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Cássia Mendes Ataide - UFMS INTRODUÇÃO À NEUROLOGIA ALGUNS TERMOS EM NEUROLOGIA → Força: em neurologia, a força é graduada em 5 estágios *Grau 0: ausência total de força *Grau 1: pct tem força, mas não consegue se mexer → é possível visualizar apenas um esboço/contração muscular *Grau 2: pct não consegue vencer a gravidade → realiza movimento apenas na horizontal *Grau 3: pct vence a gravidade, mas não a resistência *Grau 4: é possível vencer a gravidade e alguma resistência/oposição de força - Graduada em: 4- (vence a gravidade e resistência mínima); 4 (intermediária); 4+ (força subnormal, próxima a de grau 5) *Grau 5: força total normal, sem alterações Paresia: perda parcial de força Plegia: perda completa de força → Sensibilidade Parestesia: alteração na sensibilidade, geralmente no terço distal superior ou inferior (formigamento) *Comum nas neuropatias periféricas Hipoestesia: diminuição na sensibilidade, mas sem perdê-la completamente Anestesia: perda completa de sensibilidade Hiperestesia: sensação de sensibilidade aumentada Disestesia: quando não é possível classificar, mas é um desconforto para o paciente → Reconhecimento Gnosia: capacidade de reconhecer algo Afasia: *Motora (expressão) *Compreensão (sensitiva) *Condução Disartria: ocorre por alteração articular, como alguma disfunção fonoarticulatória *Ex: fala mole de uma pessoa bêbada, paralisia facial (não articula bem as palavras) Dislalia: troca silábica (cebolinha) Praxia: destreza/agilidade para realizar determinado movimento ou determinada função Apraxia: quando há perda FORMAS CORRETAS DE PASSAR O CASO Paciente com AVC e perda parcial do lado direito ✓ Paciente com AVC agudo, com hemiparesia a direita AVC com paralisia facial e perda de força no MS (grau 4), consegue vencer a gravidade com alguma resistência e no MI (grau 3), consegue vencer a gravidade, mas praticamente não consegue vencer a resistência ✓ Paciente com hemiparesia a direita desproporcionada de predomínio crural, com força grau 4 em MSD e força grau 3 em MID, com paralisia facial central a direita Paciente vítima de AVC agudo, com assimetria facial no andar inferior esquerdo (paralisado), com força grau 4 em MIE e força grau 0 em MSE ✓ Paciente com hemiparesia a esquerda desproporcionada, de predomínio braquial, com força grau 0 em MSI e força grau 4 em MIE, com paralisia facial central a esquerda EXAME NEUROLÓGICO ANAMNESE Idade, sexo, lado dominante, profissão QPD HDA História médica pregressa História medicamentosa História familiar História social Exame físico geral MARCHA >> O que observar - Simetria: marcha (movimento, passos) - Tamanho dos passos (longos, curtos, normais) - Postura (caminha de forma ereta, encurvada, postura de dor) e balanço dos braços (simetria, boa amplitude de movimento) - Distância entre os pés (adequada, alargada) - Joelhos, rotação da pelve, pés - Não perca de vista o movimento como um todo >> Parkinsoniana: paciente caminha em passos curtos, não existe bom balanço dos braços (movimento em bloco, rígido), congelamento (para totalmente a marcha Cássia Mendes Ataide - UFMS quando vê algum obstáculo, em seguida, para conseguir voltar a marcha, paciente faz passos rápidos até conseguir estabilizar - “festinação”), instabilidade postural com centro de gravidade para frente, bradicinesia (movimentos lentos), tremor de repouso >> Hemiplégica: paciente com MS fletido e MI estendido, com marcha em meia lua, que denota perda de força de um lado do corpo e alteração de neurônio motor superior (postura de Wernick man); ou seja, espasticidade muscular, flexão de MS, extensão do MI e marcha em meia lua (movimento em seifa do MI, não consegue dobrar o joelho) → típica do paciente com AVC *Nesse caso, pode considerar a hemiplegia