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03_Nocoes_de_Direito_Penal_e_Direito_Processual_Penal

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITEP-RN 
 
 
 
1. Exame de corpo de delito e perícias em geral (artigos 158 ao 184 do Código Processual Penal 
Brasileiro).. ............................................................................................................................................... 1 
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 3. Disposições 
preliminares do Código de Processo Penal. ............................................................................................. 9 
4. Inquérito policial. ............................................................................................................................ 22 
5. Ação penal. .................................................................................................................................... 33 
6. Competência. ................................................................................................................................. 44 
7. Prova. ............................................................................................................................................ 52 
8. Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996). ................................................................................. 73 
9. Prisão e liberdade provisória. 10. Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989 e alterações). .................. 77 
11. Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. .................. 102 
12. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. ........................................... 105 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia 
criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do 
exame de corpo de delito. 
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existência dos elementos do fato típico dos 
delitos "FACTI PERMANENTIS" (delitos praticados com vestígios). 
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não transeunte”), o exame de corpo de delito 
se torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não 
sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP). 
Muitos confundem o "corpo de delito" com o "exame de corpo de delito". Explico. Dá-se o nome de 
"corpo de delito" ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal. Trata-
se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. 
Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa estar 
envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma 
porta arrombada etc. Em outras palavras, "corpo de delito" é o local do crime com todos os seus vestígios; 
"exame de corpo de delito" é o laudo técnico que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-
se todos os referidos vestígios. 
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, 
antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma ampla gama 
de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assunção de culpa meramente para livrar alguém de 
um processo-crime. 
 
Corpo de delito direto e indireto. 
a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos 
materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensíveis, 
objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua 
natureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, pelo qual se incrimina o acusado. O corpo 
de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da existência do 
fato. 
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa 
influir na aplicação da pena. 
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna impossível, admite-se a prova 
testemunhal, por haverem desaparecido os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo 
pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja o delito. Cabe ressaltar 
que o exame indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à realização do exame direto. 
Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a 
qualquer hora. 
 
Perícia Criminal 
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal, 
indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da 
ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de 
vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias 
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. 
A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia, 
geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre outras, as quais 
estão em constante evolução. 
1. Exame de corpo de delito e perícias em geral (artigos 158 ao 184 do 
Código Processual Penal Brasileiro). 
1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS
 
. 2 
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que 
direciona a investigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é 
indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso 
confessa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos 
especializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na 
apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente 
interesse judiciário. 
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por 
profissionais especializados, permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este 
ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o 
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio 
pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. 
Apesar de o laudo pericialnão ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na 
prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e 
objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do 
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de 
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a intenção de 
distorcer os fatos. 
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação 
é reforçada pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de 
Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial 
(ou arbitramento) pode ser dividida em: 
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; 
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. 
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado. 
 
Perito 
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que prevê o Código de Processo Penal em seu 
artigo 159, vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre as que 
tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e 
finalmente desempenhar o cargo. 
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos 
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos 
ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, 
podendo apresentar as respostas em laudo complementar. 
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações 
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua além dessa 
apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial da função de 
testemunha. Ou seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já tem 
conhecimento do fato e o segundo para que conheça e explique os fundamentos da questão discutida, 
por meio de uma análise técnica científica. 
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando 
de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória com um 
“compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o 
que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. 
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para elaboração do laudo pericial, podendo este 
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme dispõe o parágrafo 
único do artigo 160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de 
impedimento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os peritos nomeados pela autoridade não 
podem recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art. 277, a); não podem deixar de comparecer 
no dia e no local designados para o exame (art. 277, b); não podem deixar de entregar o laudo ou 
concorrer para que a perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ainda em casos de 
não comparecimento, sem justa causa, a autoridade determinar a condução do perito (art. 278). E falsa 
perícia constitui crime contra a administração da Justiça (art. 342). Quando os dois peritos não chegam, 
na perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará à parte seu próprio relatório, chamando-
se a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus peritorum, (perito dos peritos) aceitará 
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. 3 
a perícia por inteiro ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma determina o parágrafo único 
do artigo 181 do Código de Processo Penal, facultando-lhe nomear outros peritos para novo exame. 
 
As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz decidirá de plano e sem recurso, à vista da 
matéria alegada e prova imediata (art. 105). Não poderão ser peritos: 
I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada nos números I e II do artigo 47 do 
Código Penal; 
II – os que tiverem prestado depoimento no processo no processo ou opinado anteriormente sobre o 
objeto da perícia; 
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279). 
 
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre a suspeição dos juízes (art. 280); 
I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo a processo análogo, sobre cujo caráter 
criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de um ou de outro perito, criaram-se, há 
alguns anos, em alguns estados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais, espécies de 
corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão de pareceres médico-legais mais especializados, 
funcionando também como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normalmente, compostos de 
autoridades indiscutíveis em medicina legal e representados por professores da disciplina, diretores de 
institutos Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado pela Secretaria do Interior e 
Justiça. 
 
Atividades Desenvolvidas 
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada, 
tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais 
necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, 
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística 
Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação 
Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio 
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca 
da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou 
suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos 
elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico. 
 
Responsabilidades Civil e Penal do Perito 
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações de ordem legal e a ilicitude de suas atividades 
caracteriza-se como violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis repercussões a danos 
causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer que os peritos na área civil são considerados auxiliares da 
justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto ao fiel cumprimento do dever de 
ofício, os primeiros prestam compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os segundos, o 
compromisso está implícito com a posse no cargo público, a não ser nos casos dos chamados peritos 
nomeados ad hoc. 
 
