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Antropologia da Alimentação_Aula 2_Conceitos Antropológicos

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01/03/2021 Disciplina Portal
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Antropologia da Alimentação
Aula 2: Conceitos Antropológicos
INTRODUÇÃO
É comum escutarmos por aí, especialmente nos comentários esportivos televisivos, que o futebol está “no sangue” do
brasileiro. Essa a�rmação pode nos causar muitas preocupações, pois revela uma noção equivocada do signi�cado de
como o futebol, enquanto cultura brasileira, é transmitido e adquirido pelos membros da sociedade brasileira.
Com o futebol nos emocionamos, torcemos pelo nosso time, sociabilizamos tanto na hora dos jogos como nas rodas de
conversas nas esquinas, nos bares, no trabalho, na escola. Jogar, assistir e comentar o futebol é uma das paixões locais.
Portanto, é inegável que o futebol seja um poderoso elemento do modo de vida brasileiro e que nos confere a nossa
identidade cultural enquanto brasileiros.
Mas o futebol, enquanto cultura, estaria realmente “no sangue”? Se tomarmos esta a�rmativa no sentido literal, isto é, no
sentido real, está totalmente equivocada, uma vez que o gosto pelo futebol estando no sangue teria que ter sido passado
geneticamente pelos nossos ancestrais. Porém, como veremos nesta aula, a cultura não é algo transmitido
biologicamente, um dado natural, inato. Portanto, não é transmitida geneticamente.
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A cultura só prolifera pelo convívio e pelo grande incentivo dado aos indivíduos para se encantarem com essa paixão
nacional. A cultura é, portanto, aprendida, mantida e transmitida no cotidiano da convivência em sociedade. Nesse
sentido literal, a a�rmativa é completamente equivocada.
Contudo, tal a�rmativa ganha outra interpretação se for entendida no sentido �gurado, ou seja, aquele contexto cujos
enunciados ganham uma nova signi�cação. Logo, como o futebol é um elemento tão forte da cultura brasileira parece
estar codi�cado na genética do brasileiro e perpetuado assim de geração em geração.
OBJETIVOS
Explicar o que é e como opera a cultura segundo a Antropologia.
Identi�car os conceitos fundamentais da Antropologia.
Descrever o trabalho de campo proposto pela Antropologia.
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Antropologia e Cultura
Como vimos na aula anterior, a Antropologia é uma das ciências que busca compreender os fenômenos culturais. É a
ciência que investiga as diferenças e semelhanças entre as culturas, ou seja, estuda a heterogeneidade cultural.
Para a Antropologia, o diferente não tem a denotação de inferioridade, mas indica
alternativas possíveis de existências. Dessa maneira, este conhecimento amplia
os olhares sobre as mais variadas maneiras de ser, pensar, agir e viver, podendo
desta maneira contribuir para a promoção da tolerância.
Uma vez que a Antropologia estuda a cultura, o que seria o entendimento de cultura para esta Ciência Social?
Segundo Roberto DaMatta, a palavra cultura possui vários signi�cados.
Para o senso comum, isto é, no uso corriqueiro, do dia a dia
⇓
essa palavra signi�ca acúmulo de informação, um sinônimo so�sticado de sabedoria e educação no sentido estrito do
termo.
Para isso, é preciso que individualmente apresentemos um conjunto de atividades: ler livros e jornais, aprender línguas
estrangeiras, ter diplomas de cursos superior, ter conhecimento sobre artes, enologia, política, economia etc.
EXEMPLO
, Frases do tipo “as gerações mais novas são incultas” rotulam os indivíduos dessa faixa etária. Já sentenças como “os índios não
têm cultura” discriminam por etnia., , Observe que o uso desse sentido da palavra cultura serve para classi�car as pessoas e grupos
sociais, servindo como uma arma discriminatória contra um indivíduo devido ao seu sexo ou idade, por exemplo.
Essa maneira de utilização da palavra cultura constitui-se em um referente que marca uma hierarquia de “civilização” e
apresenta um caráter discriminatório, fortemente etnocêntrico (conceito antropológico que veremos mais adiante).
Já o signi�cado de cultura para a Antropologia, ainda de acordo com o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta, é um
conceito que revela a maneira total de viver de um grupo, sociedade, país ou pessoa.
Fonte da Imagem:
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Dessa maneira, todos os indivíduos e grupos são seres e sujeitos culturais. Neste sentido, a cultura pode ser entendida
como sendo um mapa, um receituário por meio do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classi�cam, estudam e
modi�cam o mundo e a si mesmas.
Trata-se, assim, de um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classi�cado. Essas regras servem
para organizar a sociedade, mas, não eliminam as emoções da vida.
