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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CAMPUS MUZAMBINHO Curso de Bacharelado em Educação Física __________________________________________________ BRYAN COSTA PEREIRA PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO: FATORES MOTIVACIONAIS EM ADULTOS JOVENS DO SUL DE MINAS GERAIS MUZAMBINHO-MG 2020 BRYAN COSTA PEREIRA PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO: FATORES MOTIVACIONAIS EM ADULTOS JOVENS DO SUL DE MINAS GERAIS Monografia de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - Campus Muzambinho, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Educação Física. Orientadora: Januária Andrea Souza Rezende MUZAMBINHO-MG 2020 RESUMO Pereira, Bryan Costa. Prática de Musculação: fatores motivacionais em Adultos Jovens do Sul de Minas Gerais. Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - Campus Muzambinho, 2021. O objetivo geral deste estudo foi de verificar a percepção dos principais motivos que levam a prática de musculação em adultos jovens de Muzambinho-MG. Devido a esse grande número de praticantes, que vem aumentando a cada ano, nota-se também o grande aumento de estabelecimentos relacionados a esses tipos de práticas, como academias de ginástica, estúdios de pilates, entre outros. Participaram da pesquisa, 31 pessoas praticantes de musculação, de ambos os sexos, com idade média entre 18-30 anos, residentes da cidade de Muzambinho- MG. Todos os participantes responderam ao Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física, o IMPRAF-54 (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). Dessa maneira, para a realização desse trabalho, foi utilizada através da coleta de dados uma análise estatística descritiva. Palavras-chave: Motivação; Teoria da Autodeterminação; Musculação; Adultos. ABSTRACT Pereira, Bryan Costa. Bodybuilding Practice: motivational factors in Young Adults in the South of Minas Gerais. Monograph presented to the Federal Institute of Education, Science and Technology of the South of Minas Gerais - Campus Muzambinho, 2021. The general objective of this study was to verify the perception of the main reasons that lead the practice of weight training in young adults from Muzambinho- MG. Due to this large number of practitioners, which has been increasing every year, there is also a great increase in establishments related to these types of practices, such as gyms, pilates studios, among others. Participated in the research, 31 people practicing weight training, of both sexes, with an average age between 18-30 years old, residents of the city of Muzambinho- MG. All participants responded to the Motivation Inventory for Regular Physical Activity, IMPRAF-54 (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). Thus, for the accomplishment of this work, a descriptive statistical analysis will be used through data collection. Keywords: Motivation; Self-Determination Theory; Bodybuilding; Adults. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 3 2.1 Motivação .......................................................................................................... 3 2.2 Teoria da Autodeterminação .............................................................................. 4 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 11 3.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................. 11 3.2 Amostra ........................................................................................................... 11 3.3 Procedimentos e Materiais .............................................................................. 12 3.3.1 Coleta de dados ........................................................................................ 12 3.3.2 O Inventário IMPRAF-54 ........................................................................... 12 3.3.3 Interpretação dos fatores motivacionais .................................................... 13 3.3.4 Aplicação do inventário e apuração dos dados ........................................ 14 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 19 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 23 APÊNDICE ................................................................................................................ 27 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................................. 28 ANEXO ...................................................................................................................... 29 INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE FÍSICA 30 1 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Ministério da Saúde e pesquisa desenvolvida em 2018 pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), os brasileiros têm se exercitado mais. Os dados da pesquisa apontam que 38,1% da população praticam atividade física regularmente em seu tempo livre, um crescimento de 36,6% nos últimos seis anos. A Organização Mundial da Saúde (2014) define a atividade física como qualquer movimento com o corpo produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram gasto de energia. A prática de atividade física, como é de conhecimento geral, produz efeitos muito positivos na saúde, tanto em nível biológico como psicológico (ACSM, 2000; SABA, 2001). A procura por uma vida saudável, com exercícios físicos vem crescendo e o número de praticantes regulares vem aumentando desde a década de 90. Entre estes estão os que frequentam as academias (SOUZA, DRUMMOND e SALGADO, 2019). Além disso, indivíduos que praticam atividades físicas regularmente, vivem mais que indivíduos sedentários e correm um risco menor de desenvolver várias doenças crônicas (MIRAGAYA, 2006). A musculação entra nesse contexto como uma atividade