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Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 1 CASO X – REGULAÇÃO DO PH → DEFINIÇÕES: ácido é toda substância que adiciona H+ aos fluidos corporais, enquanto álcali é toda substância que retira H+ dos fluidos corporais ❖ Sistema tampão HCO3- - BIC é um importante tampão para o LEC → Com [HCO3–] plasmática normal de 22 a 26 mEq/L e volume de 14 L (para indivíduo de 70 kg), o LEC pode potencialmente tamponar 350 mEq de H+ - O sistema tampão HCO3- difere de outros sistemas tampões do corpo (p. ex., fosfato) por ser regulado pelos pulmões e rins → os pulmões fazendo regulação da PCO2 e os rins fazendo a regulação do HCO3- Figura 1 A primeira reação é muito acelerada na presença da anidrase carbônica. A segunda acontece quase que instantaneamente - O pH e a [H+] variam quando a [HCO3–] ou a PCO2 é alterada. Teremos distúrbios metabólicos quando existe variação da [HCO3–]. Teremos distúrbios respiratórios quando existe variação da PCO2 ❖ Visão geral do balanço ácido-base - Nossa dieta contém muitos constituintes que podem ser ácidos ou álcalis, somando ao fato de que nosso metabolismo também produz esses compostos - Para manter o balanço ácido-base, o ácido deve ser excretado em equivalência à sua adição → Acidose: se a adição excede a excreção → Alcalose: se a excreção excede a adição - Os maiores constituintes da dieta são os carboidratos e as gorduras. Quando a perfusão do tecido é adequada → O2 disponível para os tecidos → insulina presente em níveis normais → carboidratos e gorduras são metabolizados em CO2 e H2O. Todo dia, 15 a 20 mol de CO2 são gerados por esse processo → grande quantidade de CO2 é efetivamente eliminada do corpo pelos pulmões → CO2, derivado do metabolismo, não causa impacto sobre o balanço ácido-base → chamado de ácido volátil → potencial de gerar H+ após sua hidratação com H2O → CO2 não derivado diretamente da hidratação com H2O → chamado ácido não volátil (p. ex., ácido lático) - O metabolismo celular de aminoácidos também representa impacto sobre o balanço ácido-base → resulta na produção de ácidos não voláteis - O metabolismo de certos ânions orgânicos (p. ex., citrato) resulta na produção de HCO3– que compensa em certo grau a produção de ácido não volátil → Cisteína e metionina (AA contendo enxofre) produzem como metabólito o ácido sulfúrico → Lisina, arginina e histidina produzem como metabólito o ácido clorídrico → Glutamato e aspartato produzem como metabólito HCO3- - De maneira geral, nos indivíduos ingerindo dieta proteica de carne, a produção de H+ excede a produção de HCO3- - Por fim, durante a digestão, algum HCO3– é normalmente perdido nas fezes. Essa perda é equivalente à adição de ácido não volátil para o corpo. Ácidos não voláteis não circulam pelo corpo, mas são neutralizados, imediatamente, pelo HCO3– no LEC - Esse processo de neutralização resulta nos sais de Na+ de ácidos fortes e remove o HCO3– no LEC → o HCO3– minimiza o efeito desses ácidos fortes sobre o pH do LEC. O LEC contém cerca de 350 mEq de HCO3–. Se esse HCO3– não for reposto, a produção diária de ácidos não voláteis depletaria o LEC de HCO3–, dentro de 5 dias. Para manter o balanço ácido-base, os rins devem repor o HCO3– perdido na neutralização dos ácidos não voláteis ❖ Excreção efetiva de ácido final pelos rins - Em condições normais, os rins excretam quantidade de ácido igual à produção de ácidos não voláteis → repõem o HCO3– que é perdido pela neutralização dos ácidos não voláteis → impedem a perda de HCO3– na urina - A reabsorção de HCO3– filtrado e a excreção de ácido são realizadas por meio da secreção de H+ pelo néfron. Assim, em um só dia, os néfrons devem secretar aproximadamente 4.390 mEq de H+ para o fluido tubular. A