O autor ainda nos explica: o futebol tem regras, tais como a do impedimento, do número de jogadores em campo,
faltas, pênaltis, escanteios, laterais, mas estas, entre outras regras do jogo, não impedem que a cada partida exista
lances novos e a cada jogo sejam novas emoções.
O mesmo se aplica para a vida e suas regras, que não eliminam as emoções da vida.
Por compartilharem de parcela importante desses códigos, da cultura, é que um conjunto de indivíduos com interesses
e capacidades distintas, e mesmo opostas, transforma-se em um grupo e podem viver juntos, sentindo-se parte de
uma mesma totalidade.
A cultural é, portanto, toda atividade física ou mental que não advém diretamente da biologia. Ao contrário, a cultura é
uma construção social partilhada pelos membros de um grupo que possuem características comuns entre si. É algo
aprendido, assimilado e em constante transformação. É uma relação que necessita da nossa integração ao meio que
vivemos.
Isso é o que acontece através do processo de socialização, ou seja, pelos hábitos e costumes adquiridos pelo homem
como membro de uma sociedade.
Processo de socialização
Observe como você e seus colegas no curso de gastronomia e nas cozinhas pro�ssionais estão se socializando na
cultura desse universo culinário. Pense nos instrumentos, panelas, facas, peneiras e suas utilizações, na arquitetura da
cozinha, nos cuidados com higiene do ambiente e pessoal, na divisão das tarefas do trabalho, nas hierarquias, funções,
técnicas, no vocabulário próprio, nas gramáticas das receitas, nas lendas e mitos, na história da alimentação, da
necessidade do uniforme, do nome das peças das vestimentas, da maneira de se relacionar, do comportamento corporal
etc.
Todos esses itens, e muitos outros ainda, demonstram os elementos que estão envolvidos na socialização neste meio.
As culturas, então, não seriam determinadas por fatores geográ�cos, ou seja, pelas características do espaço físico, tais
como localização, clima, altitude, tipo de terreno etc. Os fatores geográ�cos in�uenciam mas não são su�cientes para
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de�nir completamente a concepção de mundo de um indivíduo, para impor os fatores culturais. Ou seja:
em um mesmo ambiente físico pode haver uma variedade de
culturas diferentes.
EXEMPLO
, No ambiente pro�ssional, por exemplo, é possível observar isso, pois, a despeito de muitos indivíduos partilharem o mesmo
ambiente, diferenças comportamentais signi�cantes surgem diariamente. , , Existem variações culturais entre os índios Pueblo e
Navajo do sudoeste americano, que ocupam praticamente o mesmo habitat. , , Os índios Pueblo são aldeões e com uma agricultura
baseada no milho, já os Navajo pastoreiam e vivem espalhados. A sua alimentação é baseada principalmente por castanhas e
sementes. , , Os índios Xinguanos e os Kaiabi podem ser encontradosno interior do nosso país, dentro do parque nacional do Xingu.
Os índios Xinguanos desprezam as proteínas existentes nos grandes mamíferos, a alimentação é baseada na pesca e na caça de
aves. Já os Kaiabi, que também são do Xingu, são excelentes caçadores e preferem mamíferos de grande porte., ,
Distribuição dos caracteres biológicos e dos
comportamentos culturais
Índios Xinguanos
Índios Pueblo
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Também não existe correlação signi�cativa entre a distribuição dos caracteres biológicos e a distribuição dos
comportamentos culturais.
Por condições biológicas, compreendemos as habilidades inatas (glossário), ou seja, que explicam as diferenças pela
herança genética, como tipo sanguíneo, fenótipos ou genótipos etc.
Fonte da Imagem:
Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma
educação diferenciada.
A diferença entre homens e mulheres não se encerra nas diferenças �siológicas, mas sim nos papéis sociais e nos
comportamentos que lhe são atribuídos em cada sociedade.
Qualquer criança humana pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente
de aprendizado, que chamamos de socialização ou também de endoculturação, isto é, do processo segundo o qual um
indivíduo absorve os valores e signi�cados do grupo ao qual pertence, de uma cultura já estabelecida.
Processo de aprendizagem
Todos nós somos dotados do mesmo equipamento anatômico. Temos também
a necessidade inata, a sociabilidade, isto é, a capacidade de viver em grupo, em
sociedade.
Porém, a utilização da mesma e as maneiras como nós inventamos as maneiras
de viver em sociedade, ao contrário de serem determinadas geneticamente, ou
geogra�camente (como vimos), depende de aprendizado e este consiste na
cópia e repetição daquilo que o grupo expressa enquanto sua cultura.
