Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII Roteiro de observação clínica Observar como o pct chega a consulta – notar e descrever aspecto global – corpo, postura, vestimenta, acessório, porte e atitudes psicológicas IDENTIFICAÇÃO DO PCT • Nome: pct pode acreditar ser outra pessoa. Ex: delirium, esquizo, transtorno dissociativo após trauma emocional, simulação • Idade e data de nascimento: demência – diminui memória recente e preserva a antiga (+ fácil saber o ano que nasceu do que quantos anos tem) • Sexo, nacionalidade, estado civil, etnia, procedência, religião, profissão • Escolaridade: alteração cognitiva que significa retardo mental – baixa escolaridade e nível cultural podem confundir QP OU MOTIVO DA CONSULTA QP vem do pct. A queixa e o motivo podem ser distintos, sempre colocar os 2 na anamnese. Usando a terminologia do pct, fazer uma breve descrição sobre o problema atual para o qual ele busca ajuda profissional ou para o qual foi trazido por outros para TTO. Importante observar quem encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo. HDA Avaliar como a doença começou, se existiram fatores precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e impacto da doença sobre a vida da pessoa. • Episódio depressivo: sintomas 1 única vez • Depressão recorrente: já teve um episódio anterior e há recorrência – nesse caso, exemplificar tempo de TTO e de remissão até o momento • Crise maníaca: momento de rebeldia em determinado período da vida intercalado com períodos de normalidade. • Transtorno bipolar: período de mania com outro de hipomania. Considerar a descrição detalhada dos sintomas, a frequência, duração e flutuações dos mesmos. Observar a sequência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual. Descrever os TTO realizados – psicoterapia, fármacos (quais medicamentos, em que dose, quanto tempo, resultados), uso de drogas ou álcool. Disponibilidade do pct para buscar ajuda e qual a visão dele sobre seu problema. Sempre que possível, usar as palavras do pct, ilustrando seus sintomas com suas falas (pode usar o termo técnico e descrever depois como ele realmente relata) ANTECEDENTES PESSOAIS Hx pré-natal/nascimento: info sobre a gestação (consumo de drogas, álcool, cigarro), parto, condições do nascimento – peso, anóxia, icterícia, distúrbio metabólico Infância e desenvolvimento: importância ao 1º ano de vida – descrever condições de saúde, comportamentos e hábitos com relação ao sono, alimentação, aquisições de habilidades – incluindo desenvolvimento motor –, da linguagem e o controle dos esfíncteres; a vida escolar – idade de início de aprendizagem, ajustamento, temperamento, medos, relacionamento e interação social Adolescência: descrever interesses, aquisições quanto a vida escolar, profissionalização ou trabalho, interações e o relacionamento com familiares e colegas, sexualidade incluindo menarca, namoro, 1ª relação sexual, uso de drogas ou álcool. Observar atitude frente ao crescimento, sentimentos de isolamento ou depressão e manifestações de delinquência Idade adulta: descrever • Trabalho: tipo de atividade, evolução, interrupções, mudanças (instabilidade vínculos = instabilidade humor), nível de satisfação, dificuldades relativas à competência e aos relacionamentos. • Vida familiar e conjugal: relacionamentos anteriores, condições do casamento, características do cônjuge, separações, sexualidade, idade, sexo, condições físicas e psicológicas dos filhos • Sexualidade: experiências sexuais, dificuldades de relacionamento, contracepção, gestações e abortos • Relacionamentos: convivência social nas rotinas da vida, no lazer, na situação familiar, de vizinhança e de trabalho • Situação socioeconômica: condições de moradia, fontes de recursos, dificuldades financeiras, planos e projetos futuros. ANTECEDENTES FAMILIARES Informação sobre pais e irmãos – idade, sexo, nível educacional, atividade profissional, características de personalidade, problemas de saúde (destaque p/ mental) Hx de adoção, suicídio, violação da lei ou de padrões sociais. Observar ordem cronológica entre irmãos. Caso pais/irmãos falecidos, especificar a causa da morte e idade da ocasião Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII Ambiente familiar: nível de interação, padrões de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e destes entre si Religião, origem cultural, crenças, costumes, relacionamento com vizinhos, escola e trabalho. Nível socioeconômico e sua estabilidade, descrição do cotidiano da família REVISÃO DE SISTEMAS • Atenção a dados sugestivos de moléstias psicossomáticas, endocrinopatias, quadros comiciais (relativos à epilepsia) e demenciais EXAME FÍSICO • Exame neurológico: atentar a assimetria da força muscular nos membros, dos reflexos profundos e superficiais. Pesquisar diversas alterações sensitivas EXAMES SUBSIDIÁRIOS PERTINENTES Sugestão de quais exames seria interessante pedir no caso retratado. Ex: labs de sangue, urina e fezes, biópsia, avaliação do liquor, EEG, TC, RM EXAME PSÍQUICO OU DO ESTADO MENTAL • Consciência: lúcido ou extremamente alerta (drogas estimulantes, cocaína), ou algum grau de rebaixamento • Orientação: pessoal (quem sou e quantos anos tenho), tempo (dia ou noite, mês e ano), espaço (onde estou) • Atenção, memória, pensamento, humor, impulsividade, psicomotricidade, vontade, pragmatismo Súmula psiquiátrica: Resumo daquilo que de fato interessa sobre normalidade ou anormalidade encontrado durante todo o processo. Usa-se termos técnicos HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS DIAGNÓSTICO MULTIAXIAL EIXO I: nome da doença que pct tem – transtornos clínicos; outras condições que podem ser foco de atenção EIXO II: alterações mentais (variação da normalidade) que não são doenças • Transtornos do desenvolvimento • Retardo mental: abaixo da faixa de normalidade quanto a inteligência • Transtornos de personalidade: pct fora da média do funcionamento (jeito) das pessoas. Dentre eles estão o transtorno de personalidade antissocial (psicopatas) EIXO III: condições médicas gerais (DM, HAS, etc) EIXO IV: problemas psicossociais e ambientais EIXO V: escala de avaliação global de funcionamento (AGF) – quanto mais abaixo, mais grave o prejuízo ORIENTAÇÃO E CONDUTA TERAPÊUTICA DISCUSSÃO DO CASO CLÍNICO Fundamentado teoricamente REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Exame do estado mental Descrição da aparência, fala, ação e pensamentos do pct durante entrevista. Pesquisa sistemática de sinais e sintomas de alterações do funcionamento mental, durante a entrevista ü Atitude frente ao examinador ü Aparência ü Consciência ü Atenção ü Concentração ü Orientação ü Memória ü Pensamento ü Linguagem ü Juízo • Funções + afetadas nos transtornos psico-orgânicos: nível de consciência, atenção, orientação, memória, inteligência, linguagem • Funções + afetadas nos transtornos afetivos, neuróticos e da personalidade: atenção, afetividade, vontade, psicomotricidade, personalidade • Funções + afetada em transtornos psicóticos: sensopercepção, pensamento, juízo de realidade, vivência do eu, linguagem Ex: pct trajado e asseado adequadamente, vígil, gesticulando muito, inquieto; cooperativo, mas um tanto irritado com as perguntas, linguagem exaltada, por vezes prolixo; atenção espontânea e voluntária preservadas; orientado auto e alopsiquicamente, humor exaltado, afeto expandido; pensamento expansivo, mas sem alteração de curso; pragmatismo preservado, inteligênciasem rebaixamento; crítica parcial do estado mórbido. ASPECTOS DO PCT NA ENTREVISTA INICIAL Iniciar com descrição sobre o local onde a entrevista é realizada (UBS, consultório), o motivo pelo qual está sendo realizado (avaliação para internação hospitalar ou TTO ü Inteligência ü Julgamento ü Insight ü Humor ü Afeto ü Vontade ü Impulsividade ü Pragmatismo ü Psicomotricidade Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII ambulatorial, dx, consultoria), seguindo-se de impressões sobre o pct registradas pelo entrevistador CASOMI APeJuCoL (Consciência, Atenção, Sensopercepção, Orientação, Memória, Inteligência, Afetividade, Pensamento, Juízo crítico, Conduta, Linguagem) 1 APARÊNCIA • Tipo físico • Postura • Modo de andar • Modulações afetiva • Humor ou afeto predominante • Sinais ou deformidades físicas importantes • Roupa, penteado, corte de cabelo, unhas Postura encurvada e desleixo no modo de vestir podem sugerir afeto triste. Já roupas extravagantes e o excesso de adornos fazem pensar em mania ou características histéricas de personalidade Uma pessoa com doença crônica ou com depressão pode aparentar idade maior que a real, enquanto hipomaníacos, histriônicos ou hebefrênicos podem parecer mais jovens Pouco contato de olhar pode indicar vergonha, ansiedade ou dificuldade de relacionamento. É útil a obtenção de informação com familiares a respeito de mudanças em relação a aparência anterior da pessoa. Atitude psicomotora e comportamento: agitação psicomotora (rabiscar, balança pés, cruza e descruza pernas, roer unhas, enrolando o cabelo...); lentificação geral dos movimentos (fala e curso de pensamento – depressão). Sintomas catatônicos ou de agitação, movimentos esterotipados, maneirismos, negativismo, ecopraxia (imita mov. do outro), flexibilidade cérea (mantém posição desagradável por horas). Comunicação: qtd, velocidade e qualidade da fala – responsivo, loquaz, taciturno, prolixo, volúvel, não espontâneo. Verbalização rápida, lenta, tensa, hesitante, emotiva, monótona, forte, sussurrada, indistinta. Defeitos de fala como gagueira e tiques vocais, como ecolalia. 