que promove a saúde e qualidade de vida, agindo como coadjuvante no tratamento da hipertensão, osteoporose e diabetes; no combate à sarcopenia (perda natural de peso e massa muscular em decorrência da idade); na correção de problemas posturais; diminuição de dores lombares; na aceleração do metabolismo e emagrecimento, melhora do humor, libido e autoestima; melhora do sono; redução da ansiedade e da depressão; apresenta baixo índice de lesões; aumento de capacidades físicas importantes como força, potência, resistência muscular e flexibilidade; modelagem corporal; melhorias na capacidade cardiorrespiratória; aumento na expectativa de vida. Já a nível psicológico, os aspectos positivos relacionam-se ao aprimoramento dos níveis de autoestima, da autoimagem, diminuição dos níveis de estresse e tantos outros (GIANOLLA, 2003; JUNIOR, 2016; JUSTINO; LEITE FILHO, 2016; SABA, 2001). Lima (2012) nos diz que a musculação consiste em uma forma de exercício resistido no qual se tem grande controle de variáveis como: carga, tempo de contração, velocidade, intensidade, densidade, volume, entre outras. E que estas atuam como importante componente de versatilidade da prática da musculação, 2 podendo se adequar às diferentes faixas etárias, e ser praticada de acordo com os mais diferentes objetivos propostos pelos indivíduos que a praticam. Segundo avaliação de Andersen et al. (2000), o modelo proposto pela Teoria daAutodeterminação tem revolucionado os estudos sobre motivação intrínseca e extrínseca nas duas últimas décadas. Em função dessas e outras informações o presente estudo teve como objetivo geral verificar a percepção e os principais motivos que levam a prática de musculação em adultos jovens de Muzambinho-MG, tomando como base a Teoria da Autodeterminação de Ryan e Deci (2000). 3 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Motivação Para que o indivíduo dê início a qualquer tipo de prática ou tarefa tem que se motivar para isso, assim sendo, temos que entender o que pode ser chamado de motivação e o que a cerca, na tentativa de compreender os aspectos motivacionais responsáveis que levam as pessoas a começar alguma atividade, no caso deste estudo, o que leva o indivíduo ingressar numa academia e começar a praticar musculação. Para Rudolph (2003) a motivação em si é tida como um construto e se refere ao direcionamento momentâneo do pensamento (este pode ser regulado então por motivos intrínsecos e/ou extrínsecos), da atenção, e da ação visto pelo próprio indivíduo em questão como positivo. Este direcionamento único age particularmente sobre o comportamento do mesmo e engloba conceitos altamente complexos do ponto de vista psicológico como anseio, desejo, vontade, esforço, sonho, esperança, superação, que podem influenciar os resultados da ação realizada (RHEINBERG, 2000). A motivação é o fator mais importante e determinante no comportamento do ser humano; é o que desperta, fornece energia, dirige e regula. Trata-se, portanto, de um mecanismo psicológico que governa a direção, a intensidade e a persistência do comportamento (MURCIA; COLL, 2006). A motivação pode ser descrita como um processo responsável por iniciar, direcionar e manter comportamentos relacionados com o cumprimento de objetivos, onde se tem o envolvimento de fenômenos emocionais, biológicos e sociais. Ela pode estar relacionada com alguma força interior do próprio indivíduo, onde cada um de nós tem a capacidade de se motivar e dar início ou continuidade a alguma prática, como também, de se desmotivar e encerrar alguma atividade já planejada, essa forma de motivação pode ser chamada de motivação intrínseca. Também pode existir a motivação gerada pelo meio em que o indivíduo está inserido, chamada de motivação extrínseca (JUNIOR, 2016, p.16). Quando nós falamos de motivação intrínseca, é a motivação onde o interesse parte do próprio indivíduo para a realização da prática, onde ele tem seus próprios interesses e vontades. Dessa forma, caracteriza-se um nível motivacional mais 4 elevado, pois esse aspecto já está inserido no interior de cada indivíduo, tornando a desistência da atividade mais difícil (JUNIOR, 2016). Existem, segundo Guimarães (2004), três necessidades psicológicas inatas, subjacentes à motivação intrínseca, e são propostas pela Teoria da Autodeterminação: a necessidade de autonomia, a necessidade de competência e a necessidade de pertencer ou de estabelecer vínculos. A satisfação das três é considerada essencial para um ótimo desenvolvimento e saúde psicológica. Considerando o ambiente das academias, as interações como um todo precisam ser fonte de satisfação dessas três necessidades psicológicas inatas para que a motivação intrínseca e as formas autodeterminadas de motivação extrínseca possam ocorrer. Nesse sentido, a figura do profissional/ professor tem um papel essencial na promoção de um clima favorável ou não ao desenvolvimento dessas orientações motivacionais. Já a motivação extrínseca pode estar relacionada com fatores fora da atividade em si, como a integração com determinado grupo, como forma de reconhecimento, para evitar alguma punição ou receber alguma recompensa, são fatores que estão além do prazer que a atividade em si proporciona (AMORIM, 2010). Deci e Ryan (2000) argumentam que seria inconcebível imaginar que houvesse alguma situação em nossa vida cotidiana na qual pudéssemos agir de modo totalmente independente das influências externas. Para que possamos entender alguns fatores, como os aspectos comportamentais dos indivíduos, a maneira como ele se relaciona com o ambiente e com os outros indivíduos ao seu redor, a iniciação de novas práticas, seus interesses e suas determinações para vir a realizar alguma tarefa ou até mesmo incorporá-la em seu cotidiano, nota-se que todos esses fatores citados passa pelo jeito de como o indivíduo reage a tudo o que lhe é apresentado e o que parte dele mesmo, como seus interesses próprios e suas vontades (JUNIOR, 2016, p.16). Após compreendermos o que pode ser chamado de motivação e sabendo que ela pode ser caracterizada em dois tipos, sendo a motivação intrínseca e a motivação extrínseca, precisamos entender do que se trata a Teoria da Autodeterminação. 