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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Sp1 - Micro A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é distúrbio no eixo neuro- endócrino- reprodutor, associado a alteração morfológica ovariana e produção androgênica elevada. Sua prevalência varia entre 6 a 8% da população feminina durante o período reprodutivo. Deve-se salientar que a característica mais marcante nesta afecção é o hiperandrogenismo associado ao estado de anovulação crônica. • Na SOP ocorre alguns distúrbios endócrinos complexos como o Hiperandrogenismo representa o resultado f inal da invasão de androgênios biologicamente ativos na mulher. Esse estado pode ser consequência do incremento da produção glandular de androgênios (suprarrenais e/ou ovários), alteração do t ranspor te dos hormôn ios androgênicos (SHBG) para o sangue e dele para os tecidos e hiperatividade hormonal subsequente à maior sensibil idade local (hirsutismo idiopático). Deve-se, ainda, realçar que o emprego de fármacos com ação androgênica e/ou anabolizante pode também mimetizar o quadro de h i p e r a n d r o g e n i s m o c u tâ n e o (hirsutismo iatrogênico). • Ocorre anormalidades menstruais c o m o d i s t ú r b i o s e n d ó c r i n o s complexos, ovários policísticos com evolução crônica, anovulação crônica e diminuição de fertilidade. 1 Sindrome do ovário policístico (SOP) CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA A S O P é m u l t i f a t o r i a l o c o r r e desequilíbrio do eixo, dirtúrbios do hipotálamo e diminuição do GRNH. As alterações genéticas prejudicam o hipotálamo. Fatores que desencadeiam a SOP e pode ser consequências dela: • Resistência a insulina • Hipersecreção de LH • Hipersecreção de FSH • Produção aumentada de andrôgenios pela teca. • Aumento do fator de crescimento semelhante a insulina - 1 • Globulina ligadora de esteroides sexuais A etiopatogenia da síndrome ainda é muito debatida. Contudo, enquanto alguns investigadores acreditam que seja uma resposta inadequada do ovário aos hormônios secretados pela hipófise para estimular a ovulação, outros sugerem que a produção h i p o f i s á r i a i n a d e q u a d a d e gonadotrofinas seria o ponto crítico desta afecção. São encontrados níveis altos de LH e baixos de FSH em algumas mulheres, havendo relato de que muitas pacientes com SOP têm a relação LH/FSH superior a dois ou mais. Mais recentemente, muitos autores apontam para um distúrbio do metabolismo de carboidratos e n v o l v i d o n e s t a s í n d r o m e , pr incipalmente resistência a insulina. Este fato está apoiado na alta prevalência de hiperinsulinemia nas mulheres com SOP, atingindo cifras de aproximadamente 70%. • Fisiologicamente pode ocorrer os pulsos de GnRH de baixa amplitude e alta frequência no FSH. • E pulsos de GnRH de alta amplitude e baixa frequência LH. • Fase folicular: liberação de FSH • Faz pré-ovulatoria e ovulação: Pico de LH (aumento de LH) • Fase lútea: aumento do LH e FSH 2 Etiopatogenia Fisiopatologia CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Dentro da SOP existe um evento PATOGNOMÔNICO sendo um aumento da amplitude de pulso de GnRH e LH. O Hipotálamo estimula a hipófise a liberar FSH e LH que estão no ovário. Disturbios no hipotálamo: aumento da amplitude do pulso GnRH. C o n v e r t e t e s t o s t e r o n a p a r a estrogênio a enzima aromatase. O aumento do LH causa o aumento d o a n d r o g ê n i o c a u s a n d o HIPERANDROGENISMO. Colesterol é o substrato para fazer a r o m a t i z a ç ã o . Te n d o m u i t o colesterol porém poucas células para realizar aromatização, ocorre um desbalanço entre substrato e o meio. A quantidade do colesterol é maior que a capacidade da camada granulosa de fazer aromatização. Albumina globulina ligadora de hormônio sexual (SHB6) 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Esta secreção aumentada de LH leva à uma hiperatividade das células da teca q u e p r o d u z i r ã o q u a n t i d a d e s a u m e n t a d a s d e a n d r o g ê n i o s , predominantemente testosterona, sem a conversão proporc iona l deste androgênio em estradiol, dado o desbalanço entre as secreções de LH e F S H , o q u e e x p l i c a o hiperandrogenismo característico da doença. Portadoras de SOP apresentam mais frequentemente resistência a insulina e hiperinsulinemia compensatória independente da presença ou não de obesidade, sendo a resistência tanto para a ação da insulina no músculo estriado, quanto no tecido adiposo. Liberação de insulina no pancreas. O aumento da insulina circulante tem efe i to d i reto na produção de androgênios ovarianos, uma vez que esta possui ação sinérgica ao LH nas células da teca, estimulando a produção de androgênios. Além disso, a insulina