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1 Classificação do recém nascido: Peso ao nascimento (deve ser medido na 1º hora de vida ): o Recém- n a s c i d o de baixo peso ao nascer (RNBP) é aquele com igual ou menos de 2500g o Recém- n a s c i d o s de muito baixo peso ao nascer são aquele com peso inferior a 1500g o Recém-nascido de extremo baixo peso é aquele com peso de nascimento menor que 1000g. E menos de 28 semanas de gestação (Chemin) Idade gestacional (IG) o Inferior a 37 semanas são chamados de prematuros ou pré-termos (RNPT) o Entre 37 e 41 semanas e 6 dias é uma gestação a termo o 42 semanas completas ou mais são os pós termos Percentil: relaciona peso e idade gestacional (Chemin): o PIG: peso ao nascimento menor do que o percentil 10 do peso padrão para aquela idade gestacional o AIG (apropriado para idade gestacional): peso ao nascimento entre p10 e p90 na curva de crescimento intra uterina o GIG (grande para idade gestacional): acima do p90 no gráfico de crescimento intra-uterino A aceleração ou o retardo do crescimento pode ocorrer independente do tempo de duração normal da gestação (Chemin). Os RN podem ter nascido a termo, mas apresentar condição desfavorável devido a um RCIU ou à desnutrição fetal. Neste caso, será chamado de pequeno para idade gestacional (PIG). Porém existe aquele que é AIG e apresenta baixo peso ao nascer (BPN) devido ao parto prematuro que pode ter sido ocasionado por condições como desnutrição, etilismo e tabagismo maternos. O BPN pode ser atribuído a um período de gestação abreviado, a prematuridade ou a taxa de crescimento intra uterino retardada, o que o torna PIG. Para classificar se o bebê, seja ele prematuro ou não, é PIG, AIG ou GIG, é necessária a utilização de curvas de crescimento, essa relação influenciará nas necessidades fisiológicas, nutricionais e em toda abordagem clínica e de desenvolvimento. Essa relação reflete o adequado crescimento intrauterino e tem como objetivo antecipar a avaliação da morbimortalidade neonatal, sendo recomendada pela Academia Americana de Pediatria para todos os RN (Chemin). Os PIG ou GIG irão apresentar problemas clínicos imediatos ou tardios inerente à sua categoria, o que torna importante a sua classificação (Chemin). O retardo de crescimento intrauterino pode ser classificado de acordo com a duração e qual fase da gestação foi acometida por certas afecções. Proporcional ou crônico (= simétrico – Chemin) Nasce com baixo peso, mas proporcional em relação ao comprimento que está comprometido (e perímetro cefálico < p10 – Krause). Acometimento ocorre no início da gestação, resultando em um menor crescimento esquelético e cerebral. Dificilmente a criança consegue recuperar a estatura no período pós natal, mas pode manter o canal de crescimento ascendente se apresentar velocidade de crescimento adequada; porém sempre se manterá abaixo do referencial. Desproporcional ou agudo (= assimétrico – Chemin) Seu peso é baixo e desproporcional em relação à altura que não está comprometida (e perímetro cefálico entre p10-p90, Krause). O RN sofreu restrição somente no último período de gestação. Pode ser resultante de patologias obstétricas, diminuição da permeabilidade da placenta. No período pós natal, se houver condições ambientais favoráveis, ocorrerá catch up e essa criança mudará o canal de crescimento, atingindo valores de referência. Determinação da idades gestacional: A) Pré natal Pode ser estimada: DUM; Altura uterina; Presença de quickening (primeiros movimentos do feto que podem ser sentidos pela mãe); Batimentos cardíacos; Avaliação da ultrassonografia. B) Após o nascimento É determinada pela avaliação clínica, cujos parâmetros são: sinais neurológicos que dependem principalmente das posturas e sons; e características externas que refletem a maturidade física do lactente. A determinação da idade gestacional é feita pelo método de Capurro, mas pode ser estimada pela seguinte simples equação, que permite a classificação da prematuridade: O método de Capurro pode ser realizado logo após o nascimento, mas não oferece precisão para prematuros com menos de 34 semanas (Chemin). Avaliam-se características como textura da pele, dobras plantares, glândulas mamárias, forma de orelha e formação do mamilo. No caso de prematuros com menos de 34 semanas se faz o New Ballard. IC = peso (g) x 4 / 5 RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO E PREMATURIDADE Prof Alessandra Mulder alessandra.mulder@gmail.com Prof. Michelle Teixeira michellet.teixeira@gmail.com 2 Classificação da prematuridade Idade Gestacional Classificação Características 37 a 38 35 a 37 (Chemin) Prematuridade limítrofe Apresentam boa evolução, pode ter sucção débil. Cuidados mais específicos quanto à sucção, ou seja, o método de alimentação 31 a 36 31 a 35 (Chemin) Prematuridade moderada Esse bebê geralmente tem entre 1600 e 2500g, comprimento entre 39 e 46 cm e perímetro cefálico de 29 a 33cm. São mais susceptíveis a anóxia (imaturidade pulmonar), hiperbilirrubinemia, hipoglicemia, hipocalcemia, hiponatremia e infecções pela maior vulnerabilidade imunológica. Neste grupo aplica-se a correção para IG * 24 a 30 Prematuridade extrema Este tem geralmente peso < 1500g, comprimento < 38 cm e perímetro cefálico < 29 cm. Podem ter o mesmo problema que os moderados, mas com maior gravidade e maior risco para enterocolite necrotizante e anomalias cardíacas. *Correção = IG (idade cronológica) – tempo em semanas que faltou para completar o termo (40sem). Ex: RNPT com 8 semanas de vida, nasceu com 35 SG; logo possui Idade Corrigida = 3 semanas idade cronológica (8 sem) – falta para o termo (40 – 35 = 5 sem). A idade corrigida deve ser aplicada: Medidas Accioly 2009 Comprimento 36 meses Peso 24 meses PC 18 meses Avaliação do crescimento Estas crianças são avaliadas utilizando-se as curvas de crescimento de crianças normais, utilizando-se a idade corrigida (Accioly). Mas segundo a Chemin, o RN de muito baixo peso, por apresentar mais intercorrências clínicas prolongando o tempo de internação, deve ser acompanhado pelo gráfico de Ehrenkranz, que considera evolução do peso, do comprimento e do perímetro cefálico em um período de 104 dias, já os de baixo peso, poderão ser acompanhados durante os primeiros 40 dias pelo gráfico de evolução ponderal descrito por Shaffer (Chemin). Pode-se usar complementarmente pode-se utilizar algusn índices como: Roher, ganho de peso diário e evolução semanal de comprimento e do perímetro cefálico que são bons parâmetros para a avaliação do crescimento: 1) Índice de Roher É um índice de proporcionalidade, indica risco de morbidade perinatal, é um índice de crescimento que caracteriza o tipo de crescimento intra-útero, dada pela equação: Classificação: < 2,2 = crescimento retardado 2 ,2 -3,0 = crescimento normal > 3,0 = crescimento excessivo * Vitolo: Índice < 2,0, considera-se o RN desnutrido. 2) Ganho de peso diário e de comprimento e perímetro cefálico semanais A termo Prematuro Ganho de peso médio/dia 25 a 30g/dia 14,5 g/dia Incremento de altura 5 cm/mês 1,28 cm/semana Perímetro cefálico 1,1 cm/semana 0,98 cm/semana O recém nascido pré-termo tem 4 fases de crescimento: 1) Fase inicial (período de perda de peso): Não há ganho de peso real, só redistribuição hidroeletrolítica, com perda de peso fisiológica de 5 a 10% do peso do nascimento.A perda de peso é inversamente proporcional ao peso do nascimento. 2) Fase transitória (período de mínimo crescimento – Chemin): Tem ganho ponderal discreto, desde que haja aporte protéico calórico mínimo. Espera-se que as intercorrências clínicas tenham sido controladas. Quanto menor o RN maior a sua duração. 3) Fase de crescimento acelerado ou de crescimento de recuperação (catch up): Controladas as intercorrências, nesta fase o recém nascido tem incremento no ganho de peso e no crescimento linear. É a fase de crescimento compensatório. Ele ultrapassa a velocidade de crescimento normal, sendo inversamente proporcional ao peso de nascimento. O pico de velocidade ocorre nos primeiros 2 meses (Chemin).4) Fase de crescimento normal (período de normalização do crescimento – Chemin): O déficit do nascimento é compensado e o recém nascido assume a velocidade de crescimento de crianças nascidas a termo, sendo inversamente proporcional ao peso de nascimento. Dentro de suas potencialidades genéticas (Chemin). IC = peso x 100 / comprimento (cm3) 3 Características estruturais do RNBP ou RNPT Redução da estatura, comprimento do fêmur, comprimento dos pés, perímetros cefálico (PC), torácico (PT) e abdominal (PA), Redução da circunferência da coxa, do braço e PCT (reserva adiposa insuficiente) Desproporção da relação cérebro-fígado (fígado é proporcionalmente diminuído em relação ao cérebro) Desproporção da relação PC/PT (PC>PT) Retardo no desenvolvimento epifisário Características sistêmicas Perda de peso fisiológica: PIG: < 5% do peso ao nascer; AIG: 5 – 10% do peso ao nascer. Quanto mais imatura a criança maior a perda (Dan). A perda de água é mais intensa em prematuros extremos (< 1000g) pelo fato de sua pele não ser queratinizada e ser mais permeável à água (Chemin). Diminuição da filtração glomerular (↓ reabsorção de sódio, glicose e aminoácidos, além da excreção de bicarbonato) e do envoltório de gordura (isolamento térmico) Aumento da viscosidade sanguínea (massa eritrocitária, hematócrito) Diminuição do envoltório de gordura (isolamento térmico) Retardo na maturação pulmonar (hipóxia crônica e consumo de oxigênio c/ retenção de gás carbônico) Diminuição do glicogênio cardíaco e da largura das fibras miocárdicas Características metabólicas Metabolismo de glicídeos: Tem-se hipoglicemiade vido à: o imaturidade dos mecanismos de adaptação ao jejum, o aumento do consumo de glicose pelo cérebro, diminuição da gliconeogênese, o diminuição das reservas de glicogênio hepático e cardíaco, o desproporção entre o tamanho cérebro/fígado (o consumidor de glicose é maior que o