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02-Direito Administrativo (Adm direta e indireta)

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Profº Rafael Sieiro 
UNIDADE GARDÊNIA AZUL – Rua Menta, nº 200, sala 301 (próx. ao Barra Music). 
 3477-8723 / 3243-2217 / 3248-8366 / 98581-2307 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
(ano 2014) 
 
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO 
ESTADO 
 
- Introdução 
 
> Noção de Federação (Princípio 
Federativo) e Separação dos Poderes. 
 
Federação – significa a existência da 
descentralização do Poder Político, entre 
esferas distintas do Estado. 
No Brasil, o modelo de Federação é de 3 
níveis (União, Estado e Municípios), em que 
cada ente federado possui autonomia política, 
que se caracteriza em: 
 
a) Poder de auto-organização (emissão de 
suas próprias normas). 
b) Poder de autogoverno (elege seus próprios 
governantes) 
c) Poder de autoadministração (autonomia 
para organizar e prestar suas atividades 
administrativas) 
 
* Exemplo de autoadministração (transporte 
público de passageiros) 
- Transporte interestadual ou internacional – 
União organiza e presta. 
- Transporte intermunicipal – Estados 
organizam e prestam. 
- Transporte intramunicipal – Município 
organiza e presta. 
 
* Separação de Poderes – a CRFB/88 
separa as funções entre Poderes diversos. 
Há repartição de funções, evitando 
concentração de poder em um único Poder 
(checks and balances), evitando assim o 
cometimento de arbitrariedades. 
O critério é de preponderância de funções 
em determinado Poder, mas não há 
exclusividade no exercício das funções. 
Todos os Poderes exercem função 
administrativa, um tipicamente e os outros de 
forma atípica (ex.: o Poder Judiciário pode 
revogar atos administrativos, dede que 
emanados por ele próprio). 
 
> Administração Pública X Governo 
 
Normalmente são conceitos diferençados 
pela doutrina. 
A distinção reside em que, na atividade 
administrativa (Administração Pública), 
envolve em primeiro lugar, os órgãos e 
entidades dos três Poderes quando do 
exercício de funções administrativas, em 
segundo lugar, o desempenho da atividade 
administrativa (serviço público, fomento, 
poder de polícia e intervenção na ordem 
econômica) e, em terceiro lugar, a 
Administração Pública é estudada pelo 
Direito Administrativo. 
Já na atividade de Governo, em primeiro 
lugar, o Governo é encontrado basicamente 
no Poder Executivo e no Legislativo, em 
segundo lugar, não há função administrativa, 
há função política (decisão política 
fundamental do Estado, principalmente na 
alocação de recursos orçamentários) e, em 
terceiro lugar, o Governo é estudado pelo 
Direito Constitucional. 
Essa distinção é apontada para justificar a 
retirada do controle judicial, dos atos de 
Governo e dos atos políticos. 
 
 
 
 
Profº Rafael Sieiro 
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- Técnicas de organização do Estado 
a) Desconcentração 
b) Descentralização 
 
Desconcentração – é a distribuição interna 
da atividade administrativa, é uma 
especialização de funções, que resulta na 
criação de órgãos públicos, não dando 
origem a uma nova pessoa jurídica. 
 
Descentralização – há o nascimento de 
uma nova pessoa, que pode integrar ou não 
os quadros do Estado, possuindo ainda, 
personalidade jurídica própria (ex.: 
Administração Indireta, Concessionárias, 
Permissionárias, Autorizatárias, etc). 
 
* Hely Lopes Meirelles cita duas técnicas de 
organização: 
 
a) Desconcentração 
 
b) Descentralização 
b.1) Por outorga 
b.2) Por delegação 
 
A descentralização por outorga seria 
definida por lei, tendo como objeto a 
transferência da titularidade e da execução 
da atividade administrativa (ex.: Autarquia) 
A descentralização por delegação seria 
definida por um negócio jurídico e transferiria 
apenas a execução da atividade 
administrativa (ex.: Concessionárias e 
Permissionárias). 
 
* A doutrina moderna critica a 
descentralização por outorga, trazida por 
Hely Lopes, no que toca à transferência da 
titularidade e execução da atividade 
administrativa. Para Carvalhinho, não pode o 
legislador transferir a titularidade da 
atividade administrativa, somente a 
execução, que pode ser revista a qualquer 
momento (revogabilidade), tomando o 
Estado a execução da atividade. 
A Lei nº 8.987/95 fala da concessão e 
permissão e autoriza o Poder público a 
retomar o serviço, mesmo que antes do 
prazo final, por razões de interesse público 
(encampação). 
De acordo com os autores que criticam 
Hely Lopes, um exemplo da impossibilidade 
seria o dano causado por uma Autarquia. O 
particular demanda a Autarquia, que não 
possui meios para adimplir o débito. O ente 
criador da Autarquia responderia 
subsidiariamente. 
 
Carvalhinho dá outra denominação, pois, 
segundo ele, toda descentralização seria 
delegação, a qual seria dividida em: 
 
a) Desconcentração 
 
b) Delegação 
b.1) Legal (Administração Pública Indireta) 
b.2) Contratual (Concessionárias, 
Permissionárias e Autorizatárias) 
 
Para parte da doutrina moderna (Di Pietro 
e Marçal Justen Filho), esses conceitos não 
abrangem o 3º setor. 
 
1º setor – É o Estado. Todas as pessoas que 
integram, formalmente, a estrutura estatal. É 
composto pela Administração Pública direta e 
indireta. Há desconcentração e 
descentralização por outorga ou delegação 
legal. 
 
 
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2º setor – é o Mercado. Pessoas com intuito 
de lucro, típico das pessoas privadas, que 
não integram o Estado e desempenham 
atividade administrativa com intuito de lucro 
(ex.: Concessionárias e Permissionárias). 
 
3º setor – é a sociedade civil (ausência de 
fins lucrativos). São entidades privadas, 
criadas por particulares, que não tem fins 
lucrativos e desempenham atividades 
socialmente relevantes. Recebem benefícios 
do Estado para consecução de seus fins 
(ex.: Associações e fundações privadas – 
ONGs) 
Fazem parte do 3º setor: 
a) Sistema “S” (Serviços Sociais Autônomos. 
Ex.: SENAI). 
b) Sistema “OS” (Organizações Sociais – Lei 
nº 9.637/98). 
c) Sistema “OSCIP” (Organização da 
Sociedade Civil de Interesse Público – Lei nº 
9.790/99). 
 
* CONTRATO DE GESTÃO – o contrato 
de gestão confere obrigações e 
prerrogativas para Organização Social, 
colocando metas e prazos e transfere alguns 
benefícios (fomento público) como recursos 
financeiros, agentes públicos, 
temporariamente e até cessão de bens 
públicos, ou seja, pode haver transferência 
de dinheiro, pessoal e bens. 
Alguns autores (Diogo Figueiredo Moreira 
Neto) falam em delegação social no 3º 
setor, pois há transferência da execução do 
serviço para entidade da sociedade civil. 
Outros falam somente em 3º setor, pois 
não haveria transferência da atividade, já 
que a Organização Social já presta o serviço 
antes de licitação, concessão ou permissão, 
ou seja, há a livre iniciativa e a atividade 
prestada é a mesma na essência, só passa 
a ser condicionada a algumas regras. Não 
há transferência de execução da atividade, 
pois essa já era exercida anteriormente. 
 
Paulo Modesto utiliza como técnica de 
organizaçãoa seguinte: 
a) Entidades estatais (Administração direta e 
indireta) 
b) Entidades paraestatais (Conselhos 
Profissionais e Serviços Sociais Autônomos – 
Sistema “S”) 
c) Entidades de colaboração (todas as 
entidades privadas sem fins lucrativos que 
desempenham atividade de interesse 
público) 
 
* Estado mínimo ou Estado Neoliberal ou 
Estado Gerencial 
- Visa o bem estar social (podendo intervir 
na economia) 
- Preservação dos direitos de 2ª geração 
(fruto da Revolução Francesa e da 
Revolução Industrial) 
- Visa otimizar recursos públicos. 
 