como perda parcial de força >> Miopática: alargamento da base e movimento em báscula (joga o quadril para compensar a perda de força muscular da região proximal), com hiperlordose compensatória → típica das doenças musculares (miopatias, distrofias musculares) *Outros nomes: marcha rebolante, anserina, da grávida *Pode acompanhar o levantar miopático de Gowers: paciente escala em si próprio para levantar >> Atáxica: base bem alargada, levanta bastante os pés e bate o calcanhar, pois não tem a ideia de posição segmentar do corpo (com o som e o aumento de sensibilidade pela batida, entende que pode dar o próximo passo) e fica olhando para seus passos → lesões de fascículo posterior da medula (grácil e cuneiforme) *Sífilis terciária *Marcha talonante >> Cerebelar: aumento de base, com movimentos mais erráticos → AVCs cerebelares, intoxicação alcoólica, ataxias espinocerebelares *Marcha ebriosa (bêbado) >> Em tesoura: paciente cruza a linha média com as duas pernas → acometimento do neurônio motor superior bilateralmente *Parcial: existe um cruzamento da linha média de ambos os membros → frequente em encefalopatia crônica não progressiva (“paralisia cerebral”), paraparesias espáticas, esclerose lateral primária (neurônio motor superior) >> Apráxica: perda da capacidade e destreza de andar, passos curtos, necessidade de ajudar para dar os passos → doença demencial grave >> Antálgica: alteração por causa da dor >> Ortopédica: alteração por causa da dor → mais específica para pessoas que possuem alguma falha óssea ou sequela de fratura corrigida >> Inconsistente: marchas incongruentes, que não existem → simulam transtornos psiquiátricos ESTADO MENTAL FUNÇÕES CORTICAIS SUPERIORES Englobam os seguintes aspectos: atenção e concentração; orientação; linguagem e cálculo; memória; construções; pensamento abstrato; autopercepção e juízo crítico; intelecto como um todo Ferramenta: MEEM Outras: teste Moca, avaliação cognitiva breve, teste do relógio As vezes o MEEM não será eficiente e o paciente deve ser encaminhado para teste mais profundo, como o teste neuropsicológico Atenção às pistas e armadilhas dos testes que avaliam essas funções - Síndrome demencial (é mais crônica, arrastada ou subaguda) - Estado confusional agudo (no idoso, se for de forma súbita, pensar em quadro infeccioso - principalmente urinário, seguido de pneumonia - alteração metabólica, como desidratação e hiponatremia) - Baixo nível de inteligência (genético) - Depressão (não avaliar desempenho cognitivo, pelo bem do paciente) - Afasia (compreensão, motora) AFASIAS >> Motora ou de Brocá Área de Brocá: responsável pela palavra falada, situada no giro frontal inferior Paciente compreende tudo o que é falado e comandado, mas demora para falar e/ou solta palavras sem nexo Perda parcial da fluência (fica pensando e procurando as palavras) OBS - Transcortical motora: semelhante, mas é possível repetir palavras, enquanto que na de Brocá, não >> Compreensão ou Wernicke Área de Wernicke: responsável pela compreensão da palavra falada, situada no giro temporal superior (parte no giro supramarginal) Paciente não compreende a ordem que lhe é dada, mas fala de forma fluente, apesar de criar novos termos ou usar palavras sem nexo (parafasias, jargonofasias) OBS - Transcortical sensitiva: semelhante, mas é possível repetir frases ou palavras, enquanto que na de Wernicke não >> Condução Cássia Mendes Ataide - UFMS Fibras arqueadas: situadas na comunicação das áreas de Broca e Wernick → lesão nessas fibras também geram transtornos de linguagem Alteração na repetição das palavras Geralmente é associado a outras afasias PARES CRANIANOS >> I Par: olfatório Origem: lâmina crivosa do etimoide Não é testado, frequentemente → geralmente apenas quando há relato de queixa de perda olfatória