produtor) e o pela redução da resposta de liberação de catecolaminas. O cérebro dos RNPT são mais resistentes à hipoglicemia quando comparados aos adultos, porém os sinais clínicos não são tão evidentes e podem ocorrer danos neurológicos. Para evitar a hipoglicemia é recomendado (Accioly 09): Metabolismo das proteínas: A redução da reserva energética ao nascimento (seria feita nos último 3 meses de gravidez) provoca um estado catabólico protéico, promovendo aumento plasmático do íon amônio (com a imaturidade do ciclo da uréia pode levar a hiperamonemia), uréia e ácido úrico, e creatinina, que podem levar a acidose metabólica. Há redução da atividade da cistationase (conversão da metionina em cisteína), com isso a taurina e a cistina se tornam AA essenciais no RNPT. A taurina é essencial para o desenvolvimento da retina, do fígado e do SNC. Metabolismo de lipídeos: Tem-se acentuada capacidade de lipólise, dificuldade de prolongar a cadeia do ácido linoléico a ácido graxo ômega 3 (fazendo com que o ácido linoléico e alfa-linolênico sejam essenciais, estes são precurssores do AA e DHA) e a deficiência do sistema carnitina para β-oxidação, tornado-os essenciais para os PMT. Particularidades morfofuncionais digestivas: BOCA: debilidades em relação à sucção (iniciaria na 28º sem) e a coordenação sucção-deglutição (iniciaria a partir da 32 até a 34º semana). As papilas gustativas se desenvolvem com 16 semanas e a capacidade de diferenciar sabores é plena ao nascimento (Dan) ESÔFAGO: refluxo gastro-esofágico pela imaturidade esfincteriana e lento esvaziamento gástrico. ESTÔMAGO: lento peristaltismo, retardo do esvaziamento gástrico, reduzida capacidade gástrica, limitada produção de HCl (50% da do adulto pela ↓ das células parietais e imaturidade dos receptores de gastrina) e a secretina e a gastrina estão presentes a partir da 20º semana. FÍGADO: Diminuição das concentrações de ácidos biliares (↓ circulação entero-hepática) e menor capacidade para conjugação da bilirrubina. INTESTINO: vilosidades presentes a partir da 12º sem e aprimoramento funcional no último trimestre. Peptídeos reguladores no TGI (presentes entre a 6º e a 16º sem, porém com maturação só nas últimas 10 semanas) modulam o desenvolvimento morfo-funcional, por isso se faz alimentação precoce e enteral mínima para promover a maturação dos peptídeos que servirão de 4 estímulo trófico à mucosa intestinal. E retardo do peristaltismo. PULMÃO: Síndrome da angustia respiratória: doença pulmonar causada por deficiência de surfactantes, desenvolve-se logo após o nascimento e é comum nos lactentes pré termo (Krause) Enzimas digestivas: GLICÍDEOS: a absorção de glicose em RNPT corresponde a 50-60% da capacidade do adulto. Amilase salivar: importante a partir da 22º sem. Ao nascer equivale a 5 a 10% da do adulto. Amilase pancreática (Accioly, 2009): níveis bastante reduzidos. Maltase, sacarase e α-dextrinase: aparecem entre a 4º e a 10º sem. Na 28º-34º apresentam 70% da atividade total. Lactase: aparece a partir da 10º sem, e entre a 28 e a 30º apresenta somente 30% da atividade total a termo. Cae ressaltar que a absorção de glicose em RNPT corresponde a 50 a 60% da capacidade do adulto. Por esse motivo, os processos digestivos da matodextrina e outros polímeros de glicose são mais satisfatórios do que o da lactose. Assim, a oferta de polímeros de glicose associados a menor proporção de lactose, é a melhor estratégia de fornecimento de carboidratos para RNPT, nas formulas industrializadas (Accioly 09). Por esse motivo, as fórmulas para prematuros incluem além de lactose, polímeros de glicose, já que o transporte ativo de monossacarídeos pela mucosa está presente (Dan). PROTEÍNAS O processo de digestão do RNPT é limitado, mas não compromete o aproveitamento nitrogenado. Restrita produção de HCl: leva a menores níveis de pepsina, no entato não compromete a o processo digestivo da proteína Elevação das proteases pancreáticas a partir da 28º sem. A partir da 26º sem, o tripsinogênio aparece e a tripsina apresenta níveis semelhantes aos do adulto. Quimiotripsina e carboxipeptidase: ao nascimento tem de 10 a 60% da atividade do adulto. Aminopeptidases: níveis reduzidos, mas não limitam o processo digestivo. LIPÍDEOS Lípase do leite materno: é a principal enzima lipolítica. Porém, como o leite da própria mãe, na maioria das vezes não é ofertado ou é oferecido em pequenas quantidades, esta enzima pode ter pouca importância no processo de aproveitamento das gorduras (x O LM é vantajoso por conter sua própria lípase que auxilia na digestão de triglicerídeos - Dan) Lípase lingual e gástrica: importantes no processo de hidrólise de TG de cadeia curta e média Lípase pancreática: aparece a partir da 16º sem com produção restrita, limita o processo de aproveitamento dos lipídeos dietéticos. Sais biliares; na 32º sem encontra-se 50% da produção do recém nascido a termo. O feto inicia a deglutição do líquido aminiótico a partir da 16º semana gestacional, de modo que no 3º trimestre o volume ingerido é de 150ml/kg/dia, esse líquido contém fatores tróficos, como fator de crescimento epidermal, além de carboidratos, proteínas, gordura, imunoglobulinas, eletrólitos e ainda é bacteriostático. A osmolaridade do líquido aminiótico é de 275mOsmol/L e o valor energético é de 15kcal/L (Chemin). O RNPT é privado deste preparo intraluminal o que pode gerar intolerâncias alimentares (Chemin). Necessidades nutricionais e aspectos metabólicos do RNPT/RNBP Objetivo do cuidado nutricional é tentar fornecer condições de nutrição semelhantes àquelas que teria no útero materno, veiculando os nutrientes necessários ao seu crescimento e desenvolvimento (Accioly), principalmente o desenvolvimento neurológico, que é o de maior risco. Baixo aporte nutricional no período em que o cérebro está se desenvolvendo resulta em diminuição das células cerebrais e dificuldade de comportamento, aprendizagem e memória (Accioly 09). Além de prevenir a morbidade relacionada à alimentação e melhorar os resultadosnutricionais a longo prazo (Chemin). Algumas estratégias dietéticas utilizadas para o RNPT são aplicáveis ao RNBP que não são prematuros, a 5 depender do seu estado nutricional e intercorrências as quais podem contribuir para um quadro semelhante ao da prematuridade (Accioly 09). Antes da 34º semana NÃO há uma coordenação adequada entre sucção, deglutição e respiração, por isso RNPT com essa idade não são introduzidos na via oral e sim na sonda naso ou orogástrica até apresentarem coordenação (Chemin), necessitando escolher uma via alternativa para fornecimento das necessidades nutricionais. O valor das necessidades irá variar de acordo com: Idade gestacional; Peso ao nascimento; Via de administração (enteral ou parenteral); Intercorrências clínicas (Chemin). Necessidade hídrica A necessidade em RNPT é muito variável, pois ocorre alta perda renal em decorrência de sua imaturidade (Chemin). São estimadas com base no elevado conteúdo corpóreo hídrico do RNPT/RNBP. Podem exigir: Aumentar a oferta em casos de atividade física aumentada (convulsões, desconforto respiratório), umidade ambiental baixa, frio ou febre, perdas gastro- intestinais, calor radiante, fototerapia (aumenta em 20% X 10 a 16% - Chemin). Além de taquipnéia, infecção e glicosúria (Chemin). Diminuir a oferta: insuficiência renal, insuficiência cardíaca, pós operatório e meningite. Além da síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético (10 a 20%), uso de plástico, umidificação da incubadora, ventilação mecânica e encefalopatia hipóxica isquêmica. Aporte em excesso pode levar a: displasia broncopulmonar, enterocolite necrotizante e aumento da incidência de persistência do canal arterial (Accioly e Chemin). E insuficiência cardíaca congestiva e edema (Accioly). E o aporte inadequado pode acarretar: desidratação, desequilíbrios de eletrólitos e hipotensão (Krause). Aporte inadequado pode levar a: desidratação, desequilíbrio de eletrólitos e hipotensão Período ml/kg para RNBP, prematuro ou não Capacidade gástrica 1º dia 50 -60 2 ml/kg 2º dia 90 3º dia 120 4º dia 140 16 ml/kg 5º dia 150 1ª semana 150-180 (RNBPT) 180-120 (RNPT) Para os de muito baixo peso (<1500g) começa- se com 60 ml e aumenta 15 a 30 ml/dia até 150 ml/kg/dia entre 7º e 8º dia 10ª dia 27 ml/kg Krause: primeiro dia de vida: 80-105 ml/kg/dia, a quantidade adminsitrada aumenta de 10-20 ml/kg/dia, e no fim da segunda semana atinge 140-160 ml/kg/dia Necessidades energéticas: As necessidades energéticas variam de acordo com o metabolismo basal, a velocidade de crescimento, a atividade física, o clima, o tipo de alimento, a via de administração e a presença de enfermidade (Dan). Os RNPT têm necessidade de aporte especial pelo seu grau de imaturidade bioquímica, crescimento acelerado e maior incidência de complicações clínicas (Chemin). Accioly: Suas necessidades são estimadas com base nos gastos energéticos do RNBP, os quais utilizam em torno de 40% do seu gasto energético para síntese de proteínas (Accioly 09): * Pode variar de 60 a 75 kcal/kg/dia, sendo que o metabolismo cerebral corresponde a 40% do metabolismo global. Na pratica clínica, em geral o aporte de 120kcal/kg/dia é suficiente para que os RNBP atinjam um crescimento satisfatório (Accioly 09): 1ª semana 50-100 kcal/lg/dia 2ª semana 110-150 kcal/kg/dia Entretanto, para alguns deles e para os RNPT PIG, por vezes, é necessário 200 kcal/kg/dia. Aumenta-se o aporte lentamente e deve-se observar as melhores fontes de glicídeos (maltodextrina e oligossacarídeos) e lipídeos (TCM + ácidos graxos essenciais) mais convenientes pelos processos enzimáticos e metabólicos alterados do prematuro. Chemin: Embora a recomendação seja de 110 a 150kcal/kg/dia, existe uma dificuldade em se alcançar 120 kcal/kg/dia em razão da inabilidade de se conseguir a ingestão adequada, considerando a restrição de líquidos, intolerância à infusão das soluções de glicose, hiperbilirrubinemia, sepse e etc... Oferta de nutrientes em excesso pode acarretar acidose metabólica, edema, persistência do canal arterial e enterocolite necrotizante; e o déficit levar a perda de peso, hipernatremia, desidratação e apnéia. 