* Informativo nº 475 STF – Parecer 
jurídico e responsabilização do 
Parecerista. 
O Tribunal deferiu mandado de 
segurança impetrado contra ato do 
Tribunal de Contas da União - TCU que, 
aprovando auditoria realizada com o 
objetivo de verificar a atuação do 
Departamento Nacional de Estradas de 
Rodagem - DNER nos processos relativos 
a desapropriações e acordos extrajudiciais 
para pagamento de precatórios e ações 
em andamento, incluíra o impetrante, 
então procurador autárquico, entre os 
responsáveis pelas irregularidades 
 
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encontradas, determinando sua audiência, 
para que apresentasse razões de 
justificativa para o pagamento de acordo 
extrajudicial ocorrido em processos 
administrativos nos quais já havia 
precatório emitido, sem homologação pela 
justiça. Salientando, inicialmente, que a 
obrigatoriedade ou não da consulta tem 
influência decisiva na fixação da natureza 
do parecer, fez-se a distinção entre três 
hipóteses de consulta: 1) a facultativa, na 
qual a autoridade administrativa não se 
vincularia à consulta emitida; 2) a 
obrigatória, na qual a autoridade 
administrativa ficaria obrigada a realizar 
o ato tal como submetido à consultoria, 
com parecer favorável ou não, podendo 
agir de forma diversa após emissão de 
novo parecer; e 3) a vinculante, na qual 
a lei estabeleceria a obrigação de 
"decidir à luz de parecer vinculante", 
não podendo o administrador decidir 
senão nos termos da conclusão do 
parecer ou, então, não decidir. 
Ressaltou-se que, nesta última hipótese, 
haveria efetivo compartilhamento do poder 
administrativo de decisão, razão pela qual, 
em princípio, o parecerista poderia vir a ter 
que responder conjuntamente com o 
administrador, pois seria também 
administrador nesse caso. Entendeu-se, 
entretanto, que, na espécie, a fiscalização 
do TCU estaria apontando irregularidades 
na celebração de acordo extrajudicial, 
questão que não fora submetida à 
apreciação do impetrante, não tendo 
havido, na decisão proferida pela Corte de 
Contas, nenhuma demonstração de culpa 
ou de seus indícios, e sim uma presunção 
de responsabilidade. Os Ministros Carlos 
Britto e Marco Aurélio fizeram ressalva 
quanto ao fundamento de que o 
parecerista, na hipótese da consulta 
vinculante, pode vir a ser considerado 
administrador. 
MS 24631/DF, rel. Min. Joaquim 
Barbosa, 9.8.2007. (MS-24631) 
 
> 1º setor – funções típicas do Estado 
(núcleo essencial do Estado). 
 
- Administração direta 
 
Aparece quando a função administrativa é 
exercida pelas pessoas políticas (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios), 
através de seus órgãos públicos. 
 
- Órgãos Públicos 
 
São centros de competência ou entidades 
de atuação, despersonalizados (não 
possuem personalidade jurídica), são frutos 
da desconcentração administrativa. 
São especializações internas da atividade 
administrativa. 
Não possuem, em regra, personalidade 
jurídica, não possuem, em regra, 
capacidades processuais e contratuais. 
Quem responde pelos atos do órgão é o ente 
federativo que o criou (União, Estado, Distrito 
Federal ou Município). 
 
- Teorias sobre a relação Agente X Órgão 
 
- Teoria do mandato – os agentes que 
compunham os centros de competência 
seriam mandatários do Estado. Esta teoria é 
criticada porque o Estado é uma ficção 
jurídica, não tem vontade própria, sua 
“vontade” é exteriorizada pelos agentes 
públicos. 
 
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- Teoria da representação – o agente público 
representaria o Estado (não aceita pela 
doutrina, pois o Estado possui capacidade, 
apesar de não possuir vontade). 
 
- Teoria do órgão – criada por Otto Von 
Gierke, o Estado teria sua vontade 
manifestada através do agente público, que é 
integrante, instrumento do Estado. O órgão é 
centro de competência, desprovido de 
personalidade jurídica própria, criado por lei, 
para desempenhar as funções administrativas 
do Estado. 
Nesses órgãos haverá cargos públicos, que 
são “lugares” na Administração Pública. 
Lugares que serão ocupados por pessoas 
físicas que, através de suas condutas, irão 
manifestar a “vontade” do Estado. Conduta 
essa que será imputada à pessoa jurídica 
estatal (União, Estado, Distrito Federal ou 
Município). 
A principal consequência dessa teoria é o 
Princípio da Imputação Volitiva, ou seja, 
quem responde pelos atos do agente público 
é o Estado, ou seja, a pessoa política da qual 
o órgão faz parte. 
 
Art. 1º, § 2º, I da Lei nº 9.784/99 – órgão - a 
unidade de atuação integrante da estrutura da 
Administração direta e da estrutura da 
Administração indireta. 
 
- Características dos órgãos 
a) Não é pessoa, é centro de competência. 
b) Não possui patrimônio próprio. 
c) Não possui responsabilidade civil. 
d) Não celebra contrato – fundamento no 
art. 2º do CC, pois órgão não é pessoa. 
 
* CONTRATO DE GESTÃO – O art. 37, § 
8º da CRFB/88 reconhece capacidade 
contratual para alguns órgãos públicos, 
quando interpretado literalmente. 
(art. 37, § 8º da CRFB/88 – A autonomia 
gerencial, orçamentária e financeira dos 
órgãos e entidades da administração direta e 
indireta poderá ser ampliada mediante 
CONTRATO, a ser firmado entre seus 
administradores e o poder público, que tenha 
por objeto a fixação de metas de 
desempenho para o órgão ou entidade, 
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)). 
Há uma crítica da doutrina sobre essa 
literalidade (Celso Antônio Bandeira de 
Mello), pois, ao se admitir um contrato entre 
órgão e pessoa, ocorreria a figura esdrúxula 
de um contrato consigo mesmo. E mais, não 
se trataria de contrato e sim, de convênio 
administrativo. 
Ainda, há doutrina que afirma que esse 
contrato não poderia fazer o que prescreve o 
art. 37, § 8º da CRFB/88, sendo tal previsão 
inconstitucional, eis que previsto por Emenda 
Constitucional que teria extrapolado a sua 
competência. 
Segundo essa corrente, a lei é quem cria e 
delimita autonomia e competências, portanto, 
não pode um contrato, que é ato infralegal, 
violar a lei (segundo Carvalhinho, não se 
pode, em regra, criar órgão por ato 
administrativo, salvo nos casos dos arts. 51 e 
52 da CRFB/88 – Câmara dos Deputados e 
Senado federal). 
Ainda, Celso Antônio distingue contrato, de 
convênio (ato administrativo complexo). O 
contrato é marcado por interesses 
antagônicos, enquanto nosconvênios não há 
antagonismo de interesses e sim, uma 
comunhão de interesses. 
 
 
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* O contrato de gestão do art. 37, § 8º da 
CRFB/88 é diferente do contrato de gestão 
da Lei nº 9.637/98 (Organizações sociais), 
tendo em vista que esse restringe a 
autonomia dos entes, enquanto aquele 
amplia essa autonomia. 
 
e) Não possui capacidade processual, pois 
não é pessoa 
 
Art. 7º do CPC – Toda pessoa que se acha 
no exercício dos seus direitos tem 
capacidade para estar em juízo. 
 
Essa regra não se aplica em dois casos: 
1º - Envolve casos em que a lei é omissa, 
mas o órgão preenche dois requisitos, 
cumulativamente: 
> Quando se tratar de órgão da cúpula da 
hierarquia administrativa e; 
> Quando o órgão estiver na defesa de suas 
prerrogativas institucionais. 
Ex.: órgãos independentes (Presidência, 
Governadoria, etc). 
 
2º - Quando a lei, expressamente, atribuir 
capacidade processual a um órgão. 
Ex.: Art. 82, III do CDC – previsão de órgão 
atuando processualmente. 
 
Art. 82. Compete ao Ministério Público 
intervir: 
III - nas ações que envolvam litígios coletivos 
pela posse da terra rural e nas demais 
causas em que há interesse público 
evidenciado pela natureza da lide ou 
qualidade da parte. 
 
* Capacidade processual de órgão (MS nº 
2008.004.00067 – RJ) – no caso, município 
de Volta Redonda/RJ, contra ato do Prefeito 
que não enviou informação solicitada por 
aquele órgão, no prazo estipulado pela lei. 
Direito Líquido e certo da Câmara Municipal 
em receber tais informações. 
“…Ora, não se vislumbra grande 
complexidade na matéria em questão, a 
ponto de justificar que, mais de meio ano 
após a solicitação, o Chefe do Executivo não 
tenha providenciado a informação solicitada. 
E sequer se demonstrou o necessário 
pedido, do Chefe do Executivo, de 
prorrogação do prazo legal de trinta dias. 
Em se tratando do exercício das funções 
precípuas do Poder Legislativo, em seu dever 
de controlar externamente o Executivo, não 
se justifica o não atendimento do 
requerimento pela intenção de economizar 
bagatelas em xerocópias de processos 
administrativos. 
Aliás, salvo melhor juízo, faz-me parecer 
que o requerido pela Câmara Municipal 
sequer foi o envio de cópias de todos os 
processos administrativos a que se refere o 
Exmo. Sr. Prefeito, em suas informações. O 
objetivo dos Srs. Vereadores, ao que parece, 
não foi obter informações sobre cada 
um dos processos de requerimento de 
alvará para construção, reforma ou 
acréscimo de postos de abastecimento de 
combustíveis, mas apenas que se 
esclarecesse o critério adotado pela 
Administração Pública Municipal, ao aprovar 
ou desaprovar tais requerimentos. 
Ora, por força de comando constitucional 
inserto no capítulo dos Direitos e Garantias 
Fundamentais, “todos têm direito a receber 
dos órgãos públicos informações … de 
interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 
 
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sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado” (CF, art. 5º, XXXIII). 
Não há dúvida de que as informações 
requeridas pela Câmara Municipal são de 
interesse coletivo e geral, pois têm por 
substrato a averiguação da aplicação do 
atendimento do interesse público; e tampouco 
há dúvida de que não há qualquer sigilo 
nessas informações. 
Por outro lado, se a qualquer pessoa é 
garantido o acesso a tais informações, por 
serem de interesse público e não sigilosas, 
com tanto mais razão nos parece assistir ao 
Poder Legislativo local tal direito líquido e 
certo.” 
 
