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Vinicius de Moraes

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Acadêmica: Nathalha Regina Cavalcante da Silva
Professora: Betânia Rocha 
Vinicius de Moraes
Poema “Operário em construção”
O poema Operário em construção foi escrito por Vinícius de Moraes em 1959 e pode ser compreendido como uma metáfora para a construção da consciência de um trabalhador. De modo geral, a obra de Vinícius tem traços da segunda e da terceira geração do Modernismo brasileiro, período em que os textos estavam fortemente impregnados de questões sociais e políticas. A primeira estrofe apresenta o operário por meio de uma comparação e uma metáfora que o identificam como trabalhador da construção civil sem consciência de sua importância social:
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Nos versos seguintes, as palavras liberdade e escravidão são associadas não como ideias opostas, mas sim como um paradoxo – figura de linguagem caracterizada pela associação de ideias contraditórias. Tal análise justifica-se, uma vez que o produto de seu trabalho deveria garantir liberdade ao operário; no entanto, isso não se concretiza conforme o texto progride até o seu final.
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Em contraste com a alienação inicial, o operário é tomado por uma súbita revelação e a tomada de consciência de que tudo à sua volta é fruto de seu trabalho: “[…] casa, cidade, nação! / Tudo o que existia/ era ele quem o fazia […]”. A partir desse ponto, o poema mostra como isso passa a interferir em seu dia a dia.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
[…]
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
O poema de Vinícius, como outros de sua geração, traz um importante questionamento acerca das condições trabalhistas. Os versos “O que um operário dizia/ outro operário escutava” representam as organizações sindicais. Por meio de metáforas, a estrofe abaixo promove uma reflexão sobre as desigualdades existentes entre as duas classes sociais presentes no texto:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
Os versos seguintes mostram a influência do operário sobre os outros empregados, até o momento em que é delatado pelos colegas (“Como era de se esperar/ As bocas da delação/ Começaram a dizer coisas/Aos ouvidos do patrão.”). Como resultado, o patrão ordena que o funcionário seja “convencido” a mudar suas convicções.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não
A epígrafe que abre o texto é extraída do evangelho de São Lucas (Sl 5, 5-8). Na passagem bíblica, Cristo é levado pelo Diabo ao alto de um monte e ali é desafiado a adorar seu opositor. O texto de Vinícius de Moraes retoma essa ideia por meio de uma estrofe em que o operário é desafiado a abandonar sua ética em troca de favores de seu patrão, após esse perceber que nem mesmo a violência o convenceria:
[…]
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
[…]
Nesse poema, a lógica das relações de trabalho é apresentada por meio de uma metonímia. Vinícius não nos fala de um patrão e um empregado específico, mas de duas classes sociais que vivem em lados opostos: “Via tudo que fazia /O lucro do seu patrão/ E em cada coisa que via / Misteriosamente havia/A marca de sua mão.” O trabalhador reluta e, ao dizer “Não!”, deixa explícito que sua liberdade de pensamento e sua ética são seus maiores bens.
VINICIUS DE MORAIS 
Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um poeta e compositor brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em parceria com Antônio Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira. Além de ter sido um dos mais famosos compositores da música popular brasileira e um dos fundadores, nos anos 50, do movimento musical Bossa Nova, foi um importante poeta da Segunda Fase do Modernismo. Foi também dramaturgo e diplomata. Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia. Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades musicais. Em 1928 começou a fazer as primeiras composições musicais.
Em 1929, Vinicius iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Em 1933, ano de sua formatura, publicou seu primeiro livro de poemas, O Caminho Para a Distância, onde reúne suas poesias. Não exerceu a advocacia. Trabalhou como representante do Ministério da Educação na censura cinematográfica, até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde cursou Literatura Inglesa na Universidade de Oxford. 
Trabalhou na BBC londrina até 1939. Em 1940, iniciou, no jornal “A Manhã”, a carreira jornalística, escrevendo uma coluna como crítico de cinema. Em 1943, Vinicius de Morais é aprovado no concurso para Diplomata. Vai para os Estados Unidos, onde assume o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Serviu sucessivamente em Paris, a partir de 1953, em Montevidéu a partir de 1959 e novamente em Paris, em 1963. Vinicius voltou definitivamente ao Brasil em 1964. Em 1968 foi aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.
Em 1956, Vinicius de Moraes publicou a peça teatral Orfeu da Conceição, levada ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A peça continha músicas de Vinicius e de Tom Jobim. Nesse mesmo ano, a peça foi levada para o cinema pelo francês Marcel Camus. O filme, intitulado Orfeu Negro, alcançou sucesso internacional, recebendo a Palma de Ouro, em Cannes e o Oscar de Melhor Filme estrangeiro, em Hollywood, no ano de 1959. De volta ao Brasil, Vinicius de Moraes dedica-se à poesia e à música popular brasileira. Fez parcerias musicais com Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Edu Lobo, Carlos Lyra e Chico Buarque.
Entre suas parcerias destacam-se as músicas: Garota de Ipanema, escrita em 1962 e musicada por Antônio Carlos Jobim, e no ano seguinte foi lançada a versão em inglês, Gente Humilde, Arrastão, A Rosa de Hiroshima, Berimbau, A Tonga da Mironga do Kaburetê, Canto de Ossanha, Insensatez, Eu Sei Que Vou Te Amar e Chega de Saudade. Em 1961, compõe Rancho das Flores, baseado no tema Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach. Com Edu Lobo, ganha o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira, com a música Arrastão. A parceria com o músico Toquinho foi considerada a mais produtiva. Rendeu músicas importantes como Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria Vai com as Outras, Morena Flor, A Rosa Desfolhada, Para Viver Um Grande Amor e Regra Três.
