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Perspectivas de gênero Flaviana Moraes Pantoja Doutoranda PPHR- UFRRJ INTRODUÇÃO – Gênero enquanto categoria de análise. Mais de 30 anos nas ciências humanas valorizando os trabalhos que problematizam as questões referentes ao corpo e a sexualidade; Definição mais usual de gênero é a que considera este como uma categoria relacional; gênero não deve ser tomado como sinônimo dos termos mulher ou sexo; Rompe com as abordagens descritivas. Donna Haraway (2004) o gênero é um conceito desenvolvido para contestar a naturalização da diferença sexual em múltiplas arenas de luta. A categoria Gênero e suas perspectivas teóricas. 1 - A perspectiva biológica: os corpos dos homens e mulheres, por serem natural, biológica e anatomicamente diferentes, resultam em características psicológicas, sociais e comportamentais diferenciadas. Seguia um rígido binarismo, como a noção dos sexos biológicos (macho/fêmea) decorreriam os gêneros (masculino/ feminino). Principal propagadora: A Igreja Católica; O Darwinismo Social também foi utilizado para dar legitimidade. 2 – A Perspectiva Psicanalítica: Robert Stoller formulou o conceito de identidade de gênero no quadro da distinção biologia/cultura, vinculando sexo à biologia gênero à cultura. Continua a enfatizar o binarismo macho/fêmea Perspectiva pós-estruturalista: Joan Scott – Influenciada pelo desconstrucionismo de Derrida e das formulações sobre poder de Foucault, define gênero se afastando da determinação biológica e se aproximando das relações de poder que sustentam as relações entre homens e mulheres. 1986: “Gênero: uma categoria útil para análise histórica” Crítica: Scott não rompe totalmente com o binarismo e com o essencialismo biológico uma vez que a partir de seus estudos propõe- se um modelo de compreensão das relações sociais e sexuais que estabelece dois sexos e dois gêneros Judith Butler – O gênero não é uma identidade estável, é uma identidade que pode ser facilmente definida através da repetição de atos e do próprio corpo. gênero é um ato intencional, uma performance que produz significado e assim não deve ser entendido como a inscrição cultural num sexo previamente dado. Butler argumenta que o sexo e o gênero são discursivamente construídos Teoria Queer Teresa de Lauretis formula o termo “Teoria Queer” em 1990; conceito de gênero e as noções de identidade e de desejo além das normas heteronormativas do gênero. O queer toma o desejo sexual como uma construção social e reconhece que a heterossexualidade impõe sua normatividade, apontando que não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana. Crítica! A exploração teórica do gênero, as concepções clássicas acabaram por receber críticas relevantes por muitas das vezes não articularem ao gênero outras categorias como a de raça. Destaca-se portanto que não basta apenas analisar os sujeitos históricos dentro do sistema sexo/gênero, mas em um sistema de colonialidade que articula os sexo, gênero, raça e classe como marcadores para dar diferentes sentidos as análises teóricas. A abordagens teóricas em torno do gênero carregam uma perspectiva de conhecimento e um modo de produzir conhecimento que demonstram o caráter do padrão mundial de poder: colonial/moderno, capitalista e eurocentrado, onde a Europa seria a detentora do conhecimento. A necessidade de descolonizar: o pensamento decolonial Surge na América Latina a intenção de convergir múltiplas questões de gênero, raça, classe, descolando-se do pensamento eurocêntrico hegêmonico; Descolonizar o gênero é importante pois muito da análise utilizada para debatê-lo baseia-se em questões conceituais tipicamente européias excluindo, portanto, grupos que não se adequam a realidade vivida pelo colonizador; A produção do conhecimento sobre mulheres latinas, mulheres negras, mulheres indígenas deve ser produzida por elas mesmas. Referências BUTLER, Judith. Os atos performativos e a constituição do gênero: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. Tradução de Jamille Pinheiro Dias. Caderno de leituras, n. 78. Belo Horizonte: Chão da feira, 2018, p. 1-16. HARAWAY, Donna. "Gênero" para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra. Cad. Pagu [online]. 2004, n.22, pp. 211. ISSN 1809-4449. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332004000100009. LAURETIS, Teresa de. Teoria queer, 20 anos depois: identidade,sexualidade e política. In: Heloísa Buarque de Holanda. Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Editora Bazar do Tempo, 2019. LUGONES, María. "Rumo a um feminismo descolonial." Revista Estudo Feministas, vol. 22, no. 3, 2014. SCOTT, JOAN. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre: Faculdade de Educação/UFRGS. Vol. 6, n. 2, Jul/dez 1990.
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