2 ATITUDE FRENTE AO EXAMINADOR Cooperativa, reservada, amigável, sedutora, hostil, bajuladora (agradar), irônica, defensiva, ambivalente. Realizar descrição sumária da parte do relato do pct que faz o médico pensar em tal atitude. 3 CONSCIÊNCIA Totalidade da experiência momentânea inserida na corrente contínua da vida psíquica. Reconhecimento da realidade externa ou de si mesmo em determinado momento, e capacidade de responder aos estímulos • MORAL (ético-religiosa): capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir responsabilidades, direitos e deveres concernentes a essa ética • PSICOLÓGICA: subjetiva; soma das experiências conscientes em certo momento (campo de consciência) • NEUROPSICOLÓGICA: estado de estar desperto, acordado, vigil, lúcido – nível de consciência. Essa é a que + importa no exame ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS Verticalidade da consciência (Glasgow) a. HIPERVIGILÂNCIA: ansioso, com hiperatividade autonômica e respostas aumentadas aos estímulos. Consequência ao uso de drogas (anfetamina, cocaína), abstinência (bdz) ou estresse pós-traumático b. LÚCIDO: funcionamento adequado da capacidade de atenção, memória, pensamento (compreende, refletir), orientação auto e alopsíquica (temporo-espacial) c. OBNUBILAÇÃO: rebaixamento leve a moderado. Sonolento ou parece desperto, com diminuição de clareza do sensório, lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Tende a cair no sono quando não estimulado; preciso falar alto ou tocá-lo para que responda. Ex: TCE, processo infeccioso agudo, efeito colateral de drogas/álcool d. SONOLÊNCIA: estado comportamental e fase fisiológica normal e necessária do organismo e. ESTUPOR/TORPOR: pct pode ser despertado apenas por estímulo enérgico, sobretudo doloroso. Sempre sonolento, incapaz de qualquer ação espontânea, podendo apresentar reações de defesa. Ex: esquizo (catatônico), intoxicações, doenças orgânicas, depressão profunda, reação epiléptica e histérica f. COMA: grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência. Pct não responde a estímulos internos ou externos – abolição completa da consciência DELIRIUM X DELÍRIO Delirium: sd confusional aguda – alteração de consciência com causa orgânica. • Rebaixamento leve/moderado, diminuição de atenção, dificuldade de concentração, desorientação temporoespacial • Fala incongruente, conteúdo absurdo e sem articulação lógica; perplexidade • Agitação ou lentificação psicomotora, ansiedade, ilusões e/ou alucinações quase sempre visuais, alterações de pensamento Delírio: sintoma (ideia delirante primária) – alteração do pensamento ou juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos. • Higiene pessoal • Gestos • Idade aparente • Expressão facial • Contato visual Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII ALTERAÇÕES QUALITATIVAS Horizontalidade (amplitude). Alteração parcial ou focal do campo da consciência – parte do campo está preservada e outra, alterada. a. Estados crepusculares: estreitamento transitório do campo, obnubilação com relativa conservação da atividade motora coordenada. Surge/desaparece abruptamente, de duração variável. Geralmente há amnésia lacunar para o episódio inteiro. Epilepsia, intox. álcool, pós-TCE, choques emocionais intensos. a. Ordenados e orientados: conduta aparenta normal, comportamento como algo automático e impulsivo, com elementos ilógicos b. Desordenados e desorientados: incoerência, desorientação, fragmentação da vida psíquica. Ex: sonambulismo, pavor noturno b. Dissociação da consciência: fragmentação ou divisão do campo de consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser. Ansiedade intensa, histeria (parte lúcida e outra não) c. Transe: “despersonalização”, se assemelha a “sonhar”, porém com atividade motora automática estereotipada acompanhada de suspensão parcial de movimentos voluntários. Contexto religioso, cultura, psicose. d. Estado hipnótico: polarização da consciência, que está reduzida e estreitada, e atenção concentrada, pode ser induzido por outros, com forte tendência afetiva A consciência demarca um campo, no qual pode se delimitar um foco, ou parte central + iluminada da consciência, e a margem/periferia menos iluminada, mais nebulosa. CONSCIÊNCIA DO EU OU AUTOCONSCIÊNCIA Consciência interna, subjetiva, exclusiva do ser humano. O hemisfério esquerdo é dominante. Leva a personalização. • Identidade do Eu: consciência de ser o mesmo na sucessão do tempo. Quem sou eu? Qual minha ID? • Unidade do Eu: o Eu como algo uno e indivisível • Atividade do Eu: consciência de que, em todas atividades psíquicas, é o próprio Eu que as realiza e presencia o Alteração de consciência de existência: o homem não sente sua existência. Ex: sinto-me como um nada o Alteração da consciência de execução: se sente possuído por um poder estranho, externo e inapreensível; pensamentos são feitos e impostos por alguém ou algo • Oposição Eu-mundo: percepção clara de separação entre Eu subjetivo e espaço exterior. Alteração: indivíduo sente que seu Eu se expande para o mundo exterior e não mais se diferencia desse 4 ATENÇÃO Direção da consciência, estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto; é a dimensão que designa a capacidade para manter o foco em uma atividade. Se aumenta a atenção, diminui a consciência (percepção de objetos ao redor). Há patologias em que o campo da atenção é extremamente reduzido,e o campo da consciência aumentado. Ex: mania não mantém foco persistente, mas presta atenção em muitos elementos ao mesmo tempo. Avaliado através da: • Vigilância: capacidade de mover o foco da atenção para outros estímulos externos. Pode estar aumentada (hipervigil), com prejuízo de atenção para outros estímulos; ou hipovigil (desatento em relação ao meio) • Tenacidade (concentração): capacidade de manter a atenção dirigida (focar em um estímulo) Se aumenta a vigilância, diminui a tenacidade. Pct maníaco ou com TDAH é hipervigil e hipotenaz. Esquizo pode ser hipertenaz e hipovigil. O TOC apresenta atenção ou vigilância excessiva e desregulada. No delirium e depressão, hipotenaz e hipovigil Concentração: capacidade de manter atenção voluntária em processos internos do pensamento ou em atividade mental. Para observá-la, pode-se pedir que se subtraia consecutivamente o nº 7 a partir de 100. Alterações: • Aprosexia: total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes os estímulos. Ex: coma • Hipoprosexia: diminuição global da atenção, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção de estímulos ambientais e a compreensão. Ex: quadro depressivo, TDAH, catatônico, esquizo, TOC • Hiperprosexia: atenção exacerbada. Foco vulnerável. Estado maníaco, uso de psicoativos... • Distração: superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com inibição de tudo o mais – hipertenacidade e hipovigilância • Distrabilidade: instabilidade e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade para fixar-se ou deter-se em qualquer coisa que implique esforço produtivo – hipotenacidade 5 ORIENTAÇÃO Capacidade de situar-se quanto a si próprio (autopsíquica: quem sou eu – confunde com a consciência do eu) e ao ambiente (alopsíquica – temporal e espacial). Integra ação, percepção e memória DESORIENTAÇÃO: principal característica de quadros orgânicos (delirium). Pode ser influenciada por alterações na atenção e consciência. Geralmente ocorre 1º em relação ao tempo, e ao agravar o transtorno, se desorienta quanto ao espaço e, finalmente, quanto a si. Tipos: Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII a. Por redução do nível de consciência (torporosa ou confusa): + comum. O rebaixamento altera a atenção, concentração e, como consequência, a percepção e retenção de estímulos ambientais. Isso impede que o pct apreenda a realidade de forma clara e precisa e, assim, integre a cronologia dos fatos. b. Por déficit de memória imediata e recente (amnéstica): não consegue reter informação ambiental básica em sua memória. Assim, perde noção do fluir do tempo, do deslocamento no espaço (desorientado em tempo e espaço). Típica da sd de Korsakoff (def. vit.B1), Alzheimer. c. Demencial: perda de memória de fixação e/ou déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e perda e desorganização global das funções cognitivas d. Apática ou abúlica: por falta de motivação e desinteresse, o pct muito deprimido não investe energia no mundo, não se atém aos estímulos ambientais e assim, torna-se desorientado e. Delirante: pct vivendo ideias muito intensas, crendo com convicção que estão habitando o lugar e/ou tempo de seus delírios. É comum a dupla orientação: a falsa coexiste com a correta, alternando na fala sequencialmente os dois tipos. f. Por déficit intelectual (oligofrênica): dificuldade em compreender o ambiente e reconhecer e interpretar convenções sociais a sua volta. Deficiência ou retardo leve a moderado g. Por dissociação (histérica): quadros histéricos graves, normalmente acompanhada de alterações de identidade e de consciência secundárias h. Por desagregação:, indivíduo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda sua atividade mental desorganizada, o que o impede de se orientar de forma adequada quanto ao ambiente e a si. Em psicóticos (ex. esquizo) em