Avaliação: - Inspeção - Teste com odores voláteis em vidro fosco como café, hortelã,cravo, canela (obs. álcool tem caráter irritativo) → testar 1 narina por vez * A amônia é usada para diagnóstico diferencial: se sentir e não sentir o cheiro de outro volátil, há um problema → a amônia não faz todo trajeto do n. olfatório, o epitélio nasal já é capaz de senti-la * Se não sentir nem a amônia, o exame se torna incongruente → sempre espera-se que a amônia seja sentida >> II Par: óptico Reflexos pupilar - Incidir uma luz diretamente sobre a pupila → é esperado miose * Testa a via aferente (II par) e eferente (III par/ faz a miose) Reflexo de acomodação - Pede para o paciente olhar um objeto próximo a ele e depois aumente a distância do alvo - Na convergência (aproximação do objeto), verifica- se miose (III par) e a convergência dos 2 olhos Reflexo consensual - Incidir luz em 1 dos olhos → espera-se miose contralateral (no olho oposto) Fundoscopia (através de um oftalmoscópio) - Identificar (pelo menos): rede arteriovenosa, que converge para o n. óptico (mais brilhoso) e a mácula Acuidade visual (tabela de Snellen) - Colocar a 6m do paciente e pedir para identificar as letras - Pode ser utilizado o cartão de Rosenbaum (coloca na palma da mão), com a distância de 35cm Campimetria por confrontação - Sentar-se frente a frente com o paciente, tampar 1 de seus olhos e pedir para o paciente tampar o outro (você tampa o seu E e ele o D dele) → verificar os quadrantes medialmente e lateralmente Visão para cores - Painel de Ishihara: pseudoisocromático (confunde as cores) - Sensível para daltonismo >> III Par: óculo-motor (motricidade ocular extrínseca) Inerva: mm. retos superior, medial, inferior e m. oblíquo inferior Na sua região mais externa, há fibras parassimpáticas responsáveis pela miose - Em uma compressão (aneurisma, tumor) desse nervo, um 1° sintoma pode ser a dilatação pupilar Caso: preservação do reflexo fotomotor, porém com ptose palpebral e estrabismo divergente, com ausência de dilatação pupilar → aponta para uma lesão mais interna do nervo (poupa as fibras parassimpáticas), como no DM III, IV e VI pares são testados simultaneamente - Movimentação ocular extrínseca: paciente seguir seu dedo com os 2 olhos e também 1 olho de cada vez Cássia Mendes Ataide - UFMS Caso1: paciente com estrabismo convergente no OD → lesão se encontra no n. abducente Caso2: paciente com estrabismo “para fora” no OE → lesão no n. óculo-motor (não está puxando o olho para o meio) Caso3: caso haja uma paralisia completa do III par, é acompanhado de ptose palpebral (responsável por manter a pálpebra elevada) e midríase, com reflexo fotomotor ausente no lado afetado >> IV Par: troclear (motricidade ocular extrínseca) Origem: nível de mesencéfalo (tronco cerebral alto) Inervação do m. oblíquo superior (joga o olho para baixo e para o meio) >> V Par: trigêmeo Nervo sensitivo e motor → sensibilidade da face e musculatura do masseter Sensibilidade da face: passa um algodão, comparando os 2 lados - Pode haver hipoestesia ou anestesia de um ramo do nervo ou de uma hemiface - Hipersensibilidade: neuralgia do trigêmeo (mais comum em V2 e V3), geralmente causada por uma compressão vascular → dor lancinante Reflexo corneopalpebral: com um cotonete ou filete de algodão, tocar na córnea do paciente → é esperado uma piscada bilateral - Via aferente: V par - Via eferente: n. facial Musculatura da mastigação: pedir para o paciente morder algo ou cerrar os dentes - Verificar musculatura do masseter: se há atrofias/ assimetrias >> VI Par: abducente (motricidade ocular extrínseca) Origem: ponte Inervação do m. reto lateral (joga o olho para o lado) >> VII Par: facial Nervo motor e sensitivo → motricidade da face e gustação dos 2/3 anteriores da língua Inspeção: olhar para o