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de acusação, ofendido, querelante, 
e acusado. 
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofendido, o querelante, e oacusado, formular 
quesitos e indicar assistente técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159, do Código 
de Processo Penal; 
 
Laudo pericial. 
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em 
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente 
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o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, 
isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a 
atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um 
assistente técnico; 
 
Autópsia. 
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar no auto 
(art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte 
e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante (art. 
162, parágrafo único, CPP); 
 
Exumação de cadáver. 
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará que, em dia e hora previamente 
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste 
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. Agora, havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao 
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de 
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com 
todos os sinais e indicações (art. 166, CPP); 
 
Fotografia dos cadáveres. 
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na 
medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164, CPP). Para 
representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame 
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados (art. 165, CPP); 
 
Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstáculo à subtração da coisa. 
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio 
de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por quais meios 
e em que época presumem ter sido o fato praticado (art. 171, CPP); 
 
Material guardado em laboratório para nova perícia. 
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova 
perícia. Ademais, sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, provas 
microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP); 
 
Incêndio. 
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que 
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173, CPP); 
 
Exame para reconhecimento de escritos. 
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei Adjetiva, o seguinte: a pessoa a quem se atribua 
ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para a comparação, 
poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente 
reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida (inciso II); a autoridade, 
quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou 
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados (inciso III); 
quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará 
que a pessoa escreva o que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver ausente a pessoa, mas em 
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que 
a pessoa será intimada a escrever (inciso IV); 
Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 
182, CPP). 
 
Dispositivos do CPP pertinentes ao tema: 
 
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. 5 
CAPÍTULO II 
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de 
diploma de curso superior. 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica 
relacionada com a natureza do exame. 
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e 
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e 
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde 
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados 
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou 
ser inquiridos em audiência. 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito 
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, 
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente 
técnico. 
 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, 
e responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo 
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela 
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no 
auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da 
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia 
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob 
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta dequem indique a sepultura, ou de encontrar-se 
o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que 
tudo constará do auto. 
 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, 
na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. 
 
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão 
ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento 
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, 
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lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os 
sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, 
que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a 
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe 
a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, 
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. 
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade 
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no 
relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
 
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de 
nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou 
microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
 
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por 
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
 
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que 
constituam produto do crime. 
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos 
elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 
 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o 
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor 
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o 
seguinte: 
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; 
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já 
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver 
dúvida; 
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em 
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade 
mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa 
será intimada a escrever. 
 
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se 
Ihes verificar a natureza e a eficiência. 
 
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. 
 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, 
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. 
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Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. 
 
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, 
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. 
 
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos 
peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. 
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será 
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. 
 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações 
e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará 
um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros 
peritos. 
 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou 
contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros 
peritos, se julgar conveniente. 
 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
 
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19. 
 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia 
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
Questões 
 
01. (PC/DF - Perito Criminal - IADES/2016) O Código de Processo Penal elenca um conjunto de 
regras que regulamentam a produção das provas no âmbito do processo criminal. No tocante às perícias 
em geral, as normas estão previstas nos artigos 158 a 184 da lei em comento. Quanto ao exame de corpo 
de delito, nos crimes 
(A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a prova testemunhal não poderá suprir-lhe a 
falta. 
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado durante o dia. 
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar apenas por determinação da autoridade judicial. 
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias sejam realizadas por dois peritos oficiais. 
 
02. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Quanto à prova pericial, assinale a 
opção correta. 
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial para atestar o rompimento de obstáculo 
nos casos de furto mediante arrombamento, prevalecendo em tais situações a qualificadora do delito. 
(B) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar 
qualquer tipode dúvida, sendo vedada a sua realização durante a noite. 
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participação da defesa na produção da prova 
pericial na fase investigatória, antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial. 
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um perito oficial e, na falta deste, admite a lei 
que duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade técnica 
relacionada com a natureza do exame, sejam nomeadas para tal atividade. 
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença 
não poderá ser contrária à conclusão do laudo pericial. 
 
 
 
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03. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC/2016) Sobre o exame de corpo de delito e as 
perícias em geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessariamente por três pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por 
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que 
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida 
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) A prova em matéria processual penal tem 
por finalidade formar a convicção do magistrado sobre a materialidade e a autoria de um fato tido como 
criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código de Processo Penal dispõe: 
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
(B) quando a infração não deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(C) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idônea, portadora de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica. 
(D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão 
no auto. 
(E) não sendo possível o exame de corpo delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal não poderá suprir-lhe a falta. 
 
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) Com relação ao exame de corpo de delito, assinale 
a opção correta. 
(A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido indiretamente pela confissão do acusado se os 
vestígios já tiverem desaparecido. 
(B) Não tendo a infração deixado vestígios, será realizado o exame de corpo de delito de modo indireto. 
(C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal. 
(D) Depende de mandado judicial a realização de exame de corpo de delito durante o período noturno. 
(E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a sua realização, se 
entender que é desnecessário ao esclarecimento da verdade. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: “D” 
Prevê o art. 158, do CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo 
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
02. Resposta: “D” 
Dispõe o art. 159, §1º, do CPP: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
 
03. Resposta: “A” 
A alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que nos termos da lei, na falta de perito oficial, o exame 
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas e não por 3 (três), como se afirmou na resposta. 
 
04. Resposta: “D” 
Prevê o art. 162 do CPP: A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os 
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que 
declararão no auto. 
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05. Resposta: “C” 
Excepcionalmente, quando a infração penal não deixar vestígios ou estes houverem desaparecido, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. É o que prevê o artigo 167 do CPP. 
 