estado crônico e avançado 6 MEMÓRIA Composta de 3 fases ou elementos básicos: • Apreensão e fixação (registro): capacidade de notar. Estímulo à sistema sensorial à processada e armazenada. Relacionada com nível de consciência, atenção e interesse afetivo • Conservação/consolidação: retenção. Repetição ajuda consolidar • Evocação: consciente, busca da recordação. Esquecimento é a impossibilidade de evocar • Reconhecimento: imagem evocada e sua localização no tempo/espaço. Condições para rendimento da memória: atenção, sensopercepção, só se fixam dados de interesse, capacidade de notação, nível de consciência, subordinada ao estado emocional – afeto (instâncias catatímicas: orgulho, medo, angústia, proibido) São fixadas na memória situações que, quando ocorreram, provocaram emoções que foram significativas. Ao ser evocada, a lembrança pode trazer a emoção associada. Tipos de memória: • Fotográfica/automática: + fiel, reproduz exatamente o registro dos fatos, mesmo que a pessoa não os tenha compreendido • Lógica: recorda o significado essencial de experiências, sem sua reprodução fiel • Auditiva/visual: maior facilidade em reter o que vê e ouve • Declarativa ou verbal: fatos, eventos, nome de pessoas • Não declarativa: hábitos e capacidades motores, sensoriais ou sensório-motores. Ex: nadar, bike • Procedural: de habilidades, procedimentos • De trabalho: manter e manipular informações novas. Combinação de atenção e memória imediata. Ex: decorar nº de telefone. SUA ANÁLISE ENGLOBA • Memória sensorial: recebe informação de órgãos dos sentidos e retém por um breve período • Memória imediata: últimos 5min. É a capacidade de reter o material imediatamente após ser percebido. Depende da concentração, fatigabilidade e de certo treino. Pedir ao pct que repita uma sequência de nºs ou mencionar 3 objetos não relacionados e pedir para repetir imediatamente • Memória recente: engloba últimos dias e horas. o Curto prazo: 5-10min. Solicitar ao pct que guarde as 3 palavras e as repita em 5min o Longo prazo: >30min. Indaga-se ao pct sobre o que comeu no café da manhã ou janta, ou oque ele fez no último fim de semana. Córtex cerebral tempoparieto occipital Estruturas límbicas temporomediais (hipocampo, amigdala, córtex entorrinal): consolidação de registros e transferência de memórias de curto e médio prazo para longo prazo • Memória remota: desde os 1ºs anos de vida. Retenção permanente de informação selecionada. É feita em função do estado emocional e é mais facilmente evocada quando a pessoa está em situação semelhante a ocasião inicial. Solicita ao pct que fale de eventos importantes com a respectiva data no passado MEMÓRIA X ESQUECIMENTO 1. Esquecimento normal: desinteresse/desuso Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII 2. RECALQUE (Freud): certos conteúdos, emocionalmente insuportáveis, são banidos da consciência 3. REPRESSÃO (Freud): desagradável, conflito, podendo o sujeito, por esforço próprio, voltar a recordar conteúdos reprimidos – é um deslocamento para o inconsciente (mecanismo de defesa/proteção) – o reprimido continua ativo a partir do inconsciente LEI DE RIBOT: em lesão cerebral, tende a perder os conteúdos da memória (amnésia) na ordem e sentido inversos que os adquiriu: o mais recente ao antigo; o mais complexo e depois mais simples; conteúdos mais estranhos e mais neutros, e só depois mais familiares MEMÓRIA X INTELIGÊNCIA Memória põe o material mnêmico à disposição da inteligência, é uma função prévia à ela O inteligente tem memória bem desenvolvida, e o inverso não é verdadeiro ALTERAÇÃO QUANTITATIVAS HIPERMNÉSIA: pct exaltado – consegueacessar a memória muito rapidamente com mais especificidade, podendo haver um pouco de fantasia. Perde clareza e precisão. • Permanente: gênios, deficientes mentais leves, mania, intox. por substância • Ocasionais: estados pré-agônicos – situação de grande risco de vida (“passa um filme na cabeça”), estados hipnóticos, estados crepusculares histéricos AMNÉSIA OU HIPOMNÉSIA: perda de memória, seja a da capacidade de fixar ou de manter e evocar. 1. Psicogênica: perda de memória focal, que tem valor psicológico específico (afetivo, trauma). Reversíveis, início abrupto, globais, seletivas, lacunares, retrógradas, anterógradas 2. Orgânica: menos seletiva, perde-se primeiramente a capacidade de fixação (memória imediata e recente); avançando a doença, o indivíduo começa a perder conteúdos antigos. Evolução progressiva ou não • Anterógrada (fixação): não consegue fixar elementos a partir do evento que causou o dano cerebral. Incapaz de reter acontecimentos recentes – afeta memória de curto prazo, imediata e recente. Acompanha fabulação e desorientação. Há rebaixamento de consciência pelo prejuízo da memória. Raramente é psicogênica • Retrógrada (evocação): pct perde memória para fatos ocorridos antes do início da doença/trauma. Perda de dados já registrados, geralmente associada a anterógrada (retranterógrada) • Lacunar: falta de info sobre determinado período da vida. Pós-crise convulsiva, pós-ECT – pode ser orgânica ou psicogênica CAUSAS DE AMNÉSIA: TCE (tálamo, lobo temporal), tu. de 4º ventrículo e formação hipocampal, hemorragia subaracnoide, infecção intracraniana, anóxia, intox., ECT, doença degenerativa, déficit. vit.B, BDZ, Korsakoff = qualquer uma delas pode afetar a memória orgânica ALTERAÇÕES QUALITATIVAS OU DISMNÉSIA Deformação do processo de evocação de conteúdos já fixos • Paramnésia: alucinação de memória. Criações imaginativas com aparência de lembranças ou reminiscências, não correspondem a lembrança verdadeira (esquizo). Falsa memória • Alomnésia: ilusões de memória – distorções de recordação – acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro (interferência catatímica). • Confabulação: preenchimento de um vazio de memória (imaginação completa artificialmente), em demências – ex. pct em jejum diz que comeu tal coisa • Criptomnésia: lembranças aparecem como novo fato • Ecmnésia: recordação súbita, recapitulação intensa • Déjà-vu: “já ter visto”. Jamais-vu: “jamais visto” • Mentira patológica: pseudologia fantástica – impulso. Ele não sabe por que mente. • Lembranças obsessivas: surgimento espontâneo do passado que não pode ser repelido voluntariamente ALTERAÇÃO DE RECONHECIMENTO AGNOSIA: déficit de reconhecimento de estímulos sensoriais, objetos e fenômenos • Aperceptiva: lesão bilateral da área visual primária. Impossibilita o adequado reconhecimento visual de objetos • Associativa: reconhece, mas não associa conceitos 6 SENSOPERCEPÇÃO Função psíquica através da qual o indivíduo pode refletir a realidade objetiva (experiência comum, percebida e acessível aos demais) e através da qual a consciência é colocada em contato com o mundo externo • PSICOSE: patológico – experiência fora da realidade, construção única, subjetiva • NEUROSE: entendimento, importância de acontecimentos que geram um pct que reage a diferentes padrões de vida. Sensação: neuronal. Estímulo sobre campo sensorial, fenômeno físico, periférico, passivo e objetivo (externa). Sensação visceral e cenestésicas (nascidas no próprio Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII corpo, subjetivas, internas). Percepção: neuropsíquica – fenômeno psíquico central, complexo, ativo e subjetivo; tomada de consciência do estímulo sensorial – deve ser um fiel testemunho da realidade. Em pessoas normais, os dois ocorrem juntos. • O percebido não é a realidade, mas a perspectiva dela. Há muitas realidades objetiváveis, não percebidas sensorialmente • Sofre influência dos estados do eu: catatimia (deformação afetiva da realidade, influência do afeto) ü Cinestesia: experiência sensorial de movimento – terminações nervosas de mm., ossos, articulações ü Cenestesia: sensação visceral localizada (interno) ü Sinestesia: sensação sensorial múltipla SENSOPERCEPÇÃO X REPRESENTAÇÃO Objetos apresentam-se na consciência sob forma de sensopercepção ou representação. O conteúdo pode ser o mesmo, mas a qualidade formal possui ≠ importantes. PERCEPÇÃO REPRESENTAÇÃO Desenho determinado, com detalhes completos Desenho incompleto, com poucos detalhes Constante, estável Mutável esvoaçante Fidelidade sensorial, independe da vontade Depende da vontade e desejo Corporeidade, objetivo Imaginado, subjetivo Externo Interno ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS Intensidade das sensações (> ou < clareza da imagem) • Hiperpercepção: aumento exagerado da intensidade, vivacidade da imagem perceptiva. Intox. (ex. bala) • Hipopercepção: diminuição sensível e global da sensopercepção – depressão, catatonia, histeria • Hiperestesia: intensidade dolorosa em deprimidos e hipocondríacos, sons amplificados, cores mais intensas – ex. LSD, epilepsia, enxaqueca, mania, esquizo... • Hipoestesia: lesão, disfunção de receptores, vias ou centros cerebrais, ou em depressão, histeria • Anestesia: perda da sensação tátil. Histeria, depressão ALTERAÇÕES QUALITATIVAS 1 ILUSÕES: identificação enganosa de um objeto real (percepção deformada – objeto presente, mas mescla do real e irreal). Etiologia: limitação de órgão dos sentidos, alteração de consciência, falta de atenção, deformação catatímica, sensações simultâneas e monótonas. Pareidolia: ilusões provocadas (nuvens, rosto em coisas) 2 ALUCINAÇÕES: percepção clara e definida (voz, ruído, imagem com todas as características) sem objeto real. Tem claridade, intensidade e convicção. Tipos: o