6 Krause: Enteral Parenteral Manutenção (aumentar gradualmente) 50 kcal/kg/dia 30-50 kcal/kg/dia Crescimento (tão logo o lactente esteja estavel) 105-130 kcal/kg/dia 90-100 kcal/kg/dia Vasconcelos: A taxa metabólica basal do RNPT, varia entre 60 a 75 kcal/kg/dia. Entretanto, deve-se acrescentar o gasto energético de crescimento e da maior relação entre a superfície e a massa corporal. Assim as necessidades energéticas giram em torno de: 110 a 150 kcal/kg/dia. Dan: A temperatura corporal influencia no aumento da demanda energética, uma vez que o aumento de 1ºC na temperatura aumenta 13% o metabolismo basal, e esse aumento pode ser maior quanto menor for a criança. Necessidades protéicas: Influenciam na utilização de proteínas pelo RNBP: estado nutricional, ritmo de crescimento, relação kcal/ptn (geralmente ≥ 40), valor biológico (cistina, taurina e carnitina essenciais para o prematuro), uso de fórmulas industrializadas (excretam mais creatinina do que os amamentados exclusivamente). A qualidade ou o tipo de proteína é uma consideração importante, pois as necessidades de aminoácidos dos lactentes prematuros são diferentes dos RN a termo. As fórmulas destinadas ao prematuro têm maior teor protéico, relação lactoalbumina:caseína de 60:40, e maiores quantidades de cisteína, que é condicionalmente essencial neste caso (Dan). Conseqüências do excesso de proteínas: aumento de amônia e uréia, acidose metabólica, sobrecarga metabólica e renal (imaturidade do processo de filtração glomerular). Pode levar a distúrbios neurológicos também (Dan). Accioly: Krause: variam de 2,7 a 3,5 g/kg/dia (algumas crianças precisam de mais 3,5 a 4 g/kg/dia) Proteína adicional não oferece benefícios e aumetna o risco de problemas metabólicos. Necessidades aminoácidos na parenteral Taxa inicial (g/kg/dia) Incrementos (g/kg/dia) Taxa máxima (g/kg/dia) 2010 / 2013 1,5 – 3,0 Avançar para atender as necessidades 3,5 – 4,0 *para calcular a carga de proteína: %proteína x ml/kg/dia = proteína g/kg/dia Na enteral a quantidade permanece 3,5 a 4,0 g/kg/dia (10,2 a 12,4 % VET). Dar atenção a aminoácidos como a cisteína Chemin: Em geral, são necessárias de 1,5 a 2g/kg/dia para evitar catabolismo, mas de acordo com a Academia Americana de Pediatria, o RNPT deve ingerir de 1 a 3g/kg/dia na 1º semana, de 3,5 a 4g/kg/dia no crescimento estável e 2,2g/kg/dia após a alta. Vasconcelos: Recomendação: 10 a 20% do VET. Em decorrência da imaturidade do TGI e hepática, a qualidade dos aas ofertados terão mais importância do que a quantidade. Sendo os mais importantes: tirosina, cisteína, taurina, histidina, glicina, glutamina e arginina. Considerações: Percebe-se que em média, essas recomendações variam de 3 a 4 g/kg/dia. Em geral, são necessárias de 1,5 a 2g/kg/dia para evitar catabolismo (Accioly 09 e Chemin). Os RN alimentados somente com glicose perdem cerca de 1,2g/kg/dia de proteínas (Chemin). Para agregação protéica recomenda-se 3,85g/kg/dia, com ingestão energética mínima de 50 a 60 Kcal/kg/dia (Accioly 09). RNBP depositam menor quantidade de proteína e energia do que os RN AIG, quando ingerem o mesmo aporte nutricional. Necessidades lipídicas Os RNPT são mais vulneráveis à falta de aporte lipídico já que o aporte intra-útero, que ocorre no 3º trimestre, foi impedido pela prematuridade (Chemin). Importância dos lipídeos: desenvolvimento do SNC e da retina, fontes de ácidos graxos essenciais (AGE) e isolante térmico. Além de ser responsável por 50% da fonte energética e transportar vitaminas lipossolúveis (Chemin). Um importante componente para atingir as recomendações é o TCM. É necessário a inclusão do TCM, pois os RNPTs possuem dificuldade na digestão e absorção de lipídios, pela ineficiência das lipases. As necessidades de lipídeos são estimadas com base na importância nutricionale funcional dos lipídeos para RNBP cumprindo as seguintes funções: Fonte de AGE Desenvolvimento do SNC e retina Isolante térmico Accioly: Recomenda-se proporção de 40% de TCM o restante em AGE. 7 Chemin: A oferta deve ser composta de 10% de PUFA, 10% de saturadas, 80% monossaturados, na dosagem de 1 a 3,5g/kg/dia e de ácidos graxos essenciais (ômega 3 e 6): 0,6 a 1,2g/kg/dia. Krause: Necessidades lipídeos na parenteral Taxa inicial (g/kg/dia) Incrementos (g/kg/dia) Taxa máxima (g/kg/dia) 2010 0,5 – 1,0 0,5 – 1,0 3 a 4 2013 1 -2 1 3 *para calcular a carga de lipídeos: % lipídeos x ml/kg/dia = lipídeo g/kg/dia Na enteral as gorduras devem constituri 40 a 50% VET, para atender ao alto teor de energia, e ajudar na absorção de outros nutrientes essenciais como as vitaminas lipossolúveis. Ácido linoléico deve compor 3%. Vasconcelos: Recomendação: 30 a 40% VET. Os AG essenciais possuem grande importância no crescimento e desenvolvimento do SNC (mielinização e crescimento dos neurônios), no desenvolvimento da retina, fazem parte na composição dos fosfolipídeos da membrana plasmática e também são de fácil absorção. A recomendação gira em torno de 4,7g/kg/dia, com variação de 4 a 9 g/kg/dia. Necessidades glicídicas Estima-se que a necessidade de CHO seja de 40 a 45% das calorias totais o que corresponde a 10 a 14 g/kg/dia, e como a atividade da lactase está baixa, a maioria das fórmulas contém 50% de lactose e 50% de polímeros de glicose (Dan) O consumo médio está em torno de 10 a 15 g/kg/dia. Quando oferta-se glicídeos em torno de 20g/dia observa- se que os lipídeos são preferencialmente depositados no tecido adiposo. Krause: *para calcular a carga de glicose: (% glicose x ml/kg/dia) x (1000 mg/g) / (1440 min/dia) = glicose g/kg/dia Na enteral os carboidratos devem constituir 40 a 50% do VET. Devido a baixa atividade da lactase os polímeros de glicose são os mais usados nas fórmulas para prematuros. As melhores fontes glicídicas são maltodextrina e oligossacarídeos. O fornecimento de lactose deve ser em torno de 3 a 12g/100kcal, não ultrapassando 8g/100ml. X não ultrapassar de 11g/dl, pois pode ocorrer diarréia osmótica e distorção na proporção energia-proteína (Chemin). Accioly 09: Para se evitar a hipoglicemia, o recém nascido deve receber em torno de 3 a 4mg de glicose/kg/min; o RNPT necessita mais e, em casos extremos, até 10 a 12mg/kg/min. A velocidade de infusão de glicose inicial é de 4 a 6 mg/kg/min (Chemin) Chemin: Os níveis mínimos de glicose toleráveis para os prematuros são valores entre 45 e 55ml/dl. Vasconcelos: Recomendação: 25 a 50% do VET. A glicose é a principal fonte de energia, uma vez que os depósitos de glicogênios são limitados, pois possuem dificuldade de produzi-los. No LH, o principal carboidrato é a lactose e nas fórmulas infantis (FI) há: 50% de lactose e 50% de polímeros de glicose. Essa adição tem o objetivo de adequar a oferta calórica, diminuir a carga osmótica e melhorar a absorção de carboidratos. Propõe-se a ingestão de 3,2 a 12g de carboidrato para cada 100 kcal (LH ou FI especial de RNPT), não devendo ultrapassar 8g por 100 ml. Uma ingestão maior pode causar diarreia osmótica, por conta da dificuldade do RNPT absorver grandes quantidades de lactose. Considerações: A glicose apesar de ser a principal fonte de energia, a sua tolerância é limitada, principalmente nos PMTMBP, em razão da produção inadequada de insulina, resistência à insulina e liberação hepática contínua de glicose enquanto a glicose intravenosa esta sendo infundida. A hiperglicemia é menos provável de acontecer quando a glicose é administrada com aas, pois estes exercem um efeito estimulatório de insulina. E a prevenção de hiperglicemia é importante, pois pode acarretar diurese e desidratação. Necessidades na parenteral Peso ao nascimento Carga inicial (mg/kg/min) Incrementos (mg/kg/min) Taxa máxima (mg/kg/min) 2010 <1000 4 – 6 1 – 2 11 -12 1001 -2000 ≤ 6 1 – 2 11 -12 2013 4 – 6 1 – 2 11 -12 8 Quadro resumo (Vasconcelos): Macronutrientes Peso < 1000g Peso entre 1000- 1500 g Energia (kcal) 130 a 150 110 a 130 Proteína (g) 3,8 a 4,4 3,4 a 4,2 Carboidrato (g) 9 a 20 7 a 17 Gorduras (g) 6,2 a 8,4 5,3 a 7,2 Ácido linoléico (mg) 900 a 1680 600 a 1440 DHA (mg) >21 >18 AA (mg) >28 >24 Sódio (mEq) 3 a 5 3 a 5 Cloro (mEq) 3 a 7 3 a 7 Potássio (mEq) 2 a 3 2 a 3 Cálcio (mg) 100 a 200 100 a 200 Fósforo (mg) 60 a 140 60 a 140 Magnésio (mg) 7,9 a 15 7,9 a 15 Ferro (mg) 2 a 4 2 a 4 Necessidades de vitaminas e minerais As fórmulas e ao leite materno de pool podem apresentar diminuição de Na, Fe, Ca, Cu e P. O depósito de cálcio, fósforo e ferro, nos ossos do feto, ocorre durante o 3º trimestre, assim prematuros não recebem estes minerais, estando associados a osteopenia e raquitismo da prematuridade. As fórmulas para prematuros têm aumento de cálcio, fósforo e vitamina D, necessária à incorporação óssea, e prevenção da osteopenia da prematuridade (Dan). Os RN têm maior risco de desenvolver deficiências de elementos traços como zinco, cobre, selênio, pois a passagem deles é maior no final da gestação e o crescimento pós natal é muito rápido (Chemin). Ferro: tem suas reservas depositadas no último trimestre de gestação, por isso RNPT têm maior risco de anemia. É necessária a suplementação de 2mg/kg/dia com início entre 1,5 e 2 meses, continuando até 1 ano de idade, independente do tipo de alimentação. No caso de recém nascidos com peso < 1500g, a suplementação é de 3 mg/kg/dia e < 1000g é de 4 mg/kg/dia. Zinco e oligoelementos (Se, Mo, Co, Mn): ocorre deficiência em RN antes da 28º sem. Vitaminas A e D: suplementação a partir dos 10 dias de vida em doses de 1500UI (1000 a 1500UI - Chemin) e 400UI, respectivamente. Vitamina E: a necessidade é maior em RNPT - 35UI/dia – Chemin; suplementação a partir da 1º sem, tanto em LM quanto em fórmulas. Complexo B: suplementação a partir da 1º sem, tanto em LM quanto em fórmulas. Vitamina C: 25mg/dia (Chemin), suplementação