 
 
Qual a finalidade do Direito Processual Penal? Podemos dizer que existe uma finalidade mediata, que 
se confunde com a própria finalidade do Direito Penal – paz social – e uma finalidade imediata e que outra 
não é senão a de conseguir a “realizabilidade da pretensão punitiva derivada de um delito, através da 
utilização da garantia jurisdicional”. Sua finalidade, em suma, é a de tornar realidade o Direito Penal. 
Enquanto este estabelece sanções aos possíveis transgressores de suas normas, é pelo Processo 
Penal que se aplica a sanctio juris (sanção do direito), porquanto toda pena é imposta “processualmente”. 
Daí dizer Manzini que ele consiste em obter, mediante a intervenção do Juiz, a declaração de certeza, 
positiva ou negativa, do fundamento da pretensão punitiva derivada de um delito. 
Assim, não constitui o Processo Penal nem uma discussão acadêmica para resolver, em abstrato, um 
ponto controvertido de Direito, nem um estudo ético tendente à reprovação da conduta moral de um 
indivíduo. Seu objetivo é eminentemente prático, atual e jurídico e se limita à declaração de certeza da 
verdade, em relação ao fato concreto e à aplicação de suas consequências jurídicas. 
É princípio geral do direito que as normas jurídicas limitam-se no tempo e no espaço, isto é, aplicam-
se em um determinado território e em um determinado lapso de tempo. 
Por conseguinte, em seguida vamos estudar mais detalhadamente estes institutos. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL DO ESPAÇO 
 
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (art. 5º do Código Penal) e da 
extraterritorialidade incondicionada e condicionada (art. 7º do Código Penal), o Código de Processo Penal 
adota o princípio da territorialidade ou do lugar (lex fori). E isso por um motivo óbvio: a atividade 
jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras 
do respectivo Estado. 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Em suma, no processo penal vigora o 
princípio da absoluta territorialidade (artigo 1.º do Código de Processo Penal). 
Para melhor compreensão do assunto importante fazermos uma análise minuciosa sobre a aplicação 
do Código Penal, “em todo território brasileiro” com objetivo de conceituar território, distinguindo o território 
em sentido estrito e território por extensão. No primeiro caso, evidencia-se pelo solo, subsolo, águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo acima de seu condado. Por outro 
lado, no segundo caso, incluem-se embarcações e as aeronaves brasileiras, não importando sua 
natureza, e estando situados em qualquer lugar que tiverem, conforme disposto no artigo 5º do Código 
Penal. Neste contexto, o autor Júlio Mirabete, completa: 
 
Território em sentido estrito abrange o solo (e subsolo), sem soluçãode continuidade e com limites 
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. Já por 
extensão se configura em abranger as embarcações e aeronaves brasileira, de natureza pública, ou a 
serviço de governo, onde quer que se encontrem, bem como as mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem em alto-mar. 
 
Interpreta-se que, o espaço territorial é a porção de terra abarcada nos limites de suas fronteiras, os 
quais são estabelecidos por pactos, tratados ou obras humanas, tais como muralha, etc. Contudo, ainda 
na seara processual, as embaixadas são sopesadas como território alienígena onde se acham situadas, 
tanto pelos crimes perpetrados por pessoas alheias as imunidades sujeitam-se a jurisdição do estado 
onde se depara a embaixada, considerando assim inviolável as sedes das embaixadas. Adverte ainda 
que, as aeronaves de guerra ou a serviço de governo estrangeiro, enquanto este durar – são 
contempladas conforme espaço territorial do país a que pertence. 
Corroborando para tal juízo, tem-se entendido que o espaço marítimo está envolvido em 12 milhas 
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 
3. Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
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marítimas de largura, a partir da linha debaixo-mar do litoral continental e insular brasileiro, análogo as 
grandes cartas náuticas. Em contrapartida, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro 
embora encontrem-se no espaço marítimo nacional, quer em missão diplomática ou de representação, é 
visto como exceção à regra concernente ao espaço marítimo, estando tudo em conformidade com a 
legislação – art. 1º da lei nº 8.617 de 4.01.1993 e convenção internacional sobre o direito do mar. 
Sendo assim, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro são trazidos como exceção da 
incidência da lei brasileira. Ou seja, são territórios do Estado de sua bandeira, em alto mar. 
Assinala-se, aliás, que o espaço aéreo comporta todo espaço localizado no território nacional, além 
das águas territoriais independentemente da altura que as aeronaves estiverem. Mirabete, ressalta: “a 
teoria da coluna atmosférica, delimitada por linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos 
limites do território físico, incluindo o mar territorial (ad infinitum), prosseguindo conservada no Código 
Brasileiro de Aeronáutica”. 
Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer processo penal que surgir no território 
nacional deva ser solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal (locus regit actum). Há, 
todavia, exceções. 
 
