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contestação1 04-04

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DO FORO 
REGIONAL DE ITAIPAVA DA COMARCA DE PETRÓPOLIS/RJ 
 
 
 
Autos nº: nº 0800052-45.2020.8.19.0079 
 
 
 
BOM REPARO LTDA (Nome da Empresa), com sede em (xxx), na Rua (xxx), 
nº (xxx), bairro (xxx), Cep (xxx), no Estado (xxx), inscrito no C.N.P.J. sob o 
nº (xxx), e no Cadastro Estadual sob o nº (xxx), neste ato representada 
pelo seu diretor (xxx), (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), Carteira 
de Identidade nº (xxx), C.P.F. nº (xxx), e ) MARCIO LIMA (Nacionalidade), 
(Estado Civil), (Profissão), Carteira de Identidade nº (xxx), C.P.F. nº (xxx) 
residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), bairro (xxx), Cep (xxx), 
Cidade (xxx), no Estado (xxx), por seu procurador infra-assinado, mandato 
anexo (doc. 1), vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência 
apresentar: 
 
CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
 
que lhe move MARIA FERREIRA, (Nacionalidade), (Profissão), (Estado 
Civil), portador da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrito no CPF sob o nº 
(xxx), residente e domiciliado à Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade 
(xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), pelos motivos que passa a expor: 
 
PRELIMINARMENTE 
DA INCOPETÊNCIA DO JUÍZO 
 
Incompetência é o impedimento legal que veta ao juízo o 
processamento e o conhecimento de determinados litígios judiciais que 
escapam às suas atribuições. No presente caso ocorre o caso de 
incompetência do juízo, pois tanto a ré quanto a autora tem endereço no 
centro da cidade de Petrópolis, dessa forma, os autos do processo devem 
ser remetidos ao juízo competente (§3º do art. 64, CPC/2015). 
 
DA INÉPCIA DA INICIAL 
 
 Fica evidente quando o pedido não é claro ou inexiste, ou é 
juridicamente impossível. A falta de um pedido, um pedido claro ou 
possível, basicamente, inviabiliza o processo porque o pedido é a essência 
da ação. Perante a sua não existência ou impossibilidade em ser atendido, 
em razão de que se propõe a ação? Por esse entendimento É NECESSARIO 
na presente ação que o juiz indefira a petição inicial. 
 
Art. 330. A petição inicial será indeferida 
quando: 
 
I – for inepta; 
 
 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial 
quando: 
 
 
II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as 
hipóteses legais em que se permite o pedido 
genérico; 
 
 
IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. 
 
 
DOS FATOS 
 
1. A inicial aduz que a autora é proprietária de uma TV da marca LG, 
adquirida em março de 2018, e que em dezembro de 2020, a imagem 
simplesmente desapareceu. A TV encontrava fora do prazo da Garantia, 
então a autora levou seu produto para a sede da ré, onde foi constatado 
que seria necessário a troca da placa de vídeo, pois encontrava-se 
queimada. 
 
2. Fora informado que o valor para o reparo era de R$ 450,00, e que o 
reparo seria realizado no prazo de 5 dias. A autora concordou com a 
realização do reparo, tudo devidamente comprovado através da Ordem 
de Serviço de nº 4545. Após a aceitação do serviço, a Eletrônica procedeu 
com o reparo, dentro do prazo estabelecido. 
 
3. A consumidora foi até o estabelecimento, retirou a TV, assinou a 
ordem de serviço de retirada e recebeu garantia de 90 dias para possível 
defeito, do serviço prestado. Contudo, 5 dias depois a retirada, Maria 
entrou em contato com a Empresa, alegando que a tela de sua TV estava 
rachada, de uma extremidade à outra, impossibilitando a utilização. 
 
4. Neste contato a autora imputava à empresa o defeito em seu produto. 
A empresa, informou que a garantia não cobre esse serviço. Porem a ré 
informa que no momento da retirada, sempre é feito o teste na frente dos 
clientes, e que inclusive na ordem de serviço da retirada (doc.5), está 
claramente informado isso, e que a TV foi ligada e Maria estava presente e 
acompanhou o teste. 
 
5. Caso a TV estivesse quebrada no momento em que a TV estava na 
Empresa, esse defeito apareceria no momento do teste e sequer a TV 
ligaria. alega que esse dano não ocorreu no seu estabelecimento, e sim 
posterior a retirada. 
 
DOS FUNDAMENTOS 
 
DA EXCLUDENTE DO NEXO DE CAUSALIDADE (CULPA OU FATO 
EXCLUSIVO DA VÍTIMA) 
 
 No momento da retirada, sempre é feito o teste na frente dos 
clientes, e que inclusive na ordem de serviço da retirada (doc.5), está 
claramente informado isso, e que a TV foi ligada e Maria estava presente e 
acompanhou o teste. 
 Caso a TV estivesse quebrada no momento em que a TV estava na 
Empresa, esse defeito apareceria no momento do teste e sequer a TV 
ligaria. Esse dano não ocorreu no seu estabelecimento, e sim posterior à 
retirada. 
Desta afastando a responsabilidade da ré e do réu, restando 
somente à responsabilidade da autora. 
Uma das condições essenciais à responsabilidade civil é a presença 
de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano por ele produzido. Trata-se 
do elo etiológico, do liame, que une a conduta do agente (positiva ou 
negativa) ao dano. 
Importante registrar, de outro turno, que o Código de Defesa do 
Consumidor prevê a responsabilidade do fornecedor, ressalvada a 
hipótese de culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, § 3º, 
inciso II), situação a incidir na espécie. 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: 
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito 
inexiste; II – a culpa exclusiva do 
consumidor ou de terceiro. 
 
