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Transtornos do humor


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Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) 
 
1 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Transtornos do humor 
Transtorno depressivo 
• A depressão é uma doença “do organismo inteiro” , que compromete o físico, o humor e, em consequência, o pensamento. 
Ela altera a maneira como o indivíduo vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a 
disposição e o prazer com a vida, além de afetar a forma como se alimenta e dorme, como se sente em relação a si mesmo 
e como pensa sobre as coisas. 
• A depressão, de modo geral, resulta em uma inibição global da pessoa, afeta a parte psíquica e as funções mais nobres 
da mente humana, como a memória, o raciocínio, a criatividade, a vontade, o amor, o sexo e a parte física. Tudo parece 
difícil, problemático e cansativo para o deprimido. 
• A pessoa deprimida não tem ânimo para os prazeres nem para quase nada na vida; pouco adiantam os conselhos para 
que passeie, encontre pessoas diferentes, frequente grupos religiosos ou pratique atividades. Ela sabe e tem consciência 
das coisas boas da vida, sabe que tudo poderia ser bem pior, pode até saber que os motivos do seu estado sentimental 
não são tão importantes; entretanto, apesar de não desejar estar muito deprimida, continua dessa forma. 
• Segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2017, a prevalência da depressão no Brasil já é a segunda 
maior carga de incapacidade, sendo o maior índice na América Latina. São mais de 11 milhões de brasileiros 
diagnosticados com a doença, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A prevalência registrada é 
maior entre as mulheres (10,9%) do que nos homens (3,9%). 
• A doença é, essencialmente, um transtorno episódico e recorrente. Cada episódio depressivo dura, em geral, alguns 
meses, seguido de um período normal. 
• Em cerca de 20% dos casos, porém, a depressão segue um curso crônico e sem remissão, ou seja, é contínua, 
especialmente quando não há tratamento adequado disponível. A taxa de recorrência para aqueles que se recuperam do 
primeiro episódio fica em torno de 35% dentro de 2 anos, e cerca de 60% dentro de 12 anos. A taxa de recaídas é mais 
alta nas pessoas com mais de 45 anos. 
• Um dos resultados particularmente trágicos desse distúrbio é o suicídio, que continua a ser um dos resultados frequentes 
(cerca de 15 a 20% dos pacientes depressivos o cometem) e evitáveis da depressão. 
• Os sintomas da depressão são muito variados, desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos, 
até as alterações da sensação corpórea, como dores e enjoos. 
Critérios diagnósticos 
Depressão Maior 
• Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é um quadro de sintomas intensos, em que, 
necessariamente, devem estar presentes anedonia e/ou humor polarizado para depressão e cinco ou mais dos seguintes 
critérios, por, no mínimo, 2 semanas: 
1. Hiperfagia ou perda de apetite; 
2. Insônia ou hipersônia; 
3. Agitação ou lentificação psicomotora; 
4. Fadiga ou perda de energia; 
5. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; 
6. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; 
7. Pensamentos de morte recorrentes/ideação suicida/tentativa de suicídio. 
O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo, segundo a Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10): leve, moderado e grave, como descrito a seguir: 
1. Leve: em geral, estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados. O paciente sofre com a presença 
deles, mas, provavelmente, será capaz de desempenhar a maior parte das suas atividades sociais e ocupacionais; 
2. Moderado: em geral, estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados, e o paciente, aparentemente, tem 
muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina; 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) 
 