a partir da 1º sem, tanto em LM quanto em fórmulas. Vitamina K: 0,5 a 1 mg/semana (Chemin) Cálcio: 130 – 150mg/kg/dia (64% de retenção) Krause: Na parenteral: 60-80 mg/kg/dia, na enteral: 100-220 mg/100kcal/dia Fósforo: 60 – 75mg/kg/dia (76% de retenção). A melhor relação Ca/P é encontrada no LM (2:1). Krause: Na parenteral: 38-67 mg/kg/dia, na enteral: 60- 140 mg/100kcal/dia Cloreto: Krause: Na parenteral: 2 – 4 mEq/kg/dia Sódio: considerar as necessidades aumentadas pela perda urinária. As fórmulas devem conter de 2,5 a 3,5mEq de Na/kg/dia (Dan) Krause: Na parenteral: 2 – 4 mEq/kg/dia Potássio (Dan) as necessidades são similares às de RN a termo: 2 a 3 mEq/kg/dia (Dan) Krause: Na parenteral: 1,5 a 2 mEq/kg/dia Quadro de Vasconcelos: Vitaminas Quantidades diárias Vitamina A (UI) 700 a 1500 Vitamina D (UI) 150 a 400 Vitamina E (UI) 6 a 12 Vitamina K (µg) 8 a 10 Vitamina C (mg) 18 a 24 Tiamina (µg) 180 a 240 Riboflavina (µg) 250 a 360 Niacina (µg) 3,6 a 4,8 Folato (µg) 25 a 50 Vitamina B12 (µg) 0,3 Ácido pantotênico (mg) 1,2 a 1,7 Biotina (µg) 3,6 5,0 Diretrizes para elementos-traço na Parenteral (Krause) Elemento-traço mcg/kg/dia Zinco 200 Cobre 20* Manganês 1* Selênio 2# Cromo 0,2# Molibdênio 0,25# Iodo 1 * Não suplementar ou reduzir em caso de icterícia obstritutiva # reduzida ou não prevista em casos de disfunção renal Vitaminas na Parenteral Frasco de 5 ml de MVI-Pediatric/INFUVIRE corresponde 40%/kg em prematuros. Estratégias alimentares A superioridade do leite materno para os RNPT é indiscutível, muito embora alguns pesqusiadores defendam 9 a suplementação de cálcio, fósforo e proteínas do leite materno, alegando que o leite da mãe do prematuro não apresenta composição compatível. Na realidade o que ocorre é uma defasagem entre a porduçõaz de nutrientes pela própria mãe ordenhando e as necessidades muito aumentadas do prematuro. A 1º indicação é a utilização do leite materno, principalmente pelo seu elevado teor de fatores imunológicos. O riscode enterocolite necrotizante e a mortalidade em prematuros são menores quando se utiliza o leite materno ordenhado em comparação às fórmulas infantis (Dan). As fórmulas para prematuros, em síntese, têm maior teor de energia, proteínas, TCM, vitaminas e minerais, e menor teor de lactose (Dan). O LM transfere toda a proteção imunológica natural, anticorpos produzidos pela colonização com bactérias hospitalares e células do sangue, evitando a infecção hospitalar da criança; por isso a importância da presença da mãe no hospital para ter contato com estas bactérias (Chemin). Pool de leites do banco de leite, pasteurizado adequadamente para eliminar o possível HIV, é considerado inadequado por ter baixo teor de proteínas e minerais, levando a hiponatremia, hipofosfatemia e raquitismo. Sendo necessária, a suplementação com Ca, P (envolvidos na mineralização óssea), Na, Zn, vit C e Co, já que o leite de outra mãe não está adaptado às necessidades do RNPT. Comparação entre o leite materno de mãe de recém nascido a termo e de mãe de RNPT: Carboidratos: menor quantidade no LMPT Osmolaridade, volume, cálcio: semelhante dos 2 tipos Restante: maior quantidade no LMPT Imunologicamente o LMPT é superior Atenção!! Para o Chemin ainda são maiores as calorias, o cloro e a IgA secretória, mantendo essas características durante as 4 primeiras semanas. O leite de mães de prematuros tem de 3,5 a 4g de proteína/kg/dia e esse conteúdo vai diminuindo com o amadurecimento do leite (2 a 2,5g/kg/dia), a relação caseína/albumina é de 30:70%, sendo esta albumina digerida mais facilmente, acelerando o esvaziamento gástrico (Chemin). Leite de vaca: Quando consumido por prematuros pode causar azotemia, acidose metabólica e hiperamonemia. Tem quantidades insuficientes de aminoácidos essenciais. Quanto a gordura, esta é melhor absorvida no LM devido à presença da lipase, além da posição do ácido palmítico nos TGs no LM impedir a formação de sabões de cálcio contendo este ácido graxo. Fórmulas: Existem no mercado algumas fórmulas adaptadas as particularidades do prematuro, além disso, a mãe tem dificuldade de oferecer seu próprio leite, devido à imaturidade do reflexo sucção-deglutição, dificultando a produção láctea. Nestes casos, a melhor opção é o uso de fórmulas para RNPT em vez de pool de LM. As desvantagens são a possibilidade de ocorrência de fenômenos de sensibilização (embora isso seja mais comum em lactentes a termo), ausência de fatores imunes e maior facilidade de transtornos gastrointestinais. Vias e técnicas de alimentação para o RNPT Mesmo considerando imaturo o TGI do RNPT, é necessário iniciar um aporte nutricional nas primeiras 24 a 72hs de vida, pois esses bebês têm baixo estoque de energia, suas características incluem baixa reserva, alto metabolismo, peristalse lenta, maior perda de água insensível, necessidade aumentada de gordura, alto metabolismo protéico e limitada produção enzimática (Chemin). A pequena capacidade estomacal, o trato gastro intestinal imaturo e uma enfermidade, tornam difícil a progressão de uma dieta enteral em lactentes de baixo peso, tornando a parenteral essencial. 1) Intravenosa (nutrição parenteral) indicada para todos prematuros extremos e para aqueles com idade mais avançada que apresentem distúrbios digestivo- absortivos graves. Indicado também para aqueles com má formação congênita, enterocolite necrotizante, insuficiência respiratória gravee RN a termo impossibilitado de iniciar a via enteral em um prazo de 5 dias ou 48hs em caso de pré termo, que não obtêm aporte adequado via TGI e para aqueles que não podem fazer enteral (Chemin) As necessidades são menores em parenteral pois não ocorre perda de absorção. Com relação ao RNPT gravemente doente, o objetivo da NPT não é promover ganho de peso, mas sim adequada oferta de proteínas e energia para prevenção do catabolismo (Chemin). É válido lembrar que os prematuros alimentados por esta via têm atrofia de mucosa intestinal pela diminuição de hormônios e enzimas na borda em escova (Chemin). Vasconcelos: Geralmente a NP é indicada no 2º dia de vida; Macronutrientes: Glicose: até 3,4 g/kg/dia (monitorar velocidade de infusão – produção de insulina pelo fígado é insuficiente); Proteínas: 1 g/kg/dia, com aumento diário de 0,5 g/kg/dia, atingindo o máximo de 3 g/kg/dia; Lipídios: 0,5 g/kg/dia, com incremento diário do mesmo valor, podendo chegar a no máximo 2,5 a 3,0 g/kg/dia. 2) Via digestiva inicia-se em recém nascidos com peso em torno de 1300g e com o tubo digestivo funcionante, mesmo que com volumes pequenos para estímulo trófico (alimentação enteral mínima, que varia de 10 2,5 a 20ml/kg/dia), além do estímulo para motilidade intestinal e proteção contra translocação bacteriana. A presença de leite no lúmen intestinal estimula o desenvolvimento de sua mucosa, a maturação da atividade motora e a secreção de hormônios reguladores, sendo importante a nutrição enteral mínima ou nutrição trófica para preparar o TGI da criança para a real nutrição Deve-se observar a ausência de distensão abdominal e alterações gastrointestinais, presença de peristalse e prévia eliminação do mecônio. Pode ser por: Sonda oro-entérica usada em casos de grave risco de refluxo e com uso de ventilação mecânica Sonda oro-gástrica através de gastróclise que propicia melhor retenção nitrogenada e energética, porém contra indicada em casos de refluxo gastro- esofágico grave, quando a principal limitação é a capacidade de sucção. oNÃO é indicada a transpilórica ou nasojejunal pois aumenta chance de enterocolite necrotizante (Chemin) oA indicação é a gavagem simples ou intermitente ou a gavagem contínua (Chemin). A primeira é a forma mais freqüente, seu custo e risco são baixos, é de fácil administração, requer o mínimo de equipamento, tem baixo risco de precipitação da sonda, sendo a forma mais fisiológica, mas tem desvantagens como complicações do refluxo gastroesofágico, hipoxemia transitória e apnéia Já a contínua utiliza bomba infusora e é indicada para aqueles prematuros extremos com insuficiência respiratória importante, pós operatório de cirurgia abdominal, refluxo gastroesofágico e resíduo gástrico persistente, neste caso a termogênese da dieta é menor, acelerando o ganho ponderal. Vasconcelos: A via de administração mais usada é a sonda em posição gástrica; A administração intermitente é preferível que a contínua, com volumes iniciais de 1 a 2 ml com intervalos de 1 a 2hs. Conforme a evolução do quadro, os volumes devem ser aumentados cerca de 5 a 10 ml/kg/dia até atingir 10 a 20 ml/kg/dia, conforme a tolerância.A administração contínua é mais utilizada em RNPT extremos com quadros respiratórios graves ou em RNPT com intolerância à administração intermitente em consequência de refluxos ou resíduo gástrico persistente. Escolha da nutrição enteral Objetivo primário do início da alimentação enteral é estabelecer tolerância ao leite que está sendo fornecido. Após o período de ajuste, o objetivo passa a ser o fornecimento de suporte nutricional completo visando o crescimento e rápido desenvolvimento dos órgãos. As opções de alimentação são: Leite humano fortificado com fortificantes e ferro Fórmulas fortificadas com ferro (para lactentes com menso de 2000g) Fórmulas padrão fortificadas com ferro apra lactentes com amisd e 2000 g Quando em alta os lactentes vão para casa com fórmulas de transição e devem ser suplemtnados com multivitamínico até atingir 3kg. O leite humano é o alimento ideal para prematuros e o leite de mães de prematuro tem característica diferente das mães de a termo. No entanto, precisa ser fortificado com suplemento de cálcio e fósforo para mineralização óssea do lactente prematuro. Nutrição enteral mínima: Pode ser iniciada nos primeiros dias de vida, desde que o neonato se encontre estável, com um volume de 1 a 20ml//kg/dia (Vasconcelos: 12 a 24 ml/kg/dia), sugere-se que esta medida possa intensificar a função intestinal com maior absorção de cálcio e fósforo,além de