A despeito do artigo mencionado, a empresa requerida deve provar 
a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, fato que será 
demonstrado oportunamente, por meio de imagens de câmera de circuito 
interno. 
Assim, não há se falar nem em culpa concorrente, uma vez que o 
liame sequer existiu, não fazendo incidir a hipótese do art. 945 do Código 
Civil. A culpa, portanto, é exclusiva da vítima, que não observou a 
exigência do dever de vigilância. 
Nesse sentido, escreve ZELMO DENARI: 
 
“A culpa exclusiva da vítima é 
inconfundível com a culpa concorrente: no 
primeiro caso desaparece a relação de 
causalidade entre o defeito do produto e o 
evento danoso, dissolvendo-se a própria 
relação de responsabilidade; no segundo, a 
responsabilidade se atenua em razão da 
concorrência de culpa e os aplicadores da 
norma costumam condenar o agente 
causador do dano a reparar pela metade o 
prejuízo, cabendo à vítima arcar com a 
outra metade.” (texto original sem grifos). 
 
Ainda, AGUIAR DIAS, preleciona que: “Admite-se como causa de 
isenção de responsabilidade o que se chama de culpa exclusiva da vítima. 
Com isso, na realidade, se alude a ato ou fato exclusivo da vítima, pelo 
qual fica eliminada a causalidade em relação ao terceiro interveniente no 
ato danoso’’. 
 
DA INEXISTÊNCIA DE DANO MATERIAL 
 
Para que o dano seja efetivamente reparável, é necessária a 
conjugação dos seguintes requisitos mínimos: 
a) a violação de um interesse jurídico patrimonial ou 
extrapatrimonial; 
b) certeza do dano – somente o dano certo, efetivo, é 
indenizável e; 
c) subsistência do dano. 
 
Esses três são os requisitos básicos para que se possa atribuir o 
qualificativo “reparável” ao dano. Dito isto e averiguando os fatos 
narrados na peça inicial, não se vislumbra a conjugação de tais requisitos. 
A um, porque não houve violação de um interesse jurídico demonstrado a 
priori; a dois, o dano não é certo; e três, não havendo os dois últimos, não 
há se falar em subsistência do dano. 
 
[...] A melhor doutrina caracteriza o fato 
doloso de terceiro, vale dizer, o fato exclusivo de 
terceiro, como fortuito externo, com o que 
estamos de pleno acordo. Ele exclui o próprio 
nexo causal, equiparável àforça maior, e, por via 
de consequência, exonera de responsabilidade o 
transportador. O transporte, em casos tais, não é 
causa do evento; é apenas a sua ocasião. E mais: 
após a vigência do Código do Consumidor, esse 
entendimento passou a ter base legal, 
porquanto, entre as causas exonerativas da 
responsabilidade do prestador de serviços, o § 
3º, II, do art. 14 daquele Código incluiu o fato 
exclusivo de terceiro (Programa de 
responsabilidade civil - 9ª ed. - São Paulo: Atlas, 
2010. p. 321). 
 
DO VALOR DO BEM 
 
 Os valores pugnados pelo autor não correspondem ao valor de 
mercado do bem aduzido, como se demonstrará a seguir. Roga o autor 
pela condenação da ré no valor de R$2.500,00, contudo, uma vez que uma 
TV da mesma marca e com as mesmas configurações custa R$ 800,00 (em 
anexo doc.). 
 
DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL 
 
 Em relação ao dano extra patrimonial alegado, inexistem indícios de 
excepcionalidade lesiva na situação fática enfrentada, hábeis a ensejar 
direito a reparação nos moldes do postulado. Ademais, a pouca 
credibilidade que se depreende dos fatos narrados na postulação do 
demandante não autorizam outra decisão senão pela improcedência dos 
pedidos. Não provado o dano material, pelos mesmos motivos 
supraescritos também não há que se falar em dano moral. O suposto dano 
alegado pelo autor não se configura nas causas in re ipsa. 
 
DOS PEDIDOS 
 
 Ante o exposto, requer o requerente a V. Exa.: 
 
A) PRELIMINARMENTE; 
a.1) INDEFERIR a petição inepta; 
a.2) Caso Vossa Excelência julgue não haver inépcia da inicial, requer, 
ainda em sede preliminar, a preliminar pela incompetência do juízo. 
b) A requerida, desde já, informa não desejar participar de audiência de 
autocomposição. 
c) Requer-se, ainda, a inversão do ônus da prova. 
d) Para a hipótese de não acolhimento das preliminares, subsidiariamente, 
no mérito, requer que este Juízo digne-se a julgar a ação totalmente 
IMPROCEDENTE ante a inexistência de dano patrimonial, por absoluta 
falta nexo causal, bem como a inexistência de dano moral apto a 
indenizar. 
e) provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, 
especialmente pelos documentos ora juntados aos autos – e, caso Vossa 
Excelência entenda necessária a realização de audiência, requere o réu o 
depoimento pessoal do autor. 
f) a condenação da autora no ônus de sucumbência, em 10% do valor da 
causa, nos termos do art. 85,§§ 2º e 6º do CPC. 
g) Seja arquivado o feito. 
 
Termos que, 
 
Pede Deferimento. 
 
Petrópolis, 02 de Junho de 2021. 
 
ADVOGADO 
OAB/UF Nº

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