- Classificação dos órgãos (Hely Lopes) 
 
a) Quanto à posição estatal (posição na 
estrutura administrativa): 
a.1) Independentes 
a.2) Autônomos 
a.3) Superiores 
a.4) Subalternos 
 
Independentes – são órgão de cúpula 
administrativa, não estão subordinados 
hierarquicamente a outro órgão. São os 
definidos na Constituição e representativos 
dos Poderes do Estado. Não possuem 
qualquer subordinação hierárquica e somente 
são controlados uns pelos outros. Podem 
sofrer controle (checks and balances – art. 2º 
da CRFB/88), mas não há subordinação. 
Ex.: Congresso Nacional, Câmara dos 
Deputados, Senado Federal, Chefias do 
Executivo, Tribunais e Juízes, Ministério 
Público e Tribunais de Contas. 
 
Autônomos – são imediatamente 
subordinados aos órgãos independentes 
(subordinação direta e imediata), mas 
possuem autonomia administrativa e 
financeira. 
Ex.: Ministério e Secretarias. 
 
* Natureza jurídica da Advocacia Geral da 
União, Procuradoria Geral do Estado e 
Procuradoria Geral do Município – são 
órgãos autônomos, sendo subordinados 
diretamente aos respectivos Chefes do 
Executivo (Presidência, Governadoria e 
Prefeituras – órgãos independentes). 
 
Superiores – subordinados imediatamente 
aos órgãos autônomos. Exerce funções de 
controle, comando, coordenação e 
supervisão dos órgãos subordinados e não 
possuem autonomia administrativa e 
financeira (autonomia política), porém, 
possuem capacidade decisória (autonomia 
técnica). 
Ex.: Chefia da PCERJ, Coordenadorias, etc. 
 
Subalternos – são subordinados aos demais 
órgãos, são órgãos de execução, não 
possuem autonomia, nem capacidade 
decisória. 
Ex.: Delegacias, Hospitais e Postos de 
saúde. São órgãos que tem contato direto 
com os administrados. 
 
b) Quanto à estrutura funcional do órgão 
b.1) Simples (não sofrem desconcentração) 
b.2) Composto (sofre desconcentração) 
 
* Desconcentração administrativa X 
Desconcentração política 
Desconcentração administrativa – há 
distribuição de competências administrativas, 
dentro da estrutura interna de uma mesma 
pessoa jurídica (criação de órgãos). 
 
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Art. 1º, § 1º, I da Lei nº 5.427/09-RJ – órgão: 
a unidade de atuação integrante da estrutura 
da Administração direta e da estrutura de uma 
entidade da Administração indireta. 
 
Desconcentração política – há distribuição 
de competências diretamente pela 
Constituição Federal. 
 
* Princípio da Unidade da função 
administrativa do Estado – por mais que 
haja transferência de competência, a função 
administrativa é única, sendo os órgãos, fruto 
da desconcentração, subordinados à pessoa 
jurídica de Direito Público interno. 
A subordinação é o elo entre os órgãos, 
decorrente do poder hierárquico. 
 
c) Quanto ao poder decisório 
c.1) Singulares (poder decisório afetado a 
apenas um agente público) 
c.2) Colegiados ou coletivos (poder decisório 
afetado a uma multiplicidade de agentes 
públicos) 
 
* O ato que reúne a vontade do órgão 
colegiado é chamado de deliberação. 
 
> Descentralização 
É a distribuiçãode competências para 
novas pessoas jurídicas, diferentes da pessoa 
que se descentraliza. 
O resultado da descentralização é a 
transferência de competência para uma 
pessoa existente ou criada. 
A descentralização pode ser: 
 
a) Legal (a transferência da competência é 
feita por lei) – surge a Administração indireta. 
b) Contratual ou negocial (a 
transferência de competência é feita por 
um contrato administrativo de concessão – 
art. 175 da CRFB/88) 
c) Social (nesta surge o 3º setor) 
 
* Descentralização social (Diogo de 
Figueiredo Moreira Neto) – transfere poderes 
para o sistema O.S. (contrato de gestão – Lei 
nº 9.637/98) e O.S.C.I.P. (termo de parceria – 
Lei nº 9.790/99). 
Não gera prestação de serviço público 
stricto senso, tendo responsabilidade civil 
subjetiva. 
Os componentes do sistema “S” não são 
delegatários de serviço público, apenas 
cooperam com a Administração Pública 
(particulares em colaboração com o Estado – 
art. 241 da CRFB/88). 
 
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios disciplinarão por 
meio de lei os consórcios públicos e os 
convênios de cooperação entre os entes 
federados, autorizando a gestão associada 
de serviços públicos, bem como a 
transferência total ou parcial de encargos, 
serviços, pessoal e bens essenciais à 
continuidade dos serviços transferidos. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998). 
 
> Administração Pública indireta 
É aquela na qual a função administrativa 
do Estado é desempenhada e exercida pelas 
pessoas administrativas. Faz parte do 1º 
setor. 
O Estado, através do Poder Legislativo, 
cria uma pessoa jurídica nova, com natureza 
pública ou privada, que irá integrar, 
formalmente, a estrutura estatal, ou seja, a 
Administração Pública Indireta. 
 
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Art. 4° A Administração Federal 
compreende: 
I - A Administração Direta, que se constitui 
dos serviços integrados na estrutura 
administrativa da Presidência da República e 
dos Ministérios. 
II - A Administração Indireta, que 
compreende as seguintes categorias de 
entidades, dotadas de personalidade jurídica 
própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista. 
d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 
7.596, de 1987) 
 
- Princípios que regem a Administração 
indireta 
 
1) Legalidade estrita – a Administração 
indireta é criada (Autarquias e Fundações 
públicas de direito público) ou têm 
autorizadas sua criação (Empresa Pública, 
Sociedade de Economia Mista e Fundações 
públicas de direito privado), por lei, conforme 
art. 37, XIX da CRFB/88 (somente por lei 
específica poderá ser criada autarquia e 
autorizada a instituição de empresa pública, 
de sociedade de economia mista e de 
fundação, cabendo à lei complementar, 
neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação). 
 
2) Controle – controle finalístico. 
Todas as entidades da Administração 
Indireta são controladas pelo respectivo ente 
federado. 
Não há subordinação ou hierarquia, 
somente vinculação ou controle. 
O controle é exercido sob vários 
aspectos: político (livre nomeação e 
exoneração de seus dirigentes), financeiro 
(Tribunal de Contas e Orçamento) e 
Administrativo (em alguns casos, o Chefe 
do Executivo pode rever atos da Autarquia, 
via Recurso Hierárquico Impróprio). 
A unidade da função administrativa é 
mantida pela vinculação. Não há hierarquia, 
o que ocorre é o controle finalístico ou 
controle ministerial ou supervisão de uma 
Secretaria (âmbito estadual). 
 
* Dos atos praticados pela Administração 
indireta. 
Esses atos podem ser combatidos através 
de pedido de reconsideração, recurso 
hierárquico próprio e recurso hierárquico 
impróprio (construção doutrinária), estando 
este último previsto expressamente no art. 
66, caput da Lei nº 5.427/09-RJ. 
 
Art. 66 - Das decisões finais produzidas no 
âmbito das entidades da administração 
indireta caberá recurso administrativo, por 
motivo de ilegalidade, nas mesmas 
condições estabelecidas neste capítulo, para 
o titular da Secretaria de Estado à qual se 
vinculem. 
O recurso hierárquico impróprio não 
pode analisar mérito, se restringindo às 
questões de legalidade, uma vez que não há 
hierarquia. 
O recurso hierárquico impróprio é 
cabível quando o ato administrativo é da mais 
alta autoridade da pessoa administrativa ou 
quando a decisão é final, ou seja, não caiba 
recurso hierárquico próprio. 
 