Deve existir o mínimo de participação do indivíduo na pauta de conhecimento da
cultura a �m de permitir a sua articulação, uma vez que precisamos, além de agir,
prever o comportamento do outro para ser capaz de interagir com aquela
sociedade.
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Um médico pode desconhecer qual é a melhor época do ano para o plantio do
feijão, um lavrador certamente desconhece as causas de certas anomalias
celulares, mas ambos conhecem as regras que regulam a chamada etiqueta
social no que se refere às formas de cumprimento entre as pessoas de uma
mesma sociedade.
Esse processo de aprendizagem é ininterrupto acontecendo mais intensamente
nos primeiros anos de vida, mas ocorrendo durante toda a vida do indivíduo,
desde que este viva em sociedade.
Aqueles que vivem isolados (ermitões, pessoas excessivamente tímidas,
autistas, ou casos excepcionais como o das lendas de Tarzan e Mogli) não se
socializam, não aprendem a cultura, e por isso são incapazes de conviver em
sociedade.
Podemos dizer que o mínimo de conhecimento para a assimilação e
desenvolvimento da cultura é a linguagem, já que há um universo de signi�cados
construídos que só existem por meio da própria sociedade.
Pense em como uma criança absorve a linguagem e a habilidade de se comunicar aos poucos.
À medida que ela amadurece essas habilidades, �ca mais fácil compreender o que ela está pensando e sentindo. .
Pense também na linguagem que você usa ao oferecer um alimento novo à criança. Por exemplo, podemos nos referir ao
mel como sendo excreções das abelhas, mas também como sendo um néctar docinho e saudável fornecido pelas
abelhas.
Porém, vale lembrar que o ser humano quando partilha de uma cultura não atua apenas de maneira passiva, sendo
moldado por ela, ou sendo reprodutor dela, mas também é agente de mudanças, ou seja, capaz de transformar o
ambiente em que vive ao construir novos signi�cados e reconstruindo signi�cados antigos
Na tenra idade é que enraizamos mais as construções culturais que estão por vir. À medida que nos tornamos adultos,
continuamos com a capacidade de socializar, mas também passamos a ser reprodutores da cultura.
Cultura enquanto linguagem
Vimos, então, que a linguagem enquanto cultura é a base para orientar a conduta individual imposta pela sociedade.
Nesse sentido, podemos interpretar a cultura enquanto linguagem.
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Fonte da Imagem:
Isso signi�ca dizer que o modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes
comportamentos sociais e mesmo posturas corporais apresentam-se como sistemas simbólicos, capazes de serem
interpretados.
O ser humano, diferente de todos os outros animais, tem a capacidade de simbolizar, ou seja, fazer uma ligação entre um
conhecimento especí�co e o símbolo que o representa, ou ainda, signi�ca a capacidade de representar questões
materiais através da linguagem ou de símbolos abstratos.
Essas expressões são possíveis de serem estudadas e conhecidas.
Quando erguemos nosso polegar, por exemplo, estamos simbolizando que algo está certo, ou seja, estamos
representando uma situação concreta com um gesto e criando com o polegar levantado o signi�cado de positividade.
Esses conjuntos são logicamente entrelaçados e compõem os códigos e sistemas de comunicação mais amplos.
Portanto, os estudos antropológicos que estudam a cultura, enquanto construção social, buscam compreender a ação
dos homens em sociedade dos grupos humanos existentes, ou mesmo os desaparecidos, por meio das organizações
sociais, políticas, relações de parentesco, religião, alimentação, arquitetura, música, roupa, comportamento, arte, moral,
leis, costumes, maneira como pensamos, sistemas simbólicos, linguagem, valores, etc.
Diversidade cultural
O piscar dos olhos pode ser uma questão biológica e, ao mesmo tempo, um ato cultural de paquera em algumas
sociedades.
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Quando dizemos que a Antropologia estuda as diferenças entre as maneiras de vida, estamos a�rmando que essa ciência
estuda a diversidade cultural.
Diversidade é a condição de ser composto de diferentes elementos. Nas sociedades, encontramos uma multiplicidade de
pessoas com religião, etnia, língua, gênero, opção sexual, cultura, classe social e geração distinta, isto é, são várias
identidades sociais/culturais diferenciadas.
Para conseguir visualizar as variações culturais, pense em um ambiente de trabalho no qual há colaboradores de culturas
diversas. Alguns, por exemplo, seguem uma crença que lhes determina uma vestimenta especí�ca uma vez por mês, ao
passo que outros cantam canções e falam com sotaque e trejeitos especí�cos de sua cidade natal.
A noção de diversidade tem uma longa história na con�guração das Ciências
Sociais e sua compreensão é a preocupação central dos estudos da
Antropologia Cultural.