maior parte do H+ secretado serve para reabsorver a carga filtrada de HCO3–. Apenas 50 a 100 mEq de H+, quantidade equivalente à produção de ácidos não voláteis, é excretada na urina → resultado dessa excreção de ácido: a urina é normalmente ácida → HOMEOSTASIA ÁCIDO-BASE - Os rins não podem excretar urina mais ácida que pH 4,0 a 4,5. Mesmo no pH de 4,0, apenas 0,1 mEq/L de H+ pode ser excretado → para excretar ácido suficiente, os rins excretam H+ com tampões urinários, como o fosfato (Pi), amônio (NH4+) e a creatinina (mais fraco) → esses tampões urinários são chamados de ácidos tituláveis (método pelo qual esses ácidos são quantificados em laboratório) → excreção efetiva de ácido ➢ Reabsorção de HCO3- ao longo do néfron: Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 2 - Reabsorção no túbulo proximal: - A reabsorção na alça de henle espessa é muito parecida com o segmento proximal, com a diferença de que pode existir um simporte na membrana basolateral de K+-HCO3- - No final do túbulo distal e no ducto coletor vão existir as células intercaladas tipo A (secreção de H+) e tipo B (secreção de HCO3-) → Tipo A: H+ e o HCO3– são produzidos pela hidratação do CO2, catalisada pela AC. O H+ é secretado para o fluido tubular por dois mecanismos → H+-ATPase na membrana apical e acoplamento da secreção de H+ à reabsorção de K+, por uma H+,K+- ATPase. O HCO3– sai da célula, em troca pelo Cl– (via antiporte) e entra no sangue capilar peritubular → Tipo B: nessas células, a H+-ATPase está localizada na membrana basolateral, e o antiporte Cl-/HCO3– fica na membrana apical. A atividade da célula tipo B é aumentada durante a alcalose metabólica → rins devem excretar o excesso de HCO3– → na maioria das condições (p.ex., ingestão de dieta contendo carne), a secreção de H+ predomina nesses segmentos - OBS: a membrana apical das células do ducto coletor não é permeável ao H+ → o pH do fluido tubular pode ficar bastante ácido (local de maior acidez do fluido tubular). A capacidade do ducto coletor para diminuir o pH do fluido tubular é criticamente importante para a excreção dos ácidos tituláveis urinários e do NH4+ ➢ Regulação da secreção de H+: - O fator primário de regulação é a variação do balanço ácido- base sistêmico → acidose estimula secreção de H+ / alcalose inibe - A resposta dos rins às variações do balanço ácido-base inclui mudanças imediatas na atividade ou no número de transportadores na membrana (ou ambos) e mudanças a longo prazo na síntese dos transportadores → Acidose: tanto por ↓[HCO3-] no LEC ou por ↑PCO2 → pH das células do néfron diminui → estimula a secreção de H+ por vários mecanismos (depende do segmento do néfron). Primeiro: diminuição do pH intracelular criará gradiente para que o H+ deixe a célula em direção ao lúmen tubular. Segundo: diminuição do pH pode levar a alterações alostéricas nas proteínas de transporte (altera sua cinética) - A maioria dessas mudanças no transporte de H+ celular é mediada por hormônios → resposta renal à acidose → endotelina-1, produzida no túbulo proximal, exerce efeitos autócrinos e parácrinos → estimula a fosforilação e inserção do antiporte Na+- H+ na membrana apical e do Na+-3HCO3- na membrana basolateral; e cortisol, glicocorticoide produzido no córtex suprarrenal → efeito parecido com a endotelina-1 → Alcalose: tanto por ↑[HCO3-] ou por ↓PCO2 → pH das células do néfron aumenta → inibe a secreção de H+ → respostas contrárias em relação à acidose. Também vão existir outros fatores que interferem - Como a secreção de H+ pelo túbulo proximal e segmento ascendente espesso da alça de Henle é ligada à reabsorção de Na+, fatores que alteram a reabsorção de Na+ afetam secundariamente a secreção de H+ - Alterações do balanço do Na+ pelas variações do