* Recurso hierárquico impróprio contra 
decisão de Agência reguladora (02 
correntes): 
 
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1ª corrente (majoritária) – não cabe 
recurso hierárquico impróprio de decisão 
de Agência Reguladora, salvo se a lei que 
criou a mesma trouxer essa previsão. 
2ª (Parecer AGU nº AC-51) – admite 
recurso hierárquico impróprio de decisão 
de Agência Reguladora ao Chefe do 
Executivo, com fundamento no art. 84, II da 
CRFB/88, pois, se o Chefe do Executivo tem 
a direção superior da Administração Pública, 
poderia ele reformar qualquer decisão 
emanada pela Administração. 
Caberia inclusive a avocatória ou 
avocação (o ente chama, de ofício, para si, a 
decisão). 
Art. 84. Compete privativamente ao 
Presidente da República: 
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de 
Estado, a direção superior da administração 
federal. 
3ª corrente (Marcos Juruena Vilela Souto) 
– com a promulgação da Lei nº 5.427/09 do 
Estado do Rio de Janeiro, vigorou a tese de 
que só cabe Recurso Hierárquico Impróprio 
para tratar de questões de legalidade, mas 
nunca de questões de mérito. 
Só cabe Recurso Hierárquico Impróprio 
para controle de legalidade do ato, nunca 
para controle de mérito. 
Porém, anulado o ato por ilegalidade, o 
Chefe do Executivo não pode emitir ato 
substitutivo, deve remeter o processo a 
entidade administrativa recorrida, que emitirá 
nova decisão, dentro dos parâmetros legais. 
 
* Aplicação do CDC na relação contratual 
com a Administração Pública. 
Informativo nº 444 do STJ 
PROCON. MULTA. RELAÇÃO 
ADMINISTRATIVA. 
Trata-se de RMS interposto por editora 
contratada por secretaria municipal para 
prestar serviço de publicidade. Sucede que a 
contratante, alegando vício no contrato, fez 
reclamação ao PROCON, que, ao 
reconhecer o vício do contrato, multou a 
editora. Destacou a Min. Relatora que a 
hipótese trata da aplicabilidade do CDC nas 
relações administrativas, em que o cerne da 
controvérsia estaria em determinar se há 
relação de consumo entre a editora e a 
contratada. Ressalta que o contrato, embora 
eivado de nulidades (falta de competência da 
pessoa que assinou; envio por fax e não 
informação ao órgão público das condições 
do contrato), tem nítida feição de contrato 
administrativo, em que a Administração 
detém supremacia justificada pelo interesse 
público. Para a Min. Relatora, não houve 
relação de consumo e, na espécie, devem 
incidir as normas do direito administrativo 
pertinentes à exclusão daquelas relativasao direito privado, especialmente quando 
se trata de aplicação de penalidades. 
Observa saber que a doutrina admite a 
incidência do CDC nos contratos 
administrativos, mas somente em casos 
excepcionais, em que a Administração 
assume posição de vulnerabilidade 
técnica, científica, fática ou econômica 
perante o fornecedor, o que não ocorreu no 
caso, por consistir em simples contrato de 
prestação de publicidade. Dessa forma, 
aponta que o PROCON não poderia multar a 
editora por lhe faltar competência para atuar 
em relação que não seja de consumo. Com 
essas considerações, a Turma deu 
provimento ao recurso para anular o ato 
administrativo que determinou a aplicação da 
multa e que a Administração abstenha-se de 
inscrever a impetrante na dívida ativa. RMS 
 
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31.073-TO, Rel. Min. Eliana Calmon, 
julgado em 26/8/2010. 
 
Composição da Administração Indireta: 
a) Autarquias 
b) Empresas Públicas 
c) Sociedades de Economia Mista 
d) Fundações públicas e privadas 
e) Consórcios Públicos de Direito Público e 
de Direito Privado* 
 
* Alguns autores dizem que, mesmo com a 
lei dos consórcios públicos, nada mudou. 
Não são entidades administrativas distintas 
das já conhecidas, são velhas entidades, 
com nomes diferentes (Carvalhinho). 
A Lei nº 11.107/05 (Lei dos Consórcios 
Públicos) exige a personificação dos 
consórcios públicos. Se não for criada 
pessoa jurídica, será associação pública. 
O art. 6º, § 1º da Lei nº 11.107/05 diz que 
se for criada um consórcio público, a pessoa 
criada irá integrar a Administração Indireta 
de todos os entes consorciados, seja pessoa 
de direito público ou de direito privado. 
Uma outra corrente diz que, os consórcios 
públicos integram a Administração Pública, 
mas não como nova categoria. 
O consórcio público de direito público 
(Associação Pública) seria uma espécie de 
autarquia, que integra a Administração 
Pública (art. 4º da Lei nº 11.107/05). Sua 
peculiaridade é a de integrar a 
Administração Indireta de todos os entes 
associados, seria a chamada autarquia 
plurifederativa, multifederativa ou 
interfederativa (o Decreto nº 6.017/05, que 
regula a Lei nº 11.107/05 chama de 
autarquia). 
O consórcio público de direito privado 
poderia ser Empresa Pública Prestadora 
de Serviço Público ou Fundação de Direito 
Privado. 
 
Autarquias 
 
É pessoa jurídica de direito público, criada 
por lei e integrante da Administração Indireta, 
que exerce atividade típica de Estado. 
 
1) Natureza jurídica – pessoa jurídica de 
direito público interno (art. 41, IV do CC) 
 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito 
público interno: 
IV - as autarquias, inclusive as associações 
públicas. 
 
2) Criação e extinção – por lei específica 
ordinária, de iniciativa privativa do Chefe do 
Executivo. 
Não depende de registro para criação. 
 
* Segundo doutrina minoritária (Sérgio 
D’Andrea Ferreira), órgãos autônomos 
poderiam criar suas próprias pessoas 
jurídicas descentralizadas, com fundamento 
no art. 37, caput da CRFB/88. 
Ex.: Ministério Público cria a fundação 
FEMPERJ. 
 
* Criação de Autarquia pelos Poderes 
Legislativo e Judiciário (art. 37, caput, 
CRFB/88). 
Art. 37. A administração pública direta e 
indireta DE QUALQUER DOS PODERES DA 
UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO 
FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte: 
 
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XIX – somente por lei específica poderá ser 
CRIADA AUTARQUIA e autorizada a 
INSTITUIÇÃO DE EMPRESA PÚBLICA, DE 
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E DE 
FUNDAÇÃO, cabendo à lei complementar, 
neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação; 
Ex.: TV justiça – Empresa Pública vinculada 
ao Poder Judiciário. 
 EMERJ – Fundação Autárquica 
vinculada ao Poder Judiciário. 
O que não pode ocorrer é a criação de 
autarquia para desempenho de atividades 
meio da Administração, somente atividade 
fim. 
 
* A iniciativa do projeto de lei que cria a 
autarquia é do Chefe do executivo (art. 
61, § 1º, II, “a” da CRFB/88). 
 
Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do 
Presidente da República as leis que: 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos 
públicos na administração direta e 
autárquica ou aumento de sua remuneração; 
 
* A personalidade jurídica da autarquia se 
inicia com a vigência da lei que a cria. 
 
3) Área de atuação (art. 5º, I DL nº 200/67) – 
exerce atividade típica da Administração 
Pública. 
 
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: 
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por 
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e 
receita próprios, para executar atividades 
típicas da Administração Pública, que 
requeiram, para seu melhor funcionamento, 
gestão administrativa e financeira 
descentralizada. 
 
* O que são Atividades típicas de Estado? 
É um conceito indeterminado, que permite 
diversas interpretações, passando pelas 
zonas de certeza, penumbra e incerteza. 
Zona de certeza positiva – Poder de Polícia. 
Zona de penumbra – discricionariedade na 
interpretação de conceito aberto. 
Zona de certeza negativa – o Estado não 
pode realizar atividade econômica estrito 
senso, não pode fazer às vezes de 
empresário. 
 
- Atividades típicas do Estado: 
a) Prestação de serviços públicos (ex.: DNIT, 
UERJ, etc). 
b) Poder de Polícia Administrativo (ex.: 
ANATEL, ANAC, ANEEL, etc). 
c) Intervenção no domínio econômico, para 
regulamentar o mercado (ex.: Banco Central). 
d) Intervenção no domínio social (ex.: INSS) 
e) Atividade de fomento (ex.: SUDAN, 
SUDENE, etc). 
 
* Transformação de órgão em autarquia 
 
A Polícia Judiciária Federal (Polícia 
Federal) não poderia ser transformada em 
autarquia, pois é um órgão permanente (art. 
144, § 1º da CRFB/88). 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como 
ÓRGÃO PERMANENTE, organizado e 
mantido pela União e estruturado em 
carreira, destina-se a:" 
 
A Policia Judiciária Estadual (Polpode ser 
transformada em autarquia, pois não é órgão 
permanente (art. 144, § 4º da CRFB/88). 
 