AUDITIVAS: ouvir ruídos (simples), sons e vozes que insultam e ameaçam (complexo), comandam, comentam sobre seus atos, dialogam, falam dele na 3ª pessoa, musicais; eco sonoro do pensamento, vozes dialogando, sonorização do pensamento, publicação do pensamento. Em esquizo, intox., abstinência, mania, depressão, dissociação o VISUAIS: ver pessoas, imagens, santos, animais (zoopsias), figuras humanas reduzidas (liliputianas), extracampinas, autoscopia (sair do corpo). Ex. delirium tremens (específico do alcoolismo – zoopsia), intox., abstinência, esquizo, delirium, corpos de Lewy o GUSTATIVAS/OLFATIVAS: podre, cadáver, fezes, vela, geralmente acompanhada de forte impacto emocional. Esquizo, epilepsia (auras), psicoses tóxicas o TÁTEIS: espetada, insetos (+ delírio de infestação – Sd de Ekbom); associado a delírios eróticos em esquizo, histeria, delirium tremens e psicose tóxica (cocaína) o CENESTÉSICAS (percepção dos órgãos internos), CINESTÉSICAS (referente ao movimento - D. Tremens; perna encolhe, braço levanta, corpo afunda...) o SINESTÉSICAS: fusão da experiência sensorial em órgão sensoriais distintos o ALUCINAÇÃO EXTRA-CAMPINA: fora do campo sensoperceptivo usual. Raro, associado a psicose • Alucinações hipnagógicas (ao adormecer) e hipnopômpicas (ao acordar) o Eidetismo 3 PSEUDOALUCINAÇÕES (alucinações psíquicas): aparece no espaço subjetivo interno, também tem clareza e vivacidade. Ex. presença de vozes dentro da cabeça (na alucinação real – as vozes vêm de fora) • Alterações da qualidade familiar do percebido: deja-vu, jamais-vu 4 ALUCINOSE (alucinação neurológica): verdadeiras percepções sem objeto, mas que são adequadamente criticadas pelo sujeito (sei que não é real). Sem ou mínima alteração de consciência. Álcool, tu., epilepsia 5 DESPERSONALIZAÇÃO:estranheza em relação a si, irrealidade/modificação/metamorfose e ilusões, e alucinações cenestésicas (percepção de modificação dentro do corpo). Abarca tanto o Eu psíquico quanto o Eu corporal – estranheza e perda de familiaridade do indivíduo com seu corpo. 6 DESREALIZAÇÃO: estranheza em relação a realidade externo – ambiente irreal, desconhecido, diferente 7 PENSAMENTO Processo que permite ao psiquismo (vida mental) assimilar, formular e manejar ideias, articulando-as em sequência, ao redor de um propósito, de modo a conduzir a formação de novas ideias (associação de ideias...) Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII O pensamento consiste na atividade de suceder ideias expressas através da linguagem. Possui 2 componentes Associativo: conecta as ideias de modo passivo. Tendência determinante: ordena ativamente de acordo com o interesse e necessidades Possui elemento construtivo (conceito, juízo, raciocínio), e dimensões do processo de pensar: Além de associar (curso), damos forma e expressamos um conteúdo 1. Pensamento mágico/derreístico: primitivo, criança, psicótico. Expressão de desejo, fantasia, medo. Fere o princípio da lógica, não respeita a realidade – a adapta à fantasia. Processo primário. 2. Pensamento lógico: adulto. Forma mais elaborada do pensamento humano, expressão da experiência. Respeita as noções de causa e efeito, tempo e espaço. Regido pelo princípio de realidade. Processo secundário. CURSO DO PENSAMENTO (COMO FLUI) AUMENTADO: aceleração do fluxo de ideias • Associações por som (rima, assonância) ou temas • Mudança de um tema para outro, incapacidade para concluir o raciocínio. Fuga de ideias • Mania, intoxicação (psicose por anfetamina, cocaína), ansiedade intensa. VELOCIDADE DIMINUÍDA: lentificação do pensamento • Depressão, esquizofrenia, neuroses, transtornos mentais (TM) orgânicos (delirium) • Lentificação extrema = monoideísmo, mutismo • Associações escassas – depressão, estupor Bloqueio (interceptação), roubo do pensamento – esquizo FORMA DO PENSAMENTO • Arborização: perda da direção, não conclui o raciocínio. Mania • Prolixidade: não distingue o principal/essencial do acessório. Perde-se no detalhes, não perde o tema • Perseveração: repetitivo, monótono, pobre ou repetição de palavras sem intencionalidade. Orgânico. • Inserção do pensamento: “alguém colocou outro pensamento na minha cabeça” – esquizo • Neologismo: condensação ou desintegração de conceitos, cria novas palavras. Esquizo, mania... • Sonorização do pensamento: escutam meus pensamentos – alucinação psíquica (psicótico) • Ambivalente: amo e odeio – significados ≠ sentidos ao mesmo tempo • Prevalente: supervalorizado afetivamente. Não necessariamente patológico. • Incoerente (confuso): quadros orgânicos – Delirium (mistura realidade, fantasia, estímulos externos) • Obsessivo ou anancástico: absurdo, reconheço que é absurdo mas não consigo me livrar dele, causa grande ansiedade. Geralmente só me livro dele após um ritual • Desagregação do pensamento: em esquizo – começa a perder a lógica = salada de palavras • Empobrecido • Concretismo: não distingue dimensão abstrata de concreta, não consegue entender/usar metáforas, o duplo sentido. Ex: deficiente mental, esquizo grave. CONTEÚDO DO PENSAMENTO Refere-se à temática do pensamento: • Culpa, pecado, ruína; hipocondríacos – deprimido? • Perseguição, controle – esquizo, mania • Influência, randeza, poder, riqueza (mania) • Religiosos – místicos • Sexual 8 LINGUAGEM Comunicação pelo uso de fonemas, palavras, língua, discurso, onde o pensamento se reflete: língua (conjunto de regras) + fala (motor) ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM • Mutismo (ausência de resposta verbal) • Discurso diminuído: menor velocidade de pensamento • Pobreza de discurso: deprimido, esquizo, retardado • Logorreia: “diarreia verbal” com taquifasia (produção aumentada e acelerada da linguagem) – maníaco • Pressão de discurso • Fuga de ideias • Ecolalia: repetição das últimas palavras de outro – fenômeno quase automático, involuntário • Esteriotipia: frases repetidas sempre da mesma forma • Mussitação: produção repetitiva de voz baixa, murmurada, sem significado. • Esquizofasia/jargonofasia (salada de palavras) – desagregação do pensamento, sem sentido • Neologismo • Coprolalia (G de Tourette): produção involuntária de palavras obscenas, vulgares. • Verbigeração: repetição estereotipada e s/ sentido • Sd Ganser: pct age como se possuísse alguma doença mental, quando, na realidade, não apresenta 9 JUÍZO Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII Capacidade de definir valores ou atributos que damos aos objetos. Expressa-se através do pensamento. Embora referenciais sejam pessoais, passa por consenso cultural ALTERAÇÕES DE JUÍZO DELÍRIO OU IDEIA DELIRANTE PRIMÁRIA Juízo falso (ex. acredito piamente que pessoas estão me seguindo), com convicção extrema, certeza subjetiva; que é irredutível pela argumentação lógica e possui conteúdo possível (ex. delírio de ciúmes). O delírio (alteração de pensamento) ou a alucinação (alteração nos 5 sentidos) são aspectos psicóticos. O verdadeiro delírio é fenômeno primário (esquizo), ligado a um processo, incompreensível, impenetrável, precedido por humor pré-delirante (suspeitas obscuras, pressentimentos, há algo no ar, diferente). TIPOS: sistematizados (ex. ciúmes, paranoia) ou frouxos (ora uma coisa, ora outra) • Compartilhado: folie-à-deux (sem referencial – duas pessoas isoladas, uma acredita na outra) • Incongruente ou congruente com humor (secundário) • Bizarro; Persecutório; Ciúmes/infidelidade • Niilístico: ruína, acabou, não tem solução – deprimido, esquizo • Paranoide: acredita que tudo tem a ver com ele • Somático: “tô com câncer” – mas não está • De referência: acredita ser alvo frequente de referências depreciativas/caluniosas • Autoacusação: de culpa – deprimido • Erotomania: uma pessoa maior (como presidente) está apaixonado por mim • De controle: pessoa não age com seu pensamento, é acredita ser “dirigido” por alguém DELIROIDE OU IDEIA DELIRANTE SECUNDÁRIA Normalmente vem depois de outra alteração da função psíquica (principalmente quando deprime ou tem rebaixamento de consciência). Quando um juízo falso de origina compreensivelmente de outras vivências – depressão. Pode ser psicótico (manifestação delirante, comportamento alterado ou alucinação) ou neurótico OUTRAS ALTERAÇÕES DE JUÍZO: • Representação delirante, • Cognição delirante, • Interpretação delirante: distorção radical na interpretação de fatos e vivências – geralmente respeita certa lógica • Intuição delirante: capta de forma imediata novo sentido nas coisas. Não interpreta ou conclui, nem busca provas sobre a verdade do delírio, só intui • Percepção delirante: se atribui a percepção normal real um significado novo, sem motivo compreensível – esquizo 10 CRÍTICA Capacidade de comparar juízos, buscar coerência, identificar incoerências. • Crítica exaltada: auto-acusação em deprimidos • Insuficiente: em oligofrênicos ou retardados • Ausente: em psicóticos • Juízo crítico: habilidade de julgar e dar valores a determinadas situações. 