volume do LEC também têm impacto sobre a secreção de H+. Com a Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 3 contração do volume (balanço negativo de Na+), a secreção do H+ é aumentada → mecanismo da renina-angiotensina- aldosterona (aumenta reabsorção de Na+); mecanismo de alteração das forças de Starling (aumenta a reabsorçãototal – também de HCO3-) - Com a expansão do volume (balanço positivo do Na+), a secreção do Na+ é reduzida → níveis baixos da angiotensina II, de aldosterona e alterações nas forças de Starling peritubulares, reduzem a reabsorção total no túbulo proximal - O balanço de K+ influencia a secreção de H+ no túbulo proximal → hipocalcemia (acidificante) estimula e hipercalemia (alcalinizante) inibe ➢ Formação de novo HCO3- (o que sobra): - A reabsorção da carga filtrada do HCO3– é importante para maximizar a excreção de ácido, mas a reabsorção do HCO3– isolado repõe o HCO3– perdido, durante a neutralização de ácidos não voláteis produzidos pelo o metabolismo. Para manter o balanço ácido-base, os rins devem restabelecer o HCO3– perdido com novo HCO3–. A geração de novo HCO3– é reabilitada pela excreção de ácido titulável e pela síntese e excreção de NH4+ → Excreção de ácido titulável: devido à reabsorção do HCO3– pelo túbulo proximal e pela alça de Henle, o fluido que chega ao túbulo distal e ao ducto coletor contém pouco HCO3– → H+ secretado se combinará com os tampões não HCO3- (principalmente, Pi) e será excretado como ácido titulável. Como o H+ foi produzido na célula pela hidratação do CO2, também é produzido HCO3–. Este HCO3– retorna ao LEC como novo HCO3– → Produção e excreção de NH4+: o NH4+ é produzido nos rins pelo metabolismo da glutamina (ocorre nas células do túbulo proximal – amoniagênese). A formação de novo HCO3– por esse processo depende da capacidade dos rins para excretar o NH4+, na urina. O NH4+ atua no lugar do H+ no antiporte Na+- H+. Se o NH4+ não for excretado na urina, mas entrar na circulação sistêmica, ele é convertido em ureia pelo fígado. Esse processo de conversão gera H+ que é, então, tamponado pelo HCO3- → acaba consumindo o HCO3– e nega a formação do HCO3– por meio da síntese e da excreção do NH4+ pelos rins - Variação do pH do LEC, afeta o pH do LIC, altera o metabolismo da glutamina nas células do túbulo proximal - Os níveis de cortisol aumentam durante a acidose metabólica → o cortisol estimula a amoniagênese → estimulação das enzimas responsáveis pelo metabolismo da glutamina → níveis aumentados dessas enzimas, produção de NH4+ é aumentada, produção aumentada de novo HCO3- → HCO3- reabsorvido no LEC→ o metabolismo da glutamina é reduzido na alcalose - Tanto a angiotensina II como o PTH (aumentados na acidose) estimulam a amoniagênese enquanto esta é inibida pelas prostaglandinas → [K+] plasmática altera o pH intracelular, que pode controlar o metabolismo da glutamina → hipercalemia aumenta o pH intracelular (inibe a glutamina) → hipocalemia diminui o pH intracelular (estimula a glutamina) ❖ Resposta aos distúrbios ácido-base - Quando um distúrbio ácido-base se desenvolve, o corpo usa uma série de mecanismos para se defender contra a alteração do pH do LEC → não corrigem os distúrbios ácido-base, apenas minimizam as variações do pH impostas pelos distúrbios. A restauração do pH sanguíneo para seu valor normal requer a correção dos processos que produziram o distúrbio ácido-base ➢ Tampões extracelulares e intracelulares: - Primeira linha de defesa → adição de ácido ou álcali não volátil aos fluidos corporais são tamponados no LEC e LIC → No LEC: sistema tampão HCO3- é o principal. Quando o ácido não volátil é adicionado aos fluidos corporais (ou o álcali é perdido do corpo), HCO3– é consumido durante o processo de neutralização da