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§ 4º - às polícias civis, dirigidas por 
delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as 
funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
 
4) Prerrogativas – as autarquias gozam de 
algumas prerrogativas de direito público. 
 
a) Imunidade tributária recíproca (art. 150, 
VI, “a” da CRFB/88) – a imunidade é de 
imposto, não de tributo, também se 
aplicando às fundações (art. 150, § 2º da 
CRFB/88). 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte,é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos 
outros; 
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é 
extensiva às autarquias e às fundações 
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no 
que se refere ao patrimônio, à renda e aos 
serviços, vinculados a suas finalidades 
essenciais ou às delas decorrentes. 
 
* Imunidade tributária recíproca plena ou 
condicionada? 
1ª corrente (Carvalhinho) – condicionada aos 
fins da autarquia. 
2ª corrente (STF e STJ) – plena, desde que 
a receita da atividade meio seja investida na 
atividade fim. 
 
A corrente majoritária é a que entende 
que se trata de uma imunidade 
condicionada, pois só se dá em relação aos 
impostos e o patrimônio, renda ou serviço 
deve estar relacionado com a atividade da 
entidade. 
 
* Autarquia que desempenhe atividade 
econômica goza de imunidade tributária 
recíproca? 
Primeiro, deve-se destacar que é possível 
autarquia desempenhando atividade 
econômica, nos termos do art. 150, § 3º da 
CRFB/88, porém, esta não gozaria de ITR. 
 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do 
parágrafo anterior não se aplicam ao 
patrimônio, à renda e aos serviços, 
relacionados com exploração de atividades 
econômicas regidas pelas normas aplicáveis 
a empreendimentos privados, ou em que haja 
contraprestação ou pagamento de preços ou 
tarifas pelo usuário, nem exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar 
imposto relativamente ao bem imóvel. 
 
A doutrina critica esse tipo de autarquia, 
dizendo que na verdade trata-se de Empresa 
Pública ou Sociedade de Economia Mista, 
pois autarquia não desempenha atividade 
econômica. 
Se for criado tal tipo de autarquia, ela terá 
forma de autarquia, mas essência de 
Empresa Pública ou Sociedade de Economia 
Mista. 
 
b) Prerrogativas de natureza processual (art. 
188 e 475 do CPC) – garantia de prazos 
diferenciados e do duplo grau de jurisdição, 
pois as autarquias se inserem no termo 
“fazenda pública” do art. 188 do CPC. 
 
Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o 
prazo para contestar e em dobro para 
 
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recorrer quando a parte for a Fazenda 
Pública ou o Ministério Público. 
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de 
jurisdição, não produzindo efeito senão 
depois de confirmada pelo tribunal, a 
sentença: 
I - proferida contra a União, o Estado, o 
Distrito Federal, o Município, e as 
respectivas autarquias e fundações de 
direito público; 
 
A Súmula nº 620 do STF vedava o duplo 
grau para as autarquias, exceto no caso de 
sucumbência em execução de dívida ativa, 
porém, tal súmula foi esvaziada pela Lei nº 
9.469/97, que concedeu às autarquias o 
duplo grau de jurisdição, em todos os casos 
de sucumbência, bem como aplica-se o art. 
188 do CPC. 
 
Súmula nº 620 – A sentença proferida contra 
autarquias não está sujeita a reexame 
necessário, salvo quando sucumbente em 
execução de dívida ativa. 
 
c) Prerrogativas de natureza patrimonial – os 
bens das autarquias são públicos, ou seja, 
alienação condicionada pela lei (art. 17 da 
Lei nº 8.666/93), impenhorabilidade, 
inalienabilidade e imprescritibilidade (art. 
191, PU da CRFB/88 e art. 99, II do CC). 
 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário 
de imóvel rural ou urbano, possua como seu, 
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, 
área de terra, em zona rural, não superior a 
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por 
seu trabalho ou de sua família, tendo nela 
sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não 
serão adquiridos por usucapião. 
Art. 98. São públicos os bens do domínio 
nacional pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público interno; todos os outros são 
particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou 
terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, 
estadual, territorial ou municipal, inclusive os 
de suas autarquias; 
 
* Diogo de Figueiredo Moreira Neto sustenta 
a possibilidade de usucapião de bem público 
quando o Estado não dá função social à 
propriedade. 
 
* O bem público pode ser alienado quando 
não estiver afetado (art. 17 da Lei nº 
8.666/93). 
 
Art. 17. A alienação de bens da 
Administração Pública, subordinada à 
existência de interesse público devidamente 
justificado, será precedida de avaliação e 
obedecerá às seguintes normas: 
 
* As dívidas da autarquia serão pagas 
através de precatório (art. 100 da CRFB/88). 
 
Art. 100. à exceção dos créditos de natureza 
alimentícia, os pagamentos devidos pela 
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em 
virtude de sentença judiciária, far-se-ão 
exclusivamente na ordem cronológica de 
apresentação dos precatórios e à conta 
dos créditos respectivos, proibida a 
designação de casos ou de pessoas nas 
dotações orçamentárias e nos créditos 
adicionais abertos para este fim. 
 
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5) Regime jurídico de pessoal (elo entre o 
agente público e a Administração Pública) - 
estatutário. 
 
03 regimes existentes: 
a) Estatutário ou legal (cargo público – 
servidor público) 
b) Celetista (Emprego público) 
c) Especial (Função pública, designação 
através de Processo seletivo simplificado) 
 
* Cargo x Classe x Carreira x Quadro x 
Serviço 
Cargo – é um lugar na Administração 
Pública, com nome próprio, função própria 
definida em lei, remuneração própria e 
direitos e obrigações próprios. 
Classe – é o somatório de cargos iguais. 
Carreira – é o somatório de classes. Alguns 
cargos há exigência constitucional de que 
seja estruturado em carreira. 
Quadro – é o somatório de carreiras de uma 
mesma instituição. 
Serviço – é o somatório de dois ou mais 
quadros. 
 
* Apenas Delegado de Polícia pode 
chefiar a Polícia Civil (art. 144, § 4º da 
CRFB/88) – Informativo nº 599 do STF. 
Ele deve ser escolhido entre os mais 
antigos da carreira, se a lei estadual assim 
dispuser, caso a lei estadual não disponha 
dessa forma, será inconstitucional a escolha 
somente por essa forma. 
 
* Standards federais 
Em uma Federação centrífuga ocorre uma 
maior concentração de poder no ente 
descentralizado. Estes Standards são 
oriundos da CRFB/69 e, segundo Maria 
Carmen, devem ser quebrados. 
 
* Os cargos estruturados em carreira devem 
receber remuneração através de: 
a) Subsídio 
b) Vencimento base + adicionais + vantagens 
 
* Agentes que devem receber por subsídio 
(obrigatórios e facultativos) 
a) Obrigatórios: 
- Agentes Políticos (art. 39, § 4º da CRFB/88). 
§ 4º O membro de Poder, o detentor de 
mandato eletivo, os Ministros de Estado e os 
Secretários Estaduais e Municipais serão 
remunerados exclusivamente por subsídio 
fixado em parcela única, vedado o acréscimo 
de qualquer gratificação, adicional, abono, 
prêmio, verba de representação ou outraespécie remuneratória, obedecido, em 
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 
 
- Agente público em órgão de segurança 
pública e policial (art. 144, § 9º da CRFB/88) – 
subsídio. 
§ 9º A remuneração dos servidores policiais 
integrantes dos órgãos relacionados neste 
artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. 
 
- Advocacia pública e Defensoria Pública (art. 
135 da CRFB/88) 
Art. 135. Os servidores integrantes das 
carreiras disciplinadas nas Seções II e III 
deste Capítulo serão remunerados na forma 
do art. 39, § 4º. 
 
b) Facultativos: 
- Qualquer órgão, se o cargo for estruturado 
em carreira (art. 39, § 8º da CRFB/88) 
§ 8º A remuneração dos servidores públicos 
organizados em carreira poderá ser fixada 
nos termos do § 4º. 
 
 
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* Agentes Políticos – STF e STJ adotam a 
teoria ampliativa, bastando que tenham sua 
competência detalhada na Constituição 
federal para serem considerados Agentes 
Políticos. 
Para a teoria restritiva deve ter 
competência detalhada da Constituição 
Federal, possuir mandato eletivo e praticar 
ato político (Chefes do executivo, 
Parlamentares, Auxiliares dos Chefes do 
Executivo e Diplomatas). 
 
* Acumulação de cargos públicos 
(exceções): 
a) 01 de professor + 01 de professor; 
b) 01 de professor + 01 técnico ou científico; 
c) 01 de profissional de saúde + 01 de 
profissional de saúde; 
d) Juiz + 01 de magistério (art. 95, PU da 
CRFB/88); 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, 
outro cargo ou função, salvo uma de 
magistério; 
 
e) Promotor de Justiça + 01 de magistério 
(art. 128, § 5º, II, “d” da CRFB/88); 
II - as seguintes vedações: 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, 
qualquer outra função pública, salvo uma de 
magistério; 
 
f) Vereador + 01 cargo efetivo (art. 38, III da 
CRFB/88) 
III - investido no mandato de Vereador, 
havendo compatibilidade de horários, 
perceberá as vantagens de seu cargo, 
emprego ou função, sem prejuízo da 
remuneração do cargo eletivo, e, não 
havendo compatibilidade, será aplicada a 
norma do inciso anterior; 
 
g) Tribunal de Contas = 01 magistério (art. 
73, § 3º da CRFB/88) 
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da 
União terão as mesmas garantias, 
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e 
vantagens dos Ministros do Superior Tribunal 
de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à 
aposentadoria e pensão, as normas 
constantes do art. 40. 
 