intensificar também o desenvolvimento da atividade da lactase (Chemin). O ideal é que se utilize o leite da própria mãe do pré termo, fresco ou leite anterior (Chemin). Na fase inicial da nutrição trófica, o leite que atende a necessidade é o de baixo teor calórico (< 500kcal/l), chamado leite anterior, mas quando o RN está em enteral plena o aporte deve ser de > 700kcal/l, ou o leite posterior, que favorecerá um ganho ponderal mais rápido (Chemin). Vantagens da NE precoce: Promoção da motilidade intestinal. Melhora da tolerância alimentar. Redução de incidência de sepse Indução da atividade da lactose. > ganho de peso. < incidência de disfunção hepática. < ocorrência de raquitismo clínico. < incidência de enterocolite necrosante Sucção: inicia-se com peso em torno de 1600-1800g e idade superior a 34 semanas gestacionais, quando o bebê já consegue coordenar os mecanismos de sucção e deglutição. É a melhor forma de alimentar um RN, então deve ser escolhida logo que as condições fisiológicas estejam estabilizadas. PROJETO DIRETRIZES TERAPIA NUTRICIONAL NO PREMATURO EXTREMO O prematuro extremo (PE) é definido pela idade gestacional de 30 semanas ou menos, com consequente imaturidade global em todos os tecidos e órgãos A nutrição adequada do recém-nascido pré-termo tem por objetivos suprir as necessidades e promover rescimento e desenvolvimento adequados, sem causar efeitos indesejáveis, como acidose metabólica, persistência do canal arterial, enterocolite necrosante, hipercolesterolemia, hiperuremia e hiperamonemia, entre outros. As necessidades energéticas variam de 50 a 100 kcal/kg/dia, no final da primeira semana, e de 110 a 150 kcal/kg/dia, posteriormente. Prematuros extremos devem receber aproximadamente 110 a 130 kcal/kg/dia em nutrição enteral (NE) e 90 a 100 kcal/kg/dia em nutrição parenteral (NP) 11 1. Qual é a necessidade de água para o PE? Recém-nascidos pré-termo extremos, em sua maioria, não conseguem adequação do balanço hídrico, sendo necessários discreta restrição hídrica e acompanhamento da ingestão e débitos de eletrólitos séricos, assim como medida do peso. 2. Qual é a necessidade de eletrólitos para o PE? Nos primeiros dias de vida não é recomendada administração endovenosa de sódio. Após segundo dia, a necessidade diária varia entre 2 a 8 mEq/L. Após 48 a 72 horas de vida, a oferta de potássio deve ser ajustada individualmente. 3. Como deve ser a introdução de carboidratos na NP? O carboidrato para a NP do prematuro extremo é a glicose, que deve ser ofertada logo após o nascimento. Velocidade de infusão de glicose deve ser iniciada com 4 mg/kg/min e aumentada até 10 mg/kg/min, mantendo controles glicêmicos entre 45 e 120 mg/dL. Os prematuros extremos podem apresentar intolerância à glicose, com aumento dos níveis sanguíneos, não sendo recomendado o uso de insulina. 4. Como deve ser a introdução de aminoácidos na NP? A NP incluindo aminoácidos é recomendada no recém-nascido pré-termo extremo, com o objetivo de prevenir a deficiência energética e proteica deste grupo de crianças, devendo atingir 3 g/kg/dia até o segundo dia de vida, a partir daí as taxas de infusão de aminoácidos podem ser aumentadas para 3,5 a 4 g/kg/dia. 5. Como deve ser a introdução de lipídios na NP? Usualmente, o lipídio é ofertado na dose inicial de 0,5-1 g/kg/dia, com gradual incremento até 2,5-3,5 g/kg/dia, sendo composta por 50% de triglicérides de cadeia média e 50% de triglicérides de cadeia longa, na concentração de 20%. 6. Quando deve ser iniciada a NE? No recém-nascido pré-termo extremo, a NE não pode ser utilizada de forma exclusiva, pela imaturidade do trato gastrointestinal, deve-se aguardar a estabilização, podendo então ser administrada a dieta enteral mínima por 10 a 20 mL/kg/dia. 7. Quais são as vias de acesso para NE? O recém-nascido pré-termo extremo é incapaz de receber a alimentação por via oral, necessitando de sondas para NE. A via de escolha é a gástrica, reservando-se a pós-pilórica para as exceções, sendo que a transição para a via oral deve ser realizada o mais rapidamente possível, e de preferência ao seio materno. 8. Quais são as vias de acesso para NP? O recém-nascido pré-termo extremo necessita de NP precoce e agressiva, sendo a via de eleição a central. 9. Quais são as complicações da TNP? As complicações decorrentes da NP mais importantes estão as infecciosas, relacionadas ou não ao cateter, e as metabólicas. TERAPIA NUTRICIONAL NA ENTERITE NECROSANTE Os critérios diagnósticos para definir enterocolite necrosante (EN) são variáveis na literatura médica, mas em geral se baseiam em: pelo menos um sinal clínico (presença de resíduo gástrico, distensão abdominal, sangue nas fezes) associado a sinal gasoso radiológico na veia porta ou no parênquima hepático, pneumatose intestinal e/ou ar livre na cavidade, visualizado à ultrassonografia ou à radiografia simples de abdome A morbidade e a mortalidade na evolução desta enfermidade são significativas. Os únicos fatores de risco consistentes são: prematuridade e história neonatal de terapia nutricional enteral (rápido incremento ou fórmula com características osmolares inapropriadas). Embora a perfuração intestinal espontânea possa estar associada ao uso de cateteres umbilicais ou defeitos congênitos de musculatura, os principais fatores predisponentes relacionados são: o uso de dexametasona e/ ou indometacina pós-natal. 1. A EN influencia o estado nutricional e o metabolismo? A EN acomete o recém-nascido, com diminuição da reserva de substratos, podendo promover piora do estado nutricional e metabólico. 2. O estado nutricional influencia a evolução da EN? Não há evidência de que o estado nutricional seja fator predisponente para EN, porém pode estar relacionado à integridade da barreira da mucosa intestinal. 3. Quais são os objetivos da terapia nutricional no paciente com EN? A terapia nutricional no paciente com EM tem como objetivo evitar complicações e promover recuperação nutricional. 4. Quando a terapia nutricional está indicada no paciente com EN? Não há consenso quanto ao início da administração de terapia nutricional no paciente com EN, porém em recém-nascidos sugere-se que a nutrição enteral possa ser iniciada nos primeiros 4 dias de vida e a nutrição parenteral, nas primeiras 48 horas. 5. D e que forma a terapia nutricional pode ser implementada no paciente com EN? A terapia nutricional parenteral é indicada para reduzir perdas nitrogenadas e evitar deficiência de nutrientes; após estabilização clínica, é possível utilizar terapia enteral mínima. 6. Há contraindicações à terapia nutricional na EN? É necessária atenção especial à velocidade de incremento e osmolaridade da terapia nutricional enteral. 12 Definição: Pré escolar 1 a 6 anos Escolar 7 a 10 anos Nos 2 primeiros anos de vida o crescimento é intenso e reflete as condições da gestação e do nascimento, mas após essa fase a velocidade de crescimento se estabiliza em patamares menores e é determinada pelo potencial genético, e na adolescência, com início da puberdade, há novamente aumento do ritmo de crescimento (Chemin). PRÉ ESCOLAR: As fases pré escolar caracteriza-se por um declínio no ritmo de crescimento, visto pela redução da velocidade de ganho de peso e estatura, com conseqüente decréscimo no apetite e menor necessidade de nutrientes. Esta alteração é decorrente de diversos fatores (Accioly 09): Diminuição da velocidade de ganho de peso e estatura, reduzindo a necessidade de energia por unidade de peso; Alcance de maturidade neurológica que permite à criança livre deambulação a fim de explorar o mundo que a rodeia, buscar o alimento por si só e expressar aceitação e recusa pelos alimentos; A alimentação é relegada a segundo plano em virtude da maior dimensão da vida da criança. As alterações do comportamento alimentar não significam que a criança esteja alimentando-se de maneira insuficiente. Uma boa progressão de peso e altura representa adequada nutrição, mesmo que oconsumo habitual não pareça adequado. O acompanhamento da curva de crescimento é essencial para avaliar a adequação alimentar da criança nessa faixa etária. As crianças desenvolvem o corte alimentar ou períodos em que alimentos previamente aceitos são recusados, ou elas podem pedir um alimento em particular a cada refeição. Na fase pré escolar, as crianças quase sempre limitam a variedade de alimentos ingeridos, diminuem consumo de vegetais e carne e aumentam o de doces e guloseimas, prolongam muito as refeições e se distraem com facilidade. FASE ESCOLAR O crescimento é lento e constante sendo maior em membros inferiores que na região do tronco. É freqüentemente chamado de período latente ou quiescente. Na fase escolar, elas tendem a comer com menos freqüência, mas aumentam a ingestão alimentar. Em relação à composição corporal, quando a criança começa a andar e explorar o meio ambiente há diminuição da proporção de gordura corporal, atingindo o mínimo entre 4 e 6 anos de idade e esta permanece estável durante toda a infância e ocorre também o desenvolvimento de massa muscular. Os meninos apresentam maior massa magra que as meninas, mas após os 7 anos ocorre aumento de tecido adiposo em ambos os sexos como preparo para o estirão puberal (recuperação ou rebote da adiposidade). Nesta fase ocorre o fenômeno da repleção energética, em que meninos e meninas apresentam maior velocidade de ganho de peso, como uma forma de guardar energia para ser usada na fase de intenso crescimento pubertário. Por esse motivo, se o pré-púbere apresentar sobre- peso (110% a 120% do peso relativo) e não houver evidências de fatores de risco para obesidade, não há necessidade de intervenção. E para esse aumento de reserva energética, a criança modifica seus hábitos alimentares e apetite, com aumento do consumo de alimentos energéticos (biscoitos, doces, sorvetes). E se a presença destes não estiver prejudicando a ingestão de pelo menos 80% dos nutrientes ao crescimento adequado, não é necessário