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MEIOS DE PROVA (Continuação) Professora Benigna Teixeira PROVA TESTEMUNHAL É meio de prova consubstanciado na declaração em juízo de um terceiro que de alguma forma tenha presenciado os fatos discutidos na demanda. (NEVES, 2018) Prova testemunhal é a prova que pode ser obtida através das declarações de um terceiro, estranho ao processo, a respeito das alegações de fato debatidas no processo. A prova testemunhal fornece ao juízo a versão de alguém de como se passaram determinados fatos importantes para resolução do mérito da causa. (MARINONI, 2016) User Destacar User Caixa de texto é uma declaração realizada em juízo feita por uma terceira pessoa, que diz que viu um determinado fato relacionado com as partes do processo. a função da testemunha, busca por meio dela uma prova, uma prova que a testemunha presenciou. geralmente alegado na petição inicial ou na contestação. Cabimento • Art. 442, CPC. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. User Destacar É ADMISSÍVEL EXCLUSIVAMENTE PROVA TESTEMUNHAL? User Destacar User Destacar User Destacar Vejamos: • No CPC de 1973, o art. 401 exigia para a prova de negócios jurídicos de valor superior a dez salários mínimos, outro meio de prova que não o exclusivamente testemunhal. • No CC, art. 227, caput, também havia previsão de vedação de prova exclusivamente testemunhal para casos de negócios jurídicos superiores a 10 salários mínimos. • Mas, o NCPC (art. 1072, II) revogou o caput do art. 227 do CC e aboliu o art. 401 do CPC/73 que exigiam para a prova de negócios jurídicos de valor superior a dez salários mínimos, outro meio de prova que não o exclusivamente testemunhal. • Mas, o legislador deixou o parágrafo único do art. 227 do CC – Ponto intrigante, em razão da manutenção do dispositivo. Analisando os Dispositivos Art. 227, CC, parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. Está em consonância com o art. 444 e 445, CPC Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova. Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação. Desses dispositivos a doutrina extrai que a) se o contrato só pode ser celebrado por escritura pública, que é da substância do negócio, nenhuma outra prova pode ser admitida (art. 406); b) se o contrato pode ser celebrado por qualquer forma, inclusive verbal, a prova testemunhal pode ser usada sem restrições, independentemente do valor do negócio; c) se o contrato exige forma escrita, a prova testemunhal pode ser utilizada, desde que haja começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova (art. 444) ou quando o credor não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, nas hipóteses do art. 445. User Destacar Situações importantes do art. 445, CPC Art. 445, CPC. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação. Trata-se de Prova de Contrato Se o credor não tiver como comprovar o crédito – por documento Em quais casos? parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel Exemplo: dívida que envolve algum familiar; depósito necessário ou hospedagem. Entende-se que, pelas práticas usualmente adotadas, há impossibilidade material de provar o crédito pretendido. User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar As Testemunhas - Regra - todas as pessoas podem ser testemunhas. - Exceção – Incapazes, impedidas e suspeitas User Destacar Art. 447, CPC. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. § 1o São incapazes: I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental; II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos; IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam. User Destacar Incapazes • São incapazes de prestar testemunho: interdito por enfermidade ou por deficiência mental. • aquele que está doente ou possui retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, de modo que não tinha condições de discernir os fatos, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções. • Os menores de 16 anos • cego e surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam. OBS: De acordo com a Lei n ° 13.146/2015, a pessoa com deficiência é considerada plenamente capaz, admitindo-se excepcionalmente a relativização da capacidade por intermédio da curatela ou tomada de decisão apoiada. Art. 447, § 2º, CPC - São impedidos: I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; II - o que é parte na causa; III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes. Impedidos OBS: exceção à exceção. - No inc. I, do §2 ° , do art. 447, do NCPC, temos que o cônjuge, companheiro ou parentes estão impedidos. - No entanto, essas pessoas não estarão impedidas, ou seja, mesmo sendo previamente impedidas pelo NCPC, poderão testemunhar quando: a) o interesse público exigir; b) em causas relativas ao estado da pessoa; c) nos casos em que a prova não possa ser obtida de outra forma necessária ao julgamento do mérito. parte na causa quem intervém em nome da parte como tutor, representante da pessoa jurídica, juiz, advogado ou que tenham assistido a parte. User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Caixa de texto se o interesse público exigir que deve testemunhar. User Destacar User Destacar Art. 447, § 3º, CPC - São suspeitos: I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; II - o que tiver interesse no litígio. User Destacar Atenção! É preciso diferenciar a ocorrência de situações de impedimento e suspeição. - O impedimento, uma vez caracterizado, o testemunho será prontamente afastado. - O caso de suspeição há de se provar que a amizade, a inimizada ou o interesse jurídico pode prejudicar o testemunho. User Destacar É POSSÍVEL O JUIZ ADMITIR DEPOIMENTO DAQUELES QUE NÃO PODEM TESTEMUNHAR? User Destacar SIM Art. 447, CPC § 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas. § 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados INDEPENDENTEMENTE de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer. User Destacar User Destacar É POSSÍVEL SUBSTITUIR TESTEMUNHA DEPOIS DE ARROLADA NO PROCESSO? User Destacar Sim, mas deve observar os casos específicos. Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4 o e 5 o do art. 357, a parte só pode substituir a testemunha: I - que falecer: II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada. User Destacar TestemunhasDevem Depor Perante o Juiz da Causa Art. 453, CPC. As testemunhas depõem, na audiência de instrução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto: I - as que prestam depoimento antecipadamente; II - as que são inquiridas por carta. User Destacar O DEPOIMENTO POR INTERMÉDIO DE VIDEOCONFERÊNCIA OU DE RECURSOS TECNOLÓGICOS SERIA UMA EXCEÇÃO DE DEPOR DIANTE DO JUIZ DA CAUSA? User Destacar User Destacar Não! • Art. 453, CPC § 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento. User Destacar User Destacar Intimação da Testemunha • Regra - intimação por meio do advogado, que emitirá carta com aviso de recebimento (AR) para intimar a testemunha de que fora arrolada no processo. - Advogado da parte deverá, no prazo de 3 dias antes da audiência, juntar o comprovante de AR com a intimação positiva. - Se o advogado não cumprir com a obrigação de intimar a testemunha, o juiz entenderá que houve desistência em ouvi-la. OBS: Esse procedimento dispensa a intimação judicial e, caso a parte não compareça, teremos a intimação judicial. OBS2: É possível o advogado, independentemente de intimação, comparecer com a testemunha em juízo no dia da audiência. Mas, se a testemunha não comparecer – o juiz entenderá que ocorreu desistência da oitiva da testemunha. User Destacar User Destacar Art. 455, CPC. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo. § 1o A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com antecedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento. § 2o A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência, independentemente da intimação de que trata o § 1º, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu de sua inquirição. § 3o A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1º importa desistência da inquirição da testemunha. E QUANDO A TESTEMUNHA SERÁ INTIMADA POR VIA JUDICIAL? User Destacar § 4o A intimação será feita pela via judicial quando: I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo; II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz; III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública; V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454. A Oitiva da Testemunha • As testemunhas devem ser ouvidas em separado • Primeiro devem ser ouvidas as testemunhas do autor e depois a do réu. User Destacar Art. 456, CPC. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das outras. - A ordem da oitiva poderá ser invertida- mas, ATENÇÃO ao parágrafo único do art. 456, CPC. Art. 456, CPC Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no caput se as partes concordarem. User Sublinhar User Sublinhar User Destacar User Destacar User Destacar Cross Examination - O advogado pergunta diretamente a parte, cabendo ao juiz a razoabilidade e proporcionalidade. Art. 459, CPC. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida User Destacar User Destacar User Destacar User Caixa de texto antes tinha que passar a pergunta ao juiz, para o juiz perguntar a testemunha, o advogado nao podia perguntar diretamente para a testemunha, a mudança ocorreu no cpc de 2015 PROVA PERICIAL A prova pericial é aquela em que a elucidação do fato se dá com o auxílio de um perito, especialista em determinado campo do saber, que deve registrar sua opinião técnica e científica no chamado laudo pericial - que poderá ser objeto de discussão pelas partes e por seus assistentes técnicos. (JR. DIDIER, 2016) Art. 464, CPC. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. - EXAME: inspeção por meio de perito sobre pessoas, coisas móveis ou animais para a verificação de fatos. - VISTORIA: inspeção sobre bens imóveis. - AVALIAÇÃO: estimativa do valor, em moeda corrente, de coisas, direitos e obrigações. § 1º O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. Prova pericial pode recair sobre pessoas e coisas - Exemplos de provas periciais, podemos destacar a vistoria em determinado imóvel, o exame de DNA, a perícia médica sobre determinada limitação física ou danos estéticos em razão de um acidente automobilístico Prova Técnica Simplificada Art. 464, CPC § 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. § 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. § 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. E SE A MATÉRIA PERICIADA NÃO FOI ELUCIDADA A PROVA FICARÁ PREJUDICADA? Não! Art. 480,CPC. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. § 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. § 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. INSPEÇÃO JUDICIAL A inspeção judicial é o meio de prova que visa possibilitar o contato direto do magistrado com pessoa, coisa ou lugar a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.(MARINONI, 2016) Art. 481, CPC O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa. A inspeção • Poderá ser acompanhada por perito • Em alguns casos o Juiz poderá se deslocar até o local da realização da inspeção. Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; III - determinar a reconstituição dos fatos. CONFISSÃO É a declaração da parte que reconhece como verdadeiros fatos que são contrários ao seu próprio interesse e favoráveis aos do adversário. (GONÇALVES, 2016) Espécies de Confissão • Judicial – realizada no curso do processo. Pode ser escrita ou oral, durante depoimento pessoal. • Extrajudicial – Fora do Âmbito processual. Será necessário provar. A judicial pode ser de duas espécies: - Espontânea: é apresentada pela partefora do depoimento pessoal, em manifestação por ela apresentada no processo. - Provocada: ocorre em depoimento pessoal, quando a parte responde às perguntas formuladas A Extrajudicial: - Será necessário ser comprovada, seja por documentos, seja por testemunhas. - Pode ser realizada por escrito ou verbalmente, caso em que só terá eficácia quando a lei não exija prova literal. - Pode ser expressa ou ficta: • Expressa é manifestada pela parte, por escrito ou verbalmente. • Ficta é sempre consequência de omissão da parte, que ou não apresentou contestação, ou não compareceu à audiência para a qual foi intimada para prestar depoimento pessoal, ou compareceu, mas se recusou a prestá-lo. Eficácia Art. 374, CPC II - Não dependem de prova os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária Restrições a Eficácia - Exemplos: • Não se admite confissão em juízo de fatos relativos a direitos indisponíveis (art. 392, CPC) • A confissão não supre a exigência da apresentação de instrumento público, para comprovar a existência de negócio jurídico que o exige, como de sua substância (CPC, art. 406) • Quando houver litisconsórcio, a confissão de um não poderá prejudicar os demais. Perda da Eficácia • Art. 393, CPC. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. Indivisibilidade da Confissão Art. 395, CPC. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
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