Na vigência do Regime Jurídico Único é 
obrigatória a adoção do regime estatutário. 
Na vigência do Regime Jurídico Dual, as 
funções típicas do Estado não poderiam ser 
exercidas por servidores celetistas. 
Em 2007 foi declarada 
inconstitucionalidade de parte da E.C. nº 
19/98, tornando obrigatório o Regime Jurídico 
Único. 
O STF, STJ, Celso Antônio Bandeira de 
Mello, Marçal Justen Filho e Diógenes 
Gasparini entendem que o RJU deve ser, 
necessariamente, o estatutário. 
Carvalhinho entende que pode ser 
estatutário ou celetista, salvo no exercício do 
Poder de Polícia, quando deverá ser 
estatutário. 
 
6) Teto remuneratório (art. 37, XI da 
CRFB/88) 
XI - a remuneração e o subsídio dos 
ocupantes de cargos, funções e empregos 
públicos da administração direta, autárquica 
e fundacional, dos membros de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, dos detentores de 
mandato eletivo e dos demais agentes 
políticos e os proventos, pensões ou outra 
espécie remuneratória, percebidos 
cumulativamente ou não, incluídas as 
 
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vantagens pessoais ou de qualquer outra 
natureza, não poderão exceder o subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se 
como limite, nos Municípios, o subsídio do 
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, 
o subsídio mensal do Governador no âmbito 
do Poder Executivo, o subsídio dos 
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito 
do Poder Legislativo e o subsídio dos 
Desembargadores do Tribunal de Justiça, 
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco 
centésimos por cento do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, 
aplicável este limite aos membros do 
Ministério Público, aos Procuradores e aos 
Defensores Públicos; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003). 
 
* Ministério Público, Procuradorias e 
Defensoria Pública são órgãos do 
Executivo, mas estão submetidos ao teto 
de Judiciário por serem carreiras jurídicas. 
 
* ADIN nº 3854/2007 – a respeito do teto 
de 90,25%, o STF deu interpretação 
conforme ao art. 37, XI da CRFB/88, 
dizendo que este teto não se aplica aos 
magistrados estaduais, tendo estes 
como teto, os vencimentos dos 
Ministros do STF. 
ADI - 3854 
ARTIGO 
O Tribunal, por maioria, deferiu pedido de 
liminar formulado em ação direta de 
inconstitucionalidade ajuizada pela 
Associação dos Magistrados Brasileiros - 
AMB para, dando interpretação conforme à 
Constituição ao art. 37, XI, e § 12, da 
Constituição Federal, o primeiro dispositivo, 
na redação da EC 41/2003, e o segundo, 
introduzido pela EC 47/2005, excluir a 
submissão dos membros da magistratura 
estadual ao subteto de remuneração, bem 
como para suspender a eficácia do art. 2º da 
Resolução 13/2006 e do art. 1º, parágrafo 
único, da Resolução 14/2006, ambas do 
Conselho Nacional de Justiça - CNJ, as quais 
fixam, como limite remuneratório dos 
magistrados e servidores dos Tribunais de 
Justiça, 90,25% do subsídio mensal de 
Ministro do STF (CF, art. 37: “XI - a 
remuneração e o subsídio... dos membros de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios... não 
poderão exceder o subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, aplicando-se como limite... o subsídio 
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, 
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco 
centésimos por cento do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, no âmbito do Poder Judiciário... § 12. 
Para os fins do disposto no inciso XI do caput 
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao 
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, 
mediante emenda às respectivas 
Constituições e Lei Orgânica, como limite 
único, o subsídio mensal dos 
Desembargadores do respectivo Tribunal de 
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 
cinco centésimos por cento do subsídio 
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, não se aplicando o disposto neste 
parágrafo aos subsídios dos Deputados 
Estaduais e Distritais e dos Vereadores.”). 
ADI 3854 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 
28.2.2007. (ADI-3854). 
 
 
 
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 3477-8723 / 3243-2217 / 3248-8366 / 98581-2307* Conselheiro do TCE possui teto dos 
Ministros do STF, pelo princípio da simetria. 
 
6) Responsabilidade civil (objetiva, em regra 
– art. 37, § 6º da CRFB/88). 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público 
e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito 
de regresso contra o responsável nos casos 
de dolo ou culpa. 
 
A responsabilidade em relação às 
autarquias se divide em: 
a) Responsabilidade primária – da própria 
autarquia 
b) Responsabilidade subsidiária – do Estado 
 
- Agências Executivas e Agências 
Reguladoras 
 
- Agências Executivas – natureza jurídica 
de autarquia ou fundação pública. 
Executam políticas públicas, leis, metas 
contidas em contrato de gestão). 
Celebram contrato de gestão (instrumento 
que visa ampliar a autonomia financeira, 
gerencial e orçamentária de alguns órgãos 
da Administração Pública (art. 37, § 8º da 
CRFB/88 – convênio). 
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e 
financeira dos órgãos e entidades da 
administração direta e indireta poderá ser 
ampliada mediante contrato, a ser firmado 
entre seus administradores e o poder 
público, que tenha por objeto a fixação de 
metas de desempenho para o órgão ou 
entidade, cabendo à lei dispor sobre: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998). 
A Agência executiva não é nova pessoa 
jurídica, é uma pessoa já existente que, 
celebra contrato de gestão com o ente e 
passa a ter a qualificação de Agência 
Executiva. 
A Lei nº 9.649/97, que fora revogada pela 
Lei nº 10.683/03, trazia em seu art. 51, a 
definição de Agência Executiva. 
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar 
como Agência Executiva a autarquia ou 
fundação que tenha cumprido os seguintes 
requisitos: 
I - ter um plano estratégico de reestruturação 
e de desenvolvimento institucional em 
andamento; 
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o 
respectivo Ministério supervisor. 
Ainda, as Agências executivas possuem 
algumas vantagens positivadas na Lei nº 
8.666/93, no art. 24, PU. 
Parágrafo único. Os percentuais referidos 
nos incisos I e II do caput deste artigo serão 
20% (vinte por cento) para compras, obras e 
serviços contratados por consórcios públicos, 
sociedade de economia mista, empresa 
pública e por autarquia ou fundação 
qualificadas, na forma da lei, como Agências 
Executivas. (Redação dada pela Lei nº 
11.107, de 2005) – o texto se refere à 
dispensa de licitação para essas Agências, 
que no caso, se dão com um valor maior que 
para os outros entes. 
 
- Agências Reguladoras 
É reflexo de um Estado mínimo, gerencial 
ou neoliberal. 
É uma opção do Estado de transferir 
determinados serviços, mas com um mínimo 
de controle estatal. 
É uma atividade complexa que envolve 
três outras atividades: exercício de atividade 
 
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administrativa clássica (ex.: Poder de 
Polícia); atividade normativa ou quase-
legislativa (discricionariedade técnica) e 
atividade judicante ou quase-jurisdicional 
(resolver conflitos administrativos, tendo suas 
decisões caráter de definitividade em âmbito 
administrativo). 
 
a) Características principais das Agências 
Reguladoras 
I - Regulamentar 
II - Fiscalizar 
III - Normatizar 
 
Exemplos de Agências Reguladoras: 
ANEEL – Lei nº 9.427/97; ANATEL – Lei nº 
9.472/97; ANP – Lei nº 9.478/97. 
 
O art. 8º, § 2º da Lei nº 9.472/97 
(ANATEL) ilustra as características de uma 
Agência reguladora. 
§ 2º A natureza de autarquia especial 
conferida à Agência é caracterizada por 
INDEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA, 
AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO 
HIERÁRQUICA, MANDATO FIXO e 
ESTABILIDADE DE SEUS DIRIGENTES e 
AUTONOMIA FINANCEIRA. 
 
a) Independência administrativa (capacidade 
quase legislativa e capacidade quase 
judicante). 
b) Ausência de subordinação hierárquica. 
c) Mandato fixo e estabilidade de seus 
dirigentes (nomeação por ato complexo: ato 
do Chefe do Executivo e aprovação do 
senado federal). 
d) Autonomia financeira (possibilidade de 
fonte de custeio próprio, elas possuem 
recursos próprios destinados pela Lei de 
orçamento). 
 