Esta considera que as sociedades devam aceitar a multiplicidade das culturas. Porém, o que se observa é que a
humanidade esteve por muito tempo cega para as diferenças culturais e sociais, tornando tudo que não eram suas
ideologias dominantes objetos de exclusão.
Ao longo da história, cada sociedade se autode�niu em uma relação de contraposição em relação a outras sociedades.
Por vezes, em um amplo território, como no Império Romano (glossário), por exemplo, existiam culturas formadas pelos
povos dominados.
O dominador designava, sob o nome de bárbaros, tudo o que não participava da cultura e, para civilizá-los, impunha sua
língua, seus costumes principais, seus deuses, sua crença, tudo de forma o�cial.
Nos séculos do Renascimento (glossário) (XIV e XVII), chamavam as pessoas da �oresta de naturais ou de selvagens.Já no século XIX, o termo primitivo designava os grupos tribais.
O que não se parecesse com o comum no mundo europeu deveria ser considerado inferior e atrasado.
Não existia diversidade religiosa, apenas �éis e in�éis, crentes e hereges. Não havia diversidade étnica, mas apenas
brancos civilizados e negros e índios selvagens e bárbaros.
Atualmente, optamos pelo termo subdesenvolvidos para nos referir àqueles que não estão de acordo com parâmetros
do capitalismo neoliberal (glossário) globalizado.
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Portanto, o ocultamento da diversidade servia, e ainda serve, para consolidar a ideia de um mundo homogêneo, no qual a
diferença é considerada perigosa e ruim, condição que devia ser superada para a conformação dos modernos estados
nacionais.
Ao se interessar pelo estudo da diversidade cultural, o observador tem que se colocar frente ao outro em uma relação de
alteridade, sendo inevitável tomar a cultura do observador como parâmetro comparativo.
De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas,
conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da
mesma forma, empresta à vida signi�cados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente.
Então, de repente, nos deparamos com o “outro”, o grupo do “diferente”, que, às vezes, nem sequer faz coisas como as
nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também
sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Assim, na constatação das diferenças, o choque gerador do etnocentrismo
nasce. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.
Etnocentrismo
O etnocentrismo é uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros
são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas de�nições do que é a existência.
A visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento da outra cultura, limitando-se à sua visão e referência
cultural.
Na relação de alteridade, o outro é o “aquém” ou o “além”, nunca o “igual” ao “eu”. Nesta perspectiva, tudo o que é
diferente é errado, inoportuno e deve ser rejeitado.
No plano intelectual, pode ser visto como a di�culdade de pensarmos a
diferença.
No plano afetivo, há sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc.
O etnocentrismo pode ser expresso por meio de um juízo de valor, depreciando ou ignorando as demais variações
culturais em diversas nuances (o jeito de falar, na forma de se vestir, no repertório culinário etc.).
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A sociedade do “outro” é atrasada. São uns selvagens, são bárbaros! O selvagem
é aquele que vem da �oresta, da selva, que lembra, de alguma maneira, a vida
animal. 
Alguns livros escolares colocavam que os índios eram incapazes de trabalhar
nos engenhos de açúcar por serem indolentes e preguiçosos. Ora, como aplicar
tais adjetivos a alguém, a um povo ou a uma pessoa que se recuse a trabalhar
como escravo, em uma lavoura que não é a sua, para a riqueza de um
colonizador que nem sequer é seu amigo? Muito pelo contrário, esta recusa é, no
mínimo, sinal de saúde mental. 
O índio é representado ainda nos relatos dos viajantes e nos livros didáticos mais
atuais como “selvagem”, “primitivo”, “pré-histórico”, “antropófago”, “criança”,
“inocente”, “infantil”, “alma virgem” etc. Isso mostra o quanto os portugueses
colonizadores eram “superiores” e “civilizados”.
As ideias etnocêntricas que temos sobre as “mulheres, os “negros”, os “empregados”, os “paraíbas de obra”, os “doidões”,
os “sur�stas”, as “dondocas”, os “velhos”, os “caretas”, os “vagabundos”, os “gays”, os “crentes” e todos os demais
“outros” são uma espécie de conhecimento baseado em formulações ideológicas, que no fundo transforma a diferença
pura e simples num juízo de valor (glossário) perigosamente etnocêntrico.
Existem, assim, relacionados ao etnocentrismo, muitos preconceitos, como:
Xenofobia 
 
Contra estrangeiros ou pessoas de outras localidades.
Homofobia 
 
Contra homossexuais.