2.2 Teoria da Autodeterminação 5 A Teoria da Autodeterminação parte do princípio de que o comportamento humano é incentivado por três necessidades psicológicas inatas e universais, já citadas anteriormente, sendo elas: autonomia, capacidade e relação social, que parecem ser essenciais para facilitar o ótimo funcionamento das tendências naturais para o crescimento e a integração, assim como também para o desenvolvimento social e o bem-estar pessoal (DECI e RYAN, 2000; RYAN e DECI, 2000). Uma vez satisfeita, a necessidade psicológica promove sensação de bem-estar e de um efetivo funcionamento do organismo (GUIMARÃES, 2004). As três necessidades psicológicas supracitadas podem ser exemplificadas da seguinte forma: a autonomia ou autodeterminação pode ser compreendida pelos esforços do indivíduo em ser o agente, em estar na origem de suas ações, para ter força ou voz para determinar o próprio comportamento. A necessidade de ser capaz (capacidade) está relacionada à tentativa de controlar o resultado, de experimentar efetivamente. Por último, a necessidade de se relacionar com o outro faz referência ao esforço para estabelecer relações, à preocupação com o outro e, ao mesmo tempo, ao sentimento de que o outro também demonstra uma relação autêntica, isto é, tem relação com experimentar a satisfação com o mundo social. Esta necessidade está definida por duas dimensões, se sentir aceito e ficar mais próximo do outro (MURCIA; COLL, 2006). Enquanto a necessidade de competência e de pertencer ou estabelecer vínculos são objetos de investigação de diversos autores, em várias linhas teóricas da psicologia, a Teoria da Autodeterminação está praticamente sozinha na exploração do construto de necessidade básica de autonomia (GUIMARÃES, 2004). Autonomia significa a faculdade de se governar por si mesmo; o direito ou faculdade de se reger (uma nação) por leis próprias; liberdade ou independência moral ou intelectual. O adjetivo autônomo refere-se a agir sem controle externo (FERREIRA, 1986). Essa teoria trata justamente dos fatores motivacionais que podem vir a interferir de maneira mais branda ou de modo mais agravante às formas na concepção do ser humano agir, dessa forma, ela auxilia os pesquisadores a compreender melhor os fatores motivacionais para a realização de exercícios físicos em diferentes grupos populacionais (JUNIOR, 2016). É vastamente aceita e empregada em diversas áreas do conhecimento acadêmico: educação, saúde, administração de empresas, ambientalismo, religião, 6 política, bem como no esporte e atividade física. Esta teoria preconiza que um sujeito pode ser motivado em diferentes níveis (intrínseca ou extrinsecamente), ou ainda, ser amotivado durante a prática de qualquer atividade (LIMA, 2012). Para Ryan e Deci (2000) a Teoria da Autodeterminação propõe que a motivação seja um continuum, caracterizada por níveis de autodeterminação, que podem variar do mais autodeterminado (motivação intrínseca) ao menos autodeterminado (motivação extrínseca e a amotivação). A figura 1 exemplifica:FIGURA 1 – Sequência de autodeterminação com os tipos de motivações e seus respectivos estilos de regulação, o lócus de causa e os processos correspondentes, também conhecida como taxonomia. FONTE: (Deci e Ryan, 2000; Ryan e Deci, 2000) A motivação intrínseca é o fenômeno que melhor representa o potencial positivo da natureza humana, sendo considerada por diversos autores como a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão social. Configura-se como uma tendência natural para buscar novidade, desafio, para obter e exercitar as próprias capacidades. Refere-se ao envolvimento em determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, envolvente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Para serem intrinsecamente motivadas, as pessoas necessitam se sentir competentes e autodeterminadas (GUIMARÃES, 2004). O que se pode ser dito de antemão é que: é bastante comum ocorrer o erro de estabelecer que a motivação intrínseca seja apenas “interna” e da vontade do indivíduo, pois é muito explícito que as motivações, quaisquer sejam elas, funcionam a partir de uma interação entre indivíduo e ambiente, cuja relação é altamente 7 determinante (LIMA, 2012). Portanto, caracteriza-se por um lócus interno de causa, um interesse e uma satisfação inerentes à própria atividade (MURCIA; COLL, 2006). A motivação intrínseca, de acordo com Brière, Vallerand et al. (1995) apud Junior (2016), ainda pode ser dividida em três tipos: para saber, para realizar e para experiência. A motivação intrínseca para saber ocorre quando uma atividade é executada para a satisfação de uma curiosidade que o indivíduo pode vir a ter, ao mesmo tempo em que o indivíduo aprende tal atividade. Fazendo um paralelo com a musculação, a pessoa começa a praticá-la por curiosidade e ao mesmo tempo, aprende como treinar. A motivação intrínseca para realizar ocorre quando o indivíduo realiza a atividade, pelo simples prazer de executá-la, nesse caso, o indivíduo pratica musculação por gostar da atividade em si. Existe também a motivação intrínseca para experiência, que ocorre quando o praticante frequenta a atividade para experimentar e usufruir das situações estimulantes que a tarefa lhe propõe. Nesse caso, o indivíduo pratica a musculação pelos desafios que ela pode