força pois vai ser uma cicatriz que vai ter menos tensão, menor risco de deiscência e esteticamente ficará mais disfarçada nas linhas naturais e dobras da pele. - Biópsia Incisional: deve abranger tecido doente e sadio, ou seja, pegar zona de transição. - Feita em lesões extensas ou quando o risco cirúrgico é grande. - Quando há suspeita que a lesão é benigna, mas é grande → intuito somente diagnóstico - Nas lesões difusas, faz-se a biópsia na área mais representativa. - Biópsia por Punch: usada por dermatologistas, sem necessidade de sutura. - Lesões com indicações benignas → não há variabilidade de margens - Biópsia em Barbear (Shaving): - Raspar com uma estrutura laminar aproximar paralela a pele. Não é indicada para lesões melanocíticas e sim para exofíticas e epidérmicas (benignas, superficiais e pequenas. Ex: Ceratose Seborréica) Manipular adequadamente o material - Evitar esmagamento com pinça e lesão celular - Divisão do material quando necessário (ficar em contato com o fixador) - É necessário proporcionar informação completa para o patologista → O patologista ele está avaliando uma lesão às cegas → suspeita diagnóstica, localização, tamanho da lesão, histórico de crescimento, aspectos ectoscópicos… Fixadores: formol 10% e álcool 95% - Nos exames de imuno-histoquímica e corte de congelação, não deve-se fixar a material: usar somente soro fisiológico 0,9% pois é necessária uma reação biológica no tecido e algumas soluções de fixação podem lesar os receptores alvos dessa reação. Cirurgias de Unha Anatomia da Unha Zona Córnea Leito Ungueal Eponíquio Hiponíquio Parte distal: corpo Parte proximal: matriz Parte abaixo da unha que é coberta de queratina Parte de queratina mole que fica na base da unha, e está sobre a raiz e a matriz da unha. Zona de transição do início da polpa digital distal com o corpo da unha Preparo Pré-Operatório: - Anamnese e exame físico - História da lesão → quando começou, fator associado, progressão, dor - Relatório de avaliação dermatoscópica → em aumento da característica da unha e da lesão (elucidação do diagnóstico diferencial) - Orientação no paciente → o bloqueio digital é uma anestesia dolorosa, muitas vezes é perciso retirar toda a unha (lesão trabalhosa) Bloqueio Digital: respeitar a indicação anatômica de segmento dos ramos dos nervos dos dorsais e palmares no trajeto digital. Eles vão estar nos ângulos bilaterais do dorso e da palma. - Risco: feixe nervoso está quase sempre acompanhado de um feixe vascular → aspiração é importante ao fazer o bloqueio - Como fazer: fazer o botão anestésico, e depois inserir mais a agulha para fazer um bloqueio completo nos quatro quadrantes, fazendo aspiração para ter certeza que a agulha não está dentro do vaso e injetar. Importante reforçar que para estruturas distais os anestésicos utilizados não contêm vasoconstritores, para não ocorrer uma hipovascularização do nervo - Em algumas situações quando se fazem abordagens pequenas de lesões, utiliza-se anestesias locais de matriz ungueal ou periungueal, mas o leito às vezes fica isolado da anestesia. Logo, depende da ampliação do procedimento. No caso de uma drenagem de abscesso ou uma paroníquia, esse tipo de anestesia pode ser utilizada. Patologias das Unhas: - Paroníquia aguda: a mais comum, é infecção periungueal por manipulação ou fissuras, com celulite, hiperemia, edema, dor e podendo ou não ter um abscesso associado. Possui tratamento clínico com ATBterapia, mas na presença de abscesso, deve ser feita a drenagem. - Pode haver comprometimento da matriz/leito ungueal ou não. - Paroníquia crônica: quando a inflamação crônica do eponíquio, geralmente por trauma/contato de repetição com substâncias químicas ou com a água, como exemplo de lavadeira e cozinheiras. - Onicomicose: Infecção por fungos da unha, geralmente de todo leito ungueal. Demora a ser tratada, a unha integra tem que crescer inteira