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DIREITO PENAL
PROF. SAMER AGI
Ilicitude (continuação)
a) Estado de necessidade
→ Conceito
Art. 24 do CP: considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
→ Requisitos do estado de necessidade
•Perigo atual: discussão se o perigo iminente seria elemento
possível do estado de necessidade. Damásio entende que basta
o perigo iminente, pois não se poderia exigir que o agente
aguardasse que o perigo iminente se tornasse atual.
Quanto à existência do perigo, o estado de necessidade se
classifica em:
• Estado de necessidade real
• Estado de necessidade putativo
•Perigo não causado voluntariamente pelo agente: a
voluntariedade, segundo a doutrina majoritária, se refere àquele
que causou dolosamente o perigo. O causador culposo poderá
agir em estado de necessidade. Mirabete discorda.
•Salvar direito próprio ou alheio
• Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo:
Art. 24, §1º: não pode alegar estado de necessidade quem tinha
o dever legal de enfrentar o perigo.
•Dever legal, para a maioria da doutrina, é o dever jurídico de
enfrentar o perigo, podendo, inclusive, nascer de uma relação
contratual.
• Inevitabilidade do comportamento lesivo: o
comportamento do agente deve ser absolutamente inevitável.
Se é possível a fuga, o indivíduo deve fugir.
Quanto a quem sofre a ofensa, tem-se:
oEstado de necessidade defensivo: a lesão se dá contra o
próprio causador do perigo.
oEstado de necessidade agressivo: a lesão se dá contra um
terceiro, que não causou a situação de perigo. Devida
indenização ao terceiro, sem prejuízo da ação de regresso.
• Inexigibilidade do sacrifício do interesse ameaçado:
ponderação entre o bem salvo e o bem sacrificado.
A partir dessa ideia se desenvolvem duas teorias:
oTeoria diferenciadora: se o bem jurídico sacrificado tiver
um valor menor ou igual ao bem jurídico protegido, haverá
estado de necessidade justificante. Se o bem sacrificado
tiver o valor maior do que o bem protegido, é possível o
estado de necessidade exculpante, excludente da
culpabilidade.
oTeoria unitária: não há estado de necessidade exculpante,
mas apenas o estado de necessidade como excludente da
ilicitude. Sendo o bem sacrificado mais valioso do que o bem
protegido, deverá o indivíduo responder pelo crime, mas
haveria uma causa obrigatória de redução de pena de 1/3 a 2/3,
conforme o §2º do art. 24 estabelece. É a que adotamos!
•Conhecimento da situação justificante: requisito
subjetivo
→ Estado de necessidade em crime habitual e em crime
permanente
Como a lei exige perigo atual, inevitabilidade do comportamento
lesivo, não razoabilidade de sacrifício do direito ameaçado, não
há como aplicar esses requisitos aos casos de crime permanente
e crime habitual.
Ex.: o sujeito não poderia exercer a medicina irregularmente em
razão de um perigo atual.
Todavia,possível a inexigibilidade de conduta diversa.
→ Estado de necessidade contra estado de necessidade
É possível. Estado de necessidade recíproco.
→ Estado de necessidade e erro na execução
Deverá ser considerada a vítima pretendida. Por essa razão, a
conduta não configurará crime.
b) Legítima defesa
→ Conceito
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa
o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
→ Requisitos da legítima defesa
•Agressão injusta: agressão é uma ação ou omissão humana.
Injusta: ação contrária ao direito e ao ordenamento jurídico. Não
se exige a fuga do local (commodus discessus).
•A legítima defesa independe da consciência do agressor,
ou seja, o inimputável pode ser agressor injusto e haver uma
legítima defesa contra este indivíduo.
•O provocador da injusta agressão poderá agir em legítima
defesa.
•O provocador da agressão não pode invocar a legítima defesa
quando provoca a agressão injusta com o intuito de valer-se da
legítima defesa.
Quanto à existência dessa injusta agressão, ela pode ser: real
(agressão real) ou putativa (agressão é imaginária).
•Agressão atual ou iminente: não se admite a legítima defesa
contra agressão passada (vingança) e nem contra agressão
futura (mera suposição).