oferecer a ele, durante sua realização. A Teoria da Autodeterminação afirma que os eventos sócio contextuais que fortalecem a percepção de competência no decorrer de uma ação, por exemplo, o feedback positivo em situações de desafio de nível ótimo, aumentam a ocorrência da motivação intrínseca. No entanto, somente o sentimento de competência não é suficiente para promover um aumento da motivação intrínseca. É necessário que seja acompanhado por uma percepção de autonomia, ou seja, a situação não deve sufocar o senso de liberdade individual, como também a pessoa precisa se sentir responsável pelo desempenho competente. Desse modo, parece que as circunstâncias que promovem a percepção de autonomia e de competência, denominadas informativas, são promotoras da motivação intrínseca (GUIMARÃES, 2004). A motivação extrínseca acontece quando uma atividade é efetuada com outro objetivo que não o inerente à pessoa (LIMA, 2012). Porém, estes motivos podem variar em relação ao seu grau de autonomia, criando, basicamente, três categorias desta motivação: regulação externa, regulação interiorizada e regulação identificada. Já Murcia e Coll (2006) caracterizam as vertentes da motivação extrínseca em regulação externa, regulação introjetada (introversão/ interiorizada), regulação identificada e regulação integrada. 8 Para o entendimento desses conceitos, é necessário explicar o que é a interiorização: é o processo pelo qual as pessoas aceitam os valores e os processos reguladores estabelecidos por um contexto social. Tais valores e processos não são intrinsecamente atraentes, porém, principalmente no caso da necessidade de se relacionar com o outro, provêm o impulso primário de interiorização. Podem ter maior ou menor nível de integração e, portanto, podem ser subdivididos em três tipos de regularização interiorizada, diferindo na quantidade de autodeterminação (MURCIA; COLL, 2006). Para um melhor entendimento do exposto as vertentes da motivação extrínseca serão explicadas a seguir (do menor ao maior nível de autodeterminação): a) Regulação externa - Trata-se da regulação do comportamento do indivíduo devido a recompensas ou consequências negativas, podendo ser premiações ou punições, dependendo do caso. Pode se fazer um paralelo com a musculação, quando alguém dá início a essa prática, por medo de rejeição vindo de seu ciclo social (JUNIOR, 2016, p.20). Tal comportamento é denominado regulação externa, já que obedece a um incentivo externo (lócus de causa externa) (MURCIA; COLL, 2006). b) Regulação interiorizada - Quando o comportamento é regulado por uma fonte de motivação que, embora inicialmente externa, é internalizada, como comportamentos reforçados por pressões internas como a culpa, ou como a necessidade de ser aceito (este comportamento pode ser visto quando alguém realiza uma atividade por “desencargo de consciência”) (LIMA, 2012). c) Regulação identificada - Quando o indivíduo realiza uma tarefa (ou comportamento), a qual não lhe é permitida a escolha; uma atividade que é considerada como importante de ser realizada, mesmo que não lhe seja interessante. Este tipo de comportamento é visualizado, por exemplo, no diálogo de um atleta que diz que aulas de alongamento são importantes porque seu treinador disse, e mesmo não gostando de executar ele o realiza (LIMA, 2012). Se a pessoa identificar a importância que a atividade tem para si mesma e valorizá-la conscientemente, 9 caracterizará a regulação identificada, que representa uma autodeterminação maior (MURCIA; COLL, 2006). d) Regulação integrada - Proposta por Fox (2000, apud Junior, 2016) a forma mais autodeterminada de regulação extrínseca se refere à regulação integrada, na qual várias identificações são similares e organizadas significativamente e de forma hierárquica, o que significa que elas foram avaliadas e foram colocadas adequadamente com outros valores e necessidades. Existe então, uma consciência e síntese consigo mesmo, assim como um locus interno de causa. Entretanto, continua sendo uma forma de motivação extrínseca, já que não se atua para o prazer inerente da atividade (RYAN e DECI, 2000). Por fim, a amotivação é caracterizada pelo sujeito que não tem a intenção de realizar algo e, portanto, é provável que a atividade seja desorganizada e acompanhada por sentimento de frustração, medo ou depressão. Como consequência o sujeito perde o controle e o lócus de causa é impessoal (RYAN e DECI, 2000). A amotivação também é descrita como sendo a construção motivacional apreendida em indivíduos que ainda não estão adequadamente aptos a identificar um bom motivo para realizar alguma atividade física. Segundo estes indivíduos, a atividade ou não lhes trará nenhum benefício, ou eles não conseguirão realizá-la de modo satisfatório, a partir do seu próprio ponto de vista (LIMA, 2012). Quando falamos da realização de movimentos específicos, como no caso da musculação, ou até mesmo de outro tipo de tarefa, temos que levar em consideração que estas serão interpretadas de diversas maneiras pelas pessoas. Sabendo do individualismo biológico, cada indivíduo irá encontrar um grau de dificuldade na tarefa proposta e para aqueles que encontrarem uma maior dificuldade, essa pode se tornar um fator de desmotivação . Porém, quando a prática é bem-sucedida, o sentimento de competência aflora no indivíduo, aumentando assim sua motivação para aquela prática específica; um detalhe deve ser levado em consideração caso o êxito demore a acontecer: o indivíduo pode sedesmotivar e abandonar a atividade proposta, caso não haja nenhuma motivação intrínseca. O abandono anteriormente citado é muito recorrente na musculação, uma vez que o êxito buscado na prática, ou seja, o objetivo que o indivíduo procura com aquela 10 prática será