11 AFETIVIDADE Vida emocional – a função que mais se traduz sobre o corpo. Capacidade de experimentar emoções e sentimentos frente a estímulos e situações. Subjetiva, polar, não tem objeto, tem transcendência e comunicabilidade. Características 1. Estabilidade afetiva: necessário um estímulo para mudar sua inércia. Na instabilidade afetiva, pouco estímulo traz uma reação maior 2. Modulação afetiva: capacidade de gerar mudanças graduaise lentas. Labilidade afetiva (saltos), apatia, indiferença afetiva, embotamento afetivo (mais acentuado) 3. Tônus afetivo: intensidade da resposta afetiva maior ou menor 4. Ressonância afetiva: capacidade de responder adequadamente a um estímulo afetivo (paratimia não) 5. Coerência afetiva: ser capaz de responder com o mesmo estímulo. Ex: tristeza com tristeza 5 TIPOS DE VIVÊNCIAS AFETIVAS • AFETO: vivência subjetiva, imediata, sob forma de emoções e sentimentos, desencadeada por algo identificável. Ex: medo – conexão direta com o corpo • HUMOR (estado de ânimo): experiência subjetiva, constante, instalação lenta e progressiva. Não dependente dos estímulos. É o elo que consolida reciprocidade das relações sensíveis entre a psique e o soma. • EMOÇÃO: reação afetiva intenso, breve e circunscrito • SENTIMENTO: estado afetivo durável, mais atenuado, revestido de tonalidade intelectual e moral e de modo geral não acompanha manifestação somática • PAIXÃO: estado afetivo extremamente intenso que domina a atividade psíquica, captando e dirigindo a atenção e interesse do indivíduo em uma só direção TEMPERAMENTO: disposição inata, relacionada a constituição orgânica, invariável. A maneira de reagir e vivenciar de cada um frente ao mundo externo. Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII ESTRUTURAS ENVOLVIDAS COM A AFETIVIDADE: • Exteroceptores (5 sentidos) • Interoceptores (víscera e artérias) • Proprioceptores (mm. e tendões) • Sistema límbico (SNC: estrutura anatômica e funcional) Na consecução dos comportamentos afetivos, entram em jogo: m. estriado/voluntário, m. liso, glândulas de secreção interna e externa, e sistema nervoso autônomo. Afetividade varia conforme: cultura, oscilação circadiana, fatores climáticos, uso de substâncias, enfermidades somáticas, estados fisiológicos, sede, fome, cansaço, ciclo menstrual O estudo da vida afetiva evidencia a grande imprecisão dos limites entre fenômenos físicos e psíquicos, e o importante papel das correlações psicossomáticas ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA ANSIEDADE Sinal de perigo: ego aciona mecanismos de defesa e joga pro inconsciente, através do recalque (repressão). A função da ansiedade é avisar o ego do perigo 1. Ansiedade normal: ocorre em qualquer um. Sentimento difuso, desagradável e vago de apreensão, originada no conflito. Permite tomada de medidas de enfrentamento 2. Medo: sinal de alerta, resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida, não conflituosa 3. Pânico: temor extremo, ansiedade acentuada Ego funcionando adequadamente à equilíbrio adaptativo com o mundo interno e externo. Conflitos interpessoais ou intrapsíquicos intensos ou persistentes = ansiedade crônica. • Sintomas fisiológicos (palpitação, sudorese) • Sintomas psicológicos (sentir-se nervoso) • Efeitos sobre: pensamento, percepção, aprendizado, concentração, memória PERTURBAÇÕES DE AFETIVIDADE DISTIMIA: transtorno de humor. Como alteração patológica = humor não está em seu basal, ou é hipomodulado (hipotimia: tristeza profunda + inibição psicomotora) ou hipermodulado (hipertimia: aumenta intensidade e duração dos afetos; euforia, elação, ânimo elevado, exaltado, irritado) • Disforia: desconforto, mal estar, irratabilidade, mau- humor. Hipertímica (maníaco) e hipotímica ALTERAÇÕES AFETIVAS (EMOÇÃO, SENTIMENTO) • Anedonia: incapacidade de sentir prazer. Um dos 2 sintomas para dx da depressão • Apatia: diminui a excitabilidade emotiva e afetiva • Embotamento afetivo: perde o afeto, não sente nada • Labilidade afetiva: mudança rápida e sem motivo de humor, acompanhada de intensidade afetiva • Incontinência emocional: dificuldade em conter emoções (exagero) • Ambitimia (ambivalência afetiva): presença simultânea de sentimentos opostos. Amor e ódio... • Paratimia: inadequação do afeto, paradoxal – reage de forma incoerente com a situacao • Neotimia: sentimento novo – esquizo • Sentimento de falta de sentimento (Jaspers): sentimento torturante de que não se sente – depressão • Puerilismo: infantil na forma de expressar emoções • Indiferença afetiva: belle indefference. – não se mobiliza afetivamente. Ex: restrição importante na saúde ou vida do pct, como amputar o membro, e a reação deste é praticamente indiferente • Luto não patológico OU patológico • Depressão: afetividade patologicamente perturbada – mudança qualitativa • Melancolia: tipo de depressão mais grave, associada a ideias delirantes, piora no período da manhã, alterações no ciclo circadiana 12 INTELIGÊNCIA Capacidade de ajuizar, pensar, dar sentido ao essencial. É a totalidade das habilidades cognitivas do indivíduo. Capacidade de integrar o maior campo de informações de aquisição e utilização de conceitos e juízos, de adaptar-se a situações existenciais novas, de compreender o que sucede. Adaptar-se a novas situações mediante emprego dos meios ideativos. Utilização de meios para alcançar determinado fim • Não é característica unitária. Avaliada com base em grande nº de habilidades + ou – específicas à prática, teórica, para habilidades específicas • Depende de atenção, consciência, memória e linguagem, capacidade de aprendizado, meio social e cultural, interesse, fatores biológicos e congênitos • Pode ser submetida a testes e medições – WAIS (Wechler Adult Intelligence Scale) • Capacidade de abstração, compreender símbolos, metáforas, parábolas. ALTERAÇÕES COGNITIVAS • Superdotados • Deficientes mentais ou oligofrênicos: não patológicos, se adaptados • Retardo: desenvolvimento incompleto ou interrompido, com comprometimento do nível global de inteligência. Diminuição das aptidões cognitivas, de Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII linguagem, motora e social. Diminui a capacidade de adaptar-se a demandas diárias do ambiente social CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS a) Funcionamento intelectual significativamente inferior à média. QI ≤70 b) Déficit por prejuízos concomitantes no funcionamento adaptativo atual (efetividade em atender padrões esperados para sua idade e grupo cultural) em pelo menos 2 das seguintes áreas: a. Comunicação, habilidades acadêmicas b. Cuidados pessoais, independência c. Vida doméstica d. Habilidades sociais, interpessoais e. Uso de recursos comunitários f. Trabalho, lazer, saúde e segurança c) Início anterior aos 18 anos 12 PROSPECÇÃO Dá uma ideia de como o indivíduo se projeto para o futuro 13 PRAGMATISMO Mede o grau de eficácia/eficiência atingido pelas funções psíquicas em conjunto 14 CONAÇÃO (VONTADE, VOLIÇÃO) Consciência do arbítrio em oposição à excitação instintiva (Jaspers). É a disposição (energia) interior com o princípio de alcançar um objetivo consciente e determinado. Atividade psíquica de direcionamento para a ação; intensão, deliberação, decisão, execução = ato de vontade. Escolha/decisão define a vontade. Na ausência, instintivo ª Instinto: conjunto de comportamentos herdados de uma espécie. Função adaptativa ª Pulsão: + primitivo (psicanálise) elementos inatos biológicos e psicológico (pulsão de vida/morte) ª Desejo: anseio, apetite consciente ou inconsciente, visa algo (satisfação..). São móveis ª Necessidade: fixa, inata ª Inclinações: tendência a desejar, buscar. É duradouro, estável: afetivo e volitivo ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS • Hiperbulia: exagero da ação volitiva • Hipobulia: diminuição da capacidade volitiva • Abulia: perda total. Ex: estupor depressivo ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DISBULIAS ou PARABULIAS • Compulsões (realizar atos contra sua vontade) • Negativismo: tendência a reagir contra toda solicitação do mundo externo. Pode ser passivo (mutismo diante solicitação)ou ativo (reage ao contrário da ordem) • Sugestionabilidade: tendência a adotar qualquer solicitação externa. Ex: histéricos 15 IMPULSIVIDADE Energia vital, atividade primária e espontânea do psiquismo. É submetida a filtros conscientes e inconsciente, geralmente inibitórios = MORAL. • Impulsos primários, instinto natural e atos de vontade Ações impulsivas não são e não podem ser controladas. São atos isolados, súbitos, involuntários e desprovidos de finalidade • Hiperestênicos: pct impulsivo. Ex: maníaco compra algo sem ter dinheiro; pct com retardo mental... • Hipoestênico • Astênico: pouca impulsividade ATO IMPULSIVO: ausência de intensão, deliberação e decisão. Intolerância a frustração egosistônica (de dentro), associados a impulsos patológicos. ATO COMPULSIVO: reconhecimento como inadequado, tentativa de evitar, envolve ação motora, alívio ao realizar, associado a ideias obsessivas, desconforto subjetivo, egodistônico (não tem a ver com a pessoa, não me pertence mas não tenho controle, vem de fora) ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DE VONTADE DISBULIAS OU PARABOLIAS • Impulsos patológicos: ações psicomotoras (semi)automáticas, do tipo explosivo, fulminante, instantâneo, caracterizadas por subitaneidade e incoercibilidade. • Impulsos agressivos-destrutivos: o Contra objetos: frangofilia (impulso para estraçalhar roupas, móveis...) o Contra pessoas (inclusive a própria): impulsos suicidas e homicidas. • Cleptomania: impulsos para roubar coisas que não necessita, que não precisa. Há uma necessidade de apoderar-se daquilo. • Perversões: transtornos instintivos relacionados ao comportamento nutricional e sexual • Toxicofilias: alteração patológica do uso de substâncias (cigarro, maconha, álcool...) • Parafilias: transtornos da sexualidade • Dipsomania: substâncias líquidas TRANSTORNOS ALIMENTARES: Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII • Bulimia (impulso para comer), anorexia nervosa (distorção da imagem corporal) • Geofagia (comer terra), onicofagia (unha), coprofagia (fezes), objetos perigosos, tricotilomania (cabelo), dipsomania (álcool) TRANSTORNOS DE SEXUALIDADE (PARAFILIAS): • Fetichismo: paixão por parte do corpo • Exibicionismo: necessidade de se expor e espantar. • Pedofilia e gerontofilia (idoso) • Zoofilia, necrofilia • Voyeurismo (observar alguém se despindo ou no ato sexual, que não sabe que está sendo observada) • Frotterurismo: excitação sexual em se esfregar em pessoa que não consentiu com esse ato • Sadomasoquismo (provocar ou sentir dor relacionada a prazer), trasvestismo (vestir roupas do outro) TRANSTORNOS SEXUAIS DE IDENTIDADE DE GÊNERO (DSM-IV): • Disfunção sexual: perturbação do desejo, da excitação, do orgasmo, da resolução • Parafilias • Transtornos da identidade de gênero 16 PSICOMOTRICIDADE Capacidade de projetar modelo psíquico para ação, responsável pelos movimentos a serem realizados na tarefa – implica numa estrutura de movimentos. Todo evento psíquico termina em fenômeno motor • Neurologia: mecanismo motor. Psiquiatria: vida psíquica traduzida no motor • Fazem parte: atitudes, modos de se comportar, postura, produção verbal ALTERAÇÕES • Acinéticos • Hipocinéticos: lentificação, inibição psicomotora, flexibilidade cérea (posturas como estátua por horas), estupor, acinesia – deprimido, esquizo, maníaco (vida mental tão acelerada que não consegue exteriorizar) • Hipercinéticos (TDAH, maníacos): irritabilidade, inquietude, excitação, agitação • Repetitivos (esquizo): o Esteriotipia: repetição de movimentos complexos, constante, desprovido de finalidade o Tique: movimento de grupos musculares de maneira súbita e involuntária. Ex: Tourrete o Maneirismo: ação motora habitual do pct, não usual (postura, escrita, vestuário, expressões) • Associados a sugestão: ecopraxia (repetição imitativa de gestos e posturas); ecolalia, negativismo, obediência automática Classificação em psiquiatria A classificação mais adequada é a etiológica. Uma doença é 1º reconhecida sindromicamente. Os propósitos de classificação para dx psiquiátricos – distinguir um dx psiquiátrico de outro, ajudar o clínico a prescrever TTO + efetivo; criar linguagem comum entre profissionais; facilitar a pesquisa na área 2 principais classificações: DSM (manual dx e estatístico de transtornos mentais – associação americana de pesquisa) e CID (classificação internacional de doenças – OMS) • DSM-V foi projetado para corresponder a CID-11. • CID é + flexível, descrições + abertas das patologias, usado em todo mundo • DSM tem alta credibilidade, é a base para a CID. Ele seleciona, para cada área de interesse, especialistas que coordenam um grupo de pesquisa, realizam discussões e constroem em conjunto uma descrição detalhada de cada patologia. Características básicas: • Abordagem descritiva: ateórico • Critérios dx: lista de aspectos • Descrição sistemática: características associadas • Incertezas dx: regras para informações insuficientes DSM-IV-TR (AVALIAÇÃO MULTIAXIAL) EIXO I: distúrbios clínicos – transtornos de humor, ansiedade EIXO II: transtornos de personalidade e retardo mental. Uso habitual de determinado mecanismo de defesa pode ser indicado aqui. Condições perenes, que não mudam no cotidiano do indivíduo. Padrões de comportamento e vivências EIXO III: condição médica geral além do transtorno mental – asma, infecção EIXO IV: problema psicossociais e ambientais que contribuem significativamente para o desenvolvimento ou exacerbação do transtorno atual. ESCALA V: escala de avaliação global do funcionamento (0-100) o 1-10: perigo persistente de ferir gravemente a si mesmo ou a terceiros OU incapacidade constante de Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII manter a mínima higiene pessoal OU grave ato suicida com intenção clara o 100: funcionamento superior em uma ampla faixa de atividades; problemas nunca fora de controle; procurado por outros em vista de suas muitas qualidades + Relação médico-paciente 1 ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA X ENTREVISTA MÉDICAS-CIRÚRGICAS Objetivos técnicos da entrevista psiquiátrica: reconhecer determinantes psicológicos do comportamento e classificar os sintomas Mecanismos enfrentados: ansiedade, negação, depressão, barganha, culpa, regressão, isolamento, dependência, raiva, aceitação Estilos de entrevista: orientado ao insight (psicodinâmico) OU orientado para sintomas (descritivo – DSM-V) 2 TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA Transferência: pct atribui inconscientemente ao médico certos aspectos de relacionamentos que já vivenciou (ex. pais) Contratransferência é o inverso (verificação do que o médico sente). 3 INÍCIO E TÉCNICAS DE ENTREVISTA I. Empatia: Deixar o pct a vontade, identificar a dor e expressar a solidariedade; avaliar o insight dos pcts e tornar-se seu aliado; demonstrar conhecimento; estabelecer autoridade como médico e terapeuta; equilibrar papéis de ouvinte empático, especialista e autoridade II. Dicas iniciais: Ansiedade no 1º encontro; clareza nas identificações (quem é o entrevistador e quem é o pct?). Encaminhamentos corretos. Privacidade, silêncio e ausência de interrupções (RESPEITO) III. Conteúdo e processo: Conteúdo: o que é dito pelo médico e pct (temas, assuntos) Processo: ocorrer de forma não-verbal entre ambos (o que acontece “abaixo da superfície”). Envolve sentimento e reações não reconhecidas ou conscientes. Ex: doença do filho do vizinho morreu em 6 meses, será que eu também? IV. Técnicas específicas: Perguntas abertas no início e fechadas; reflexão; facilitação;silêncio; confrontação; clarificação; interpretação; interpretação; resumo; explicação; resumo; explicação; transição; auto revelação; reforço positivo; tranquilização; conselhos. V. Término: Espera-se que pct saia da entrevista sentindo-se compreendido e respeitado e acreditando que todas as informações pertinentes e importantes foram transmitidas para um ouvinte informado e empático • Chance para perguntas • Esclarecer próximos passos • Receitas: explicadas de forma clara e simples, certificando-se da compreensão do pct • Próxima consulta? QUESTÕES ESPECÍFICAS: sigilo, supervisão, consultas perdidas, duração das sessões, disponibilidade do médico, seguimento PACIENTES PROBLEMÁTICOS E SITUAÇÕES ESPECIAIS • Histriônicos • Dependentes • Exigentes • Queixosos que recusam ajuda • Manipuladores • Culturas e origens diversas Psicofármacos 1. O QUE É MIGRAÇÃO NEURONAL? O nº de neurônios atinge o seu máximo ± na 12ª semana de gestação. Nesse período tem início o processo de migração neuronal, no qual céls neuronais, orientados por céls da glia e mediado por diversas molécs de adesão, migram pra formam diferentes camadas corticais. As céls neuronais que nascem na zona ventricular migram radialmente, usando céls da glia como ancoragem e originando céls piramidais. As céls geradas na porção mais ventral, migram tangencialmente e originam interneurônios corticais. A sinaptogênses inicia por volta da 22ª semana gestacional. • Narcisistas • Desconfiados • Isolados • Obsessivos Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII Uma vez no córtex cerebral, cada neurônio precisa encontrar a posição adequada e estabelecer conexões sinápticas funcionais, caso contrário, será eliminado através da apoptose. Falhas em um desses elementos pode causar alterações no desenvolvimento, resultando em lesões mais ou menos focais, dependendo da extensão e do tipo de defeito. O processo de mielinização inicia no fim da gestação e prossegue até a vida adulta 2. DO QUE SE TRATA A HIPÓTESE DE ALTERAÇÕES DE NEURODESENVOLVIMENTO? EM QUAIS TRANSTORNOS SE ESTUDA ESSA HIPÓTESE COMO PROVÁVEL EXPLICAÇÃO ETIOLÓGICA? Falhas em qualquer um dos elementos que podem causar alterações do desenvolvimento. A hipótese de alterações do neurodesenvolvimento é estudada no autismo, TDAH, no transtorno bipolar e esquizofrenia. O indivíduo apresentaria um neurodesenvolvimento normal de início, mas seria submetido a um dano no período mais crítico do desenvolvimento (ex. trauma perinatal, infecção viral congênita, restrição proteica, dieta pobre), o que alteraria a citoarquitetura cerebral e promoveria maior vulnerabilidade à doença. Outro mecanismo seria o indivíduo já apresentar um desenvolvimento alterado desde o início, não aparente nos 1ºs anos e evidenciado durante a maturação por algum fator estressor. 