O que é a legítima defesa postergada?
A vítima agride o agente em momento posterior, quando a
agressão já não era iminente ou atual.
Entende-se que, se essa reação ocorre logo depois da prática do
ilícito, o sujeito age em legítima defesa, pois o ataque dá-se ainda
em situação de flagrante.
Rogério Sanches:
É possível a legítima defesa no crime de rixa?
Em regra, não, pois as agressões são todas injustas.
Porém, se um dos sujeitos envolvidos extrapola a agressão do
conflito pactuado com os demais, admite-se que os outros se
utilizem da legítima defesa.
•Uso moderado dos meios necessários: é preciso que o
indivíduo aja com proporcionalidade (meio idôneo menos
lesivo à disposição do agredido).
A atuação moderada é uma utilização sem excessos e que demonstre
que houve emprego suficiente daquilo que se exige para cessar a
agressão.
Discute-se sobre a necessidade de observância da proporcionalidade
entre o bem jurídico injustamente atacado e o que foi atingido pelo
exercício da legítima defesa.
•Proteção de direito próprio ou de outrem
Outrem: pessoa certa. Por isso, não seria possível a legítima
defesa de bens supraindividuais.
•Conhecimento da situação de fato justificante: requisito
subjetivo.
•Roxin: não cabe legítima defesa se estivermos diante
de uma tentativa inidônea. Não há risco ao bem jurídico.
O princípio que fundamenta a legítima defesa é o de proteção
aos bens jurídicos.
Fonte: dissertação de mestrado da UFPE – autor: Leonardo Henrique Gonçalves de Siqueira. Título:
Legítima defesa: uma análise tomando como ponto de partida a sua fundamentação individual e social
com vista à sua redefinição dogmática.
•A legítima defesa pode ser invocada para repelir injusta
agressão de alguém que se encontra acobertado por uma
excludente de culpabilidade. A excludente de culpabilidade não
altera o caráter injusto da conduta (o fato continua sendo
típico e ilícito), o que permite a atuação em legítima defesa.
→ Legítima defesa e erro na execução
Havendo erro na execução ocasionado pela legítima defesa, a
vítima que foi acertada por erro na execução será considerada
como o agente criminoso (vítima virtual), de modo que não
estará configurado o crime.
→ Legítima defesa recíproca
Não é possível. Uma das agressões será justa.
→ Legítima defesa sucessiva
O agredido age com excesso, dando aporte à legítima defesa
sucessiva. Portanto, é possível legítima defesa sucessiva.
→ Legítima defesa real contra legítima defesa putativa
Possível.
→ Legítima defesa putativa recíproca
Possível.
c) Estrito cumprimento do dever legal
→ Conceito
O indivíduo age em estrito cumprimento do dever legal. O
dever legal que fundamenta esta descriminante decorre da lei,
mas de lei em sentido amplo.
Obs.: Para Zaffaroni, o estrito cumprimento do dever legal é
excludente de tipicidade (falta antinormatividade).
→ Requisitos
Lei em sentido amplo + elemento subjetivo (o indivíduo
deve saber que age no estrito cumprimento do dever legal).
d) Exercício regular de um direito
→ Conceito: conduta facultada ao cidadão comum.
→ Requisitos
Exercício regular de um direito + elemento subjetivo (indivíduo
ter conhecimento de que age no exercício regular de um
direito).
e) Ofendículos
É o aparato pré-ordenado para defesa do patrimônio.
Exemplos: cacos de vidros nos muros ou pontas de lança no
portão.
→Natureza jurídica
Doutrina majoritária: enquanto o ofendículo não é acionado, o
indivíduo age em exercício regular de um direito. Quando é
acionado o aparato protetor, a fim de repelir a injusta agressão, o
indivíduo age em legítima defesa preordenada.
f) Causas supralegais de exclusão da ilicitude
Ex.: consentimento do ofendido.
O consentimento do ofendido pode ser:
• Indiferente penal;
•Excludente de tipicidade (ex.: estupro).