* Efeitos do ato administrativo (Celso 
Antônio bandeira de Mello) 
a) Típico (quando há a execução direta do 
objeto do ato) 
b) Atípico 
b.1) Reflexos (efeitos secundários, não 
visados pelo ato) 
b.2) Prodrômicos (ocorre nos atos 
complexos. O ato é perfeito, válido, mas não 
tem condição de produzir efeitos, pois 
depende da manifestação de outro órgão). 
 
Exemplo de efeito prodrômico: 
Art. 71, III da CRFB/88 – a aposentadoria 
é um exemplo de ato complexo, pois deve 
ser homologada pelo TCU, o que caracteriza 
um efeito prodrômico. 
 
* Súmula vinculante nº 3 do STF – 
contraditório e ampla defesa nos processos 
administrativos que tramitam no TCU, salvo 
nos processos homologatórios de 
aposentadoria, pois nesses casos, já houve 
contraditório e ampla defesa no órgão onde o 
servidor requereu a aposentadoria. 
 
Informativo 599 do STF 
Prazo para Registro de Aposentadoria e 
Princípios do Contraditório e da Ampla 
Defesa - 6 
Em conclusão, o Tribunal, por maioria, 
concedeu mandado de segurança para 
anular acórdão do TCU no que se refere ao 
impetrante e para o fim de se lhe assegurar a 
oportunidade do uso das garantias 
constitucionais do contraditório e da ampla 
defesa. Na situação dos autos, a Corte de 
Contas negara registro a ato de 
aposentadoria especial de professor — 
outorgada ao impetrante — por considerar 
 
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indevido o cômputo de serviço prestado sem 
contrato formal e sem o recolhimento das 
contribuições previdenciárias — v. 
Informativos 415, 469, 589 e 590. Não 
obstante admitindo o fato de que a relação 
jurídica estabelecida no caso se dá entre o 
TCU e a Administração Pública, o que, em 
princípio, não reclamaria a audição da parte 
diretamente interessada, entendeu-se, tendo 
em conta o longo decurso de tempo da 
percepção da aposentadoria até a negativa 
do registro (cinco anos e oito meses), haver 
direito líquido e certo do impetrante de 
exercitar as garantias do contraditório e da 
ampla defesa. Considerou-se, ao invocar os 
princípios da segurança jurídica e da 
lealdade, ser imperioso reconhecer 
determinadas situações jurídicas subjetivas 
em face do Poder Público. Salientou-se a 
necessidade de se fixar um tempo médio 
razoável a ser aplicado aos processos de 
contas cujo objeto seja o exame da 
legalidade dos atos concessivos de 
aposentadorias, reformas e pensões, e 
afirmou-se poder se extrair, dos prazos 
existentes no ordenamento jurídico brasileiro, 
o referencial de cinco anos. Com base nisso, 
assentou-se que, transcorrido in albis o prazo 
qüinqüenal, haver-se-ia de convocar o 
particular para fazer parte do processo de 
seu interesse. 
MS 25116/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
8.9.2010. (MS-25116) 
 
Prazo para Registro de Aposentadoria e 
Princípiosdo Contraditório e da Ampla 
Defesa - 7 
Vencidos, em parte, os Ministros Celso de 
Mello e Cezar Peluso, que concediam a 
segurança em maior extensão ao 
fundamento de que, após o prazo 
decadencial de cinco anos, a Corte de 
Contas perderia o direito de analisar a 
legalidade da aposentadoria e de proceder 
ao respectivo registro. Vencidos, também, os 
Ministros Marco Aurélio, Ellen Gracie e 
Sepúlveda Pertence, que denegavam a 
ordem, por não se ter ato aperfeiçoado antes 
da manifestação do TCU pelo registro. 
Ademais, o Min. Marco Aurélio salientava que 
se estaria a temperar a Súmula Vinculante 3 
(“Nos processos perante o Tribunal de 
Contas da União asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da 
decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que 
beneficie o interessado, excetuada a 
apreciação da legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma 
e pensão”). 
MS 25116/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
8.9.2010. (MS-25116) 
 
Informativo nº 600 do STF 
Prazo para Registro de Pensão e 
Garantias do Contraditório e da Ampla 
Defesa - 3 
Ao aplicar orientação firmada no MS 
25116/DF (v. Informativo 599) no sentido de 
reconhecer a razoabilidade do prazo de 5 
anos para que o Tribunal de Contas da União 
- TCU examine a legalidade dos atos 
concessivos de aposentadorias, reformas e 
pensões, o Tribunal, em conclusão de 
julgamento, por maioria, concedeu 
parcialmente mandado de segurança. 
Anulou-se acórdão do TCU no que se refere 
à impetrante e para o fim de se lhe assegurar 
a oportunidade do uso das garantias 
constitucionais do contraditório e da ampla 
defesa. Tratava-se, na espécie, de writ 
impetrado contra atos do TCU e do 
 
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Coordenador-Geral de Recursos Humanos 
do Ministério dos Transportes, que 
implicaram o cancelamento da pensão 
especial percebida pela impetrante — v. 
Informativos 484 e 590. Tendo em conta que 
ela vinha recebendo a pensão há quase 10 
anos de forma ininterrupta, entendeu-se que 
o seu benefício não poderia ter sido cessado 
sem que lhe fosse oportunizada 
manifestação. Vencidos os Ministros Celso 
de Mello e Cezar Peluso, Presidente, que 
concediam a ordem totalmente, pronunciando 
a decadência, e os Ministros Ellen Gracie e 
Marco Aurélio que a denegavam. 
MS 25403/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
15.9.2010. (MS-25403) 
 
* Autonomia administrativa das Agências 
Reguladoras 
 
Confere uma blindagem às Agências 
Reguladoras contra interferências políticas 
do Chefe do Executivo. É uma 
despolitização. 
Essa autonomia se caracteriza por: 
- Estabilidade diferenciada de seus 
dirigentes; 
- Não há previsão, em regra, de Recurso 
Hierárquico Impróprio contra decisão das 
Agências Reguladoras. 
Em relação à estabilidade de seus 
dirigentes, tanto a nomeação quanto a 
exoneração/demissão não são de 
completamente livres para o Chefe do 
Executivo, pois o nome do indicado passa 
por uma análise onde é avaliado se o 
indicado tem: reputação ilibada, formação 
universitária e conhecimento sobre o setor 
regulado. No processo de nomeação, esta 
passa pelo crivo do Chefe do Executivo, mas 
também do Legislativo (sabatina do Senado) 
que irá aprovar ou não o nome indicado pelo 
Executivo. Entretanto, essa previsão está 
descrita na Lei nº 9.986/00, se aplicando 
somente às entidades da União, estando, 
portanto, Estados e Municípios fora do 
âmbito de incidência dessa lei, pelo que a 
nomeação e a exoneração dos dirigentes 
das Agências Reguladoras desses entes 
devem seguir as suas respectivas leis (no 
Rio de Janeiro, a lei segue os mesmos 
parâmetros da lei federal). 
Feita a nomeação, o dirigente exercerá 
suas funções a termo (prazo fixado), porém, 
seu mandato não é coincidente com o do 
Chefe do Executivo. 
O dirigente somente poderá ser 
exonerado/demitido, por conta de: 
- Sentença judicial transitada em julgado; 
- Processo Administrativo com ampla defesa 
e contraditório; 
- Por sua vontade, a pedido. 
Em relação à não coincidência dos 
mandatos do dirigente e do Chefe do 
Executivo, a doutrina traz dois 
entendimentos. 
1º (Celso Antônio bandeira de Mello) – 
essa não coincidência é inconstitucional, pois 
violaria o Princípio Republicano e 
Democrático, pois é uma característica da 
República, a temporariedade no poder e a 
não coincidência dos mandatos acaba 
prorrogando, fraudulentamente, o mandato 
do Chefe do Executivo, pois os dirigentes 
atuariam como longa manus do Chefe do 
Executivo anterior. 
2ª (Marcos Juruena – majoritária) – não há 
qualquer inconstitucionalidade, não havendo 
violação aos Princípios Republicano e 
Democrático, na medida em que tal 
prorrogação fraudulenta do mandato não 
existe, nem mesmo durante o mandato do 
 
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Chefe do Executivo responsável pela 
nomeação, pois esse não tem liberdade total 
sobre o dirigente. 
No que toca a possibilidade de Recurso 
Hierárquico Impróprio, tem-se que, este só é 
cabível se houver previsão legal expressa 
(doutrina majoritária – STJ, Di Pietro, 
Carvalhinho, Alexandre Aragão, Odete 
Medauar, etc), pois nulla tutela sine lege, ou 
seja, não há controle sem lei e o Recurso 
Hierárquico Impróprio é uma exceção à 
autonomia das Agências Reguladoras, já 
que não há hierarquia entre àquela e seu 
ente criador e se tal instituto fosse aplicado 
indiscriminadamente, a decisão do dirigente 
poderia ser reformada pelo Chefe do 
executivo. 
As leis das Agências Reguladoras, em 
regra, não fazem previsão do Recurso 
Hierárquico Impróprio, o que garante a 
despolitização das Agências Reguladoras. 
Em âmbito Federal, há um parecer da 
AGU, o Parecer AC/51, que trouxe 
orientação no sentido do cabimento do 
Recurso Hierárquico Impróprio contra 
decisão de Agência reguladora, 
independentemente de previsão legal 
expressa, bem como caberia avocação ou 
avocatória, em relação às decisões das 
Agências (corrente minoritária). Esse 
parecer é normativo e vinculante em âmbito 
federal, pois foi aprovado por decreto do 
Chefe do executivo (ele é vinculante para o 
Executivo Federal, mas não vincula o 
Judiciário federal). O fundamento 
Constitucional seriam os arts. 84, II e 87 da 
CRFB/88. 
Art. 84. Compete privativamente ao 
Presidente da República: 
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de 
Estado, a direção superior da administração 
federal. 
 
