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Questão Formação Histórica do Brasil Contemporâneo

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Discuta o papel da sociedade civil no processo de abertura democrática dos anos 1970 e 1980.
Alfred Stephan, discorrendo sobre os militares durante a transição para a democracia militar no Brasil pós regime ditatorial, aponta que "(...) os primórdios da distensão no Brasil podem ser detectados nas frestas abertas à sociedade civil, no final de 1973 e início de 1974, pelo presidente eleito, general Ernesto Geisel, e seu principal assessor político, general Golbery do Couto e Silva" (STEPHAN, 1986, 44).  
O autor traz alguns elementos que apontam para o esforço destes em uma aproximação com a sociedade civil, de reuniões com líderes sindicais a conversas com representantes religiosos, como Dom Evaristo Arns, importante agente da Igreja Católica na luta contra a ditadura militar. Episódios como o culto ecumênico pós morte de Vladimir Herzog, que gerou comoção nacional, foram importantes para que este processo de conquista da sociedade em relação a um novo regime democrático fosse ocorrendo, em conjunto a concessões por parte do regime então vigente.
Enquanto espaços institucionais, como a Escola Superior de Guerra (ESG), foram incorporando gradualmente elementos pró-democráticos em seus documentos: o caso do livro da Doutrina Oficial da ESG que na década de 70 reconheceu como legítimo o direito de oposição e na seguinte consolidou mais aspectos de abertura à pluralidade em Complementos da Doutrina, a sociedade foi manifestando sua crescente desaprovação com o status quo. 
No ano de 1974 ocorreram eleições para o senado (1/3 dos senadores) e deputados federais e estaduais. A oposição cresceu significativamente, com vários representantes do MDB - Movimento Democrático Brasileiro eleitos. Segundo o historiador Antonio Barbosa, falando sobre o regime militar, “Nos dez anos anteriores, de 64 a 74, ele se consolidou, atingiu o auge. Nos dez anos posteriores, ele vai irremediavelmente vivendo o seu plano inclinado”. (BARBOSA, 2014, 2).
Pesquisa realizada em abril de 1982 com parcela de população de altos rendimentos trouxe em respostas números consideráveis de pessoas que acreditavam que os interesses próprios dos militares estavam acima dos interesses públicos e desejavam um próximo presidente que fosse da sociedade civil. A grande movimentação em torno da campanha Diretas Já! dois anos depois foi o resultado assim deste longo processo, embora esta também tenha necessitado da legitimação de líderes políticos, como governadores.
Desta maneira, tem-se o papel da sociedade civil como significativo, embora não decisivo, visto que uma série de questões institucionais, desde mudanças no contexto internacional até internas dentro do espectro militar foram de fato o carro-chefe da transição democrática no Brasil.
Referências
· STEPAN, A. Os militares: da abertura à Nova República. Paz e Terra, 1986 (caps 3, 4, 5 e 6)
· ESPECIAL, Jornal do Senado. Senado 74: A eleição que abalou a ditadura. 2014. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/jornal/edicoes/especiais/2014/11/19/jornal.pdf

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