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CISTOS DE DESENVOLVIMENTO - NÃO ODONTOGÊNICOS Cisto - Cavidade patológica revestida por tecido epitelial que pode conter em seu interior material líquido ou semi-sólido; Cistos da Região Bucomaxilofacial - Podem ser classificados quanto à origem, quando a patogênese do cisto está ligada a remanescentes de tecidos embrionários envolvidos na odontogênese, será classificado como cisto odontogênico, caso não esteja, será cisto não odontogênico. Ambos são lesões não neoplásicas e de crescimento lento. Patogênese Cística: Os restos epiteliais de tecidos embrionários ficam metabolicamente inativos, mas podem sofrer um estímulo de baixa intensidade, se for de alta, as células necrosam antes de dar início a um processo de proliferação. Com este processo proliferativo, tem-se uma expansão do tecido, na qual as células epiteliais centrais morrem por não receberem os substratos do tecido conjuntivo, formando assim um meio hipertônico neste espaço central, que acumulará líquido devido o gradiente de concentração gerado pelas células mortas. Logo após, o epitélio adjacente começa a passar por uma diferenciação (geralmente escamosa) e constitui-se as camadas de um cisto. De dentro pra fora o cisto é composto por: componente cístico líquido/material semi-sólido; epitélio e cápsula cística (tec. conjuntivo). O conteúdo cístico nem sempre aparece na lâmina, tem que ser mais proteinado para que possa ser corado. CISTOS DE DESENVOLVIMENTO - NÃO ODONTOGÊNICOS: Alguns cistos do desenvolvimento da região de cabeça e pescoço são considerados fissurais, pois acreditava-se que se originavam a partir de uma falha na fusão de processos embrionários, deixando ilhotas de células epiteliais que ficaram aprisionadas e dariam origem a cistos (Cisto palatino do recém-nascido). Contudo, esse conceito tem sido refutado em alguns cistos, pois a patogênese destes não são esclarecedoras. ● Cisto da rafe palatina/Cisto palatino do Recém-nascido/Pérolas de Epstein; ● Cisto do ducto nasopalatino; ● Cisto nasolabial; ● Cisto epidermóide/dermóide; ● Cisto linfoepitelial oral; Cisto da rafe palatina/Cisto palatino do Recém-nascido/Pérolas de Epstein: são pequenos cistos preenchidos por queratina, que se localizam no palato do RN. São os únicos fissurais. Essas lesões têm duas hipóteses de origem: 1. Fusão das cristas palatinas na linha média deixam ilhas de células epiteliais abaixo da superfície tecidual ao longo da rafe palatina, são chamadas de Pérolas de Epstein 2. As glândulas salivares menores do palato deixam remanescentes epiteliais embrionárias, podendo haver a formação de cistos que são chamados de Nódulos de Bohn OBS: Como ambas as lesões surgem na mesma região, fica difícil distinguir as hipóteses de origem. Contudo, comumente, as Pérolas de Epstein situam-se na linha mediana do palato e os Nódulos de Bohn espalhados por todo palato. Características Clínicas- Aparecem com uma frequência de 55% a 85% nos neonatos ● Pápulas brancas ou amareladas, de 1 a 3mm, observados em grupo de 2 a 6 cistos; ● Localizadas geralmente ao longo da linha média na junção do palato duro com o palato mole, pode ocorrer de se estabelecerem nas laterais, mais anterior ou posterior em relação à rafe palatina mediana. (NEVILLE, 2016) Características Histopatológicas, Tratamento e Prognóstico: ● Cistos preenchidos por queratina; ● Epitélio pavimentoso estratificado; ● Lesões inócuas, nenhum tratamento é necessário pois a regressão é espontânea = o epitélio degenera ou o cisto rompe, eliminando o conteúdo de queratina Cisto do ducto nasopalatino É o cisto não-odontogênico mais comum, o único cisto não-odontogênico capaz de se desenvolver em trajeto intra-ósseo. A sua possível origem está relacionada com as remanescentes do ducto nasopalatino, estas depositadas ao longo do canal incisivo. Características Clínicas e Radiográficas: Existe uma predileção por indivíduos do sexo masculino 3:1 e costumam aparecer entre a 4ª e 6ª década de vida, podendo aparecer em qualquer momento. ● Tumefação na região anterior do palato, drenagem e dor. A maioria dos casos são assintomáticos, descobertos em radiografias de rotina; ● Um cisto grande pode causar uma expansão flutuante; ● É possível que o cisto se desenvolva somente em tecido mole da papila incisiva, caso não haja envolvimento ósseo, pode ser chamado de cisto da papila incisiva; ● Radiograficamente, se observa lesões radiolúcidas bem circunscritas entre os ápices os incisivos centrais, geralmente não se observa reabsorção radicular. A lesão é oval/redonda com borda esclerótica (esta borda diz respeito à resistência óssea frente à expansão do cisto); ● Costuma aparecer em formato de pêra invertida nas radiografias, ou de coração caso a espinha nasal anterior se projete para dentro do cisto; ● Caso a cortical óssea esteja infiltrada, provavelmente é uma lesão em tecido mole. Se estiver somente expandida, é em tecido duro. (Cisto da papila incisiva/Neville,2016) Características Histopatológicas: Pode-se observar nervos, vasos sanguíneos e, com menos frequência, glândulas mucosas na parede do cisto (cápsula). Pode se apresentar em até 4 tipos de epitélio, depende muito da localização: ● Epitélio escamoso - 76% dos casos - perto da mucosa