Hipóteses de Não Aplicação do Código de Processo Penal 
 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
Para iniciarmos essa discussão acerca da não aplicação do Código de Processo Penal, imperioso 
mencionar que, os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas estrangeiras, em águas 
territoriais e espaço aéreo brasileiro, não se aplica a lei penal, tampouco a lei processual penal. 
Inaplicável também aos agentes diplomáticos que gozam de imunidade, por serem representantes do 
Governo em conferências, congressos ou organismos internacionais, sendo ainda por este motivo esses 
privilégios irrenunciáveis. Importante ressaltar que tal prerrogativa consiste em responder no seu país de 
origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo 
Decreto Legislativo nº 103/64, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/65). Para o doutrinador 
Mossin entende-se com tais prerrogativas também, os cidadãos que vivam sob mesmo teto do diplomata, 
no caso, os pais, a mulher, filhos etc. Se por acaso o funcionário vir a falecer continuará gozando dos 
mesmos privilégios até que o tempo juridicamente relevante se extinga. 
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em 
virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser aplicada aos crimes 
praticados por tais agentes no território nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo processual à 
aplicação da lei processual penal brasileira. 
Para facilitar a compreensão do assunto importante conceituar o que é tratado, convenção e regras de 
direito internacional. 
Pode-se proclamar pelo texto que tratado é acordo firmado entre duas ou mais países, quando se 
vinculam a competir e venerar as cláusulas e condições da declaração como se fossem preceitos de 
direito positivo, com conteúdo político. Não obstante, convenção é o ajuste sobre assuntos de veemência 
entre nações de caráter não político, e sim civil. Vale ressaltar por Tourinho Filho a distinção entre tratado 
e convenção. A primeira é um pacto internacional concluído em Estados de forma escrita e regulado pelo 
Direito Internacional, constituindo em um único instrumento, ou dois ou mais instrumentos 
consubstanciados. Por outro lado, convenção seria tratado que designa norma gerais. Consta exceção à 
regra de territorialidade prevista na Constituição Federal e por tratados e convenções internacionais, 
perpetra com que o conflito ocorrido fora do território nacional possa contar com a aplicação da lei 
brasileira, como exemplo as cartas rogatórias. 
Por sua vez, as regras de direito internacional, são princípios fundamentais de direito, retirados, 
principalmente da lei, estando todos os países coibidos a cumprir, como por exemplo: as imunidades 
diplomáticas o que ocasiona a exclusão da jurisdição (Convenção de Viena- art. 1º, I e art. 5º do CPP), 
composto de embaixadores, secretários de embaixada, pessoal técnico administrativo, bem como seus 
familiares. O STF entende que o cônsul não goza de ampla imunidade, somente em casos de atos 
conseguidos no emprego das funções consulares (agentes administrativos). 
 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos 
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, 
nos crimes de responsabilidade; 
As prerrogativas para os crimes de responsabilidade do Presidente da República, dos ministros de 
estado, nos crimes conexos, previsto na legislação – art. 1º, II do CPP e art. 5º até 12 da Lei nº 1.079/50 
- respectivos atos que atentarem contra a constituição possuindo como alguns requisitos a existência da 
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união; livre exercício dos poderes constituídos; exercício dos direitos políticos e sociais; segurança interna 
do país etc. 
Fundamentalmente, o elenco de agentes que possui a prerrogativa de função, nos crimes de 
responsabilidade corresponde ao Presidente da República, aos Ministros de Estado, aos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal; Governadores e Secretários de Estado; Governador do Distrito Federal e seus 
Secretários; Procurador Geral da República e Advogado Geral da União, presente na Lei nº 1079, de 
10.04.1950, Lei nº 7.106/1983 e art. 52 da Constituição Federal. 
 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
O que se alude ao processo de competência da Justiça Militar Federal e Estadual, não se aplica ao 
Código de Processo Penal, pois as mesmas têm suas legislações especiais. Conforme mostra Mussin, o 
Código Penal Militar (CPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969, e o Código de 
Processo Penal Militar (CPPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969, situando as 
normas processuais para o exame dos crimes militares. Junto com os dois Decretos, existe a Lei de 
Organização Judiciária Militar (LOJM), formado pelo Decreto-lei n. 1.003, de 21 de outubro de 1969. 
Foram formadas várias Súmulas pelo Supremo Tribunal de Justiça, entre as quais discorre que, 
compete à Justiça comum Estadual julgar acusado civil por cometer crime contra instituições militares 
estaduais. Outra é a Súmula75 que fala: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o policial militar 
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”. Se o profissional militar 
praticar delito de mesma natureza, em outra unidade da federação, seu julgamento deve ser prolatado 
pela Justiça Militar do Estado onde exercita sua atividade, pois a Justiça do local onde ocorreu o delito 
não pode lhe julgar disciplinarmente, garantindo o princípio da autonomia dos Estados Federados. A 
Súmula 90 do Tribunal Superior discorre sobre “a competência da Justiça Estadual Militar processar e 
julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo 
àquele”, pois cada justiça julga o crime consoante sua competência. 
 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, sendo que esse tribunal especial a que faz 
menção o inciso IV é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que foi extinto 
pela Constituição de 1946. O art. 122, n2 17 da Carta de 1937 previa que “os crimes que atentarem contra 
a existência, a segurança e a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão 
submetidos a processo e julgamento perante tribunal especial, na forma que a lei instituir”. 
 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Outra ressalva constante do art. 1º do CPP diz respeito aos processos penais por crimes de imprensa. 
Referidos delitos estavam previstos na Lei nº 5.250/67. Dizemos que estavam previstos na Lei nº 5.250/67 
porque, no julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 130, o Supremo 
Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado para o efeito de declarar como não 
recepcionado pela Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da Lei nº 5.250/67. 
Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da Lei de Imprensa não impede o curso regular 
dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem tampouco a instauração de 
novos processos, aplicando-se lhes, contudo, as normas da legislação comum, notadamente, o Código 
Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal. 
 
LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
 
Justapõe a lei processual quando a mesma entra em vigor, de acordo com o artigo 2° do CPP que 
dispõe, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior”, e não quando ocorre o período para a ciência do teor da norma pela sociedade 
em geral. Antes de entrar em vigor, o prazo que medeia a publicação da lei e a entrada em vigor como 
apronta o artigo 1° da LICC, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada”, o vacatio legis, refere-se a norma que não alude a 
criminalização de conduta, e três meses para seu emprego nos Estados Estrangeiros, quando a esta é 
admitida. Passando a valer imediatamente, apreciando processos em pleno desenvolvimento, porém não 
compromete os atos alcançados na vigência da lei anterior. Com isso, a lei processual penal não tem 
efeito retroativo, pois se fosse, o legislador teria invalidado as ações processuais exercidos até a data da 
vigência da lei nova, uma vez que o princípio é tempus regit actum (o tempo rege o ato), conforme ratifica 
TOURINHO. 
Elucida-se nos casos em que uma lei nova estabelece outras regras para a citação do réu e para a 
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intimação do defensor, tornando-se valido o chamamento já realizado sob a vigência da norma anterior. 
As intimações posteriores serão regidas pela nova lei. A exceção ocorre quanto ao transcurso de prazo 
já principiado, que em regar, ocorre pela lei anterior. Por ações já exercitadas, necessita-se entender 
também, os respectivos efeitos e/ou consequências jurídicas. Como no exemplo citado por Pacelli: 
“Sentenciado o processo e em curso o prazo recursal, a nova lei processual que altera o aludido prazo 
não será aplicada, respeitando-se os efeitos preclusivos da sentença tal como previstos na época de sua 
prolação.” 
O doutrinador Aury Lopes distingue leis penais puras, leis processuais penais puras e as leis mistas. 
A primeira é aquela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo, cabendo 
para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a 
retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início, 
desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia, rol de testemunhas, forma 
de realizar atos processuais, ritos), ademais, aplicando-se o princípio da imediatidade, não ocorre o efeito 
retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e processuais, aplicando-se para tais 
casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não. 
Existem as normas processuais penais materiais, que são normalmente institutos mistos/híbridos, 
estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se sua retroatividade, 
em razão de sua dupla natureza. Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a 
decadência, e outros. Quando alguma regra é alterada acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no 
Direito Penal. Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se 
referindo a circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja favorecido 
com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito 
no direito material (art. 107, IV, CP). 
Ocorrem também os institutos conectados à prisão do querelado, que são consideradas normas 
processuais penais materiais, pois condiz com a liberdade do indivíduo. A finalidade do processo penal é 
resguardar a eficiente aplicação da lei penal, beneficiando o acusado. De tal forma, não tem aceitação a 
prisão cautelar inteiramente dissociada do conjunto de direito material. A própria tem razão de existir, a 
respeito do princípio da presunção de inocência, pois há acusados de cometer um crime, que a sua 
liberdade pode colocar em risco a sociedade. Isso pode ser confirmado nos casos em que o sistema 
autoriza a decretação de prisões cautelares, cuja hipótese que prevalece é a de aplicação de penas 
privativas de liberdade e em regime fechado. 
É notório ratificar que não teria sentido estabelecer a prisão preventiva do réu por contravenção penal 
ou por delito, em que a pena cominada é de multa. Considerando tais normas processuais de conteúdo 
material, retroagindo para envolver situações ocorridas antes da sua existência, com isso colaborando 
para garantir a liberdade do réu. No artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal define 
que “à prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis” ao réu, 
quando houver a vigência de lei nova que obtenha situação processual em desenvolvimento. 
Quanto ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”. Essas modalidades de 
hermenêutica, coloca-se no processo de auto-integração das leis e do Direito, perante a necessidade de 
resolução dos casos concretos contidos à jurisdição, como em casos de normas incriminadoras, as que 
definem o tipo penal, suas qualificadoras ou causas de aumento da pena, ou que agravem a situação do 
réu. 
Não se pode falar em aplicação da analogia ou interpretação extensiva, exceto quando a lei 
expressamente permitir, em razão da esfinge de se prever uma significado casuístico definitivo, quão 
ocorre com expressões do tipo: outro meio qualquer, de qualquer maneira, etc. Porém, em se tratando de 
normas de conteúdonão incriminador, pode-se aplicar a analogia e a interpretação extensiva. No que 
versa sobre às normas de competência, é necessário modificação da competência por lei processual 
nova, fazendo com que o novo órgão competente julgue aqueles feitos anteriores, como aclara Carlos 
Maximiliano: 
a) em sendo abolida uma autoridade, o processo corre perante a que a substitui; 
b) mudada a hierarquia dos juízes pelos quais transitará sucessivamente determinada causa, a 
alteração aplicar-se-á tanto aos efeitos iniciados, como aos futuros: por exemplo, suprimida a instancia 
superior, para ali não se vai nos casos em curso; 
c) variando o número ou a qualidade dos magistrados componentes de tribunal, câmara ou turma, 
julga-se pelo novo modo a causa pendente: por exemplo, em vez de juiz único, um colégio e vice-versa. 
 
De acordo com o artigo 2° do LICC, que elucida, “não se destinando à vigência temporária, a lei terá 
vigor até que outra a modifique ou revogue.” Finaliza-se vigência da lei com a sua revogação, que pode 
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ser expressa, revogam-se as disposições em contrário, ou tácita, incompatibilidade da novatio legis com 
a lei velha ou lei nova regular inteiramente matéria que tratava a anterior. A revogação pode ser parcial, 
quando designa-se derrogação; ou total, denomina-se de ab-rogação. Há também a autorrevogação 
(exceção), que vigora por período determinado, acontece quando susta a ocorrência de emergência ou 
anormalidade na lei excepcional ou acabar com o prazo da lei temporária. 
 
Em resumo, são particularidades vigentes para a lei processual no tempo: 
A) Princípio do efeito imediato. No direito penal, a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
Já no processo penal, a lei processual rege-se pelo “Princípio do Efeito Imediato” (“tempus regit 
actum”), segundo o qual a nova lei processual será aplicada em todos os processos em curso, não 
importando se beneficia ou não o réu. Quanto aos atos processuais já realizados, estes permanecerão 
válidos. 
E se a lei tiver natureza híbrida, isto é, aspectos tanto de direito material como de direito processual? 
Neste caso, apesar de alguma celeuma doutrinária, prevalece o entendimento de que o aspecto penal da 
norma deve preponderar, não se aplicando de imediato o dispositivo se menos benéfico ao acusado. 
Agora, se mais benéfico ao acusado, há uma retroatividade parcial apenas da parte penal, enquanto a 
parte processual penal vige do instante presente para frente; 
 