3. CITE OS PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES E VIAS ENVOLVIDOS NA SINTOMATOLOGIA PSIQUIÁTRICA • DOPAMINA: as principais vias dopaminérgicas têm origem na área tegmentar ventral e substância negra, e se projetam para o córtex pré-frontal e frontal-basal, núcleo acumbens, núcleo estriado, tálamo, hipotálamo, amígdala e hipocampo. Essas vias estão relacionadas à regulação dos movimentos, sistema de recompensa, cognição, sintomas psicóticos e outros. • NORADRENALINA: vias noradrenérgicas se originam principalmente na área tegmental lateral, no tronco encefálico, e se projetam para os mesmos locais das vias dopaminérgicas, além do cerebelo e medula espinhal. Relacionadas com a regulação d humor, vigília, cognição e outros. • SEROTONINA: vias serotoninérgicas tem origem nos núcleos da rafe, no tronco encefálico, e se projetam para os mesmos locais das vias noradrenérgicas. Relacionadas com a regulação do humor, ansiedade, sono e dor. • ACETILCOLINA: via colinérgica – os circuitos têm origem no tronco encefálico, núcleo estriado, núcleo basal de Meynert, núcleo septal medial e banda diagnonal de Broca (presente no córtex frontal basal). Projeta-se para o córtex pré-frontal e frontal basal, hipotálamo, amígdala e hipocampo. Estão relacionados a cognição, principalmente a memória • HISTAMINA: projeções histaminérgicas tem origem no hipotálamo e se projetam para núcleos da base, para a região frontal, para amígdala, hipocampo, tálamo e medula espinal. Estão relacionados com o despertar, o estado de vigília e sono • GABA – off: principal neurotransmissor inibitório do SNC, presente na maioria dos circuitos • Glutamato – on: principal neurotransmissor excitatório presente no SNC 4. DE ACORDO COM O TEXTO, EXISTEM ALTERAÇÕES DE ESTRUTURA CEREBRAL PERCEPTÍVEIS EM EXAMES DE NEUROIMAGEM SOFISTICADOS? A hipótese de que os sintomas psiquiátricos ocorreriam como consequência das lesões de estruturas cerebrais relacionadas ao processamento emocional e cognitivo encontra subsídios em estudos com humanos, que têm demonstrado redução no volume cerebral em diferentes transtornos psiquiátricos. A busca de um substrato anatômico para os transtornos neuropsiquiátricos avançou bastante nas últimas 2 décadas, graças ao uso de técnicas mais precisas e refinadas de neuroimagem. As técnicas de ressonância magnética estrutural (RMe) e funcional (RMf), tomografia por emissão de fóton único (SPECT) ou emissão de pósitrons (PET) e imagem dos tensores de difusão (DTI) são ferramentas importantes para a compreensão da arquitetura e do funcionamento cerebral normal e patológico. As técnicas de neuroimagem estrutural (RNM e DTI), de uma maneira segura e não invasiva, permitem avaliar a integridade anatômica do cérebro como um todo e de estruturas específicas; o delineamento de histoarquitetura; a medida volumétrica de compartimentos (substância cinzenta, substância branca e liquor); e a avaliação microestrutural da substância branca e da integridade de tratos. Assim, a investigação de alterações neuroestruturais em doenças neuropsiquiátricas é uma das importantes linhas de pesquisa que têm por objetivo delimitar modelos fisiopatológicos para essas doenças. Em contrapartida, as técnicas de neuroimagem molecular (SPECT e PET) são um novo e prolífico paradigma de pesquisa em neurociências, permitindo medir in vivo proteínas cerebrais, como neurorreceptores, transportadores e enzimas. Pela junção entre a neurociência molecular e os estudos clínicos, a Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII neuroimagem molecular permite um maior entendimento da fisiopatologia das doenças neuropsiquiátricas e colabora com o desenvolvimento de métodos diagnósticos mais precisos e TTOs farmacológicos mais eficazes. Estudos utilizando técnicas de RMe têm evidenciado redução volumétrica do hipocampo, da amígdala e do giro para-hipocampal, particularmente à esquerda, em pacientes com esquizofrenia quando comparados a controles saudáveis. Outros estudos observaram que essas reduções poderiam estar correlacionadas à gravidade das manifestações psicopatológicas. Pesquisas usando a técnica de espectroscopia por RNM demonstraram menor concentração de N-acetil-aspartato, um marcador indireto de viabilidade neuronal, no córtex frontal e no hipocampo de pacientes esquizofrênicos. Da mesma forma, pesquisas utilizando a técnica de RNM observaram diminuição do volume de substância cinzenta no córtex pré-frontal, no hipocampo e na amígdala em pacientes com episódio depressivo em comparação com controles saudáveis, relacionando os achados ao tempo de doença, à gravidade e ao número de episódios5. DIFERENÇA DE SINAPSE ELÉTRICA DE QUÍMICA As sinapses podem ser tanto de natureza química quanto elétrica. Em uma sinapse elétrica, as células pré e pós- sinápticas são conectadas por canais iônicos, os quais permitem o fluxo direto de corrente de uma célula para a outra. Em uma sinapse química, a excitação da célula pré- sináptica leva à liberação de uma substância química, conhecida como neurotransmissor, na fenda sináptica. 6. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS APRESENTADAS POR UMA SUBSTÂNCIA PARA SER CONSIDERADA NEUROTRANSMISSOR? I- Deve ser sintetizada no neurônio pré-sináptico. II- Deve produzir uma resposta pós-sináptica. III- A aplicação exógena da substância ou de seus agonistas farmacológicos deve mimetizar os efeitos da transmissão sináptica. IV- Deve possuir sítios de ação definidos (proteínas receptoras). V- Deve possuir um mecanismo para terminação da sua ação. 7. O QUE SÃO MEDICAMENTOS NEUROLÉPTICOS São antipsicóticos que tem como funcionamento básico o antagonismo de receptores D2 direcionado à região mesolímbica, buscando reduzir o estado de hiperativação do sistema dopaminérgico associado aos estados psicóticos. Obs: Esquizofrenia – eixo dopaminérgico fica hiperestiulado (hiperestimulação dopaminérgica) 8. O QUE DIFERENCIA UM ANTIPSICÓTICO TÍPICO DE ATÍPICO? Os neurolépticos convencionais ou de primeira geração têm sua potência associada ao antagonismo de receptores D2 direcionado à região mesolímbica, buscando reduzir o estado de hiperativação do sistema dopaminérgico associado aos estados psicóticos média ou alta potência (haloperidol).Antipscóticos Atípicos (risperidona, quetiapina, ziprasidona e clozapina) atuam em diversos outros receptores, sem uma clara demonstração dessa característica nos efeitos clínicos dos fármacos. Contudo, o efeito antagonista dos receptores 5-HT2A parece ser o ponto determinante para diferenciar essa classe dos neurolépticos convencionais (atua mais em receptores serotoninérgicos – diminui a ansiedade, paciente consegue interagir mais) 9. CITE 5 ANTIPSICÓTIOCS TÍPICOS E 5 ATÍPICOS TÍPICOS: Clorpromazina; Haloperidol; Flufenazina; Benperidol; Triperidol ATÍPICOS: Clozapina; Olanzapina; Quetiapina; Risperidona; Ziprasidona 10. O QUE SÃO ESTABILIZADORES DE HUMOR? Um estabilizador de humor é um medicamento farmacêutico psiquiátrico usado para tratar distúrbios de humor caracterizados por quadros maníacos, mudanças de humor intensas e sustentadas, como transtorno bipolar tipo I ou tipo II e transtorno esquizoafetivo. Ex: Lítio 11. CITE AS PROVÁVEIS AÇÕES DO LÍTIO Foi o primeiro fármaco usado no tratamento de quadros maníacos, considerado um estabilizador do humor “padrão ouro”, com efeito terapêutico nos episódios depressivos bipolares e maníacos, além de ser profilático após a estabilização clínica do paciente. O lítio é um cátion monovalente que interfere nos sistemas intracelulares de segundos mensageiros. Exerce várias ações bioquímicas, como a inibição da liberação (dependente de cálcio) de certos neurotransmissores, o bloqueio da formação do fosfatidilinositol por meio da inibição da enzima inositol monofosfatase e a modificação das respostas mediadas pelos adenilato ciclase e AMPc. Interfere, assim, na transdução de sinais, na transcrição e na expressão gênica por meio da síntese de novas proteínas. Esses efeitos Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII teriam influência em vários aspectos do funcionamento neuronal e, provavelmente, seriam os responsáveis pela ação profilática do uso continuado do lítio nos transtornos bipolares do humor. O lítio é capaz de aumentar os níveis da proteína citoprotetora Bcl-2 em várias áreas do cérebro de roedores e em culturas de células humanas. Também consegue inibir a enzima GSK 3B, associada a vários processos responsáveis pela maturação e pela sobrevivência celular. Corroborando esses efeitos, o lítio, em concentrações terapêuticas, promove efeito citoprotetor em relação a vários tipos de agressão celular, como, por exemplo, aumento da atividade glutamatérgica, ativação de receptores NMDA, radiação e oclusão da artéria cerebral média. Além disso, promove neurogênese no hipocampo de roedores adultos. Para avaliar os efeitos neurotróficos no cérebro de humanos in vivo, estudos de neuroimagem avaliaram a presença de N-acetil-aspartato (NAA), um marcador da viabilidade e do funcionamento neuronal, em pacientes que receberam lítio. Após quatro semanas de uso da medicação, elevados níveis de NAA foram observados na substância negra do córtex de forma global. Esses achados indicam que uma das hipóteses da eficácia terapêutica do lítio é baseada em efeitos neurotróficos e citoprotetores. No entanto, precisam de maiores elucidações quanto aos mecanismos envolvidos e seus respectivos significados clínicos. PROF: Síntese de algumas proteínas cerebrais, age muito na membrana, corrige algumas questões de neurotransmissão, tem alguns efeitos que estão explicando neuropsiquiatricamente a etiologia de várias doenças. 