restringi-los. A inapetência comum do pré-escolar transforma-se em apetite voraz nessa fase. Erros alimentares A criança nesta faixa etária passa a ser mais independente, decidindo por si mesma, seus gostos, preferências e aversões. E esses fatores irão refletir nos hábitos gerais e alimentares da criança (Accioly). E é bastante comum a OMISSÃO do CAFÉ DA MANHÃ, o que acarreta menor desempenho escolar, devido ao menor consumo de energia e outros nutrientes. E é nessa fase também que se inicia o comportamento sedentário. Quem não toma o café pode ter queda na atenção e na habilidade de concentração, já as que consomem e são mais atentas, criativas, energéticas e apresentam melhor desempenho escolar, de modo que o café da manhã deve conter fontes de riboflavina, zinco, ferro, vitamina C e cálcio, além de ser realizado em família, para servirem de exemplo (Dan). A escola desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. O programa de merenda escolar é uma das maneiras de promover saúde e reforçar bons hábitos alimentares. Devido os avanços da vida moderna, verifica-se uma maior freqüência na alimentação fora do lar e de alimentos prontos para o consumo, o que leva a consumo de refeições mais gordurosas e ao uso de refrigerantes e guloseimas. Verifica-se na alimentação das crianças uma ênfase em proteínas animais, alimentos ricos em gordura, alimentos refinados e excesso de sal (Dan). Guias alimentares (Chemin e Dan): Tem a finalidade de orientar a população, os quais atuam como instrumentos educativos para orientação nutricional e alimentar, que, baseados nas recomendações nutricionais, nos hábitos e nos comportamentos alimentares, informam os indivíduos sobre a seleção, a forma e a quantidade de alimentos a ser consumida (Dan). O guia alimentar da pirâmide foi desenvolvido para crianças acima de 2 anos de idade e é norteado por 3 princípios: 1. Variedade (nenhum grupo é mais ou menos PRÉ ESCOLAR E ESCOLAR 13 importante que o outro); 2. Moderação (consumir de acordo com porções recomendadas); 3. Proporcionalidade (consumir mais alimentos da base da pirâmide e menos do cume). Chemin: Grupos de alimentos 1 a 3 pçs/dia 4 a 6 pçs/dia 7 a 9 pçs/dia Cereais, pães, massas e tubérculos 5 5-6 6-7 Hortaliças (legumes e verduras) 3 3-4 4-5 Frutas 3 4-5 5 Carnes e ovos 1 2 2 Leguminosas 1 1-2 2 Lite e derivados 3 3 3 Açúcares e gorduras Uso moderado Uso moderado Uso moderado Dan: Recomendações diárias de porções alimentares segundo grupo de alimentos e valor energético total (VET), para crianças em idade escolar Grupo de Alimentos Número de porções Pães e cereais 6 Hortaliças 4 Frutas 4 Leguminosas 1 Carnes e Ovos 2 Leite e produtos lácteos 3 Açúcares e doces 2 Òleo e gorduras 1 Valor energético total 2000 kcal RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS A importância do atendimento às exigências nutricionais é que a saúde na fase pré-escolar e escolar se refletirá definitivamente na adolescência e na vida adulta. A desnutrição nesta fase pode retardar o crescimento e desenvolvimento da criança, causar apatia, retardo da linguagem, diminuição na capacidade de concentração e baixa resposta a estímulos. As crianças precisam de mais alimentos nutritivos em proporção ao seu peso do que os adultos. A prática alimentar baseada na dieta balanceada desde a infância é importante para o crescimento e desenvolvimento saudável, visando à prevenção de distúrbios nutricionais, além de reduzir os riscos de doenças futuras como osteoporose e doenças crônicas não transmissíveis. A Sociedade Brasileira de Pediatria refere que 15% das crianças brasileiras são obesas e o MS diz que até 50% apresentam anemia (Dan). Energia: No início da vida 40% da ingestão energética é utilizada para o crescimento, por isso a necessidade de energia é maior (110Kcal/kg/dia), mas esse percentual decresce até 3% aos 2 anos de idade e permanece estável até a adolescência (Chemin). A energia dietética deve ser suficiente para assegurar o crescimento e poupar proteína, sem ser de modo excessivo que leve a obesidade. Dan: um escolar necessita em média 70 a 90 kcal/kg/dia 4-6 anos (20kg) – 1800 kcal 7-10 anos (28kg) – 2000 kcal Accioly09: Requerimento energético para pré-escolares e escolares, segundo idade e atividade física Idade Meninos (kcal/kg/dia) Meninas (kcal/kg/dia) Atividade Atividade Leve Moderada Intensa Leve Moderada Intensa 1-2 82 80 2-3 84 81 3-4 80 77 4-5 77 74 5-6 75 72 6-7 62 73 84 59 69 80 7-8 60 71 81 57 67 77 8-9 59 69 79 54 64 73 9-10 56 67 76 52 61 70 14 Chemin: Para determinar a estimativa das necessidades de energia (EER) em crianças menores de 3 anos utiliza- se somente o peso da criança. A partir desta idade, considera-se gênero, idade, altura, peso e nível de atividade física além de adicional de 20kcal/dia para formação de tecidos com o crescimento, até 8 anos de idade (Chemin) -3 a 8 anos: Meninos: EER = 88,5 – 61,9 x idade + CAF x (26,7 x peso + 903 x altura) + 20 Meninas: EER = 135,3 – 30,8 x idade + CAF x (10 x peso + 934 x altura) + 20 Coeficiente de Atividade Física (CAF): Meninos Meninas Sedentário 1 1 Pouco ativo 1,13 1,16 Ativo 1,26 1,31 Muito ativo 1,42 1,56 Dependendo do método escolhido, os valores encontrados serão bem diferentes. Sabe-se que a RDA superestima em aproximadamente em 25% e que para pacientes internados, imobilizados e sem os adicionais energéticos relacionados a lesões, a melhor opção para o cálculo é o GEB, pois a criança estará praticamente em metabolismo basal. Crianças que apresentam baixo peso ou retardo de crescimento nutricional precisam de mais energia e proteínas para realizarem o catch up. Recomenda-se neste caso utilizar o peso ideal para estatura para os cálculos energéticos. Distribuição de macronutrientes: Distribuição energética (Chemin) Carboidratos 55 a 60% Mínimo de 5 g/kg/dia Evita cetose e hipoglicemia Lipídeos 25 a 30% 25 a 35% (Dan) Mínimo de 0,5 a 1 g/kg/dia Evita deficiência de ac. Linoleico Proteínas 10 a 15% Distribuiçãoenergética (Accioly – IOM 2005) Idade Proteínas (%) Lipídeos (%) Carboidratos (%) 1 – 3 anos 5 – 20 30 - 40 45 - 65 > 4 anos 10 - 30 25 - 35 45 - 65 Lipideos: Deve ser suficiente para promover crescimento e desenvolvimento normais e ao mesmo tempo reduzir o risco de doença aterosclerótica. A fim de reduzir a prevalência de condições crônicas tais como doença cardíaca, câncer, diabetes e obesidade tem se usado as recomendações da NCEP para crianças acima de 2 anos. Accioly: Dieta para crianças > 2 anos Quantidade %VET VET gordura > 20 e < 30 / até 30% Gordura saturada < 10 Gordura insaturada Até 10% Monoinsaturada 10 a 15% Colesterol < 300mg/dia A restrição excessiva de lipídeos pelas crianças estabelecida para evitar a obesidade, ou tratamento, sem supervisão, de hipercolesterolemias, acarreta o risco de consumo deficiente de ácido graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis além de energia insuficiente para o crescimento normal (Chemin). Vasconcelos: Idade Sexo Gorduras totais (g/dia) Ácido linoléico (g/dia) Ácido linolênico (g/dia) 4-8 Meninos ND* 10 0,7 Meninas ND* 10 0,7 9-13 Meninos ND* 12 1,2 Meninas ND* 10 1,0 Proteínas: As necessidades por kilograma de peso são maiores que as do adulto, necessitando também maior proporção de aminoácidos essenciais (Vitolo) A necessidade de proteína na infância é conceituada como a dose mais baixa de proteína ingerida na dieta que compensa as perdas orgânicas de nitrogênio associadas com a formação de tecidos exigida para o crescimento. 15 Dose inócua é definida como a necessidade média de proteína acrescida de 2 desvios-padrão. Crianças com dieta vegetariana ou com alergias alimentares ou que façam seleções alimentares limitadas têm maior probabilidade de estar em risco de ingestão inadequada de proteína, embora sua deficiência seja incomum (Krause). Accioly 09: O consumo deve ser ajustado de acordo com a digestibilidade e o valor biológico (escore de aminoácidos). Para tanto, corrigir a recomendação de proteínas pela digestibilidade de proteínas corrigido pelo escore de aminoácidos. Necessidade proteica de acordo com FAO/OMS, 2007: Idade (anos) Proteína (g/kg/dia) 1 1,14 1,5 1,03 2 0,97 3 0,90 4 0,86 5 0,85 6 0,89 7 0,91 8 0,92 9 0,92 10 0,91 Digestibilidade de proteína corrigida pelo escore de aminoácido de dieta a base de trigo, ervilha e leite em pó (FAO/OMS, 2007) Idade (anos) Meninos e meninas 0 a 5 anos 0,67 1 a 2 anos 0,72 4 a 18 anos 0,79 Vitolo: Necessidades de proteínas por quilograma de peso da criança Idade g/kg < 6 meses 2,2 6-12 meses 1,6 1-3 anos 1,2 4 a 6 anos 1,1 7 a 10 anos 1 Fonte: NRC, 1989 Chemin e Krause: para garantir a quantidade de aminoácidos essenciais, deve-se dar 2/3 do total recomendado de AVB. Idade (anos) g/dia g/kg/dia 1 -3 13 1,1 4- 8 19 0,95 9 – 13 34 0,95 Dan (de acordo com RDA, 89): Idade (anos) g/kg/dia < 6 meses 2,2 6 12 meses 1,6 1 -3 1,2 4 - 6 1,1 7 - 10 1,0 Vasconcelos: Idade (anos) Proteína segundo OMS (g/kg/dia) Proteína segundo DRI (g/dia) 0 a 6 meses 1,52 9,1 7 a 12 meses 1,2 11 1 a 3 anos 1,05 13 4 a 8 anos 0,95 19 9 a 13 anos 0,95 34 14 a 18 anos 0,85 52 – meninos 46 - meninas Carboidrato: Existe uma tendência de aumento na ingestão do CHO simples, que está relacionado com redução no consumo de leite, carne e vegetais e elevado consumo de sucos, resultando na deficiência de Fe, Zn e vit D. Em escolares, parece haver aumento da prevalência de obesidade, consumo elevado de açúcar e petiscos (34% do consumo energético diário), percepção inadequada do peso corporal e conteúdo do desjejum inadequado. NRC (1989) recomenda que o consumo de CHO represente: 55% do consumo de energia total / dia, sendo até 10% de sacarose (Accioly 09). A fibra é necessária para a saúde e é um laxante normal das crianças. Sua importância no cardápio das 16 crianças de deve ao seu efeito na diminuição dos níveis de gordura total, saturada e colesterol, diminuindo os riscos de doença coronariana e alguns tipos de câncer (Dan). Recomendações: Dan Idade + 5 = g de fibra /dia. Até máximo de 25 a 30 g/dia Accioly09 (g) 1 – 3 = 19,0 4 – 8 = 25,0 9 – 13 = meninos – 31 / meninas - 26 14 – 18 = meninos – 38 / meninas - 26 O Public Health Service (Accioly) recomenda que as crianças devam aumentar a ingestão de vegetais (frutas e hortaliças) para, pelo menos, 5 porções ao dia. Água e sódio: Segundo a RDA as recomendações giram em torno de 1,5ml/gasto energético/dia (Dan). Vasconcelos: Idade (anos) L/dia 0 a 6 meses 0,7 7 a 12 meses 0,8 1 a 3 anos 1,3 4 a 8 anos 1,7 9 a 13 anos 2,4 14 a 18 anos 3,3 Vitaminas e minerais: As deficiências mais comuns são: Chemin, Dan e Krause: ferro, cálcio e vit A Chemin e Krause: zinco Dan: vitamina C Krause: vitamina B6 A AAP não recomenda a suplementação de vitaminas e minerais de rotina salvo em situações de risco como em crianças com anorexia, baixa ingestão de alimentos, doenças crônicas, dietas restritivas, baixo consumo de produtos lácteos, falta de exposição solar (Vitolo). Ferro: Crianças entre 1 e 3 anos de idade estão em alto risco de anemia ferropriva, devido ao aumento de hemoglobina e massa total de ferro, e a dieta não ser rica neste nutriente (Krause). A anemia ferropriva atinge 9% das crianças que estão engatinhando, é um problema menos significativo entre as crianças pré escolar e escolar. Deve-se estabelecer uma alimentação adequada com presença de facilitadores de absorção de ferro, como os ácidos orgânicos (málico, tartárico, ascórbico, cítrico) e diminuição dos inibidores da absorção (Chemin) Cálcio: A ingestão adequada de cálcio é um dos fatores que auxiliam a maximização da massa óssea durante a infância e a adolescência, contribuindo para prevenção de riscos de fraturas na vida adulta. Sua necessidade depende das taxas individuais de absorção e da quantidade de proteína, vit D e fósforo. A recomendação é facilmente atingida com 2 copos de leite, ou 01 iogurte + 01 copo de leite. Cada copo de leite contem 250mg de cálcio e a alta biodisponiblidade nos produtos lácteos está relacionada com o conteúdo de vit D e com a presença de lactose. Fontes: produtos lácteos e vegetais de folhas verdes, leguminosas, tofu, ovos, mariscos, nozes e castanhas. De 1 a 3 anos deve-se manter o consumo de leite para garantir o fornecimento de 500mg/dia (ingestão adequada), mas evitar a substituição de refeições salgadas por leite, prejudicando o consumo dos demais nutrientes. A biodisponibilidade do cálcio de origem vegetal pode ser afetada por inibidores de absorção (oxalatos e fitatos), A soja é uma exceção, pois apesar de conter inibidores, os produtos derivados industrializados têm alta biodisponibilidade do mineral. São boas fontes de cálcio: soja, brócolis, couve flor e couve, por conterem pouco ácido oxálico. A prevenção de osteoporose é mais eficiente durante a infância e adolescência, quando os ossos estão crescendo rapidamente e estão mais sensíveis à influência ambiental como a dieta e atividade física. Recomendação: 1 a 3 anos: 700 mg/dia 4 a 8 anos: 1000 mg/dia 9 a 18 anos : 1300 mg/dia Zinco: O zinco é essencial para o crescimento. Sua necessidade está aumentada em função da sua participação na síntese de ac nucléico e no metabolismo das proteínas (Chemin). A sua deficiência resulta em insuficiência no crescimento, falta de apetite, acuidade de paladar diminuída, e cicatrização de feridas prejudicada, alopecia, diarréia, atraso na maturação sexual, prejuízo no sistema imunológico e acrodermatite. Suas principais fontes são carnes de frutos do mar, e nos alimentos de origem vegetal tem baixa biodisponibilidade pela presença de fitatos e fibras. Recomendação: 1 a 3 anos: 3mg/dia, 4 a 8 anos: 5mg/dia 9 a 13 anos: 8mg/dia 17 Vitamina D É necessária para absorção de cálcio e deposição deste nos ossos, bem como para a prevenção do câncer, distúrbios autoimunes, doenças cadiovascularese infecciosas. Recomendação: Lactentes: 400 UI (10 mcg) Crianças: 600 UI (15 mcg) Vitamina A (Chemin)Contribui para um maior risco de hipovitaminose A: a introdução de alimentos pobres em vitamina A, o aumento da necessidade do nutriente para o crescimento, as múltiplas patologias freqüentes neste grupo etário, que aumentam a demanda metabólica e a desnutrição que compromete seu estoque, transporte e utilização. A hipovitaminose A é considerada um problema de saúde pública quando os valores séricos de retinol em 20% da população são inferiores a 0,7 μmol/L. Está associada a 23% das mortes por diarréia de crianças brasileiras, por isso se faz a suplementação em crianças de 6 a 59 meses de idade e puérperas no pós parto imediato residentes em regiões de alta prevalência. Crianças com deficiência de vitamina A são mais susceptíveis a infecções. Demonstrou-se que a suplementação de vitamina A pode aumentar os níveis séricos de ferro e na deficiência de vit A há facilidade para ocorrência de anemia. A suplemntação de vitaminas e minerais é recomendada para crianças: com anorexia com doenças crônicas (ex. Fibrose cística, DII, doença hepática) famílias carentes ou aquelas que são abusadas ou neglicenciadas que fazem uso de um programa dietético para obesidade que não consomem quantidades adequadas de produtos lácteos com dificuldades de desenvolver Recomendações em relação à atividade física: É fundamental para prevenção da obesidade e manutenção de um bom estado de saúde. Em relação à atividade física, recomenda-se que a criança pratique atividade física ou participe de brincadeiras vigorosas durante 60 minutos/dia. Devem ser desestimulados hábitos de vida sedentários, e o tempo de permanência assistindo televisão ou brincando com vídeo games e computador deve ser limitado a no máximo 2 horas/dia, sendo prudente recomendar que se evite televisão no quarto das crianças. Determinantes do consumo alimentar: 1. Número de intervalos entre as refeições: Está positivamente relacionado com o volume da refeição. Grandes refeições estão associadas a intervalos maiores, e pequenas refeições com intervalos mais curtos. 2. Tamanho das refeições: A criança é capaz de regular a quantidade ingerida. Crianças ingerem maior quantidade de dietas de menor densidade energética e vice-versa. Após refeições muito densas elas selecionam menor variedade de alimentos dando preferência aos preferidos que comumente são ricos em açúcar e gordura. 3. Tipos de alimentos presentes nas refeições: Há uma preferência inata pelo sabor doce e rejeição do sabor amargo e azedo. Mas ela também pode ser moldada por experiências repetidas com o alimento (8 a 9 vezes – Chemin), contexto social (preferem alimentos associados com contextos positivos) e com as conseqüências fisiológicas da ingestão do alimento. Crianças amamentadas ao seio têm menor rejeição ao novo alimento. Padrões de ingestão: Os nutrientes mais prováveis de serem baixos ou deficientes em dietas de crianças são cálcio, ferro, zinco, vit B6 e vit A. Comparado com a ingestão de nutrientes na lactância, a dos pré-escolares têm diminuição em cálcio, fósforo, riboflavina, ferro e vit A. As principais influências na ingestão alimentar são: Ambiente familiar (pais e parentes servem de modelo, e os hábitos e aversões estabelecidos nesta fase serão levados até a fase adulta, as crianças pequenas não possuem a capacidade de escolher uma dieta balanceada, nutritiva) Tendências sociais (mães que trabalham fora de casa) Meios de comunicação (a televisão pode ser prejudicial ao crescimento e desenvolvimento na medida em que encoraja a inatividade, as crianças são incapazes de distinguir as mensagens de comerciais do programa normal) Pressão dos colegas (A influência de colegas pode se manifestar por uma recusa súbita de um alimento 18 ou o pedido de um alimento “ popular”) Enfermidade ou doença (podem ter o apetite diminuído e ingestão alimentar limitada) As crianças não aceitam o alimento novo prontamente, o que é conhecido como neofobia (é uma resposta normal e que pode ser modificada pelas ofertas repetidas do alimento), preferindo os doces e calóricos, além disso, às vezes a criança só aceita os lácteos pelo conforto de ingerir um alimento conhecido, ou pelo medo dos pais em oferecer sólidos, ou elas têm preferência por alimentos pastosos ou líquidos e os pais com medo que a criança perca peso oferecem só aqueles alimentos que são aceitos. A recusa alimentar pode também ser resultado de ameaças, subornos, insistência dos pais, o que pode levar até a uma anorexia verdadeira. A anorexia ou inapetência é uma das mais freqüentes queixas na pediatria, mais no 2º ano de vida (principalmente entre 14 a 60 meses de idade), quando a velocidade de crescimento diminui e consequentemente diminuem também as necessidades nutricionais e o apetite. A maioria das queixas é, na verdade, indisciplina alimentar, seletividade alimentar e preferência por alimentos líquidos ou semi-sólidos, principalmente os lácteos. Os estimulantes de apetite não devem ser utilizados, é necessário que a criança experimente o alimento várias vezes e para aquelas que estão abaixo do peso esperado, deve-se aumentar o aporte calórico. Características nutricionais do Escolar (Vitolo) A maior socialização e independência, características dessa faixa etária promovem melhor aceitação de preparações alimentares diferentes e mais sofisticadas. O trato gastrintestinal está mais desenvolvido e o volume gástrico é comparável ao do adulto. É nessa fase que se inicia o comportamento sedentário. A inapetência comum do pré-escolar transforma-se em apetite voraz nessa fase. É comum a diminuição da ingestão de leite nesse período, o que pode comprometer o suprimento de cálcio. Recomenda-se a ingestão de alimentos que sejam fontes de vitamina A ou caroteno, pois assim, no momento do crescimento máximo, os depósitos vão estar adequados, garantindo assim as secreções normais do hormônio de crescimento (GH). Essas necessidades podem ser alcançadas pela ingestão semanal de 100 a 150g de fígado ou pela ingestão, três vezes por semana, de 