B) Contagem de prazo. Há se distinguir o “prazo penal”, do “prazo processual”. 
No “prazo penal”, conta-se o dia do começo. Assim, ainda que o ato tenha sido praticado às 22h30min 
do dia cinco, p. ex., tal dia já conta como sendo o primeiro da contagem do prazo. Ademais, o prazo penal 
é improrrogável, ou seja, caso termine em sábado, domingo, ou feriado, não se o prorroga até o próximo 
dia útil subsequente. 
Já no “prazo processual”, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Desta maneira, 
se o ato foi praticado no dia cinco, p. ex., o prazo começa a contar do dia seis. Ademais, o prazo 
processual é prorrogável para o primeiro dia útil subsequente caso termine em sábado, domingo, feriado 
ou recesso judiciário. 
Ainda, acerca do prazo processual penal, há se observar a Súmula nº 310, do Supremo Tribunal 
Federal, segundo a qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for neste dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver 
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
É sabido que o sistema jurídico nacional fixa a obrigatoriedade da lei penal a todos que se encontrem 
em nosso território, sem qualquer distinção pessoal, sendo aplicada a todos. 
Todavia, esta aplicabilidade da lei penal possui limites diante de princípios advindos da própria 
Constituição Federal, a qual, se por um lado, consagra o princípio da igualdade previsto no artigo 5º, por 
outro, concede atributos e funções a determinados cargos públicos, cujo exercício tornaria inviável, caso 
a incidência do referido princípio não fosse ponderada. 
Deste modo, o sistema jurídico penal concedeu imunidades à determinadas funções públicas, 
justamente para viabilizar o seu exercício. Embora existam algumas discussões sobre o tema, a 
imunidade penal não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico para assegurar as garantias e 
os direitos fundamentais estipulados na Constituição Federal, bem como respeitar o exercício da 
soberania dos demais estados, em obediência a tratado ou convenção internacional. 
As imunidades possuem as seguintes características: 
a) possuem natureza restritiva, já que impedem a aplicação do ordenamento jurídico ao representante 
de outro Estado, salvo quando o Estado acreditante renunciar de forma expressa à imunidade (“A 
imunidade de jurisdição não se verifica de plano, isto é, não se aplica de forma automática, notadamente 
pelo fato de que há a possibilidade de renúncia pelo Estado estrangeiro” – HC 149.481/DF, STJ); 
b) visam garantir o eficaz desempenho das funções de defender o interesse dos Estados que 
representam; 
c) o representante do Estado em missão diplomática ou consular deve respeitar as normas locais e 
não intervir nos assuntos internos. 
 
IMUNIDADES 
 
Há pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de imunidade. Trata-se, portando, de uma 
prerrogativa funcional, uma proteção ao cargo, e não à pessoa do agente. 
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1. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
 
É uma prerrogativa de direito público internacional da qual desfrutam os Chefes de governo e Estado 
Estrangeiro e membros da Comitiva, o Embaixador e sua família, os funcionários do corpo diplomático e 
respectivas famílias e os funcionários das organizações internacionais, quando em serviço. 
A corrente dominante quanto à natureza jurídica da imunidade diplomática diz que trata-se de causa 
pessoal de isenção de pena, tratando outros como causa impeditiva da punibilidade. Essa imunidade é 
irrenunciável, pois é uma prerrogativa do cargo que ocupa. Cabe, porém, ao país de origem a 
possibilidade de retirar expressamente essa imunidade. 
Esta imunidade tem natureza absoluta: Ficam imunes às consequências da lei brasileira, ficando 
sujeitos às leis dos seus países de origem. A imunidade diplomática não diz que ele não deve respeito à 
nossa lei. Mas se desrespeitar, não sofrerá as consequências aqui, mas no seu país. Quantos aos 
agentes diplomáticos, a imunidade se aplica da seguinte forma: 
 
- EMBAIXADOR: Tem imunidade em crime comum; tem imunidade em crime funcional. 
- AGENTE CONSULAR – CÔNSUL: Tem imunidade em crime funcional; não tem imunidade em crime 
comum. 
 
Apesar de minoria em sentido contrário, prevalece, de acordo com a Convenção de Viena, o 
entendimento de que a Embaixada não é extensão do território que representa, apesar de ser inviolável. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não se pode realizar buscas e apreensões em 
Embaixadas. 
 
2. IMUNIDADE PARLAMENTAR 
 
É prerrogativa inerente à função parlamentar, garantidora do exercício do mandato parlamentar, com 
plena liberdade. 
 
a) IMUNIDADE ABSOLUTA: Está prevista no artigo 53, caput, da Constituição Federal e é também 
chamada de material, substancial, real ou inviolabilidade. Prevê que “Os Deputados e Senadores são 
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Para o Supremo 
Tribunal Federal, esta imunidade exime seu titular de qualquer responsabilidade criminal, civil, 
administrativa e política. Sendo as duas últimas acrescidas pelo Supremo. 
 
- Natureza jurídica: Na visão de Pacell, a imunidade material a estes conferida consubstancia uma 
causa excludente de criminalidade, sendo que, para o STF, é causa de atipicidade.Segundo a Súmula 
245 do STF, “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa”. Esta Súmula 
está restrita, hoje, à imunidade parlamentar relativa, não se estendendo à imunidade parlamentar 
absoluta. 
 
- Limites: É necessário um nexo funcional para haver esta imunidade. Assim nas dependências da 
Casa Legislativa, presume-se o nexo. Fora das dependências da Casa Legislativa, o nexo deve ser 
comprovado, sob pena de o parlamentar responder pelo delito. 
 
b) IMUNIDADE RELATIVA: Refere-se ao foro por prerrogativa da função exercida pelo parlamentar e 
está prevista no artigo 53, §1º da Constituição Federal. A prerrogativa de função se dá a partir da 
expedição do diploma e não da posse. E o foro especial só terá incidência nas infrações de natureza 
criminal, desaparecendo depois de terminado o mandato, pois é uma prerrogativa em razão da função, e 
não da pessoa. 
 