também está envolvida na redução da produção da proteína carreadora de androgênios (Steroid Hormone Binding Globulin – SHBG) pelo fígado; estes dois efeitos somados aumentam a concentração de testosterona livre, ou seja, da fração ativa do hormônio. ANDRÓGENOS (LHR das células da teca) S H B G Testosterona livre • Na lâmina apresenta numerosos cistos foliculares, o FSH prolifera muito tendo folículos por muito tempo, ocorrendo um aumento do volume dos ovários. • Hipertecose estromal: estroma hipercelular e luteinização das células estromais (ninhos de células com citoplasma vacuolado). • Hiperplasia da teca 4 Morfologia CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Em 2003, a American Society for Reproductive Medicine (ASRM) e a E u r o p e a n S o c i e t y o f H u m a n Reproduct ion and Embr io logy (ESHRE) realizaram reunião para consenso, em Roterdã. Essa reunião resultou na proposta consensual de que o diagnóstico da SOP deve incluir pelo menos dois dos seguintes critérios: Consenso de Roterdã a) oligo-ovulação ou anovulação; oligomenorreia sendo ausência de menstruação por 90 dias ou mais, possui menos de nove ciclos menstruais em um ano. b) sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo, excluindo outras etiologias c) o v á r i o s p o l i c í s t i c o s a ultrassonografia • Hiperandrogenismo clínico: Hirsutismo ocorrendo pelos terminais (mais grossos) ACNE Pele oleosa 5 Diagnóstico CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Queda de cabelo apresentando alopecia androgênica. Virilização com clitoromegalia e alopecia androgênica. Pode apresentar também hipertrofia cardiaca • Possui a escala de Ferriman-Gallwey • Deve real izar a aval iação na quantificação de pelos em áreas androgênio-dependentes. • Pelos terminais: grandes, espessos, escuros, visíveis. • Em 2018 mudou a escala, na região oriental o score 4 já caracteriza para hirsutismo, devido nesta região a população possuir lanugem o pelo inicial mais fino presente. Em outras regiões manteve o score 6 para diagnóstico. Classificação: • Hirsutismo leve: 8 a 12 • Hirsutismo moderado: 13 a 18 • Hirsutismo severo: acima de 19 Os ovários policísticos podem ser avaliados nas ultrassonografias sendo de 20 ou mais folículos entre os diâmetros médio de 2 a 9 mm (mais neoplasia). O volume ovariano total é maior ou igual a 10 cm, em um ou ambos os ovários. 6 Diagnóstico Hirsutismo Ultrassonografia CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA P r o l a c t i n a e T S H ( d i s f u n ç ã o tireoidiano) causa oligomenorreia. Critérios de exclusão: • Hiperprolactinemia • Disfunções de tireoide • Hiperplasia adrenal congênita • Síndrome de Cushing • Tumores de ovários ou adrenal secretores de androgênios Disfunções do eixo hipotálamo- hipofisário: • Alterações do ciclo menstrual • Infertilidade • Galactorreia A hiperprolactinemia, que pode determinar também anovulação e, em alguns casos, amenorreia. Galactorreia pode ocorrer concomitantemente, diagnóstico que também deve ser pesquisado.Nas suprarrenais, depara- se com as hiperplasias congênitas (ou deficiência enzimática total) e os defeitos de síntese, de aparecimento tardio, bem como com os tumores funcionantes e a síndrome de Cushing. Inibidores de lactotrofos: • Dopamina e GABA • São neurotransmissores • Modula negativamente a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). 7 Sindrome dos ovários policísticos Hiperprolactemia CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA Sindrome ovário policístico (SOP): • Possui a resistência a insulina, deve ser realizado exame de sobrecarga de glicose. Consequências hiperprolactemia: • Podemos encontrar ciclos curtos t e n d o c o m o c o n s e q u ê n c i a insuficiência lútea • C i c l o s l o n g o s a p r e s e n t a n d o anovulação • Amenorreia • Baixa manutenção do corpo lúteo • G a l a c t o r r e i a ( p r o l a c t e m i a + estrogênio) Causas da hiperprolactemia: • Alterações do controle inibitório ou estimulatório da PRL ou ainda por alterações das células produtoras de PRL. • Prolactinomas tumor benigno de hipofise (adenomas lactotrófos). • Tumores produtores de hormônio do crescimento (GH) • Tumores produtores de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) • Lesões na hipófise • Idiopáticas • M e d i c a m e n t o s ( p r o l a c t i n a ) ; antidepressivos como tricíclicos; Inibidores da monoaminaoxidase (MAO); Inibidores de receptação da serotonina • Intolerância a glicose, morte das células β-pancreáticas. • Mudanças no perfil lipídico ↑ de triglicerídeos, ↑ de LDL, ↓ de HDL. • Aumento do risco de doenças cardiovasculares • Aumento do risco de sangramento disfuncional do endométr io , hiperplasia e carcinoma endometrial ↑ estrógenos. 