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Esse preconceito também é conhecido como intolerância, ou seja, qualquer hostilidade contra um hábito ou
comportamento diferente, a incapacidade de aceitar algo que desconstrói o conhecido e o aceito.
Etnocentrismo na alimentação
É muito fácil percebemos o etnocentrismo na alimentação.
Ocorre sempre que consideramos uma comida repulsiva, nojenta, que nos provoque ânsia de vômito.
É o caso do ovo centenário, que são ovos de pato, galinha ou ganso envolvidos em sal, cal e cinzas durante algumas
semanas, sendo um petisco muito popular na China.
A sopa de morcego também é um exemplo, já que é preparada com um morcego inteiro, incluindo asas, garras e
pelos.
Sorvete de leite materno. Trata-se de um sorvete feito com leite materno e que preserva esse sabor.
Sopa de falo, que é uma comida que vem das Filipinas, tendo como ingrediente principal os testículos do touro.
Já o nariz de alce gelatinoso é um prato canadense que fez sucesso nos anos 1970, mas, devido a mudanças nas
tendências da cozinha de caça canadense, deixou de ser moda.
Machismo 
 
Discrimina mulheres.
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Relativismo cultural
Se por um lado há o etnocentrismo, por outro é preciso buscar uma forma de, ao invés de julgar a diferença, constatar a
sua existência e aprender a lidar com ela, buscando perceber o sentido positivo do diferente, tanto para aceitá-la quanto
para compreendê-la.
Mesmo diante de formas culturais aparentemente irracionais, cruéis ou pervertidas, existe o homem para entendê-las,
ainda que seja para evitá-las ou mesmo combatê-las. A Antropologia surge, assim, comprometida com essa procura e
buscando superar o etnocentrismo por meio do relativismo cultural.
Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição,
estamos relativizando. Quando o signi�cado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta, mas no contexto em que
acontece, estamos relativizando. Quando realizamos o exercício de compreender o “outro” nos seus próprios valores e
não nos nossos, estamos relativizando.
EXEMPLO
Ovo centenário
Sopa de morcego
Gelatina de nariz de alce
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, Portanto, relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, é não dividir em superiores e inferiores ou em bem e mal. A
diferença passa a ser vista na sua dimensão de riqueza por ser diferença.
Isso signi�ca dizer que os índios podem desconhecer o modo de vida do homem “branco”, “civilizado”. Porém, conhecem
como ninguém a �oresta, o ambiente em que vivem e seus costumes de índio. Logo, não são melhores nem piores,
inferiores ou superiores, apenas diferentes.
Apesar das comidas citadas acima trazerem certa repugnância para os modelos
culturais a que estamos habituados, na perspectiva relativista do etnocentrismo
na alimentação são iguarias muito apreciadas em outras culturas. Portanto, tudo
depende muito da construção cultural do paladar de cada grupo.
O Relativismo cultural e a tarefa da
Antropologia
Relativizar é sempre complicado porque nos leva a abrir mão das certezas etnocêntricas em nome de dúvidas e questões
que obrigam a pensar novos sentidos com relação ao “outro”.
O relativismocultural refere-se à incapacidade de mensurar a cultura de um grupo, uma vez que signi�ca conceber uma
cultura dentro de seu próprio contexto cultural.
Há modos culturais diferentes apenas.
O relativismo cultural, como premissa teórico-metodológica da Antropologia,
surgiu a partir do século XX como uma espécie de regra de conduta contra a
atitude etnocêntrica, sendo fundamental para o trabalho de campo da Etnogra�a
(procedimento de investigação; metodologia de pesquisa da Antropologia por
excelência).
O trabalho de campo da etnogra�a é próprio da construção de conhecimento da Antropologia e um dos elementos que a
diferencia das outras ciências humanas. É composta de técnicas e de procedimentos de coletas de dados associados a
uma prática de trabalho de campo, a partir de uma convivência mais ou menos prolongada do pesquisador junto ao grupo
social estudado.
A prática da pesquisa de campo etnográ�ca produz seus dados para a construção de conhecimento antropológico,
exigindo como requisito primordial o convívio do pesquisador com os pesquisados no contexto estudado.
Ela recorre também às técnicas de pesquisa da observação direta, de conversas informais e formais, às entrevistas, entre
outras, a �m de fazer uma descrição exaustiva, portanto detalhada, daquilo que está sendo investigado.
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Faz parte da técnica de observação um distanciamento cultural, por meio do qual o observador procura não interferir na
realidade observada e, principalmente, não deixar que ela inter�ra emocionalmente em seu estudo.
Há ainda a capacidade de estranhamento em relação ao objeto. Nesta perspectiva, estranhar indica a capacidade do
observador de olhar para os eventos culturais de um determinado grupo como algo completamente diferente de tudo que
já tenha observado anteriormente, tanto na sua cultura, como em outra qualquer.