rosto do paciente (assimetrias, desvio da rima labial para algum lado, se olhos fecham corretamente) Mímica facial: fazer caretas (médico faz junto) Sensibilidade gustativa (apenas se questionado) A: assimetria facial, principalmente da hemiface inferior D → paralisia central (lesão acima do núcleo do n. facial) - Antes de chegar ao núcleo no n. facial, há o cruzamento de fibras dos 2 lados → acometimento geral - Nota-se uma sintomatologia do lado D (sulco nasolabial E é proeminente e apagado do lado D) → como a lesão é central, algum lugar do n. facial acima da ponte, à esquerda houve lesão - A preservação do andar superior da face se dá porque o outro n. facial está lançando fibras que suprem essa região - Paciente pode franzir a testa e fechar os olhos, mas não consegue manter a boca simétrica B: alteração de toda hemiface D → paralisia periférica - Em lesões no núcleo facial (ex. ponte - emergência do nervo), há fibras que inervam toda uma hemiface - Lesões a partir da ponte, há sinais ipsilaterais à lesão >> VIII Par: vestibulococlear Face coclear → testar a audição - Teste de audição: própria conversa; esfregar o indicador com o polegar em cada lado para verificar se o paciente escuta - Rinne: avisar ao paciente que irá colocar o diapasão atrás de sua orelha (ponta do diapasão apoiada no processo mastoide) e pedir para que ele avise quando parar de ouvir o som e, em seguida, colocar o aparelho ao lado de sua orelha → espera-se que o paciente ouça pelo mesmo tempo em ambas situações (condução aérea é 2x > que a óssea) - Weber: coloca o diapasão vibrando no ápice da cabeça → não deverá haver lateralização do som (paciente deverá ouvir igual em ambas orelhas) Face vestibular → testar o equilíbrio - Romberg - Reflexos vestíbulo-oculares Reflexo oculocefálico: paciente deitado - ao virar a cabeça para um lado, o olhar conjugado acompanha o outro lado Teste da infusão de água fria e água morna >> IX Par: glossofaríngeo Cássia Mendes Ataide - UFMS Motricidade faríngea: colocar a língua para fora e falar A → verificar se a úvula está simétrica, se existe queda do palato Reflexo nauseoso: através de um abaixador de língua no final da orofaringe, verificar o levantamento da úvula e a simetria do palato Sensibilidade do terço posterior da língua: gustação Lesões importantes podem levar a: disartria grave, disfagia grave e disfonia (rouquidão) - Causa comum de disartrofonia - Paralisia bulbar progressiva >> X Par: vago Repete IX par >> XI Par: acessório ou espinhal Fazer uma oposição à tentativa de: rotação da cabeça e elevação dos ombros >> XII Par: hipoglosso Inspeção: atrofia, fasciculações, desvio Força da língua: paciente coloca sua língua na mucosa interna da boca e você a empurra - Há doenças neuromusculares que iniciam seus sintomas com fraqueza de língua - Doença de Pompe SISTEMA MOTOR: FORÇA Graduação - Grau 0: nenhum movimento - Grau 1: esboço de movimento, contrai músculo - Grau 2: não vence a gravidade - Grau 3: vence a gravidade sem vencer a resistência - Grau 4-: movimento mínimo contra a resistência - Grau 4: movimento moderado contra a resistência - Grau 4+: movimento submáximo contra a resistência - Grau 5: força normal Termos: - Diminuição de força: paresia - Ausência de força: plegia Ex: paciente com hemiparesia direita desproporcionada de predomínio braquial → lado direito com perda de força, mas com membro superior mais fraco >> Como avaliar Testar, em cada grupo muscular, flexão e extensão do membro (em alguns, adução e abdução) Manobras de oposição de força: testar a resistência Manobras deficitárias (quando há dúvidas): - Mingazzini de membro superior: manter os braços estendidos em posição supina por 2 minutos e ver se há déficit (se a mão vai cair ou pronar) - Mingazzini de membros inferiores: em decúbito