100g de frutas ricas em caroteno ou 40g de legumes amarelos ou verduras verde-escuras. Próximo à puberdade há um desvio para cima na curva normal de peso, devido ao processo de repleção energética que antecede o estirão pubertário. Sendo inadequada a intervenção profissional em situações em que o excesso de peso não ultrapassa os 20% da relação peso para estatura. Orientações que devem ser dadas aos pais como forma de garantir a aquisição de bons hábitos alimentares pela criança: A criança deve controlar seu consumo alimentar, principalmente em relação ao tamanho da refeição. Deixar a criança auto limitar-se. Diversificar alimentos, formas de preparo e apresentação das refeições. A refeição deve ter um aspecto saboroso para estimular o apetite. Servir pequenas porções de alimentos, oferecendo novas quantidades se necessário. A porção do alimento deve ser de acordo com a aceitação, o ideal é oferecer sempre pequenas quantidades e perguntar se deseja mais. As crianças em idade escolar, devido à menor capacidade e apetites variáveis, se dão melhor com porções pequenas e mais freqüentes, a maioria se alimenta de 4 a 6 vezes/dia. Fracionamento da dieta: 6 refeições diárias incluindo os lanches. Mas estabelecer rotina para alimentação com horários definidos e regulares Evitar alimentos de alta concentração energética e calorias vazias, principalmente nas 2 horas antes das grandes refeições. Não devem receber nenhum alimento ou bebida 1½ h antes de uma refeição Guloseimas não devem ser proibidas pois estimularão mais ainda o interesse da criança, mas deve ser consumido em horários adequados Reduzir a ingestão hídrica durante as grandes refeições para evitar a saciedade precoce. Podem ser oferecidos após as refeições, de preferência água ou sucos naturais (Chemin). Não forçar a criança, nem castigá-la em caso de recusa alimentar. Há uma variação normal no apetite da criança e aceitação das refeições Oferecer o alimento novo em pequenasquantidades, se houver recusa, mudar a forma de preparação ou aguardar um intervalo até a próxima apresentação. Chemin: substituir por outro alimento do mesmo grupo. Sobremesas não devem ser utilizadas como recompensas para evitar sua supervalorização Horário da refeição deve ser agradável, mas não um entretenimento. Uma atividade quieta ou descanso imediatamente antes da alimentação conduz a uma refeição relaxada e agradável. Se o escolar se mostrar inapetente, verificar os alimentos que ele está consumindo entre as refeições (Chemin) Deixar a criança manipular os alimentos. Incentivar a criança a explorar o alimento Evitar ao máximo o uso da mamadeira, oferecer líquidos em copo Instituir práticas alimentares saudáveis (Accioly): ↓ consumo de doces e similares nos intervalos das refeições; ↓ uso de açúcar refinado para adoçar preparações; Evitar compartilhar utensílios às refeições. Servir os alimentos em temperatura agradável Habituar a comer petiscos saudáveis, como frutas frescas e desidratadas, legumes, queijo picado, etc. Mas 19 não estimular o consumo de petiscos enquanto se assiste televisão. Evitar alimentos com risco de sufocamento: salsichas inteiras, bala dura, amendoim, pipoca, frutas pequenas (uvas, cerejas) e pedaços grandes de alimentos. E castanhas e azeitonas Alimentos ricos em gordura saturada e colesterol devem ser substituídos pelos ricos em poliinsaturados. Aumentar o consumo de frutas e hortaliças in natura. O consumo excessivo de suco de frutas pode resultar em má absorção de carboidrato e diarréia crônica não específica, além de alterar o teor nutricional da dieta, pois substitui alimentos de maior teor de energia e diminui o apetite da criança, isso pode ocasionar ingestão alimentar diminuída e crescimento precário (Krause). Integrar a criança na cozinha pode torná-la mais responsável e comprometida com a alimentação Fazer companhia às refeições, pois isso influencia na aceitação das mesmas Em caso de restrições alimentares a família deve tentar preparar alimentos semelhantes aos proibidos, mas que possam ser consumidos, em vez de consumir escondido ou parar de consumir Orientações para prevenção de obesidade e doenças cardiovasculares (Accioly 09): Dieta deve conter valor energético suficiente para permitir crescimento adequado. Não incluir na mesma na refeição mais de um alimento rico em amido, como cereais, tubérculos e raízes Aumentar o consumo de frutas e hortaliças cruas ou na forma de preparações culinárias agradáveis e variadas. Evitar consumo excessivo de sucos. Limitar o consumo para cerca de 1 copo por dia, para a faixa etária de 1 a 6 anos, e dois copos por dia, para a faixa etária de 7 a 18 anos. Aumentar o consumo de peixe para cerca de 2 vezes por semana. Utilizar óleos vegetais no preparo dos alimentos. Evitar frituras e alimentos gordurosos. Evitar alimentos ricos em gordura saturada e colesterol. Não se recomenda restrição de gordura e colesterol para crianças menores de 2 anos de idade. Após essa idade, a criança poderá receber leite desnatado ou semi-desnatado. Restringir doces e refrigerantes. Reduzir o consumo de sal especialmente de alimentos processados. Problemas de saúde mais freqüentes Desnutrição: Após o desmame e adaptação à dieta familiar aumenta o risco de deficiências nutricionais e desnutrição protéico-energética, agravadas pelas comuns infecções em crianças menores de 5 anos, especialmente em países em desenvolvimento. Obesidade: Objetivo do tratamento do obeso é reduzir o ritmo de aumento ponderal com restrição da ingestão excessiva sem provocar depleção e aumentar a atividade física da criança. Não deve ser feita redução energética abaixo das necessidades a ponto de provocar perda de peso, pois pode causar prejuízos sobre a estatura e desenvolvimento do SNC. Quanto mais tempo a criança estiver com sobrepeso, mais provável é que o estado continue na adolescência e na fase adulta. As crianças cujo rebote de adiposidade de crescimento normal ocorre antes de 5 anos e 6 meses têm probabilidade maior de serem mais pesadas na fase adulta do que aquelas cujo rebote ocorre após os 7 anos (Krause). Cárie dentária: Tem relação direta com o consumo de açúcar. Parece que a higiene bucal regular tem maior impacto na prevenção de cárie do que restrição de açúcar, portanto é recomendada a escovação após as refeições em crianças maiores e limpeza da cavidade oral de bebês com gaze ou fralda limpa umedecida com água. Deve-se habituar o paladar da criança a um sabor doce de menos intensidade, reduzir o consumo de doces e similares nos intervalos das refeições, e evitar a utilização compartilhada de utensílios nas refeições evitando problema de origem infecciosa. Krause: Os alimentos protéicos (queijo, nozes e carnes) quando consumidos junto com os mais fermentáveis podem ajudar a proteger os dentes contra cárie, pois impedem a diminuição do pH, então as sobremesas e doces devem ser incorporados às refeições e com pouca frequência. O flúor deve ser fornecido às crianças através de suprimento de água fluoretada ou com um suplemento de flúor. Accioly: Alimentos contendo açúcares e amidos podem ser facilmente hidrolisados pela Alfa amilase e bactérias, podendo produzir ácidos que aumentam o risco de cáries. Evidências tem apontado que o hábito alimentar de mamadeiras noturnas, especialmente adicionadas de sacarose e cereais, está associado ao desenvolvimento de cáries. Medidas preventivas contra a cárie: • Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses • Restringir açúcar refinado, balas e refrigerantes na alimentação da criança • Se a criança dormir enquanto estiver sendo amamentada, é importante que a mãe limpe a boca da criança • É totalmente contra indicado oferecer mamadeiras ou qualquer outra bebida à criança enquanto estiver dormindo • Não é recomendada a utilização de creme dental com flúor antes de 2 anos de idade e enxaguatórios bucais com flúor antes de 6 nos de idade. Constipação: Deve-se estimular o consumo de alimentos ricos em fibras, mas evitando seu excesso, pois sua densidade energética é baixa e a capacidade gástrica 20 infantil é reduzida. Além disso, pode prejudicar a absorção de cálcio, ferro, cobre, magnésio, fósforo e zinco. Pode resultar em falta de apetite, menor ingestão de alimentos e dificuldade em se desenvolver (Krause). Recomendações: Estimular o consumo de uma porção de fruta a cada refeição sob a forma de sucos não coados, saladas ou cremes. Variar as opções culinárias utilizando hortaliças em geral e frutas desidratadas. Aumentar a ingestão de líquidos. A recomendação é de cerca de 1,5ml/kcal. É desejável que cerca de 50% da ingestão diária de líquidos seja de água, com exceção dos lactentes em AM, já que o LH contém cerca de 80% de água. Em geral, a criança perde cerca de 800 ml de água/dia, sendo cerca de 200 ml nas fezes. Portanto recomenda-se a ingestão de 4 a 6 copos de água/dia. Estimular o consumo de alimentos com grande concentração de fibras (leguminosas, cereais integrais, legume, verduras, frutas e vegetais folhosos). O consumo de legumes e vegetais folhosos devem ser oferecidos preferencialmente crus. Em relação às frutas, deve-se dar preferência às laxativas (mamão, ameixa fresca e desidaratada, laranja com bagaço, abacate, abacaxi, tangerina, melancia, fruta de conde); inteiras ou em pedaços e sempre que possível com casca, pois fornecem mais fibras do que na forma de sucos e de polpa amassada. Frutas desidratadas mantidas em remolho (ex: ameixa) podem ser mais fáceis de consumir. Estimular o consumo de 1 porção de fruta a cada refeição. Pode-se tb substituir parte da farinha de trigo no preparo de bolos e outras preparações, por aveia em flocos ou farelo de aveia ou de arroz. Alimentos que estimulam pouco (maçã, banana, pães, arroz, batata, farinha de mandioca, maisena), não precisam ser excluídos do plano alimentar, porém devem ser utilizados em combinação com alimentos que estimulem o trânsito
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