A partir dessa lógica, o antropólogo tem acesso à realidade cultural de um grupo por meio das narrativas que os nativos
produzem sobre ela. .
Logo, toda cultura deve ser estudada em seus próprios termos, e não mais a
partir dos parâmetros culturais e valorativos daquele que a estuda
Evolução no trabalho de campo
Foi na passagem do século XIX para o século XX que ocorreram os avanços no trabalho de campo.
Franz Boas (glossário) (1858 — 1942), alemão, naturalizado norte-americano ainda no século XIX, realizou seu primeiro
trabalho de campo com os Inuits (glossário) (esquimós), ao norte do Canadá, publicando-o em 1888. Anos depois realizou
trabalho de campo junto ao Kwakiutl, sociedade indígena da costa noroeste dos Estados Unidos.
Bronislaw Malinowski (glossário) (1884-1942), antropólogo polonês radicado na Inglaterra, realizou o trabalho de campo
nas ilhas Trobriand, entre 1915 e 1918, na Melanésia. Este pesquisador praticou e estruturou teoricamente o que viria a se
tornar a técnica de pesquisa tradicional na ciência antropológica, ou seja, a observação participante do método
etnográ�co.
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Fonte da Imagem:
Segundo ele, o pesquisador, ao escolher um local, um povo ou um determinado grupo para o seu trabalho de observação,
participa ativamente do cotidiano desse grupo, aprendendo sua língua, sua economia, seus estilos de vida, seus rituais.
En�m, sua forma de viver.
Até os �ns do século XIX, os antropólogos escreviam sobre as sociedades não ocidentais, não europeias, sem nunca ter
estado nelas. Por esse motivo, eram chamados de “antropólogos de gabinete”.
Para o trabalho, utilizavam os relatos de cronistas, missionários e viajantes, comerciantes, que tinham contato direto com
essas sociedades e enviavam o material coletado para os antropólogos em seus escritórios na Europa.
Em geral, esses antropólogos eram diretores ou especialistas ligados aos grandes museus que, pela quantidade de
documentação cultural dos vários povos que guardavam, tornavam-se espaços ideais para se praticar a antropologia na
época.
O trabalho de campo possibilitou a busca de novos dados sem as intermediações de outras pessoas. Sem o olhar
impregnado da cultura ocidental dos viajantes, dos etnólogos, dos cronistas, dos missionários, pois, entrava em contato
direto com a cultura estudada.
Nos trinta e um meses vividos por Malinowski nas aldeias dos Trobriandeses (glossário), ele dedicou-se, entre outras
tarefas, ao estudo de um evento chamado Kula, que consistia em uma troca de presentes entre parceiros
predeterminados, escolhidos de antemão, nas ilhas circunvizinhas.
No circuito do Kula, trocavam-se braceletes e colares que, para os parceiros, eram plenos de valor e signi�cado. Os
braceletes, feitos de conchas brancas, e os colares, de conchas vermelhas, são sempre mantidos no circuito de cerca de
duas dezenas de ilhas e demoram de 2 a 10 anos para dar a volta completa e retornar ao ponto de partida.
O ideal é que, no �m de cada ciclo, os indivíduos participantes das trocas �quem de posse dos objetos que tinham no
início. Qualquer um que, neste processo, tentasse obter mais do que aquilo que deu no início pagaria a pena de uma
desonra dura e de�nitiva.
Malinowski interpretou que as transações que mais caracterizavam o Kula não eram comerciais, então ele se perguntava: 
• Qual seria o sentido dessa troca de braceletes e colares? 
• Qual o valor que tinham? 
• Por que eram tão importantes para os Trobriandeses?
Em uma ocasião, enquanto visitava o castelo de Edimburgo, na Escócia, ele observava as joias da Coroa do Império
Britânico e o guia da excursão contava as histórias vinculadas a cada objeto, o antropólogo teve a sensação de ser
transportado para Trobriand e ouvir, dos seus amigos nativos, as histórias ligadas aos braceletes e colares de conchas.
Dessa observação, ele conclui que os objetos de valor britânicos e os dos trobriandeses se equivaliam se pensados
na relação deles com os seus contextos. O importante, em ambas as culturas, é que os objetos valem não pelos
seus aspectos utilitários ou comerciais, mas pela sua posse pura e simples que representam as histórias de feitos
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ATIVIDADE
Assista ao vídeo sobre tabus alimentares (glossário) e responda o que são e de que maneiras se relacionam com a
identidade social/cultural de um grupo? Dê um exemplo.