- Imunidade relativa à prisão (art. 53, § 2º, da CF): “§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros 
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, 
os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria 
de seus membros, resolva sobre a prisão.” Deputados e senadores são insuscetíveis de prisão provisória, 
mas cabe prisão definitiva. Essa é a posição do Supremo. 
 
Exceção: é possível flagrante em caso de crime inafiançável. Nesta hipótese, os autos tem que ser 
remetidos ao Congresso para que a Casa respectiva delibere e a decisão é política (conveniência e 
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oportunidade) e não jurídica. A jurisprudência entende que também não podem ser submetidos à prisão 
civil. 
 
- Imunidade em relação ao processo (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º): “§ 3º Recebida a denúncia contra o 
Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à 
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será 
apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela 
Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato”. 
Essa imunidade depois da Emenda Constitucional nº 35/01 só alcança infração praticada após a 
diplomação. O Supremo Tribunal Federal não depende mais de autorização para processar. Porém, a 
Casa Legislativa respectiva pode sustar o processo, não correndo, então, a prescrição. 
Essa imunidade é parlamentar. Não impede a investigação. O Congresso não poderá sustá-la. É a 
posição do Supremo: “a prerrogativa extraordinária da imunidade formal não se estende e nem alcança 
atos investigatórios contra membros do Congresso Nacional”. 
 
- Imunidade relativa à prova: “§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar 
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas 
que lhes confiaram ou deles receberam informações.” 
Essa imunidade só alcança o parlamentar enquanto testemunha, não como investigado. 
 
“Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os 
ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos 
do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros 
do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente 
ajustados entre eles e o juiz.” 
 
Esse art. 221 também não se aplica ao investigado. É a posição do Supremo Tribunal Federal. Ele só 
marca hora, se testemunha. 
 
As imunidades permanecem durante o estado de sítio, segundo o § 8º, do art. 56: “§ 8º As imunidades 
de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante 
o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do 
Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.” 
 
Deputados e senadores que se licenciam para exercer cargo no executivo perdem a imunidade 
parlamentar. A Súmula n. 4 do STF que previa essa garantia foi cancelada: “Não perde a imunidade 
parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado. (Cancelada pelo Inq. 104 RTJ-99/477 – 
26/08/1981)”. 
 
- No âmbito estatual: Pelo princípio da isonomia as imunidades concedidas aos deputados federais 
se aplicam por inteiro aos deputados estaduais. 
“Art. 27, § 1º – Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras 
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, 
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.” 
Quanto aos vereadores, estes gozam apenas de imunidade absoluta, restrita ao território em que 
exerce a vereança. Não possuem, portanto, imunidade relativa. 
Constituição estadual pode conceder foro especial ao vereador. Há 2 Estados que fazem isso: Rio de 
Janeiro e Piauí. 
Quem julga deputado federal por homicídio é o STF e não o Júri. Como os dois têm status 
constitucional, entende-se que o STF excepciona o júri neste caso. 
Quem julga deputado estadual por homicídio é o Tribunal de Justiça e não o Júri. Isso porque o foro 
especial para deputado estadual tem previsão na Constituição Federal, a qual excepcionou a si mesma. 
Quem julga o vereador por homicídio é o Júri. Isso porque o julgamento pelo júri tem previsão na 
Constituição Federal. A Constituição Estadual não pode excepcionar. Logo, por homicídio o vereador vai 
a júri, mesmo que tenha foro especial previsto na Constituição Estadual (como ocorre no Rio de Janeiro 
e Piauí). Nesse sentido Súmula n. 721 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri 
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prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição 
estadual”. 
 
3. IMUNIDADE PRISIONAL1 
São pessoas imunes ao flagrante: 
- menores de 18 anos (CF, art. 228; CP, art. 27; ECA); 
- diplomatas estrangeiros, em decorrência de tratado ou convenção internacional (art. 1º, I, do CPP); 
- o Presidente da República (art. 86, § 3º, da CF); 
- autores de crime de trânsito que socorram de forma imediata e integral a vítima de acidente (art. 301 
do CTB); 
- quem se apresente espontaneamente (art. 317, do CPP, a contrario sensu). 
O autor de infração de menor potencial ofensivo não será preso em flagrante quando for imediatamente 
encaminhado ao juizado especial criminal ou assumir o compromisso de a ele comparecer, nos termos 
da Lei n. 9.099/95. 
 
São pessoas que somente podem ser presas em flagrante de crime inafiançável: 
- senadores (art. 53, § 1º, da CF); 
- deputados (art. 53, § 1º, da CF); 
- magistrados (art. 33, da LC n. 35/79); 
- membros do Ministério Público (art. 40, III, da LOMP); 
- advogados no exercício da profissão (art. 7º, IV e § 3º, da Lei n. 8.906/94). 
 
4. IMUNIDADE PARA SERVIR COMO TESTEMUNHA 
Os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles 
receberam informações. 
O presidente e o vice-presidente da República, o presidente do Senado, o presidente da Câmara dos 
Deputados e o presidente do STF podem optar pelo depoimento escrito. O presidente e o vice-presidente 
da República, os senadores, os deputados federais, os deputados estaduais, os ministros de Estado, os 
governadores, os prefeitos, os membros do Judiciário e os juízes do Tribunal de Contas e do Tribunal 
Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
 
5. IMUNIDADEDO ADVOGADO 
O art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94, prescreve que o advogado tem imunidade profissional, não 
constituindo injúria ou difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua 
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares, perante a OAB, pelos excessos 
que cometer. 
Em face do disposto no Estatuto da OAB, no cumprimento do seu dever de ofício, ou seja, na ação 
restrita à causa de seu patrocínio, o advogado tem a cobertura da imunidade profissional, tratando-se de 
crimes contra a honra. Cabe ressaltar que, em face da ADIN 1.127/DF, a imunidade profissional do 
advogado não compreende mais o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução 
da atividade jurisdicional. 
Em matéria processual, o advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício 
da profissão, em caso de crime inafiançável, desde que o flagrante seja lavrado na presença de 
representante da OAB, em homenagem à inviolabilidade de sua atuação profissional. 
O ordenamento jurídico não lhe confere absoluta liberdade para praticar atos contrários à lei, sendo-
lhe, ao revés, exigida a mesma obediência aos padrões normais de comportamento e de respeito à ordem 
legal. A defesa voltada especialmente à consagração da imunidade absoluta do advogado esbarra em 
evidente dificuldade de aceitação, na medida em que altera a sustentabilidade da ordem jurídica: a 
igualdade perante a lei (Informativo 335, STJ). 
 