de médio a longo prazo, fazendo com que o mesmo se desmotive por não alcançar suas metas (que geralmente são menores que seis meses). É nesse momento que podemos visualizar que as necessidades psicológicas inatas (autonomia, capacidade e relação pessoal) estão altamente relacionadas ao comportamento motivacional do indivíduo. Dessa forma, o interesse pela atividade, e sua fácil aprendizagem, sua assimilação e atingir os objetivos propostos se relacionam a saciedade dessas necessidades psicológicas, pois quando elas são atendidas, promovem um sentimento de bem-estar e um funcionamento do organismo de forma eficaz (RYAN; DECI, 2000). Outro fator determinante, altamente ligado a motivação é o ambiente (LIMA, 2012). Fazendo um paralelo com a musculação, se o instrutor ou personal trainer contratado criarem ou proporcionarem um ambiente motivador ao indivíduo, provavelmente as dificuldades encontradas na tarefa podem não ser um fator que leve a desmotivação. Ainda segundo Junior (2016), os fatores ambientais saciam as necessidades inatas de autonomia, competência e relacionamento, promovendo uma maior interiorização do indivíduo, levando-o assim a resultados e consequências positivas. Por fim, nota-se que a motivação pode existir por diversos fatores do cotidiano do indivíduo, sendo esses de cunho intrínsecos ou extrínsecos. Além disso, Júnior (2016) fala que as diferentes maneiras do indivíduo lidar com o ambiente e o mundo ao seu redor, afetam na forma com que ele irá se portar diante das situações ou tarefas apresentadas, dando a relevância e importância que ele achar necessário. 11 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de Pesquisa Na concepção de Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas estão na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistêmica. A pesquisa qualitativa etnográfica abrange a descrição dos eventos que ocorrem na vida de um grupo (com especial atenção para as estruturas sociais e o comportamento dos indivíduos enquanto membros do grupo) e a interpretação do significado desses eventos para a cultura do grupo (GODOY, 1995). Por tanto, essa pesquisa se classifica como qualitativa, etnográfica e descritiva, tendo em vista o questionário aplicado e a posterior comparação das dimensões nele existentes. 3.2 Amostra A amostra do presente trabalho foi composta por 31 indivíduos, praticantes de musculação, tendo no mínimo seis meses de prática, de ambos os sexos, caracterizados como adultos jovens, com idade média entre 18-30 anos, de academias/estúdios personalizados de Muzambinho-MG. Steren dos Santos e Antunes (2007) nos dizem que adultos jovens são aqueles indivíduos com idade média entre 18-40 anos. Como a pesquisa delimita uma população, foram adotados critérios de inclusão e exclusão para que os indivíduos fossem então analisados. Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ● estar praticando musculação em um período mínimo de seis meses; ● ter idade entre 18 e 30 anos; ● estar apto à prática de atividade física mediante PAR-Q (teste de aptidão física); ● assinar o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação neste estudo. Foram estipulados os seguintes critérios de exclusão: 12 ● não ter completado 18 anos; ● não estar apto à prática de atividade física; ● praticar outra atividade que não seja musculação; ● Não residir na cidade de Muzambinho - MG. 3.3 Procedimentos e Materiais 3.3.1 Coleta de dados Devido a pandemia referente ao COVID-19 que teve início em Março de 2020 e desde então o consequente isolamento social, os dados foram coletados pelo pesquisador, num período de sete dias, através da Plataforma “Formulários Google”, onde o IMPRAF-54 foi disponibilizado de forma online . Aos que aceitaram responder o questionário foi prontamente disponibilizado um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, também de forma online, o qual foi assinado antes da aplicação do inventário. Ao concordarem em participar da pesquisa, todos os indivíduos foram informados sobre os objetivos e procedimentos utilizados no estudo, participando assim de forma voluntária. As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram por meio de um inventário, o IMPRAF-54 (Inventário de Motivação à Prática de Atividade Física), com adultos jovens praticantes de musculação da cidade de Muzambinho-MG. A coleta de dados aconteceu dos dias 16 de novembro a 07 de dezembro de 2020. Os dados foram analisados levando em consideração as dimensões envolvidas no questionário. Foram feitas primeiramente análise baseada na classificação entre as respostas, para obter um score total. Posteriormente esse número inteiro foi comparado com uma tabela normativa, proposta por Balbinotti e Barbosa (2006), onde foi então classificado por um percentil dentro de cada fator. Esses dados iniciais fornecem uma visão geral sobre o contexto envolvido no tema deste trabalho. 3.3.2 O Inventário IMPRAF-54 A primeira versão foi proposta por Balbinotti em 2003, o IMPRAF-126, que possui 126 itens agrupados de 6 em 6. Barbosa (2006) conduziu um extenso e 13 rigoroso estudo que avaliou as qualidades métricas do IMPRAF-126, e além de confirmar as excelentes qualidades métricas do inventário, o estudo propôs o IMPRAF-54. No seguinte trabalho, foi utilizado um instrumento cuja o nome é o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividades Físicas (IMPRAF-54), proposto por Balbinotti e Barbosa (2006) e baseado na teoria da autodeterminação, proposta por Ryan e Deci (2000). O instrumento utilizado avalia seis dimensões motivacionais associadas à prática regular de atividade física (também avaliadas pelo IMPRAF-126): Controle de Estresse, Saúde, Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer. O inventário é composto de 48 itens, respondidos com a ajuda de uma escala tipo Likert, bidirecional graduada em 5 pontos, partindo de “isto me motiva pouquíssimo” (1) a “isto me motiva muitíssimo” (5). Foi igualmente mantida a escala de verificação, de forma que se juntam aos 48 itens mais 6, tomados aleatoriamente na própria escala. 