2 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
3. Grave sem sintomas psicóticos: vários dos sintomas estão presentes, tipicamente a perda da autoestima e ideias 
de desvalia ou culpa. As ideias e os atos suicidas são comuns, e observa-se, de modo habitual, uma série de 
sintomas físicos; 
4. Grave com sintomas psicóticos: acompanhada de alucinações, ideias delirantes, lentidão psicomotora ou 
estupor de gravidade, tal que todas as atividades sociais e ocupacionais se tornam impossíveis de serem 
realizadas. Pode existir o risco de morrer por suicídio, desidratação ou desnutrição. 
Depressão atípica 
• Ocorrem sintomas menos comuns, como ansiedade, hiperfagia, hipersônia e irritabilidade. 
• Quando os sintomas são de natureza física, aparecem em qualquer órgão ou sistema. Quando psíquicos, manifestam-se 
por meio de determinadas emoções que equivalem aos sentimentos depressivos, embora tenham outro aspecto. Diz-se 
“predominantemente” porque haverá predomínio de sintomas físicos ou psíquicos em cada caso, mas a mesma pessoa 
pode apresentar tanto sintomas físicos como psíquicos ao mesmo tempo. 
• É o que acontece com mais frequência, ou seja, a pessoa, além da ansiedade, da fobia ou do pânico (sintomas psíquicos), 
apresenta, ainda, palpitação, sudorese, formigamentos, tontura, hipertensão e taquicardia (sintomas físicos) etc. 
• Há também a depressão reativa a alguma situação vivencial traumática e a depressão secundária a uma condição 
orgânica (tumores, hipotireoidismo). 
Distimia 
• O traço essencial da distimia é o estado depressivo leve e prolongado. Pelos critérios diagnósticos do DSM-5, são 
necessários 2 anos de período contínuo predominantemente depressivo para os adultos e 1 ano para as crianças; para 
elas, o humor pode ser irritável em vez de depressivo. Outros sintomas que acompanham são: 
1. Insônia ou hipersônia; 
2. Alta de energia ou fadiga; 
3. Baixa da autoestima; 
5. Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões; 
6. Sentimento de falta de esperança; 
7. Descontrole do apetite. 
Na presença de quadros depressivos prolongados (> 2 anos), sem comprometimento no trabalho e na vida social, deve-se 
suspeitar de distimia. 
Depressão pós-parto 
• Há três formas de depressão no pós-parto, uma mais leve e mais comum, chamada pelos americanos de “blues post 
partum” (disforia), outra chamada depressão pós-parto, e a psicose puerperal. O blues é uma condição benigna que 
se inicia nos primeiros dias após o parto (2 a 5 dias), dura de alguns dias a poucas semanas, é de intensidade leve, 
autolimitada e cede espontaneamente. 
• Caracteriza-se, basicamente, pelo sentimento de tristeza e o choro fácil, que não impedem a realização das tarefas de 
mãe. Aproximadamente metade das mulheres é acometida pelo blues no pós-parto. Os sintomas dessa síndrome 
iniciam-se logo nos primeiros dias do pós-parto, diminuindo por volta do 15º dia, e se resolvem pouco depois. 
• Uma das características do diagnóstico é que seus sintomas característicos não são considerados suficientes para causar 
sérios danos ao desempenho da mulher, o que é diferente da depressão pós-parto. Em algumas mulheres, no entanto, o 
transtorno inicialmente tido como blues persiste, e evolui para um quadro mais grave dedepressão pós-parto. A 
depressão pós-parto é uma depressão propriamente dita, que recebe tal classificação sempre que iniciada nas 6 primeiras 
semanas após o parto, segundo a CID-10. 
• Sua manifestação clínica é igual à das depressões, ou seja, é prolongada e incapacitante, e requer o uso de 
antidepressivos. Seu principal problema reside no uso das medicações. Recomenda-se o uso de fluoxetina ou 
citalopram, que não prejudicam a criança na amamentação. 
• A psicose puerperal acomete menos de 1% dos casos, com início de até 2 a 3 semanas após o parto. 
• Inicia-se com sintomas depressivos, que rapidamente progridem para delírios, alucinações e agitação psicomotora. 
• O quadro dura de6 a 12 semanas, e o tratamento consiste em separar a mãe da criança, e em usar neurolépticos. 
Ocorrem infanticídios em 2% dos casos e suicídio em 1%. 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) 
 
3 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Disforia 
• A disforia caracteriza-se pela mudança repentina e transitória do estado de ânimo, com sentimentos de tristeza, pena e 
angústia. É um mal-estar psíquico, acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo. 
Depressão secundária a patologias 
clínicas ou medicamentos 
• Um quadro depressivo pode ser secundário a uma patologia orgânica, que pode ser sistêmica ou, principalmente, cerebral. 
• Hipotireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Parkinson, acidentes vasculares cerebrais próximos ao lobo 
frontal e dependência de álcool são exemplos de patologias que cursam com frequência com quadro depressivo. 
• Medicações que podem causar depressão: 
Princípio ativo Indicação 
Levodopa Tratamento de Parkinson 
Fenobarbital Antiepiléptico 
Benzodiazepínicos Tratamento da insônia e ansiedade 
Metoprolol HAS 
Diltiazem HAS 
Morfina Analgésico 
Aciclovir Tratamento do herpes 
Sinvastatina Hipercolesterolemia 
 