Vinicius participou de vários shows e gravações com cantores e compositores importantes como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Dorival Caymmi, Maria Creuza, Miúcha e Maria Bethânia. O Álbum Arca de Noé foi lançado em 1980 e teve vários intérpretes,cantando a música infantil. Esse Álbum originou um especial para a televisão. A produção poética de Vinicius de Morais foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Ao publicar sua Antologia Poética, em 1955, admitiu que sua obra poética se divide em duas fases: A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em "O Caminho para a Distância" (1933) e, termina com o poema, “Ariana, a Mulher” (1936).
A segunda fase, iniciada com “Cinco Elegias” (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril. “Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.” Ao englobar o “mundo material” em sua produção artística, Vinicius se inclina por uma lírica comprometida com o cotidiano, onde buscou os grandes dramas sociais do seu tempo. Os poemas “Rosa de Hiroshima” (1954) e “Operário em Construção” (1956), são exemplos desse engajamento social.
Várias experiências conjugais marcaram a vida de Vinicius, casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Suas esposas foram Beatriz Azevedo, Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última, Gilda Matoso. Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980, devido a problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.
Obra de Vinicius de Moraes
Poesia: O Caminho Para a Distância (1933)
Forma e Exegese (1935)
Ariana, a Mulher (1936)
Novos Poemas (1938)
Cinco Elegias (1943)
Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
Pátria Minha (1949)
Antologia Poética (1955)
Livro de Sonetos (1956)
O Mergulhador (1965)
A Arca de Noé (1970)
Teatro: Orfeu da Conceição (1954)
Cordélia e o Peregrino (1965)
Pobre Menina Rica (1962)
Prosa: O Amor dos Homens (1960)
Para Viver Um Grande Amor (1962)
Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)
ESTUDO DO POEMA
“OPERARIO EM CONSTRUÇÃO” – VINICIUS DE MORAIS 
1° Era ele que erguia casas A
E /RA /E /LE /QUE /ER / GUI /A /CA /SAS
2°Onde antes só havia chão. B
ON /DE /AN /TE S/SÓ /HÁ /VI /A /CHÃO
3° Como um pássaro sem asas A
CO /MO /UM /PÁS /AS /RO /SEM /A /SAS
4° Ele subia com as casas A
E /LE /SU/BI /A /COM /AS /CA /SAS
5° Que lhe brotavam da mão. B
QUE/ LHE/ BRO/ TA/ VAM/ DA/ MÃO
6° Mas tudo desconhecia C
MAS/ TU/ DO/ DES/ CO/ NHE/ CI/ A
7° De sua grande missão: C
DE/ SU/ A/ GRAN/ DE/ MIS/ SÃO
8° Não sabia, por exemplo D
NÃO/ AS/ BI/ A/ POR/ E/ XEM/ PLO
9° Que a casa de um homem é um templo D
QUE/ A/ CA/ SA/ DE/ UM/ HO/ MEM/ É/ UM/ TEM/ PLO
10° Um templo sem religião D
UM/ TEM/ PLO/ SEM/ RE/ LI/ GI/ ÃO
11° Como tampouco sabia E
CO/ MO/ TAM/ POU/ CO/ AS/ BI/ A
12° Que a casa que ele fazia E
QUE/ A/ CA/ AS/ QUE/ E/ LE/ FA/ ZI/ A
13° Sendo a sua liberdade F
SEM/ DO/ A/ SU/ A/ LI/ BER/ DA/ DE
14° Era a sua escravidão. F
E/ RA/ A/ SU/ A/ ES/ CRA/ VI/ DÃO
15° E um fato novo se viu 
E/ UM/ FA/ TO/ NO/ VO/ SE/ VI/ U
16° Que a todos admirava: G
QUE/ A/ TO/ DOS/ AD/ MI/ RA/ VA
17° O que o operário dizia 
O/ QUE/ O/ O/ PE/ RÁ/ RI/ O/ DI/ ZI/ A
18° Outro operário escutava. G
OU/ TRO/ O/ PE/ RÁ/ RIO/ ES/ CU/ TA/ VA
19° E foi assim que o operário H
E/ FOI/ AS/ SIM/ QUE/ O/ O/ PE/ RÁ/ RIO
20° Do edifício em construção H
DO/ E/ DI/ FI/ CIO/ EM/ CONS/ TRU/ ÇÃO
21° Que sempre dizia sim I
QUE/ SEM/ PRE/ DI/ ZI/ A/ SIM
22° Começou a dizer não. I
CO/ ME/ ÇOU/ A// DI/ ZER/ NÃO
23° E aprendeu a notar coisas J
E/ A/ PREN/ DEU/ A/ NO/ TAR/ COI/ SAS
24° A que não dava atenção: J
A/ QUE/ NÃO/ DA/ VA/ A/ TEM/ ÇÃO
Classificação dos versos quanto ao número de sílabas:
VERSOS HEPTASSÍLABO - 5°, 6°, 7°, 8°, 11°, 16°, 21°, 22° 
VERSOS OCTOSSÍLABO - 3°, 4°, 10°, 13° 23°, 24°
VERSOS ENEASSÍLABO - 1°, 2°, 12°, 14°, 15°, 17°, 18°, 19°, 20°
VERSOS HENDECASSÍLABO – 9°

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