•Excludente de ilicitude
→ Requisitos do consentimento como causa excludente
da ilicitude. É necessário que:
•O consentimento não seja elementar do crime;
•A vítima seja capaz
•O consentimento seja válido: quem consente deve ter,
naquele momento, liberdade e consciência para sua vontade;
•Bem disponível
•Bem próprio
•Prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico: se o
consentimento for posterior à lesão, não haverá excludente de
ilicitude. Pode haver outras repercussões penais. Ex.: perdão do
ofendido na ação penal privada ou na ação penal pública
condicionada à representação.
•Consentimento expresso? Doutrina tradicional: sim.
Doutrina moderna: pode ser tácito.
•Conhecimento da situação de fato que autoriza a
justificante
→ Integridade física é bem jurídico disponível?
Corrente moderna: sim. Fundamento: Lei 9.099/95 (ação penal
para os crimes de lesão leve e culposa é pública condicionada à
representação).
Todavia, para que haja a disponibilidade da integridade
física, é necessário observar os seguintes requisitos:
• lesão corporal seja de natureza leve;
•o consentimento não contrarie a moral e os bons
costumes, demandando juízo de valor.
→ Consentimento do ofendido nos crimes culposos
É possível que haja o consentimento do ofendido nos crimes
culposos?
Rogério Sanches: sim.
Ex.: condutor de motocicleta propõe a um amigo uma volta de
motocicleta, cheia de manobras radicais e perigosas. O amigo
aceita a oferta. Se a motocicleta cai, fazendo com que o amigo
sofra lesões corporais leves, podemos dizer que o bem, neste
caso, é disponível.
g) Excesso na justificante
Art. 23, parágrafo único: o agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
(Pressupõe situação inaugural de legalidade).
Doutrina➔ o excesso poderá ser:
•Excesso doloso: é o excesso proposital.
•Excesso culposo: o indivíduo não observa os cuidados sobre
os limites.
•Excesso acidental: do ponto de vista penal, é irrelevante,
pois decorre de um caso fortuito ou força maior. Ex.: nervoso
com a reação do agredido, o agressor sofre uma parada
cardíaca, morrendo em razão do infarto. O sujeito não
responderá pelo excesso (não houve dolo ou culpa).
•Excesso exculpante: o sujeito está em um estado anímico
que lhe retira a capacidade de atuar racionalmente.
h) Descriminante putativa
Causa excludente da ilicitude imaginária.
Há dois tipos de erros:
•Erro de tipo: o agente erra sobre os pressupostos da
realidade.
•Erro de proibição: o agente erra sobre a existência de uma
norma proibitiva. Se inevitável, exclui a culpabilidade. Se evitável
(inescusável), a pena é reduzida de 1/6 a 1/3.
Erro quanto aos pressupostos fáticos (descriminante
putativa por erro de tipo):
O erro do agente neste caso deve ser tratado como um erro de
tipo ou de proibição?
1ªC: teoria extremada da culpabilidade: o erro sobre os
pressupostos fáticos nas causas justificantes deve ser
considerado com erro de proibição.
Fundamento: art. 20, §1º ➔ quando o erro é inevitável, há
isenção da pena, havendo crime.
2ªC: teoria limitada da culpabilidade: no caso em que a
descriminante putativa se dá em razão dos pressupostos fáticos,
há erro de tipo.Prevalece!
• Se o erro for inevitável, exclui o dolo e a culpa, apesar da lei
dizer que o agente é isento de pena (apenas consequência).
Tanto é essa a ideia que o CP diz: se for evitável, o indivíduo
responde a título de crime culposo. É a denominada culpa
imprópria. Política criminal: pune-se o sujeito a título culposo.
3ªC: a teoria extremada sui generis estabelece que o art. 20, §1º,
é uma figura híbrida, eis que haveria uma fusão das duas teorias.
Teoria geral do crime:
Culpabilidade
É o terceiro substrato do conceito analítico do crime.
Culpabilidade é um juízo de reprovação. Este juízo recai
sobre a conduta típica e ilícita que o agente realizou.
Obs.: para o conceito bipartite de crime, a culpabilidade seria um
pressuposto de aplicação da pena.
A reprovação advém da possibilidade que o autor tinha
de atuar conforme o direito, tendo optado livremente por
se comportar de maneira contrária ao ordenamento.