dorsal, ângulo 90° da perna sobre a coxa e da coxa sobre o quadril - Barré: decúbito ventral, 90° entreperna e coxa >> Trajeto da ordem motora Uma lesão em qualquer nível do trajeto leva fraqueza - AVC: lesão direta do 1° neurônio motor - Neuronopatias: lesão no corno anterior da medula (2° neurônio motor) → atrofia muscular progressiva, poliomielite - Guillan Barré: padrão de fraqueza ascendente e progressiva, acometendo a raiz nervosa motora e o nervo periférico - Miastenia gravis, botulismo: junção neuromuscular - Miopatias: atingem músculo, geralmente fraquezas mais proximais → polimiosite, distrofia muscular Pegar um copo com a mão direita: neurônio motor superior do córtex à esquerda emite uma ordem que desce coroa radiada, cápsula interna, tronco cerebral até sua porção final (pirâmide bulbar) Na pirâmide bulbar, há cruzamento e chega à medula, onde faz conexão (corno anterior) com o 2° neurônio motor (“inferior”) O neurônio motor inferior emite uma raiz nervosa motora, que se junta à sensitiva e formam o nervo periférico, que vai até a junção neuromuscular (nível de placa motora) e mandar a ordem para o músculo efetuar o movimento SISTEMA MOTOR: TÔNUS Cássia Mendes Ataide - UFMS Definição: tensão no músculo relaxado ou resistência a movimento passivo na ausência de contração voluntária Principais manobras (paciente não pode ajudar) - Palpação (de todo grupamento muscular) - Movimentação passiva Hipotonia - Doenças de neurônio motor inferior - Doenças cerebelares Hipertonia - Rigidez extrapiramidal ou plástica: alteração na movimentação passiva → paciente possui uma certa resistência (“rigidez em roda denteada”) Típica da doença de Parkinson - Espasticidade (“hipertonia em canivete”): paciente com resistência inicial que passa a ser vencida com facilidade Típica de AVC, lesão do 1° neurônio motor Fenômeno miotônico: relaxamento muscular alterado (a contração dura mais tempo) - Distrofias miotônicas (ex. Steinert), canalículopatias SISTEMA MOTOR: REFLEXOS Arco reflexo patelar (simples) Bate o martelo na patela - impulso aferente que vai pela coluna posterior da medula - esse nervo sensitivo faz sinapse com o neurônio motor na via anterior da medula - neurônio eferente chega ao músculo e a perna é projetada para frente e para cima Graduação dos reflexos osteotendíneos - Grau 0: ausentes - Grau 1: hipoativos - Grau 2: normoativos - Grau 4: vivos - Grau 4: exaltados (patológicos) → ex. clônus - ao fazer a dorsiflexão do pé, ocorrem movimentos repetitivos que tendem ao infinito (inesgotável); sinal de Babinski - ao estimular o pé, fazendo movimento na região lateral, há extensão do hálux e abertura em leque dos dedos; sinal de Hoffman - no dedo médio, fazer a flexão da falange distal e espera a flexão dos outros dedos (marcadamente, polegar) Um reflexo é considerado exaltado quando está muito forte ou quando a área reflexógena está aumentada Lesão de 1° neurônio motor: força diminuída, hipertonia espástica e reflexo exaltado Lesão de 2° neurônio motor: força diminuída, hipotonia e reflexo diminuído >> Reflexo bicipital No tendão do bíceps braquial, colocar seu dedo e bater o martelo Testa: n. músculo-cutâneo e raiz nervosa de C7 >> Reflexo tricipital Bater o martelo um pouco acima do cotovelo (com o braço do paciente relaxado) Testa: n. radial e raiz nervosa de C6 >> Reflexo estilorradial Bater no rádio do paciente Testa: n. radial e raiz nervosa de C6 >> Reflexo patelar Bater abaixo do joelho Testa: n. femoral e raízes nervosas L2-L4 >> Reflexo aquileu Bater no tendão do calcâneo Testa: n. isquiático e raiz nervosa baixa (geralmente sacral) >> Reflexos superficiais Geralmente os cutâneo-abdominais na região superior, média e inferior → fazer um estímulo sensitivo em direção ao umbigo e verificar a movimentação da parede abdominal