8 Riscos da SOP CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA • A produção de estrogênio não para n a S O P, p o s s u i u m a r i s c o aumentado de desenvolver tumor do endométrio. Os transtornos metabólicos da SOP representam grande preocupação, principalmente quando o tratamento não foi feito durante a adolescente e a vida reprodutiva. Assim, a paciente com SOP tem risco a u m e n t a d o p a r a d o e n ç a cardiovascular. Na transição menopausal e na pós- menopausa, há tendência para aumento do risco de obesidade e mudança da distribuição gordurosa corporal, com tendência a prevalecer o acúmulo de gordura na região abdominal. As alterações da composição e da distribuição gordurosa corpórea na mulher climatérica estão relacionadas com a diminuição do estrogênio circulante e, também, com o aumento da relação androgênio/ estrogênio. Portanto, nas mulheres que apresentam obesidade acentuada, além de todas as r e c o m e n d a ç õ e s a n t e r i o r m e n t e mencionadas, pode-se empregar a terapia farmacológica para reduzir o peso. O combate a resistência insulínica é outro fato importante neste período. Salienta-se que mulheres com SOP e resistência periférica a insulina podem ter peso normal. A resistência insulínica caracteriza-se pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à ação da insulina, gerando importantes implicações metabólicas. Nas mulheres com SOP, provocaria deterioração da função das células beta do pâncreas, levando à intolerância à glicose. Contudo, nem sempre é fácil identificar a paciente com resistência insulínica. A exata natureza dos mecanismos implicados nas alterações lipoproteicas da síndrome de resistência insulínica não está totalmente esclarecida, porém a hiperinsulinemia tem papel central neste processo, visto que está implicada na modulação de enzimas-chaves do metabolismo lipídico. 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA As condições que cursam com hiperinsulinemia, em geral, estão associadas à chamada tríade lipídicas: • aumento moderado de triglicerídeos • redução do HDL colesterol • presença de níveis aumentados de LDL No adipócito, a resistência insulínica causa aumento na liberação de ácidos graxos livres, enquanto no fígado determina menor supressão na síntese de VLDL. O resultado desse processo é a liberação de um excesso de partículas d e V L D L g r a n d e s , r i c a s e m triglicerídeos, que, por sua vez, geram uma cascata de eventos de troca que culminam com a redução nos níveis de HDL. Outras alterações, como a redução da ação da lipoproteíno-lipase e aumento da ação da lipase hepática, são também necessárias para a completa expressão fenotípica da tríade lipídica, contribuindo tanto para a transformação de LDL em partículas de menor diâmetro e maior densidade como para a manutenção de um estado de lipemia pós-prandial, com a circulação de lipoproteínas remanescentes ricas em colesterol. O conceito de síndrome metabólica eng loba , po is , um es tado de anormalidades clínicas e laboratoriais, a s s o c i a d o a m a i o r r i s c o d e d e s e n v o l v i m e n t o d e d o e n ç a s cardiovasculares. O perfil lipídico clássico dessa síndrome se caracteriza por elevação dos triglicerídeos e elevação dos níveis de LDL, bem como redução do HDL- colesterol. Essas condições somam-se a o s d e m a i s c o m p o n e n t e s p a r a d e t e r m i n a r e l e v ação d o r i s c o cardiovascular e morte prematura nas mulheres com síndrome de ovários policísticos, obesidade, resistência insulínica e síndrome metabólica. Po r es tas razões , o adequado acompanhamento e aconselhamento das pacientes com SOP é fundamental para evitar as complicações e os eventuais riscos relacionados a essa síndrome. Além do risco cardiovascular, as mulheres com SOP também têm risco 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO MEDICINA aumentado de sangramento disfuncional do endométr io, bem como r isco aumentado para desenvolver hiperplasias e até o carcinoma endometrial. A associação entre PCOS e carcinoma endometrial já foi sugerido em 1949. Desde então, vários estudos mostraram evidências sobre este aspecto da síndrome dos ovários policísticos. O mecanismo não está totalmente esclarecido, mas muitos especialistas acreditam que a anovulação crônica com estimulação estrínica contínua do e n d o m é t r i o , s e m a p o s i ç ã o d a progesterona, seria o fator maior deste risco. E n t r e t a n t o , a o b e s i d a d e , a hiperinsulinemia e a hiperandrogenemia também participam na gênese da progressão das lesões proliferativas até o surgimento da neoplasia. Há ainda evidências de que os fatores de crescimento insul inóides também estariam envolvidos no maior risco de carcinoma endometrial. 11
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