Resposta Correta
EXERCÍCIOS
Questão 1: Em cada cultura existe um conjunto de valores, regras e hábitos que determinam as boas maneira à mesa. O
processo de aprendizado dessas atitudes positivas à mesa chama-se, na Antropologia:
Comensalidade
Hospitalidade
Sustentabilidade
Diversidade cultural
Socialização
Justi�cativa
Questão 2: O determinismo geográ�co considera que:
A diversidade de representações culturais determina o ambiente físico.
A cultura determina a evolução biológica.
O sistema cultural muda o ambiente ecológico.
As características do ambiente físico determinam as culturas.
A cultura é condicionada pela genética.
Justi�cativa
Questão 3: Do ponto de vista da Antropologia, o conceito de cultura tem relação com a identidade de um povo, de uma
etnia, de uma tribo, de uma classe e seu peso sobre os corações e mentes é decisivo, como alertou Marx (“os mortos
governando os vivos”). Com base na assertiva, podemos concluir que:
O conceito de cultura tem relação com a identidade cultural dos povos devido ao seu caráter universalista, já que o mundo
caminha para uma cultura global.
O conceito de cultura não se aplica a todos os povos, já que ainda hoje existem grupos humanos subdesenvolvidos.
heroicos de lendários possuidores. Eles valem pela glória, pelos sentimentos ligados ao prazer de possuí-los.
Procurando o sentido dos objetos do Kula, Malinowski viu que havia, na nossa sociedade,objetos similares.
Comparou-os relativizando o “eu” e o “outro”. O “outro” como sendo, cada vez mais, a “diferença” como alternativa
possível de existência.
https://www.youtube.com/watch?v=Y2B_VNpqmKI
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O conceito de cultura tem relação com a identidade cultural de todo agrupamento humano, já que é transmitida pelo processo
educativo, de geração para geração, disseminando valores, códigos de conduta moral, social e religioso, compartilhados pelos
componentes dos diversos grupos.
O conceito de cultura vincula-se ao acúmulo de conhecimento cientí�co de um determinado grupo, o que possibilita a�rmar a
existência de culturas desenvolvidas e subdesenvolvidas.
O conceito de cultura perdeu efetivamente a sua relação com a identidade cultural dos agrupamentos humanos, haja vista o
processo de globalização ora em curso.
Justi�cativa
Questão 4: “A cozinha dos índios brasileiros era primitiva e rudimentar. Eles nos deixaram, no entanto, alguns pratos à
base de milho, como a pamonha e a canjica; à base de mandioca (Manhiot utilissima), como a farinha, o beiju, o mingau, a
tapioca etc. (...).” 
 (Fonte: RAMOS, A. Notas sobre a culinária negro-brasileira. In: CÂMARA CASCUDO, L. Antologia da Alimentação no Brasil.
Rio de Janeiro: Livros Técnico e Cientí�cos, 1977. p. 85.) 
 Em relação à primeira frase dessa descrição, feita por Ramos, sobre a cozinha dos índios brasileiros, o conceito que se
aplica é:
Relativismo cultural
Etnocentrismo
Socialização
Diversidade cultural
Isolamento social
Justi�cativa
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Glossário
PUEBLO
Os índios pueblo são um grupo de tribos que vivem no nordeste do Arizona e do noroeste do Novo México, nos Estados Unidos.
Algumas de suas aldeias já existiam há centenas de anos quando os soldados espanhóis chegaram em 1540. Os pueblo obtinham a
maioria de seus alimentos pela agricultura. Eles cultivavam milho, abóbora, feijão e sementes de girassol, e também criavam perus.
Mais tarde, eles adicionaram culturas introduzidas pelos espanhóis, como o trigo, a cebola, a melancia, o pêssego e o damasco. Os
colonizadores também introduziram ferramentas de metal e o cavalo. Os pueblo caçavam veados, antílopes e coelhos, e recolhiam
plantas selvagens.
NAVAJO
Povo indígena do Sudoeste da América do Norte. Originalmente, imigraram das áreas do norte e durante o século XVI tornaram-se
um povo pastor e caçador. O povoado vive em uma reserva no nordeste do Arizona e continua em partes do Novo México e Utah. É
uma enorme área que vai desde Grants, no Novo México, até o Grand Canyon, no Arizona; de Holbrook, no centro do Arizona, até
o Rio San Juan, já no Colorado; inclui Monument Valley, parte do Deserto Pintado e parte da Floresta Petri�cada.