SENSIBILIDADE Atentar-se aos dermátomos - C4: fúrcula esternal - T4: região mamilar - T10: região do umbigo - Metade inferior do corpo: com a mão na cintura → parte lateral, terá L1; para a região medial, L2; da região medial da coxa para lateral, a nível do joelho, L3; região lateral a nível de joelho para medial a nível da panturrilha, L4; região medial da panturrilha para lateral da perna, L5 - S1: região plantar - S5: região do glúteo >> Há 2 modalidades sensitivas Cássia Mendes Ataide - UFMS Exteroceptiva: sensibilidade mais superficial, em associação com os receptores sensitivos mais periféricos - Tato protopático: tato mais grosseiro, sem riqueza em detalhes/refinamento - Térmica - Dolorosa Proprioceptiva: sensibilidade mais profunda; vias que correm no fascículo posterior da medula (cuneiforme e grácil) - Tato epicrítico: tato fino (consegue entender qual objeto você está segurando) → sobe pela coluna posterior da medula - Sensibilidade vibratória - Cinético-postural Caminho da sensibilidade proprioceptiva → 1° neurônio sensitivo sobe ipsilateral pela coluna dorsal, faz conexão com o 2° neurônio sensitivo e, a nível de bulbo/tronco cerebral - região lemnisco lateral, cruza para o lado oposto, sobe fazendo conexão com o tálamo e, a partir daí, faz conexão com o 3° neurônio sensitivo, que conecta com o córtex e traduz a informação iniciada no 1° neurônio sensitivo - Membros inferiores: informações pelo fascículo grácil - Membros superiores: informações pelo fascículo cuneiforme Cássia Mendes Ataide - UFMS Caminho da sensibilidade exteroceptiva → 1° neurônio faz conexão com o 2° e, a partir daí, há mudança de lado (cruza para o lado oposto logo que chega na medula) e um trajeto reto até o córtex Os testes são feitos com os olhos do paciente fechados >> Teste do tato protopático Geralmente, inicia-se da região distal em direção à região proximal Material: algodão ou gaze Sempre comparar: lados opostos, o membro em si (mais proximal/medial/distal) e entre as regiões ipsilaterais (ex no terço superior do braço E/D) >> Teste da sensibilidade térmica Material: diapasão (material frio) ou água Princípios: distal para proximal e com comparações >> Teste da sensibilidade dolorosa Material: objeto pontiagudo - agulha ou palito Princípios: distal para proximal e com comparações >> Teste da sensibilidade vibratória Material: diapasão Tocá-lo nas extremidades ósseas (artelhos, tornozelos, tuberosidade da tíbia, joelho, cristas ilíacas, falanges das mãos, punhos, cotovelos, ombro) Fazer comparações >> Teste da sensibilidade cinético-postural Noção segmentar do corpo Paciente em decúbito dorsal Pode ser feito em qualquer articulação Fazer um movimento em pinça com seus dedos e mover a articulação → explicar para o paciente quando estiver para baixo/cima (com os olhos abertos) → fechar os olhos, posicionar a articulação e perguntar como ela está Geralmente é feita na articulação do hálux (pegar nas laterais) Quem tem lesão, erra a posição >> Teste do tato epicrítico Discriminação entre 2 pontos: colocar no paciente um compasso/pinça e perguntar quantos pontos ele sente; depois, ir diminuindo a distância entre os pontos e, em um momento, colocar apenas 1 e voltar para os 2 • Comparar os 2 lados • Quando os pontos estiverem bem próximos, a pessoa identificará apenas 1 ponto → fisiológico Dedo da mão – 2mm Dedo do pé – 3-8mm Palma da mão 8-12mm Dorso – 40-60mm Língua – 1mm Astereognosia (ou estereognosia): reconhecimento de um objeto → pedir para o paciente (olhos fechados) estender a mão e colocar um objeto na palma de sua mão • Testar uma mão de cada vez Grafoestesia: “escrever” um número ou letra na mão do paciente e pedir para que ele identifique • Se atentar para não gerar confusão (ex. 7 e T) • Escrever virado para o paciente