• O tratamento da depressão secundária a patologia clínica e ao uso de medicamentos é semelhante ao tratamento da 
depressão comum, somando-se ao antidepressivo o tratamento da doença clínica ou a substituição da medicação que 
causa os sintomas (quando possível). 
Tratamento dos estados depressivos 
• O tratamento é realizado com antidepressivos e psicoterapia. Deve se avaliar a necessidade de internação, caso seja 
identificado o risco de suicídio. 
Transtorno Afetivo Bipolar 
• A alternância de estados depressivos com maníacos caracteriza tal distúrbio. Muitas vezes, o diagnóstico correto só é 
feito depois de muitos anos. 
• Uma pessoa com depressão e que, 10 anos depois, tenhaum episódio maníaco, apresenta, na verdade, o transtorno 
bipolar; no entanto, seu diagnóstico só poderia ser possível com o surgimento da fase maníaca. 
• A depressão do transtorno bipolar é igual à depressão comum, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não 
recebe o mesmo tratamento do paciente unipolar. 
• Tal transtorno geralmente se inicia em torno dos 20 a 30 anos, mas pode começar mesmo após os 70 anos. 
• O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, gradualmente ao longo de semanas, meses ou 
abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos, o que, muitas vezes, faz confundir com síndromes psicóticas 
puras. 
• Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos 
maníacos), muitas vezes confundindo os médicos e retardando o diagnóstico da fase em atividade. 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) 
 
4 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
 
Fase maníaca 
• O estado de humor está elevado, há alegria contagiante ou irritação agressiva. 
• É acompanhada de elevação da autoestima e de sentimentos de grandiosidade, podendo chegar à manifestação 
delirante de grandeza, considerando-se uma pessoa dotada de poderes especiais. 
• Há aumento da atividade motora com grande vigor físico e, apesar disso, com diminuição da necessidade de sono e 
dificuldade de ficar parado e de concentrar-se nas tarefas. Nessa fase, o paciente literalmente “ri da própria desgraça”. 
Inicialmente, quando os sintomas ainda não se aprofundaram, o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma 
grande personalidade; com o aprofundamento do quadro, tal ideia torna-se uma convicção delirante. 
• O senso de perigo fica comprometido, e o indivíduo envolve-se em atividades que apresentam risco tanto para integridade 
física como patrimonial. 
• O comportamento sexual torna-se excessivamente desinibido, mesmo promíscuo, com numerosos parceiros em um 
curto espaço de tempo. 
• Os pensamentos são incontroláveis para o próprio paciente; para as outras pessoas, a grande confusão de ideias, na 
verdade, diz respeito à interrupção de temas para que se iniciem outros, os quais, por sua vez, também não são concluídos, 
e assim por diante. 
• Essa aceleração do pensamento, com consequente perda da lógica, denomina-se fuga de ideias. 
• Pelo DSM-5, um episódio de mania é caracterizado por período distinto de humor anormal e persistentemente 
elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com 
duração mínima de 1 semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a 
hospitalização se fizer necessária). 
• Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos sintomas que serão 
descritos a seguir (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam mudança 
notável do comportamento habitual. 
• Principais características da fase maníaca e hipomaníaca (DSM-5): 
1. Diminuição do sono; 
2. Hiperatividade; 
3. Aceleração do pensamento; 
4. Ideias de grandiosidade; 
5. Sintomas psicóticos; 
6. Pressão de discurso; 
7. Aumento da autoestima. 
Fase hipomaníaca 
• Pelo DSM-5, é caracterizada por um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável 
e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de 4 dias consecutivos e presente na 
maior parte do dia, quase todos os dias. 
• Também são necessários três ou mais dos sintomas listados na fase maníaca, porém o episódio não é suficientemente 
grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) 
 
5 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
• Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco. 
Ciclotimia 
• Flutuação crônica (2 ou mais anos) do humor, com vários períodos com sintomas hipomaníacos que não satisfazem os 
critérios para episódio hipomaníaco e diversos outros períodos com sintomas depressivos que não satisfazem os critérios 
para episódio depressivo maior. 
• Os sintomas não são suficientes e duradouros para que se considere transtorno afetivo bipolar, e a pessoa permanece 
dessa maneira a maior parte do tempo. 
Tratamento 
• O tratamento é realizado com estabilizadores de humor. Na presença de agitação e psicose, deve-se associar um 
antipsicótico. 
• Podem ser necessárias internação e contenção física para preservar o paciente