6. IMUNIDADE DOS CHEFES DO EXECUTIVO 
Na imunidade penal temporária ou relativa, o Presidente da República somente é responsabilizado na 
vigência do seu mandado por crimes funcionais. 
Em relação aos não funcionais, a punição será feita somente após término do mandato. Trata-se de 
prerrogativa do Presidente da República que não pode ser estendida aos Governadores e Prefeitos, pois 
estes não exercem a chefia de Estado: “A imunidade do chefe de Estado à persecução penal deriva de 
 
1 Messa, Ana Flávia. Curso de direito processual penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
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cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequência derrogatória do 
postulado republicano, só pode ser outorgada pela própria CF. Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence; RTJ 146/467, Rel. Min. Celso de Mello” (ADI 1.021, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 19-10-1995, Plenário, DJ 24-11-1995). 
Prerrogativa ligada ao tema responsabilidade criminal do Presidente da República na vigência do 
mandato, a imunidade impede o processo criminal durante esse período, com suspensão do prazo 
prescricional: 
a) no caso de crimes funcionais, pode ser punido na vigência do mandato; 
b) no caso de crimes não funcionais, não pode e responderá pelo crime após o término do mandato 
perante a Justiça Comum: “O que o art. 86, § 4º, confere ao presidente da República não é imunidade 
penal, mas imunidade temporária à persecução penal: nele não se prescreve que o presidente é 
irresponsável por crimes não funcionais praticados no curso do mandato, mas apenas que, por tais 
crimes, não poderá ser responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na presidência. Da 
impossibilidade, segundo o art. 86, § 4º, de que, enquanto dure o mandato, tenha curso ou se instaure 
processo penal contra o presidente da República por crimes não funcionais” (HC 83.154, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 11-9-2003, Plenário, DJ 21-11-2003). 
O Presidente da República é imune a qualquer tipo de prisão processual, ou seja, a decretada antes 
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Há uma corrente doutrinária que sustenta a possibilidade de o Presidente sofrer prisão por sentença 
condenatória recorrível, com a qual não concordamos, já que o Supremo Tribunal Federal, quando julga 
o Presidente da República pela prática de crime comum, não possibilita duplo grau de jurisdição, ou seja, 
não há recurso para qualquer outro tribunal. 
A imunidade prisional do Presidente da República não é estendida para Governadores nem para 
Prefeitos Municipais, pois se trata de prerrogativa extraordinária garantida somente ao Presidente da 
República, na qualidade de Chefe de Estado: “Os Estados-membros não podem reproduzir em suas 
próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86, §§ 3. e 4., da Carta Federal, 
pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental – por serem unicamente 
compatíveis com a condição institucional de Chefe de Estado – são apenas extensíveis ao Presidente da 
República. Precedente: ADIn 978/PB, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello”. 
O Presidente da República possui imunidade processual, ou seja, só pode ser processado por crime 
comum ou de responsabilidade, após a admissibilidade da acusação pela Câmara dos Deputados, por 
um quórum de 2/3 de seus membros. Tal imunidade é estendida aos Governadores. No caso dos 
Ministros de Estado, a autorização da Câmara dos Deputados é necessária nos crimes comuns e de 
responsabilidade, conexos com os delitos da mesma natureza, imputados ao Presidente da República. 
O Prefeito não tem imunidade, apenas possui foro privilegiado no Tribunal competente. A competência 
do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum 
estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau, nos 
termos da Súmula 702 do STF. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. 
Interpretar uma norma significa buscar a vontade da lei, aquilo que quis disciplinar quando criada. 
 
1. Espécies 
1.1. Quanto ao sujeito que elabora: 
- Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Pode ser: 
a) contextual: feita pelo próprio texto interpretado; 
b) posterior: feita após a entrada em vigor da lei. 
- Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e doutores do Direito. Observação: as exposições 
de motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que não são leis. 
- Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais. 
 
1.2. Quanto aos meios empregados: 
- Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal das palavras. 
- Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro 
do ordenamento jurídico. 
 
 
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1.3. Quanto ao resultado: 
- Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e sua vontade. 
- Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais do que queria. 
- Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos do que queria. 
 
2. Interpretação da Norma Processual Penal 
A lei processual admite interpretação extensiva, pois não contém dispositivo versando sobre direito de 
punir. Exceções: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal (prisão em flagrante, por 
exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras de 
natureza mista. 
 
3. Formas de Procedimento Interpretativo 
- Equidade: correspondência ética e jurídica da circunscrição – norma ao caso concreto; 
- Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito; 
- Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos semelhantes. 
 
ANALOGIA 
 
Trata-se de forma de integração da lei (e não de “método de interpretação”, como erroneamente se 
pensa) que almeja a supressão de lacunas. Através deste instituto, aplica-se a fato não regido pela norma 
jurídica disposição legal aplicada a fato semelhante (“ubi eadem ratio, ubi idem ius”). 
Enquanto o direito penal veda a analogia “in malam partem” (isto é,

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