XINGUANOS
Habitantes das comunidades indígenas que vivem no Parque Indígena do Xingu. Os índios xinguanos são divididos geogra�camente
entre os do Alto e do Baixo Xingu. Cada etnia com a sua língua, cultura, tradições etc. Exceção feita aos Trumai, que não têm tronco
linguístico conhecido. Todos, porém, vivem da economia de subsistência. Plantam pequenas roças de mandioca, milho, cará,
amendoim, banana, pequis, frutas em geral e também arroz.
KAIABI
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Os Kaiabi resistiram com vigor à invasão de suas terras por empresas seringalistas desde o �nal do século XIX. A partir dos anos
1950, a região dos rios Arinos, dos Peixes e Teles Pires foi retalhada em glebas que viraram fazendas e os Kaiabi se dividiram em três
grupos. A maioria se mudou para o Parque Indígena do Xingu, onde se destacam pela prática de uma agricultura forte e diversi�cada,
uma arte caracterizada por complexos padrões grá�cos de inspiração mitológica e uma participação ativa no movimento indígena
organizado em defesa dos interesses das etnias do Parque.
INATO
Algo inato é o que faz parte do indivíduo desde o seu nascimento; que nasce com o indivíduo; inerente ou congênito.
IMPÉRIO ROMANO
Durou cinco séculos: começou em 753 a.C. e terminou em 476 d.C. Estendia-se do Rio Reno para o Egito, chegava à Grã-Bretanha e à
Ásia Menor. Assim, estabelecia uma conexão com a Europa, a Ásia e a África. É considerado a maior civilização da história ocidental.
Características: eram essencialmente comerciais, escravizavam os povos conquistados, o controle das províncias era feito por Roma
Politeísta, o governante tinha cargo vitalício, a extensão era obtida por conquistas ou golpes militares.
RENASCIMENTO
Também conhecido como Renascença, é compreendido como sendo entre o �m do século XIV e início do século XVII. É o período de
transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, que ocorreu principalmente na Itália, e se alastrou por toda a Europa. Importantes
acontecimentos artísticos e culturais marcaram esse momento. O desenvolvimento comercial, o início das grandes navegações e a
agitada atividade cultural do ocidente fez nascer um sentimento de humanidade, em que as ações fossem voltadas para o homem e
não de Deus e para Deus tal como era na Idade Média.
NEOLIBERALISMO
Doutrina desenvolvida a partir da década de 1970, que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção
estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim em grau mínimo. Assim, temos a ideia
de Estado mínimo, que enxuga a sua atuação na adoção de medidas de redução de serviços públicos, como as privatizações de
empresas estatais, controle de gastos públicos, menores investimentos em políticas assistencialistas tais como aposentadoria,
seguro desemprego e pensões.
JUÍZO DE VALOR
Avaliação pessoal e crítica sobre algo ou alguém, tendo em conta a experiência ou a vivência de quem avalia, geralmente
expressando um ponto de vista ou uma opinião pessoal que pode ser positiva ou negativa.
FRANZ BOAS
O antropólogo alemão, naturalizado norte-americano em 1887. A obra pioneira produzida por Boas após iniciar estudos em
Antropologia foi “Os esquimós Centrais”, baseada em material etnográ�co recolhido entre esquimós. Publicada em 1888.
INUITS
Durante séculos, os Inuits foram chamados de “esquimós” por aqueles que não são Inuits. Estes se localizam ao norte do Canadá, no
Alasca e na Groelândia. Sua alimentação é baseada em carne. Como não podem depender da agricultura, devido ao frio, e devido à
demora do cozimento, eles comem a carne defumada, preparada pelas mulheres em buracos no chão. A maior parte de seus
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alimentos vem de animais marinhos.
BRONISLAW MALINOWSKI
Reconhecido como o fundador da Antropologia social e associado a estudos de campos entre os aborígines das ilhas Trobriand, no
sudoeste do Pací�co, perto da Austrália entre 1915 e 1918. Lá conviveu com os nativos, morou em uma tenda, aprendeu a língua e os
costumes e, por meio de entrevistas e observações no próprio meio, conseguiu um registro acurado sobre aquela sociedade,
estruturando as bases do trabalho de campo etnográ�co.
TROBRIANDESES
Moradores das Ilhas Trobriand, que são atóis coralinos que formam um arquipélago de aproximadamente 440km² ao longo da costa
oriental da Nova Guiné. A grande maioria de seus habitantes (em média 12 mil) vive na ilha principal: Kiriwina. Essa é, também, o
local da sede governamental. Outras grandes ilhas do arquipélago são Kaileuna, Vakuna e Kitava. Seus habitantes foram estudados
pelo antropólogo Bronislaw Malinowski, que, a partir desses estudos, escreveu o clássico da Antropologia Argonautas do Pací�co
Ocidental, em 1922.

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