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Pancreatite Aguda - Pancreatite no pâncreas previamente saudável; - Processo inflamatório agudo do pâncreas com envolvimento variável de tecidos regionais (pseudocisto, abscesso, necrose da gordura retropancreática) ou sistemas orgânicos remotos. - Processo de retroalimentação entre liberação de enzimas pancreáticas, autólise do pâncreas que induz a mais liberação de enzimas. Causas - Litíase biliar (40-70%) – cálculo passa pelo colédoco, vai para a papila (causando hipertensão canalicular) e ultrapassa o duodeno em > 90% das vezes. Os riscos de cursar com pancreatite são maiores em cálculos < 5 mm de diâmetro. OBS! Se ele tiver cálculo impactado na papila, o paciente terá icterícia; - Alcoólica (25-35%) – grandes quantidades. Destilado > fermentado; - Hipertrigliceridemia – Triglicerídeos > 1000mg/dL. Qualquer fator de risco que corrobore em uma elevação súbita dos triglicerídeos (álcool, fármaco), pode precipitar; - Neoplasia; - Medicamentosas – por metabólito tóxico ou hipersensibilidade – especialmente azatioprina, 6-mercaptopurinas, sulfonamidas, estrogênios, tetraciclinas, ácido valproico, anti-virais usados em pacientes com HIV e ácido 5-aminossalicílico; - Doenças metabólicas: hipercalcemia, hiperparatireoidismo; - Idiopática. Tipos - Pancreatite intersticial edematosa; · Edema de pâncreas; · Líquido peripancreático; · Inflamação do tecido peripancreático. - Pancreatite necrotizante (necrose do tecido pancreático, tecido extrapancreático ou ambos) · Estéril ou Infectada (se houver bolhas de gás); · 5-10% dos casos; · TC precoce não identifica; · TC com contraste é o exame indicado para ver necrose – melhor delimitada após 5-7 dias. Fases - Aguda (< 1 semana) · Síndrome Inflamatória de Múltiplos Órgãos; - Insuficiência renal; - Insuficiência respiratória; - Choque. - Tardia (> 1 semana) · Pseudocistos; · Abscessos peripancreáticos. Classificação clínica - Leve – sem insuficiência orgânica ou complicação local; - Moderada – só complicação local ou insuficiência orgânica moderada; - Grave – insuficiência orgânica > 48 horas. Clínica - Dor em abdome superior, pode ser no HD direito ou esquerdo, ou epigástrica, pode irradiar para as costas e melhorar na posição de bruços ou prece maometana; - Intensidade e localização da dor não se correlacionam com gravidade; - Náuseas e vômitos; - Distensão abdominal por hipomotilidade gástrica e intestinal reativas à peritonite química; - Febre baixa, taquicardia e hipertensão são razoavelmente comuns; - Icterícia é rara e ocorre quando a cabeça do pâncreas edemaciada comprime o colédoco ou quando a etiologia é litíase biliar; - Há hipersensibilidade abdominal e rigidez muscular em graus variados; - Os ruídos intestinais costumam estar reduzidos ou ausentes; - Sinal de Cullen (coloração ao redor do umbigo) – reflete hemoperitônio; - Sinal de Fallen (coloração nos flancos) – catabolisto tecidual da hemoglobina pela pancreatite necrosante severa com hemorragia; - Formas graves – sinais de SIRS/sepse – taquicardia, taquipneia, instabilidade hemodinâmica, IRA, insuficiência respiratória. Laboratório - Amilase ou lipase isoladamente não sugerem diagnóstico; - Amilase é menos específica, 1/5 dos pacientes tem amilase normal – pode ser normal na pancreatite alcoólica e hipertrigliceridemia; - Amilase aumenta em algumas horas e cai de 3 a 5 dias – é eliminada na urina; - Lipase é mais específica e mantém-se elevada por mais tempo! - Leucocitose (15-20.000) é comum; - Hemoconcentração (hematócrito > 44%) pode significar perda importante de plasma no espaço retroperitoneal; - Azotemia com uréia sérica >45 é um fator de risco importante para mortalidade; - Hiperglicemia pode ocorrer por aumento do glucagon, diminuição da insulina e débito elevado de catecolaminas e glicocorticóides suprarrenais. Diagnóstico - mínimo 2 dos 3 seguintes critérios: - Quadro clínico de dor abdominal consistente com pancreatite aguda; - Amilase e/ou lipase ≥3 vezes o limite máximo superior de normalidade; - Achados característicos de imagem – TC é de escolha. Exames Complementares - Exames de sangue: · Provas inflamatórias: hemograma e PCR – elevação de leucócitos e PCR elevado na fase aguda. · Pesquisa de eletrólitos - Perda de Na e K no vômito; - Ur e CR – desidratação cursando com alterações da função renal; - Gasometria – distúrbios metabólicos. · Enzimas hepáticas – servem para avaliar prognóstico da pancreatite; · Enzimas pancreáticas; · Enzimas cardíacas e eletro – para diagnóstico diferencial com angina; · Exames de urina – para diagnóstico diferencial. - Exames de imagem · Raio X - Alça sentinela; - Dilatação do cólon à direita; - Derrame pleural à esquerda; - Aumento do arco duodenal · Ultrassom – pesquisa do cálculo biliar, avalia coleções; · TC com contraste - Nem todos precisam de TC; - Fazer nos pacientes que não melhoram após 48 horas; - Pedir após 5 a 7 dias para avaliar prognóstico. · Ressonância - Melhor na fase aguda; - Exame de escolha para coledocolitíase. · Ecoendoscopia - Melhor na fase aguda para coleções heterogêneas, microlitíase e lesões periampulares. · CPRE - Não utiliza para investigação; - Reservada para paciente com icterícia obstrutiva; - Fazer semanas após a fase aguda. Classificação de Gravidade - Critérios de Ranson - Classificação de Balthazar (imagem) · A – sem alteração; · B - Edema pancreático; · C – Edema peripancreático; · D- uma coleção peripancreática; · E – mais de uma coleção peripancreática ou bolhas de gás peripancreáticas. - Critérios de Atlanta · Pancreatite Aguda Leve - Ausência de falência orgânica; - Ausência de complicações locais. · Pancreatite Aguda Grave Moderada - Complicações locais e/ou sistêmicas; - Falência orgânica transitória (<48 horas). · Pancreatite Aguda Grave - Falência orgânica persistente >48 horas. OBS! Amilase e Lipase NÃO TEM VALOR PROGNÓSTICO! Pancreatite Aguda Leve - Resolve em poucos dias, com melhora significativa em 48 horas; - Reintrodução rápida da dieta; - Hospitalização curta alta na fase inicial; - Não necessita de exame de imagem específico para o pâncreas; - Mortalidade é baixa! - Prescrição · Jejum; · Hidratação; · IBP – para o ácido gástrico não irritar o duodeno e ativar o pâncreas; · Antiemético; · Analgesia. OBS! Evitar opioide, pois causa contração no esfíncter de Oddi. Pancreatite Aguda Grave - Jejum – uso de SNG; - Reposição volêmica; - Controle hidroeletrolítico; - Analgesia; - Suporte nutricional; - IBP; OBS! Evitar profilaxia pra TVP e ATB. Uso de ATB 1- Pancreatite Aguda Severa com instalação precoce; 2- Pancreatite necrótica > 50%. Tratamento cirúrgico - Exclusão de outras doenças – quadros abdominais graves e TC inconclusiva; - Outras doenças de apresentação simultânea; - Para retirada de Cálculos biliares após resolução da pancreatite, mas na mesma internação se pancreatite aguda leve; - Infecção da necrose pancreática (PAF, bolhas na TC); - Catástrofes abdominais; - Hemorragia digestiva sem causa aparente.
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