SÍNDROMES MEDULARES >> Transecção completa de um trecho da medula Da lesão para baixo: pessoa não haverá maisforça motora e perderá toda sensibilidade (superficial e profunda) >> Síndrome medular central Acometimento do trato espinotalâmico lateral, porém com o fascículo posterior da medula preservado Geralmente é preservado o trato espinotalâmico anterior (tato protopático) Sensibilidade térmica e dolorosa acometidas Seringomielia: doença em que há um espaço dentro da região central da medula que aumenta - Perda bilateral da sensibilidade térmica e dolorosa - Preservação do tato protopático e epicrítico e sensibilidades vibratória e cinético-postural >> Síndrome medular anterior Cássia Mendes Ataide - UFMS Em casos mais raros, pode ocorrer o acometimento dos tratos espinotalâmicos laterais e anteriores - Geralmente ocorre por lesão da artéria que supre a região anterior da medula Perda bilateral: sensibilidade térmica e dolorosa, tato protopático Preservação do fascículo posterior → sensibilidades vibratória e cinético-postural preservadas >> Hemisecção medular parcial (Síndrome de Brown- Sequard) Acometimento do trato espinotalâmico lateral e anterior e da coluna posterior da medula do mesmo lado A perda ocorre do nível da lesão para baixo - Alteração da sensibilidade vibratória e cinético- postural ipsilateralmente à lesão - Alteração do tato protopático, sensibilidade térmica e dolorosa do lado oposto à lesão >> Síndrome medular posterior Em raros casos (tumor, expansividade) - Perda bilateral da sensibilidade vibratória e cinético- postural - Prejuízo no trato epicrítico - Preservação: sensibilidade térmica e dolorosa e do tato protopático >> Observações Existem 8 padrões de perda sensitiva Perda apenas em um único nervo - N. ulnar - alteração no 4° e 5° dedo da mão - N. mediano - alteração 1°, 2° e 3° dedos da mão - N. radial - N. femoral Alteração na raiz do nervo - Geralmente por compressão distal/extrusão Alteração típica de nervo periférico - Clássico no DM - alterações sensitivas em meias e luvas Alterações medulares (síndromes) Lesões no tronco encefálico - Em ponte: síndromes cruzadas → perda sensitiva de um lado do corpo com uma perda sensitiva na face ipsilateral à lesão - Em feixe motor: síndromes cruzadas → paralisia facial periférica ipsilateral à lesão com hemiplegia ou hemiparesia do lado oposto no corpo Perda sensorial talâmica: hemiperda de todas as modalidades sensoriais Perda cortical: - Lesões parietais: pode ocorrer alteração do tato epicrítico (principalmente astereognosia) → o único sinal de AVC parietal (principalmente se acomete a a. cerebral média, em seu ramo inferior) é a perda de reconhecimento Perdas funcionais: alterações relacionadas a fatores psicossomáticos COORDENAÇÃO PRINCIPAIS TESTES - basicamente analisa-se o cerebelo (para a movimentação fina e coordenação fina de um movimento, as vias e funções cerebelares precisam estar íntegras) Teste dedo-nariz (ou índex-nariz): pedir para o paciente relar no seu nariz e tocar no dedo do observador → ambos os lados − Dismetria: erra o alvo ou decompõe o movimento (começa a corrigir ou pausar ao se aproximar do alvo) − Fazer a sensibilização do teste: pedir para o paciente fechar os olhos Movimentos repetidos e alternados (diadococinesia): passar alguns movimentos para o paciente, como tocar com o polegar os demais dedos (ir e voltar), alternar dorso e palma da mão na coxa, entre outros − Disdiadococinesia: quando pelo menos em 1 lado o movimento não é realizado corretamente Teste calcanhar-joelho: com o paciente em decúbito, pedir para relar seu calcanhar no joelho da perna oposta e deslizar o mesmo da crista da tíbia até o maléolo medial Cássia Mendes Ataide - UFMS * Certificar-se se realmente é o calcanhar que está tocando Teste do tronco: sem o