carga de ácido, e a [HCO3–] no LEC é reduzida. Quando álcali não volátil é adicionado aos fluidos corporais (ou o ácido é perdido do corpo), H+ é consumido, o que causa mais HCO3– ser produzido pela dissociação do H2CO3 → [HCO3–] aumenta → No LIC: envolve o movimento de H+ para o interior das células (durante o tamponamento de ácido não volátil) ou o movimento do H+ para fora das células (durante o tamponamento do álcali não volátil) ➢ Compensação respiratória: Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 4 - A ventilação determina a PCO2 → ventilação aumentada diminui a PCO2; ventilação reduzida aumenta a PCO2 → os quimiorreceptores localizados no tronco cerebral (superfície ventral do bulbo) e periféricos (corpos carotídeos e aórticos) detectam as variações da PCO2 e da [H+] e alteram a ventilação no sentido apropriado ➢ Compensação renal: - Em resposta à alteração do pH do plasma e da PCO2, os rins fazem ajustes apropriados na excreção do HCO3– e efetiva de ácido. A resposta renal pode requerer diversos dias para se completar, porque leva horas a dias para aumentar a síntese e a atividade das enzimas do túbulo proximal, envolvidas na produção de NH4+ ❖ Desordens ácido-base simples - Em todos os distúrbios ácido-base, a resposta compensatória não corrige o distúrbio em questão, simplesmente reduz a amplitude da variação do pH. A correção do distúrbio ácido- base requer o tratamento dessa causa ➢ Acidose metabólica: - Pode se desenvolver por: Adição de ácidos não voláteis ao corpo → cetoacidose diabética Perda de base não volátil → perda de HCO3- na diarreia Falha renal em excretar acido suficiente para repor o HCO3- usado para neutralizar os ácidos não voláteis → acidose tubular renal, falência renal - A excreção renal de ácido é aumentada → eliminação de todo HCO3- do filtrado glomerular (reabsorção aumentada nos túbulos) e excreção aumentada do ácido titulável e de NH4+ (produção aumentada de novo HCO3-) ➢ Alcalose metabólica: - Pode se desenvolver por: Adição de base não volátil ao corpo → ingestão de antiácidos Contração do volume → hemorragia Perda de ácido não volátil → vômitos prolongados, perda de HCl gástrico - A resposta compensatória renal primária à alcalose metabólica é o de aumentar a excreção de HCO3–, reduzindo sua absorção ao longo do néfron. A excreção de ácido titulável e de NH4+ também é reduzida. Quando ocorre alcalose pela contração do volume do LEC (p. ex., vômitos no quais a perda de fluido ocorre com perda de H+), a excreção de HCO3– é diminuída. Em indivíduos com contração do volume do LEC, a excreção renal de HCO3– é aumentada, e a alcalose é corrigida apenas com a restauração da euvolemia ➢ Acidose respiratória: - Caracterizada por: ↑ PCO2 → troca diminuída de gás no alvéolo → depressão induzida por fármaco nos centros respiratórios; difusão diminuída de gás → edema pulmonar ↓ pH do LEC - Como contraste para os distúrbios metabólicos, o tamponamento para a acidose respiratória ocorre quase inteiramente no compartimento do LIC. O aumento da PCO2 e a diminuição do pH estimula tanto a reabsorção do HCO3–, pelo néfron, como a excreção de ácido titulável e de NH4+ (compensação renal) - Juntas, essas respostas aumentam a excreção de ácido e geram novo HCO3–. A resposta à compensação renal pode levar vários dias para ocorrer. Consequentemente, os distúrbios ácido-base respiratórios são comumente divididos em fases aguda e crônica ➢ Alcalose respiratória: - Caracterizada por: ↓ PCO2 → troca aumentada de gás nos pulmões, causada pelo aumenta da ventilação da estimulação dos centros respiratórios ↑ pH do LEC - O tamponamento primário também ocorre no LIC e a alcalose respiratória também tem gases aguda e crônica
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