3.3.3 Interpretação dos fatores motivacionais Para um melhor entendimento do trabalho, é necessário explicar o porquê do questionário IMPRAF-54 ter sido escolhido, já que ele avalia fatores muito importantes, que serão discutidos posteriormente. O IMPRAF-54 é um questionário muito simples de aplicar e que possui muita confiabilidade, além disso, ele possui um tipo de análise bastante rápida, basicamente acrescida de somatórias das respostas de acordo com a escala Likert, conforme citado anteriormente, e posterior classificação das médias. Os conteúdos avaliados pelo IMPRAF-54 são aqueles mais frequentemente avaliados nas dimensões hipotetizadas por outros autores (RYAN et al., 1997). Considerou-se também o fato de que o questionário possui um número de dimensões propostas equilibrado, já que todos os conteúdos considerados correspondentes pelos autores à motivação à prática de atividade física estão contemplados nele. Ressalta-se com relação a este aspecto, que nenhuma dimensão em particular é privilegiada em detrimento de outra. A seguir a descrição de cada dimensão: Controle de Estresse - 14 Esse fator mede o construto que expressa o desejo das pessoas de obter na atividade física alívio de suas angústias,ansiedade, irritações e estresse. Estas pessoas estão interessadas na sensação de descanso, sossego e repouso que elas experimentam quando praticam atividade física (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.109). Saúde - O conteúdo medido por este fator, diz respeito ao interesse das pessoas nos possíveis benefícios decorrentes das atividades físicas à saúde. Trata-se de pessoas interessadas em adquirir, manter e melhorar a saúde, desenvolver-se com saúde e evitar doenças. São pessoas que querem viver mais e viver com boa qualidade de vida (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.109). Sociabilidade - Esse fator mede a motivação das pessoas que veem na atividade física uma oportunidade para encontrar, estar ou se reunir com os amigos. Estas pessoas entendem que o momento em que praticam atividades físicas são oportunidades para estar e conversar com outras pessoas, brincar com seus amigos e fazer parte de um grupo (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.109). Competitividade - O construto medido por este fator expressa a motivação das pessoas que querem competir, concorrer e ganhar dos outros. Estas pessoas entendem que através das práticas esportivas elas podem ganhar destaque, prêmios, vencer competições e obter retorno financeiro (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.110). Estética - Este fator mede a motivação à prática de atividade física das pessoas que querem ter ou ficar com um corpo bonito e definido. Estas pessoas querem se sentir bonitas e atraentes e veem na atividade física um modo de manter o corpo em forma e ter um bom aspecto físico (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.110). Prazer - Este fator mede a motivação das pessoas interessadas no prazer que elas experimentam quando atingem seus objetivos e ideais. Estas pessoas entendem que a atividade física é fonte de satisfação, de sensação de bem estar e uma forma de autorrealização (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006, p.110). 3.3.4 Aplicação do inventário e apuração dos dados Para se aplicar o inventário são necessários: ● folha do teste: contém as instruções, os 48 itens do inventário e a escala de verificação; 15 ● folha de respostas: onde são dadas as respostas (números de 1 a 5) para cada um dos 54 itens e se pode obter os escores brutos, escores da escala de verificação e assinalar os escores em percentis para cada dimensão. Em circunstâncias normais a aplicação poderia ser feita presencialmente a nível individual ou em grupo, não devendo ultrapassar 20 minutos e não apresentando complexidade. Porém, devido ao isolamento social causado pela pandemia do COVID-19, o inventário foi aplicado de forma online, através da plataforma “Formulários Google”. A apuração dos dados foi feita pelo pesquisador. Para obter os escores brutos bastou somar as respostas (valores de 1 a 5) nas linhas da Folha de Resposta, incluindo apenas as colunas 1 a 8 (conforme se vê na Figura 2). Escrever a soma de cada linha na coluna B. Os valores correspondem aos escores brutos para cada dimensão. FIGURA 2 - Esquema para obtenção dos escores brutos (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) Depois de obtidos os escores brutos, deve ser transformado em percentis, de acordo com o sexo e a idade do avaliado. As tabelas normativas a seguir devem ser utilizadas para isso: TABELA 1 - Tabela de normas (Percentis, decis e quartis) para a amostra geral (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) 16 TABELA 2 - Tabela de normas (Percentis, decis e quartis) para o sexo masculino (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) TABELA 3 - Tabela de normas (Percentis, decis e quartis) para o sexo feminino (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) 17 O escore bruto, convertido em percentil deverá ser anotado no gráfico que acompanha a folha de respostas, permitindo ao pesquisador ter uma melhor visão do perfil motivacional do avaliado. FIGURA 3 - Gráfico de visualização do perfil motivacional em percentis (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) 18 A escala de verificação permite a avaliação do nível de atenção do sujeito durante a aplicação. Seis itens, um de cada