II.Teorias da culpabilidade
• teoria psicológica da culpabilidade
• teoria psicológica-normativa
• teoria normativa pura
a)Teoria psicológica da culpabilidade
A culpabilidade consiste na relação psíquica entre autor e
resultado. Confunde-se com dolo e culpa.
Dolo normativo: o sujeito tem consciência da ilicitude de sua
conduta.
No caso da teoria psicológica da culpabilidade, a
imputabilidade é um pressuposto da culpabilidade, não
sendo um elemento.
b)Teoria psicológica-normativa
A culpabilidade possui um caráter psicológico, sendo dolo e
culpa elementos da culpabilidade, e não mais espécies.
Juntamente como o dolo (normativo) e a culpa, também é
necessário que o agente tenha imputabilidade e que haja
exigibilidade de conduta diversa.
c)Teoria normativa pura (extremada)
A culpabilidade é composta dos seguintes elementos:
• imputabilidade
• exigibilidade de conduta diversa
• potencial consciência da ilicitude
Dolo e culpa migram para o fato típico, tornando o dolo natural.
A culpabilidade é normativa, pois não há qualquer elemento
psicológico na culpabilidade.
A teoria adotada no Brasil é a teoria limitada da culpabilidade.
III.Teoria da coculpabilidade
O Estado tem parcela de responsabilidade nos fatos realizados
por criminosos que não tiveram acesso à escola, à saúde, à uma
oportunidade e, assim, trilharam o caminho do crime.
O CP não adota expressamente a teoria da
coculpabilidade. Possível aplicá-la por meio do art. 66 do CP
(a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei).
IV. Coculpabilidade às avessas
Significa uma maior reprovabilidade do comportamento do
sujeito que teve todas as oportunidades.
•Crítica quanto à seletividade do direito penal: há abrandamento
no tocante aos delitos praticados por pessoas com alto poder
econômico social. Ex.: pagamento do crédito tributário que
extingue a punibilidade.
•Outra crítica: o sistema é feito de maneira a se mostrar mais
gravoso para as pessoas com menores condições. Ex.: Lei de
Contravenções Penais (vadiagem e mendicância).
O magistrado, quando da dosimetria da pena, poderá considerar
o maior grau de reprovabilidade na conduta do agente, se
houver algo específico. Mas não poderá considerar a
coculpabilidade às avessas como agravante.
V. Culpabilidade do autor ou culpabilidade do fato
Doutrina alemã: a culpabilidade é do autor ou do fato?
Prevalece, na doutrina, que o direito penal brasileiro adotou
a culpabilidade do fato. Apesar de o objeto da censura ser o
agente, ele é censurado pelo que ele fez, não pelo que ele é.
VI. Elementos da culpabilidade
São elementos da culpabilidade:
• imputabilidade
• exigibilidade de conduta diversa
• potencial consciência da ilicitude
a) Imputabilidade
É a capacidade de imputação, do sujeito ser responsabilizado
pelos seus atos.
São dois os elementos que devem estar presentes para que o
sujeito tenha imputabilidade:
•Elemento intelectivo: consciência do caráter ilícito do fato;
•Elemento volitivo: vontade de praticar o fato, dominando a
sua vontade.
Ou seja, ele tem consciência do caráter ilícito do fato e é capaz
de dominar a sua vontade.
→ Critérios da imputabilidade
•Critério biológico: leva-se em conta apenas o
desenvolvimento mental e a idade do agente.
•Critério psicológico:considera-se apenas se o agente ao
tempo da conduta tinha capacidade de entendimento
e de autodeterminação.
Critério biopsicológico: considera-se inimputável aquele
que, em razão da sua condição mental (doente mental,
ou desenvolvimento mental incompleto), era, ao tempo da
conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Brasil
→ Inimputabilidade em razão da capacidade mental do
agente
Art. 26 do CP: é inimputável o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.Critério biopsicológico.
•Por isso é que, se o sujeito, mesmo que acometido por
doença mental, praticar o crime em um momento de
lucidez, haverá a imputação do delito a ele.
•O inimputável, salvo se for menor de idade, será denunciado,
processado, mas não será condenado, e sim absolvido.