paciente usar as mãos (pode coloca-las nos ombros), ele deve sair da posição deitada para sentada → verificar se o mesmo pende para algum lado ou se há estabilidade − Ataxia truncal (falta de estabilidade do tronco) Teste do rechaço: manobra de oposição de força → em determinado momento, tirar a resistência − Espera-se que o paciente pare o movimento − Em pessoas com importante alteração da função cerebelar, o movimento não cessará → ausência do rechaço − Verifica se há uma boa coordenação entre os músculos agonistas e antagonistas ou se o paciente não consegue frear o movimento Além dos testes, a função cerebelar pode ser observada em outros momentos do exame neurológico, como no caminhar do paciente (ex. marcha ebriosa/atáxica), na fala (escadida/”do bêbado”), no tônus (hipotonia), nos reflexos (movimento pendular mais persistente, ligado à hipotonia), tremores SINAIS MENÍNGEOS Paciente em ambiente calmo e em decúbito dorsal Rigidez de nuca: fazer movimentos de forma tranquila e leve − Segure a cabeça do paciente e faça movimento laterais − Coloque sua mão na parte posterior da cabeça (região occipital) e distraia o paciente, conte até 3 e, antes de chegar no 3, faça o movimento de flexão do pescoço → fazer de surpresa para evitar a rigidez reflexa natural Sinal de Kernig: com o paciente em decúbito, flexionar sua perna sobre a coxa e a coxa sobre o quadril e então fazer extensão da perna − Dor bilateral na altura da região lombar é indicativo de irritação meníngea Sinal de Brudzinski: ao fazer o movimento de nuca, como defesa, o paciente flete os joelhos Ex: paciente chega no PS com confusão mental e histórico de febre e vômitos Sangramentos intraparenquimatosos ou hemorragias subaracnóideas podem causar rigidez meníngea MOVIMENTOS ANORMAIS DO SISTEMA MOTOR São encontrados e devem ser procurados ao longo do exame neurológico Acatisia: sensação de inquietação − Geralmente ocorre após uso de neurolépticos → ex. comum no PS: metocopramida (Plasil) Atetose: movimentos despropositados e lentos, sinuosos, as vezes mais em contorção − Termo em desuso Coreia clássica: movimentos rápidos, despropositados e persistentes − Algumas doenças importantes cursam com a coreia: coreia de Sydenham (reumática) limitada e consequente a uma endocardite bacteriana; coreia de Huntington (genética degenerativa) Discinesia tardia: movimentos repetitivos involuntários − Causas: secundária a fármacos (neurolépticos), doença de Parkinson (consequência do tratamento de base → levodopa/benserazida, carbidopa) − Maior parte dos pacientes que usam levodopa por longo tempo, apresentam a partir do 5° ano Distonia: contração dos movimentos agonistas e antagonistas, gerando alteração postural relevante − Aumento exacerbado do tônus − Desarmonia entre agonistas e antagonistas − Postura bizarra − Pode gerar dor e comprometer a qualidade de vida − Estimulação cerebral profunda pode trazer melhora − Dia a dia: aplicação de toxina botulínica Cássia Mendes Ataide - UFMS Hemibalismo: movimentos rápidos despropositados e temporários (maior parte das vezes) − Diferentemente da coreia, apenas uma parte do corpo tem movimento − Geralmente AVCs nos núcleos da base − Ex: levantar brusco do braço Espasmos mioclônicos (mioclonias): movimentos rápidos e fugazes, com contrações rápidas − Positivos − Negativos: tônus perdido Tremor: repetições de movimentos − Parkinson: em repouso do tipo contar dinheiro − Essencial: oscilações ocorrem no repouso e na intenção do movimento − Postural: pode ocorrer junto do essencial Tiques (Síndrome de Gilles de la Tourette): movimento parcialmente controlado, geralmente acompanhado de vocalização ou brunido (barulho nasal) − A vontade pode ser suprimida por algum tempo, mas torna-se involuntário
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