dimensão, tomados aleatoriamente, são repetidos no final do inventário. A medida da validade da aplicação é obtida através da análise das diferenças entre as respostas. Se observada com atenção, pode-se perceber que um item de cada linha na Folha de Resposta está sublinhado (figura 4). Este item foi repetido na coluna 9. Para obter o escore da escala de verificação deve se proceder da seguinte forma: verificar a diferença entre a resposta dada ao item na coluna 9 e a resposta ao item sublinhado de cada linha. Escrever o valor da diferença (em módulo, sem sinal) no quadro correspondente da coluna V. Após o procedimento ter sido realizado em todas as linhas, somar os valores da coluna V e colocar seu resultado no quadrado logo abaixo dela. Se o valor obtido for maior do que 7, trata-se de resultado pouco confiável; na verdade, quanto maior o escore obtido menor a confiabilidade do resultado (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). FIGURA 4 - Esquema para cálculo da escala de verificação (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). 19 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste estudo, tivemos como resultado os fatores saúde, prazer e estética como predominantes em ambos os sexos, isso se dá, provavelmente, devido à conscientização da população na importância do exercício físico para ausência de enfermidades e longevidade. Após os resultados obtidos referentes aos fatores motivacionais, concluiu-se que o que mais motiva os praticantes de musculação é a dimensão saúde e prazer, seguidos por estética e controle de estresse. Nesse estudo participaram 31 indivíduos de forma aleatória, com idade entre 18 a 24 anos (jovens) e entre 25 e 30 anos (jovens adultos), sendo 18 do sexo masculino e 13 do sexo feminino. Os critérios de exclusão foram os grupos de meia- idade e idosos. Em relação aos sexos, as dimensões motivacionais que apresentaram scores mais elevados foram saúde, prazer e estética; e as dimensões que obtiveram menor média foram controle de estresse, sociabilidade e, por último, a competividade teve média mais baixa em comparação com as demais. Em virtude de os fatores motivacionais serem fundamentais para a base de dados da academia, no seu processo de interesse dos clientes, cabe a importância de se ter uma avaliação qualitativa destes fatores. O Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física, IMPRAF-54 é um instrumento que possibilita verificar, a partir de 54 itens, com 9 blocos, seis possíveis dimensões associadas à motivação, à prática regular de atividades físicas; sendo que o primeiro bloco apresenta uma questão relativa à dimensão motivacional: (1º) Controle de Estresse, (2º) Saúde, (3º) Sociabilidade, (4º) Competitividade, (5º) Estética e (6º) Prazer. Essas questões são repetidas até o oitavo bloco. O nono bloco, o último, é composto por seis questões repetidas, no qual o objetivo é investigar o grau de concordância acordado com a primeira e a segunda resposta do mesmo item. O questionário apresenta uma escala Likert com cinco opções, em uma ordem crescente de avaliação: “isto me motiva pouquíssimo”, “isto me motiva pouco”, “mais ou menos”, “não sei dizer”, “tenho dúvida”, “isto me motiva muito” e “isto me motiva muitíssimo”. Cada um dos fatores pode obter uma pontuação mínima de nove pontos, e máxima de quarenta pontos. No presente estudo, a dimensão Saúde se colocou como a principal dimensão motivadora, seguida de Prazer e Estética, resultados estes semelhantes aos estudos dos autores citados. 20 É evidente que nos últimos anos a busca pela atividade física e por serviços vinculados a esta variável tem aumentado, e a mídia tem um papel importante em relação a essa grande procura por academia de musculação.Conclui-se que através das análises dos fatores motivacionais, que o fator saúde obteve o mesmo escore em ambos os gêneros seguida por prazer para o sexo masculino e Estético para o gênero feminino, porém com médias muito próximas umas das outras. Os demais fatores foram: controle de estresse, sociabilidade e competividade, com médias inferiores entre outras dimensões. Os dados obtidos também podem oferecer para o processo de decisão, contribuindo para definições e estratégias de gestão da academia, sabendo que a constante busca em satisfazer os clientes pode fazer com que cada vez mais as empresas busquem estratégias de oferecimento de seus serviços baseados na qualidade. 21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir ao final do trabalho, a dimensão que mais motiva os praticantes de musculação nas academias de Muzambinho é o prazer seguido por saúde, estética, sociabilidade, controle de estresse e por último a competitividade. A partir dos dados apresentados e das referências citadas, que a prática de alguma atividade física regular, no caso desse estudo a musculação, dentro dos limites de cada praticante e de preferência sobre a supervisão de um profissional de educação física capacitado, essa prática só tem a trazer benefícios ao indivíduo, sendo ela no âmbito físico, psíquico ou social. Ao iniciar um programa de treinamentos, bem direcionado e supervisionado, a promoção de melhorias significativas tanto na capacidade física, quanto na parte mental dos indivíduos, independente da faixa etária ou gênero, se torna evidente quando eles se mostram dispostos a participar. Mesmo analisando separadamente homens e mulheres, verificou-se um comportamento semelhante da motivação entre os gêneros, nas três primeiras dimensões analisadas Prazer, Saúde, Estética. A competitividade aparece para ambos os sexos como o último fator associado à prática da musculação. De acordo com a distribuição por faixas etárias, pode-se dizer, de forma geral, que os escores avaliados apresentam os mesmos