Supondo-se que o agente tenha cometido o fato análogo ao
crime, receberá uma sanção penal (medida de segurança) ➔
absolvição imprópria.
Semi-imputável (art. 26, parágrafo único):
Se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento, sua pena
será reduzida de 1/3 a 2/3.
Porém, é possível que o magistrado perceba que, para
ele, é mais indicada uma medida de segurança. O juiz
poderá substituir a pena por medida de segurança, mas, ainda
assim, a sentença continuará condenatória.
Atenção: somente deve ser pena ou medida de segurança, e não
pena e medida de segurança. Esse sistema é o vicariante ou
unitário. O Brasil não adota o sistema do duplo binário.
→ Inimputabilidade em razão da idade
Art. 27 do CP: os menores de 18 anos são penalmente
inimputáveis.
Ficam sujeitos às normas do Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069/90). Critério biológico (presunção
absoluta de desenvolvimento mental incompleto).
O sujeito alcança a maioridade no primeiro minuto do dia em
que faz aniversário.
→ Inimputabilidade em razão da embriaguez
Embriaguez: intoxicação causada pelo álcool ou uma
substância que tenha efeitos análogos ao álcool.
A embriaguez pode ser classificada como:
•embriaguez não acidental
•embriaguez acidental
Embriaguez não acidental
Causada voluntariamente ou culposamente:
•embriaguez voluntária: o sujeito tem a intenção de se
embriagar;
•embriaguez culposa: o indivíduo se embriaga por negligência
ou imprudência.
A embriaguez voluntária e a culposa podem ser completas ou
incompletas:
•embriaguez completa: retira do sujeito a capacidade de
entendimento e de autodeterminação.
•embriaguez incompleta: diminui a capacidade de
entendimento e de autodeterminação.
A embriaguez não acidental (voluntária ou culposa) jamais exclui
a imputabilidade, ainda que completa. Nesta hipótese, o CP
adota a teoria actio libera in causa
Embriaguez acidental
Causada por caso fortuito ou força maior. Poderá ser:
•embriaguez completa: haverá isenção de pena, art. 28, §1º;
•embriaguez incompleta: a pena do agente será reduzida de
1/3 a 2/3 (art. 28, §2º, CP).
A embriaguez pode ainda ser classificada como:
•embriaguez patológica: doença. O sujeito pode ser
considerado inimputável ou semi-imputável.
•embriaguez preordenada: Art. 61, II, “l”, do CP: agravante
do crime.
Lembrando: a embriaguez será punida, mesmo quando completa.
Fundamento: teoria da actio libera in causa. o ato revestido
de inconsciência, que se dá quando a embriaguez está completa,
decorre de um ato anterior consciente.
•Ato anterior: é o momento da ingestão da bebida alcoólica,
pois o agente era livre na sua vontade. O aplicador do direito
transfere para o momento da decisão de ingerir a bebida
alcoólica, a análise sobre a existência de imputabilidade e
voluntariedade, se o sujeito quis ou não se embriagar.
•O dolo e a culpa somente serão analisados no momento
originário da ingestão da bebida alcoólica. Não há
responsabilidade penal objetiva.
Mas e se, ao tempo em que o agente decidiu beber, a conduta
posterior fosse imprevisível? O sujeito terá cometido crime?
NÃO. Trata-se de fato atípico, pois o direito penal não admite
a responsabilidade penal objetiva.
→ Imputabilidade do índio não integrado
Rogerio Sanches: a condição do índio não integrado não
gera presunção de incapacidade penal.
É possível que se analise, a partir do caso concreto, que o
indivíduo não tinha potencial consciência da ilicitude. Todavia,
não se pode estabelecer a priori que ele seja inimputável por ser
índio.
→ Emoção e paixão
A emoção e paixão não excluem a responsabilidade do réu.
Emoção: súbito sentimento, ocorrido na hora.
Paixão: sentimento crônico e duradouro.
➢A emoção poderá funcionar como uma atenuante ou mesmo
como uma causa de diminuição de pena, como no homicídio
privilegiado.