e não contaminada → não há reversão no caso da unha doente. Com tratamento tópico e sistêmico prolongado. Muitas vezes o tratamento cirúrgico consiste na avulsão da unha doente para que a unha saudável cresça. - Onicogrifose: alteração anatômica da unha em que ela se apresenta irregular, espessada e curva, principalmente no hálux. Ocorre devido a alteração de produçãona matriz ungueal e no leito. Muitas vezes causam lesões de pele. - O tratamento cirúrgico consiste muitas vezes na exérese da unha e uma cauterização química com fenol na sua matriz. - Unha em telha: acontece e também causa lesões cutâneas como criptonicoses (unhas encravadas crônicas com lesão do tecido mole) - O tratamento consiste na retirada da unha ou pode ser feito o uso de órteses, como grampos metálicos que tentam retificar, aplanar, para que não adentre a porção mole digital e cause lesões. - Onicocriptose (unha encravada): a margem da unha, por distorção ou hipertrofia do tecido, penetra e irrita os tecidos, gerando infecção crônica e tecido de granulação - Fatores etiológicos: corte inadequado das unhas, sapatos apertados, deformidades do artelho. - Tratamento: medidas protetoras, corte de unha a 90°; ressecção da parte lateral da unha, incluindo matriz; ressecção do tecido de granulação. - Possui 3 graus; Grau 1 Grau 2 Grau 3 1: leve, queixas de dor a manipulação da unha, sem sinais flogísticos. 2: + secreção serosa ou serosanguinolenta 3: + hipertrofia da prega lateral/granuloma → reação inflamatória prolongada - Tratamento cirúrgico envolve retirada da unha que está acometendo a parte mole (cantectomia), exérese do granuloma e em alguns casos a matricectomia → lesar a matriz para que a unha não volte a crescer naquela porção (isso pode ser feito com ablação química, térmicas ou mecânica). - Casos raros: onicocriptose distal → unha cresce acometendo a polpa digital do dedo (geralmente devido a deformidade do artelho). É necessária uma plastia, ou seja, uma exérese de partes moles. Trauma Ungueal: - Avulsão parcial da unha: ou se faz avulsão total da unha ou se dá pontos de fixação na parte avulsionada à matriz. - Hematoma subungueal: causado geralmente por trauma com diagnóstico clínico. Quando em expansão, causam muita dor (e potencial de infecção) e tem indicação do tratamento feito com drenagem transungueal ou remoção da unha quando necessário. Tumores Benignos: - Tumor glômico: mais comum, de crescimento progressivo e é extremamente doloroso e caracterizado por uma mancha vermelho arroxeada no leito ungueal. O tratamento é a retirada da unha e remoção do tumor. - Granuloma telangiectásico: formação inflamatória que acontece com uma proliferação vascular geralmente por trauma local ou aumento de pressão. É um tumor benigno, doloroso, polipóide que sangra com facilidade e é frequente na gravidez. O tratamento consiste em exérese e cauterização com nitrato de prata, laser ou crioterapia. Lesões melanocíticas: podem ser benignas ou malignas, com origem na matriz ungueal. A unha fica escura por alguma alteração em sua matriz: - Benignas: lentigo ungueal ou melanoníquia - Uso de medicação ou negros (predisposição) - Maligna: melanoma ungueal - Mais frequentes nos idosos, origina-se da matriz ou do leito ungueal. Correspondem a 0,3 a 3,5% dos melanomas e tem pigmentação de diversos tons, do marrom ao negro. É necessário uma biópsia incisional ou excisional após a retirada da unha. Tem faixa ungueal mais espessa (>3mm) que as benignas Verrugas: comuns, lesões vegetantes que lesam completamente e unha e o leito ungueal, com formações irregulares, com vários abaulamentos pequenos. O tratamento geralmente é tópico, com ácido tricloroacético (30 a 75%), salicílico (10%) + lático (10%), ou creme de 5-fluoracil 5%. Algumas vezes é necessário a retirada da unha para tratar o leito por completo. Granuloma Piogênico Lentigo Ungueal Melanoma Ungueal Verruga