Art. 87. PU. Compete ao Ministro de Estado, 
além de outras atribuições estabelecidas 
nesta Constituição e na lei: 
I - exercer a orientação, coordenação e 
supervisão dos órgãos e entidades da 
administração federal na área de sua 
competência e referendar os atos e decretos 
assinados pelo Presidente da República; 
II - expedir instruções para a execução das 
leis, decretos e regulamentos; 
III - apresentar ao Presidente da República 
relatório anual de sua gestão no Ministério; 
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições 
que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo 
Presidente daRepública. 
 
Há ainda, uma terceira posição (Marcos 
Juruena), que surge como meio termo entre 
as outras duas, dizendo que cabe Recurso 
Hierárquico Impróprio para questões de 
legalidade. 
Essa posição foi reforçada pela Lei nº 
5.427/09-RJ, dizendo que cabe Recurso 
Hierárquico Impróprio contra decisão de 
entidades administrativas, mas a decisão do 
Chefe do executivo deve se basear em 
ilegalidade e a nova decisão cabe à Agência 
Reguladora, não podendo o Executivo emitir 
decisão substitutiva, pois esse mister é da 
Agência Reguladora, que seguirá os 
parâmetros legais previstos. 
 
* Autonomia financeira 
Só é possível falar em autonomia, se 
houver recursos financeiros próprios. 
As Agências reguladoras, como qualquer 
outra autarquia, recebem dotação 
 
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orçamentária, porém, as legislações das 
mesmas fizeram previsão de receitas 
próprias, que não dependem de repasse do 
Governo, é a chamada “taxa regulatória”, que 
é cobrada diretamente pela Agência 
Reguladora. 
Há discussão na doutrina sobre a 
natureza jurídica da taxa regulatória, 
formando-se duas correntes: 
1ª (Carvalhinho) – taxa regulatória é 
tributo, não importando o tipo de Agência 
Reguladora, já que a taxa regulatória possui 
todas as características de uma taxa-tributo: 
criada por lei, coercitiva e possui fato 
gerador no exercício do poder de polícia. 
2ª corrente (Alexandre Aragão e 
Marcos Juruena) – a natureza jurídica 
dependerá da natureza da Agência 
reguladora. 
Se a Agência regular atividade 
econômica, a taxa regulatória tem natureza 
de tributo, pelos mesmos fundamentos do 
Carvalhinho. 
Se a Agência regular serviço público 
concedido, a taxa regulatória tem natureza 
jurídica de preço público, preço contratual, 
não tendo natureza tributária, não gozando 
das prerrogativas dos tributos, pois não há 
fato gerador de tributo. Neste caso não há 
exercício do poder de polícia, pois a Agência 
só exerce fiscalização sobre o 
concessionário do serviço público. 
Cabe esclarecer ainda que, sanção 
contratual é exercício do poder disciplinar, 
não do poder de polícia, já que aquele rege 
as relações especiais entre a Administração 
Pública e seus servidores e particulares. No 
poder de polícia, seu exercício é genérico. 
 
 
* Agência Reguladora poderia inovar na 
ordem jurídica? (autonomia normativa ou 
capacidade quase legislativa) 
Teoria da deslegalização ou da 
deslegiferação ou despolitização, segundo a 
qual, quando se estiver diante de matéria de 
natureza técnica, o poder de legislar sairia 
das mãos do político e iria para mão do 
técnico. Seria uma releitura do Princípio da 
Legalidade. 
Portanto, algumas matérias poderiam ser 
reguladas por Agência Reguladora, desde 
que tenham natureza técnica e não política. 
Entretanto, há duas correntes sobre o 
tema: 
1ª corrente (Carvalhinho, Diogo Figueiredo 
Moreira Neto, Marcos Juruena, etc) – o 
fundamento do poder normativo das 
Agências reguladoras é a chamada 
“deslegalização” ou “deslegificação” ou 
“despolitização”, que é a retirada, pelo 
próprio legislador, de determinada matéria, 
do domínio da lei, passando-a para o domínio 
do ato administrativo. 
Com a deslegalização ocorre a 
degradação da hierarquia legislativa, 
segundo a doutrina, pois um assunto que era 
tratado por lei, passa a ser tratado por um ato 
inferior, o ato administrativo, o que traria 
agilidade e tecnicidade ao tratamento da 
matéria, ocorreria a “despolitização” do setor, 
que passaria a ser tratado por técnicos. 
Segundo esta corrente, não haveria 
“delegação em branco”, e sim, “delegação 
com standards”, com parâmetros, mesmo 
que genericamente (ex.: se a norma 
reguladora contrariar a lei, será inválida). 
Todo ato administrativo normativo tem um 
resquício de criação de direitos e obrigações 
quando regula uma lei, caso contrário, ficaria 
inviabilizada a atividade administrativa. 
 
Profº Rafael Sieiro 
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Segundo Hans Kelsen, “interpretar o 
direito é criar o direito no caso concreto”. 
 
2ª corrente (Maria Sylvia, Celso Antônio 
Bandeira de Mello, Gustavo Binenbojm, 
Marçal Justen Filho – majoritária) – não 
pode uma Agência Reguladora criar direitos 
e deveres no setor regulado, não podendo 
estabelecer conteúdo da atividade regulada, 
pois se as Agências Reguladoras pudessem 
fazê-lo, estariam violando o Princípio da 
Legalidade e da Separação dos Poderes. 
Não caberia a “delegação em branco” ou 
“delegação inominada” de competência. 
O Poder Executivo só poderia criar 
direitos e obrigações em dois casos: Medida 
Provisória (art. 62 da CRFB/88) ou Lei 
Delegada (art. 68 da CRFB/88), ou seja, as 
Agências Reguladoras não tem poder 
normativo primário. 
Entretanto, Maria Sylvia diz que a Agência 
Reguladora pode baixar normas instituindo 
direitos e obrigações em dois casos: 
1º - na hipótese em que a Agência 
Reguladora tenha fundamento expresso na 
Constituição Federal (ex.: ANATEL – art. 21, 
XI e ANP – art. 177). 
Art. 21. Compete à União: 
XI - explorar, diretamente ou mediante 
autorização, concessão ou permissão, os 
serviços de telecomunicações, nos termos 
da lei, que disporá sobre a organização dos 
serviços, a criação de um órgão regulador e 
outros aspectos institucionais. 
 
Art. 177. Constituem monopólio da União: 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de 
petróleo e gás natural e outros 
hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou 
estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos 
e derivados básicos resultantes das 
atividades previstas nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto 
de origem nacional ou de derivados básicos 
de petróleo produzidos no País, bem assim o 
transporte, por meio de conduto, de petróleo 
bruto, seus derivados e gás natural de 
qualquer origem; 
 
2º - aplicado a todas as Agências 
Reguladoras, quando a norma baixada pela 
Agência passar previamente pelo crivo dos 
Agentes Regulados, ou seja, quando a norma 
regulatória for fruto de manifestação de 
vontade conjunta do Agente Regulado. 
Portanto, de acordo com a segunda 
corrente, se um ato da Agência Reguladora 
contrariar parâmetro legal, prevalecerá a 
vontade da lei, pois a lei é hierarquicamente 
superior. 
Mas, de acordo com a primeira corrente, 
prevaleceria o ato administrativo, não porque 
ele revogue a lei, mas porque o ato é um 
instrumento utilizado pela lei deslegalizador 
(lei posterior), para, de forma diferida no 
tempo, regular a lei anterior. Quem revoga 
não é o ato administrativo, mas a lei que 
previu que determinada Agência Reguladora 
iria regular a matéria. O ato administrativo 
inclui conteúdo à lei posterior, o que lhe dá 
força para revogar a lei. 
 
* Teoria da Captura – é o risco da 
regulação, ou seja, quando não há 
participação dos Agentes Regulados, essa 
regulação pode ser capturada pelos Agentes 
Econômicos, influenciando o conteúdo da 
norma regulatória.

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