12. MEDICAÇÕES QUE TRATAM SINTOMAS DE ANSIEDADE COSTUMAM ATUAR POR QUAIS VIAS? Fármacos com ação ansiolítica sem efeitos sedativos ou que causem amnésia e/ou dependência têm sido alvo de inúmeras pesquisas, como, por exemplo, fármacos agonistas do subtipo α2 de receptores GABA -A. Contudo, a vertente mais promissora no tratamento dos transtornos da ansiedade é baseada na utilização de fármacos que atuam na via serotonérgica, sobretudo os ISRSs. Essa indicação teve origem na observação de que antidepressivos tricíclicos eram eficazes em reduzir sintomas ansiosos. No entanto, a maneira pela qual a modulação serotonérgica causada por esses fármacos pode reduzir a ansiedade ainda é um enigma. Esforços têm sido realizados explorando fármacos que ajam em subtipos distintos de receptores serotonérgicos. Apesar dos escassos resultados, o antagonismo dos receptores 5-HT2A e 5-HT2C parecem ser alvos importantes para a compreensão desse efeito. O efeito ansiolítico de fármacos que atuam nesses receptores, como, por exemplo, a mirtazapina, a trazodona e os neurolépticos atípicos, corroboram esse achado R: receptores GABA e vias serotoninérgica 13. POR QUE O USO DE BDZ (Clonazepan, Midazolan) NO VEM CAINDO EM DESUSO NO TTO DE INSÔNIA? Os verdadeiros benzodiazepínicos, como o diazepam, o lorazepam, o clonazepam e o alprazolam, vêm caindo em desuso, devido aos efeitos colaterais (sonolência, dependência química e amnésia anterógrada) Atualmente: apenas emergência. Uso rônico de BDZ está associado ao quadro de demência – ataque ao hipocampo (memória recente fica prejudicada) 14. QUAIS AS PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA USO DE ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT) A princípio, o uso da ECT era destinado a psicoses decorrentes de esquizofrenia; contudo, com o passar do tempo, esse tratamento também foi indicado para outros transtornos psiquiátricos: ◦ Depressão maior unipolar e bipolar ◦ Mania, em especial episódios mistos e psicóticos ◦ Certas formas de esquizofrenia (sobretudo a forma catatônica) ◦ Sintomas de esquizofrenia de forma aguda e produtiva resistentes aos neurolépticos atuais ◦ Transtorno esquizoafetivo ◦ Certas condições mentais secundárias a condições clínicas (estados confusionais e catatônicos secundários a doenças tóxicas e metabólicas) ◦ Certas formas de doença de Parkinson ◦ Pacientes impossibilitados de usar a terapêutica psicofarmacológica Uma corrente elétrica passa no cérebro, existe uma estimulação não apenas para reavivar neurotransmissores,mas também novas vascularizações. Áreas cerebrais entrando em inutilização são “recriadas” 15. PROVÁVEL MECANISMO DE AÇÃO DO ECT Teorias biológicas: neurotransmissores, neurotróficos e neuroendócrinos A convulsão generalizada induz alterações fisiológicas que desenvolvem efeitos endógenos anticonvulsivantes e um aumento da transmissão de neurotransmissores inibitórios e de neuropeptídeos. Além disso, a ECT aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, a utilização de glicose e oxigênio e a permeabilidade da barreira hematencefálica. Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII PROF: epilepsia – focos de estimulação focal ou generalizada, focos entram em ativação muitas vezes, e como não são controlados, tem grande período de tempo (quase como o uso de uma droga), causam lesão. A ECT é uma convulsão sedada, programada, não tão intensa como um quadro de epilepsia (excesso de ativação), ocorre em uma frequência que não ocorre lesão (obs: pessoa não lembra muito bem dos acontecimentos próximos ao ECT) 16. O QUE SÃO ANTIDEPRESSIVOS Antidepressivos são fármacos que agem no sistema nervoso, tendo a função de normalizar o fluxo de neurotransmissores, como: noradrenalina, serotonina, acetilcolina, etc. São várias as classes de antidepressivos, sendo que cada uma age de um modo diferente nos receptores e neurotransmissores do SNC, podendo ter inúmeros efeitos benéficos e maléficos no organismo 17. QUAIS AS PRINCIPAIS CLASSES? Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS); tricíclicos e inibidores da MÃO 18. ANTIDEPRESSIVOS SÃO PRESCRITOS EM QUADROS DE ANSIEDADE? Sim. Em quadros de ansiedade associados a parkinson os antidepressivos são empregados com grande benefício para o paciente. O uso de antidepressivos no Transtorno de Pânico (TP), que é uma representação da ansiedade, também é bastante efeito, sendo usados ISRS, sugerindo-se que, aumentando a atividade serotonérgica no sistema nervoso central, ocorra um efeito secundário de desaceleração da atividade noradrenérgica, como diminuição dos sintomas cardiovasculares associados aos ataques de pânico. No que tange o Transtorno de ansiedade generalizado, o uso é predominantemente de benzodiazepínicos e barbitúrico devido a que a zona afetada são os receptores GABAa. No transtorno de estresse pós-traumático, acredita-se que o sistema serotonérgico esteja amplamente envolvido na manifestação de estresse e ansiedade, e respostas ao tratamento com ISRSs confirmam o envolvimento desse sistema na etiolopatologia do TEPT. No transtorno de ansiedade social, as principais classes de medicamentos utilizadas, com eficácia comprovada em ECRs controlados por placebo e com perfil favorável de efeitos adversos, são os ISRSs e os IRSNs. Os IMAOs e os Benzodiazepínicos também apresentam forte evidência de eficácia, mas não são considerados medicações de primeira escolha nos algoritmos de tratamento, em função do perfil pouco favorável de efeitos adversos e do risco de abuso e dependência, respectivamente. No que tange o Transtorno obsessivo compulsivo, apesar de a maioria dos pacientes com TOC manifestar um curso crônico, os ensaios clínicos com ISRSs e clomipramina, um antidepressivo tricíclico com ação predominantemente serotonérgica, mostraram uma superioridade desses agentes sobre o placebo. Em relação a antidepressivos com outros mecanismos de ação, a venlafaxina mostrou-se efetiva sobretudo em estudos comparativos com medicações ativas, e a mirtazapina foi efetiva em um estudo aberto, mostrando que o uso de antidepressivos é interessante para o tratamento do TOC. PROF: Em quadro de depressão há a disfunção de comunicação de neurônio pré e pós e diminuição do funcionamento serotoninérgico (falta de serotonina na fenda sináptica em alguns tipos), precisa de uma série de rearranjos (Ex: fluoxetina). Quando falamos em ansiedade, há um cérebro hiperestimulado pelo funcionamento inadequado da transmissão serotoninérgica (alguns neurônios estão mais outros menos, umas áreas funcionam mais e outras menos – funcionamento neuronal disfuncional). Medicações inibidoras da recaptação da serotonina precisam ser dadas em doses muito altas para ansiedade (as mesmas dadas em doses mais baixas para depressão). 19. COMO ATUAM OS INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA? ISRS atuam por meio do bloqueio dos receptores de serotonina (5-HT), permitindo que mais neurotransmissores fiquem disponíveis na fenda sináptica, o que potencializa a transmissão serotoninérgica. Essa classe é uma das mais prescritas dentre os antidepressivos, com melhor adesão, resultados e segurança. Um dos principais efeitos adversos é a interferência na libido, pela ação em receptores 5-HT2a PROF: Há uma proteína que recapta a serotonina e leva para dentro do neurônio novamente; essa proteína é inibida e a quantidade de serotonina na fenda é maior. Com o tempo o corpo aumenta mais a produção de serotonina. ANTIDEPRESSIVOS Aumenta disponibilidade de 5-HT, NE e DA (serotonina, noradrenalina e dopamina) através do bloqueio da recaptação deles no neurônio pré-sináptico ou, ainda, da Saúde Mental I | Emelly Erbs – MED XLVIII inibição da MÃO (enzima que inativa esses neurotransmissores) • Ao bloquear receptor 5-HT2, também funcionam como antienxaquecosos Divididos em 4 grupos: 1. Antidepressivos tricíclicos (ADT) 2. Inibidores seletivos de recaptação da 5-HT (ISRS) 3. Inibidores da MAO (IMAO) 4. Outros TRICÍCLICOS • Amitriptilina, Clomipramina, Imipramina (150- 300mg/d); Nortriptilina (50-150mg/d) Normalmente, resultados obtidos em 15-30d depois do início da utilização Potentes anticolinérgicos – por isso efeitos colaterais acentuados e logo no início do TTO: dificuldade de acomodação visual, xerostomia, constipação, aumento da FC, hipotensão postural, retenção urinária, disúria, diminuição da libido, retardamento do orgasmo; sedação inicial, sonolência, insônia, sd anticolinérgica central (idoso – agitação, confusão, delírio, alucinação); tremor fino, sudorese excessiva, ganho de peso... INDICAÇÃO: TTO de estados depressivos diversos. • Amitriptilina + indicada em casos de ansiedade associada a depressão, depressão com sinais vegetativos, dor neurogênica, anorexia, dor crônica grave. • Clomipramina + indicada em TOC e outros transtornos ansiosos. • Nortriptilina: + indicada para idosos pois tem menor efeito anticolinérgico Obs: solicitar sempre ecocardiograma e hemograma por risco de leucopenia e plaquetopenia. Introduzir a medicação em dose baixa e aumentar, progressivamente, até dose terapêutica CONTRAINDICAÇÃO: 1º trimestre de gestação, BRV, glaucoma de ângulo fechado, prostatismo e pós-IAM. Quando risco de suicídio, os tricíclicos são contraindicados pois possuem limiar de overdose baixo. Amitriptilina pode causar constipação, insônia e desordens alimentares, por isso, contraindicado em idosos. Substituir por nortriptilina ISRS • Citalopram (20-60mg/d), Fluoxetina (20-80mg/d), Paroxetina (20-40mg/d), Sertralina (50-200mg/d), Escitalopram (10-20mg/d) Fluoxetina: associado a alguns acasos de acatisia, especialmente quando dose muito alta – estimulação maior do SNC Paroxetina: + sedação, efeitos anticolinérgicos e extrapiramidais que outros ISRS; assim como abstinência com a supressão brusca do TTO INDICAÇÃO: TTO de transtornos depressivo, alimentar, pânico, fóbico-ansiosos; TOC; neuropatia diabética, dor de cabeça tensional crônica Boa escolha pra pct com comorbidade, principalmente CV, mas contraindicado
Compartilhar