bucal; ● Epitélio respiratório - mais superior ao canal/próximo de estruturas nasais (Neville,2016) ● Epitélio cúbico simples; (Neville,2016) ● Epitélio colunar simples. OBS: Cápsula cística apresentando feixes nervosos, vasos sanguíneos e glândulas mucosas (Neville,2016) Tratamento e Prognóstico: O tratamento eleito é a enucleação cirúrgica, a recidiva dessa lesão é rara. Recomenda-se a biópsia. Cisto nasolabial/nasoalveolar/de Klestadt Cisto que surge em tecidos moles = na região de lábio superior, lateral à linha média. A patogênese é desconhecida, embora existam duas hipóteses: ● Remanescentes epiteliais aprisionadas ao longo da linha de fusão dos processos nasais lateral e mediano com o processo maxilar (teoria fissural); ● Deposição ectópica do epitélio do ducto nasolacrimal por conta da localização e semelhança histológica Características Clínicas e Radiográficas: Maior frequência em adultos entre a 4ª e 5ª década de vida, há uma predileção por mulheres (3:1). Apenas 10% do casos são bilaterais. ● Clinicamente, se apresenta como uma tumefação no lábio superior, lateralmente à linha média, causando uma elevação da asa do nariz e, algumas vezes, apagamento do fundo do vestíbulo (intraoralmente) e sulco nasolabial; ● Pode resultar em obstrução nasal e dificultar a instalação de próteses, por exemplo. ● Indolor, a menos que esteja infectada secundariamente; ● Cisto pode romper e drenar para cavidade oral ou nasal; ● Pode causar remodelação/inversão das paredes da fossa nasal por conta da força exercida pelo cisto (característica radiográfica importante) (Neville,2016) Características Histológicas: ● Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado - pode haver células caliciformes e ciliadas; ● Áreas de epitélio cúbico e metaplasia escamosa - comuns. ● A parede do cisto é formada por tecido conjuntivo fibroso com tecido muscular esquelético adjacente (Neville,2016) Tratamento - O tratamento eleito é a remoção cirúrgica intraoral, muitas vezes se remove um pouco da mucosa nasal por conta da proximidade com o assoalho nasal. A recidiva é rara. ● A marsupialização endoscópica converte o cisto em cavidade com ar e abertura para cavidade nasal Cisto Epidermóide/Dermoide São cistos provenientes do aprisionamento dos folhetos embrionários (tecido ectodérmico), revestidos por epitélio semelhante à epiderme. ● Epidermóide - revestido por epitélio semelhante à epiderme, sem anexos cutâneos; ● Dermóide - revestido por epitélio semelhante à epiderme, com anexos cutâneos (folículo, glândula etc); é considerado uma forma benigna do teratoma e cisto teratóide. Cistos disontogênicos - epidermóide, dermoide e teratóide Características Clínicas e Radiográficas: Mais frequentes em adultos jovens e crianças ● Mais frequentes na linhamédia do assoalho bucal. Abaixo do M. genio-hióide = tumefação submentoniana. Acima do M. genio-hióide = tumefação sublingual e deslocamento superior da língua, implica dificuldades na deglutição; ● Crescimento lento, indolor, tato borrachoide; ● Retém marca digital; ● Pode drenar para cavidade oral ou pele; ● Uso de radiografias de contraste, TC ou IRM podem ser úteis para delimitar a lesão (Neville,2016) Características Histopatológicas: ● Cistos dermóides são revestidos por epitélio pavimentoso estratificado ortoqueratinizado com camada granulosa proeminente; ● Na parede cística apresenta tecido conjuntivo fibroso + anexos cutâneos (glândulas sebáceas, folículos pilosos ou glândulas sudoríparas) (Neville,2016) Tratamento e Prognósticos: ● Remoção cirúrgica; ● Abaixo do M. genioglosso - acesso intraoral ● Acima do M. genioglosso - acesso extraoral ● Recidiva incomum; ● Raros relatos de evolução para lesão maligna Cisto Linfoepitelial Oral Lesão incomum que se desenvolve dentro do tecido linfóide oral - Anel de Waldeyer (composto pelas tonsilas linguais, tonsilas palatinas e adenóides faringianas. A patogênese está ligada à íntima relação do tecido linfóide com o epitélio de revestimento da mucosa oral, que dispõe de invaginações para o tecido tonsilar, criando bolsas cegas ou criptas tonsilares, as quais podem ser preenchidas com restos de queratina. Se as criptas forem obstruídas, forma-se o cisto, este dentro do tecido linfóide, abaixo da superfícies mucosa. Acontece também dos epitélios da mucosa e glândulas salivares ficarem aprisionados no tecido linfóide.durante a embriogênese, formando cistos Características Clínicas: ● Massa submucosa pequena < 1cm de diâmetro; ● Branco ou amarelo (contém queratina no seu interior) ● Indolor na maioria dos casos; ● Sem predileção de gênero, mais frequente em adultos jovens; ● Localiza-se comumente em assoalho de boca, superfície ventral e borda lateral de língua, tonsila palatina e palato mole (Neville,2016) Características Histopatológicas: ● Epitélio pavimentoso estratificado sem projeção para o conjuntivo. Paraqueratinizado com células epiteliais descamadas preenchendo a luz do cisto, pode haver célula mucosa. ● Tecido linfóide na parede cística - cápsula mais azulada/arroxeada (Neville,2016) Tratamento e Prognóstico: ● Excisão cirúrgica; ● Recidiva rara; ● Por ser inócua e assintomática, dispensa-se biópsia quando tem-se evidências clínicas suficientes
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