➢A paixão, se for uma patologia, poderá significar semi-
imputabilidade ou inimputabilidade.
b) Potencial consciência da ilicitude
Afere se o sujeito possuía condições de compreender que a sua
conduta era reprovável.
Em regra, o sujeito desconhece a lei ou o artigo da lei, mas
tem consciência de que seu comportamento é ilícito.
A valoração é feita na esfera do sujeito não operador do Direito
(valoração paralela na esfera do profano). O juiz promove
uma valoração paralela, fora da sua própria, diante do profano,
ou seja, daquele que não conhece o direito (leigo).
→ Erro de proibição
No erro de proibição, há uma causa que pode excluir a
potencial consciência da ilicitude.
Art. 21 do CP: o desconhecimento da lei é inescusável. Todavia, o
erro sobre a ilicitude do fato, sendo inevitável, isenta de pena. Se
evitável, haverá redução da pena de 1/6 a 1/3.
Erro de proibição: desconhecimento de que a conduta realizada
é proibida pelo ordenamento jurídico.
Para aferir se o erro é inescusável ou escusável, a doutrina
estabelece que se devem analisar as características pessoais do
agente, sua idade, grau de instrução etc.
→ Espécies de erro de proibição
•Erro de proibição direto: o sujeito se equivoca quanto à
existência de uma norma proibitiva.
•Erro de proibição indireto: o agente sabe que a conduta é
típica, mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo
existir uma causa excludente da ilicitude, ora supondo estar
agindo nos limites da discriminante.
c) Exigibilidade de conduta diversa
É a possibilidade de agir de acordo com o ordenamento jurídico,
contrária àquela ação que o agente tomou.
Art. 22: se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.
→ Coação moral irresistível
A coação irresistível é uma dirimente da culpabilidade.
São elementos da coação moral irresistível:
• coação moral: se a coação for física, exclui a tipicidade;
• coação irresistível: se resistível, o coacto responde pelo
crime, mas com uma atenuante, enquanto o coator, com
agravante.
•Nesse caso, o coator responderá pelo delito, pois é o autor
mediato, em concurso material com o crime de tortura.
•Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego
de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental, com o intuito de provocar ação ou omissão de
natureza criminosa (art. 1º, I, b, Lei 9.455).
O coator responde pelo ato que o coagido praticou e
pelo crime de tortura em concurso material.
→ Obediência hierárquica
Requisitos:
•Ordem de um superior hierárquico (relação pública):
no caso de subordinação doméstica, eclesiástica, não há esta
excludente de culpabilidade, podendo até configurar uma
inexigibilidade de conduta diversa.
•Não pode ser manifestamente ilegal: esta ordem não
pode ser manifestamente ilegal. Do contrário,o subordinado
também responderá pelo crime, com a presença da atenuante,
e o expedidor da ordem, com uma agravante.
No caso do CPM, a excludente só não se faz presente se a ordem do
superior for manifestamente criminosa (art. 38, §2).
•Estrita obediência à ordem: se o subordinado se excede na
ordem, ele responderá.
→ Dirimentes supralegais
São situações de inexigibilidade de conduta diversa. Exemplos:
•Cláusula de consciência: o sujeito que, por motivo de
crença ou consciência, pratica um fato previsto como crime,
desde que não viole direito fundamental, age com a cláusula de
consciência, sendo uma causa supralegal de exclusão da
culpabilidade.
Ex.: o pai que é testemunha de Jeová veda a transfusão de sangue
ao filho. No entanto, esta conduta somente será válida se o filho
sobreviver. Caso não sobreviva, o pai deverá responder, pois,
neste caso, há o conflito entre liberdade de crença versus vida.
•Desobediência civil: desobediência é um ato de
insubordinação, que possui a finalidade de transformar a ordem
estabelecida, demonstrando a injustiça e promovendo o
reconhecimento do status quo.
É necessário que o sujeito esteja desobedecendo com base em
um direito fundamental de sua titularidade e que o dano
causado em razão dessa desobediência não seja relevante.
Ex.: invasão do MST. É direito fundamental, mas não poderá
causar dano relevante, pois, se causar, não se poderá dizer que
se trata de uma causa excludente da culpabilidade.

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