valores, traduzindo que o perfil motivacional, num todo, apresenta-se semelhante para as faixas etárias analisadas. É de se esperar que, uma ou outra característica avaliada apresentem diferenças, como a estética, que se apresentou superior nos indivíduos avaliados de 18 a 24 e mais reduzida nos indivíduos de 25 a 30 anos. Isto é um reflexo da sociedade em geral e das fases da vida, onde as pessoas mais jovens, que normalmente são mais inseguras, estão diante de constante avaliação e aprovação, seja em suas relações pessoais, relações trabalhistas ou até mesmo com seu perfil explorado pela sociedade. Porém, como este estudo tem uma amostra considerável, admite-se que o que foi encontrado é reflexo dos padrões sociais e dos diferentes perfis motivacionais ao longo da vida. Verificou-se também que em qualquer variável (geral, sexo e faixa etária), a dimensão que menos motiva os praticantes de musculação das academias de São José é a competitividade. De fato, isso ocorreu por ser um estudo com frequentadores de academias de musculação que visa à atividade física e não a competição. 22 Sendo assim, as academias de musculação e os profissionais de educação física que trabalham nelas, devem proporcionar ao praticante o melhor ambiente possível, fazendo com que ele se sinta confortável e tenha prazer ao se exercitar. Além disso, deve-se proporcionar ao indivíduo as atividades necessárias para que os resultados esperados sejam alcançados, como também, um ambiente de socialização adequado e agradável, para que o sujeito se relacione com as pessoas da melhor maneira possível, pois vimos que a socialização e a criação de um vínculo social com a atividade é importante para que aconteça a manutenção da prática, já que a motivação pode sofrer alterações tanto de maneira intrínseca, como extrínseca. E se todos esses fatores agirem de forma integrada e eficiente, a permanência do sujeito na atividade pode ser mantida por um longo período. Sugere-se outros estudos que também investiguem a motivação em praticantes de musculação, com grupos com diferentes características e objetivos para a prática, como fisiculturistas, halterofilistas, idosos, grupos especiais e indivíduos saudáveis. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American College of Sports Medicine (2000). ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription (6th ed.). Philadelphia, PA: Lippincott, Williams & Wilkins. Amorim D. P. Motivação a prática de musculação por adultos jovens do sexo masculino na faixa etária de 18 a 30 anos. 2010. 46 f. TCC (Graduação) - Curso de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul., Porto Alegre, 2010. Andersen, S. M., Chen, S. & Carter, C. (2000). Fundamental human needs: Making social cognition relevant. Psychological Inquiry, 11(4), 269-318. ANDREOTTI, M. C.; OKUMA, S. S. Perfil sociodemográfico e de adesão inicial de idosos ingressantes em um programa de educação física. 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Procura pelo treinamento personalizado e fidelização: um estudo com clientes de personal trainer nas academias de Divinópolis-MG. R. bras. Ci. e Mov 2019;27(4):199-206. Steren dos Santos, Bettina; Dalpiaz Antunes, Denise Vida adulta, processos motivacionais e diversidade Educação, vol. XXX, núm. 61, janeiro-março, 2007, pp. 149-164 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil. TAHARA, A.K.; SCHWARTZ, G. M.; SILVA, K.A. Aderência e manutenção da prática de exercícios em academias. R. bras. Ci e Mov. 2003; 11(4): 7-12. . 27 APÊNDICE 28 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro, por meio deste termo, que concordei em participar na pesquisa de campo referente à pesquisa intitulada: “PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO: FATORES MOTIVACIONAIS EM ADULTOS JOVENS DO SUL DE MINAS GERAIS”. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é coordenada por Bryan Costa Pereira, a quem poderei contatar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone nº (19) 99536-9539 ou e-mail bryan.costa.pereira@hotmail.com. Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais é investigar os fatores motivacionais em adultos jovens praticantes de musculação. Fui também esclarecido(a) de que os usos das informações por mim oferecidas estão submetidos às normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. Minha colaboração se fará por meio de um questionário (inventário) a ser coletado a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pelo pesquisador e/ou sua orientadora. Fui ainda informado(a) de que posso me retirar dessa pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos. Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Muzambinho, ____ de _________________ de 2020. Assinatura do(a) participante: ______________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a): ____________________________ 29 ANEXO 30 INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE FÍSICA Este inventário visa conhecer melhor as motivações que o levam a realizar (ou o mantém realizando) atividades físicas. As afirmações (ou itens) descritas abaixo podem ou não representar suas próprias motivações. Indique, de acordo com a escala abaixo, o quanto cada afirmação representa sua própria motivação para realizar uma atividade física. Note que, quanto maior o valor associado a cada afirmação, mais motivadora ela é para você. Responda todas as questões de forma sincera, não deixando nenhuma resposta em branco. 1. – Isto me motiva pouquíssimo 2. – Isto me motiva pouco 3. – Mais ou menos – não sei dizer – tenho dúvida 4. – Isto me motiva muito 5. – Isto me motiva muitíssimo Responda as seguintes afirmações iniciadas com: Realizo atividades físicas para...
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