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1 DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS CONCEITO: Obrigações divisíveis: são aquelas que permitem repartição do objeto entre os vários sujeitos, sem comprometimento da capacidade de utilização e/ou do valor econômico do bem. Obrigações indivisíveis: são aquelas que não permitem repartição do objeto entre os vários sujeitos. OBRIGAÇÕES MÚLTIPLAS: São Obrigações em que há pluralidade de sujeitos, ou seja, a relação poderá ter vários credores ou vários devedores, ou simultaneamente vários credores e vários devedores. Sempre que se fala de Obrigações Divisíveis e Indivisíveis é necessário estar tratando de Obrigações Múltiplas porque é isso que permite analisar o objeto em relação aos vários sujeitos. EXEMPLO DE OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL: Os 03 sujeitos são credores de R$ 3.000,00. A Obrigação aqui é Divisível, pois se pode repartir o objeto sem comprometer capacidade de utilização nem valor econômico. EXEMPLO DE OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL: A Obrigação aqui é Indivisível, pois não se pode mandar roda para um, volante para outro, porque naturalmente compromete a capacidade de utilização e valor econômico. A B C D 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 A B C D 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 O traço vermelho é porque a obrigação é distinta, ou seja, não se comunicam. A B C D 1/3 1/3 1/3 2 A primeira idéia sobre as Obrigações Divisíveis e Indivisíveis é analisar os sujeitos em relação ao objeto. EXEMPLOS E EXPLICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL: Obrigação1 Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Exemplo1 da Obrigação2: DIVISÍVEL Esses 03 devedores pegaram juntos, em um contrato só, R$ 3.000,00 com credor “A”. No vencimento da obrigação, quando o credor vier cobrar a dívida, ele procura o devedor “B”. O valor que “A” pode cobrar de “B”, mesmo a dívida sendo de R$ 3.000,00, é de R$ 1.000,00. Essa Obrigação é Divisível e por ela ser divisível divide-se o objeto entre os vários sujeitos presumindo iguais as quotas. Se não existir nenhuma estipulação no contrato, “B” deve 1/3, “C” deve 1/3 e “D” deve 1/3. No vencimento quando “A” vier cobrar de “B” ele vai cobrar R$ 1.000,00, de “C” será cobrado R$ 1.000,00 e de “D” R$ 1.000,00. A B C D 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 O traço vermelho é porque a obrigação é distinta, ou seja, não se comunica. *Iguais: Se refere às cotas *Distintas: Quanto à responsabilidade Obrigação2 3 Poderiam ser quotas distintas, mas elas precisam estar estipuladas no contrato. Se não existir nenhuma estipulação no contrato o legislador presume que sejam iguais as quotas. Se o credor “A” procura o devedor “B” e o devedor paga R$ 1.000,00, com isso a obrigação dele se extingue, pois houve cumprimento. “A” procura o “C” que também paga os R$ 1.000,00, para o “A” a obrigação de “C” em relação ao “A” também se extingue porque houve pagamento. “A” procurou “D” e “D” diz que não tem esses R$ 1.000,00 para pagar hoje e a obrigação não se extingue e “A” não poderá cobrar nem de “B” nem de “C” o restante da dívida, pois é uma obrigação divisível, sendo as quotas iguais e distintas, ou seja, é uma obrigação de “B” com “A” em R$ 1.000,00, uma obrigação de “C” com “A” em R$ 1.000,00 e uma obrigação de “D” com “A” em R$ 1.000,00. Se as obrigações são distintas quanto à responsabilidade, um sujeito não se comunica com as demais. O que é benéfico ou prejudicial a um não se transfere aos outros. O credor “A”, até esse momento, vai ficar no prejuízo dos R$ 1.000,00 de “D” e sem direito a cobrar de “B” e “C” esses R$ 1.000,00. Exemplo2 da Obrigação1: DIVISÍVEL Usando o mesmo raciocínio, mas aqui “A” procurou o “D” e o “D” voluntariamente pagou ao “A” R$ 3.000,00. O “A” recebeu os R$ 3.000,00 e deu recibo de quitação. Em razão desse pagamento de R$ 3.000,00 ocorreu que a obrigação se extingue de “D” em relação ao “A”. A relação de “B” com “A” e de “C” com “A” continuam em débito em relação a “A”. Mesmo “D” pagando os R$ 3.000,00 de dívida deve-se observar que a obrigação é distinta. Se a obrigação de “B” é distinta da de “C” e de “D”, “A” não poderia receber do que é de “B” e “C”. A conseqüência é que o “D” pagou mal. Quando o “B” e “C” vier cobrar dele não adianta ele apresentar o recibo e falar que ele pagou para o “A” os R$ 3.000,00, não adianta. Esse recibo só permite ao “D” tentar rever os R$ 2.000,00 que ele pagou a mais para o “A”, mas em relação a B” e “C” pagou mal, paga de novo. “D” tem que pagar R$ 1.000,00 para o “B” e R$ 1.000,00 para o “C”. Isso acontece por serem obrigações distintas quanto à responsabilidade. Um credor não pode receber em nome dos demais. R$ 3.000,00 O traço vermelho é porque a obrigação é distinta, ou seja, não se comunicam. A B C D 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 4 Essa é a base das Obrigações Divisíveis, pois essa divisão de quotas e responsabilidade que está no Art. 257 do Código Civil é o que a lei embasou num princípio que é denominado de “Concursu Parts Fiunt”. “CONCURSU PARTES FIUNT” Isso que dizer que o concurso de sujeitos se resolve por partes da obrigação. Ou seja, a responsabilidade de cada sujeito se restringe à sua quota. OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL: A segunda espécie são as Obrigações Indivisíveis e elas não permitem cumprimento fracionado. Elas terão que ser cumpridas sempre na totalidade, pois o fracionamento do objeto pode comprometer capacidade de utilização ou valor econômico. Elas sempre deverão ser cumpridas no todo. CAUSAS DA INDIVISIBILIDADE: A Lei diz que nós possuímos causas da indivisibilidade, ou seja, causas diversas que irão determinar que a obrigação é indivisível e estão tipificadas no artigo 258 do Código Civil. Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. 01. Indivísivel por sua natureza: Quando fala que a Obrigação é Indivisível por sua Natureza aqui se analisa a condição material do objeto, ou seja, estamos observando somente o objeto sob o seu aspecto material. Exemplos Indivisíveis: ¨ 03 credores de um automóvel ¨ 03 credores de uma obra de arte ¨ 03 credores de um apartamento ¨ 03 credores de um animal de raça não destinado ao corte Tudo isso pela natureza do objeto é indivisível. 02. Indivisível por motivo de ordem econômica: São causas legais que visam estabilizar a economia interna do País. É o caso do módulo rural. 03. Indivisível por Razão Determinante do Negócio Jurídico: É o acordo ou o contrato. O acordo de vontades pode tornar uma coisa materialmente divisível em algo indivisível. O exemplo mais clássico disso é o dinheiro. O dinheiro pela natureza é divisível, mas pode- se estipular no contrato que ele não seja pago em quotas, se isso for estipulado no contrato a obrigação a partir daquele momento se torna indivisível. Quem estipula a Razão de Indivisibilidade é o contrato do acordo de vontade dos sujeitos. Exemplo: 5 “B”, “C” e “D” fizeram um empréstimo de R$ 3.000,00 com um o credor A. Inicialmente, tem-se aí uma obrigação divisível. No entanto, estipularam no contrato que, no vencimento, o credor poderá cobrar a dívida de qualquer devedor. Assim, a obrigação torna-se divisível pelo acordo de vontades, que é o motivo determinante do negócio jurídico. DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL E INDIVISÍVEL : Nas Obrigações Divisíveis só poderá ter cumprimento por quotas, enquanto que na Indivisível só poderá ter cumprimento na totalidade. Situação: A Indivisibilidade de uma Obrigação se concentra no OBJETO. Isso não quer dizer que o bem tenhaque ser indivisível, mas que a obrigação deverá ser cumprida na sua totalidade. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Se numa relação se tem uma Obrigação Indivisível onde há a pluralidade de devedores, no vencimento, se qualquer um desses devedores vier a ser cobrado ele será cobrado na totalidade. B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 INDIVISÍVEL Anna Juliana Sandra Eliane R$ 3.000,00 INDIVISÍVEL 6 Exemplo: Se o credor “A”, no vencimento, resolveu cobrar a dívida de “B”. Quando ele cobra de “B” esse é obrigado a pagar R$ 3.000,00. Se ele vier a pagar os R$ 3.000,00 ele internamente não deve os R$ 3.000,00. “B” deve na relação interna R$ 1.000,00 e na relação externa ele deve R$ 3.000,00. Quando “B” paga ao credor toda a dívida ele tem o direito de cobrar R$ 1.000,00 de cada um, dos outros devedores, mas a lei diz que é pouco para ele esse direito de cobrança, por isso o legislador no § único do Artigo 259 diz: Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Quando o legislador está tratando do § único ele traz uma nova terminologia que é a SUB-ROGAÇÃO: É a transferência de direitos, ações, garantias e privilégios do credor primitivo para o novo credor, mediante pagamento da dívida. Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. OBS.: Só há sub-rogação se antes existir um pagamento, ou seja, não existe sub-rogação sem pagamento. Só há sub-rogação por enquanto nas Obrigações Indivisíveis. Por enquanto a gente vai taxar a afirmar categoricamente que a sub-rogação só se dá nas Indivisíveis, depois isso muda, mas por enquanto é assim para gente conseguir compreender. Quando se falar de sub-rogação significa que o sujeito ao pagar ele recebe a transferência de tudo aquilo que era contratual. B D A C R$ 3.000,00 INDIVISÍVEL 7 Exemplo: Existem 03 devedores (B, C e D) que possuem uma dívida com “A” de R$ 30.000,00 e foi dado como garantia um carro que é da propriedade só do “B”. “B” resolveu garantir dívida alheia com o seu patrimônio pessoal; e ele pode fazer. No vencimento da Obrigação, já que ela é Indivisível, chega o credor “A” e procura o “D” e cobra de “D” os R$ 30.000,00. “D” por sua vez pega os R$ 30.000,00 e entrega para “A”. A obrigação de “B” em relação ao “A” se extingue porque houve cumprimento. Com a obrigação de “B” e “C” em relação ao “A” também se extingue. Internamente o “B” pagou além do que seria a sua cota. A Lei vem e fala: ‘O “B” que pagou na Obrigação Indivisível a totalidade, ele se sub-roga nos direitos do credor’, ou seja, ao pagar, sai o credor “A” dessa situação e o “B” vai para o lugar dele. A situação agora ficou da seguinte maneira: B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 30.000,00 INDIVISÍVEL Patrimônio de “B” B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 30.000,00 INDIVISÍVEL Patrimônio de “B” A relação se extingue $$$ 8 “B” ficou sendo credor de “C” e de “C”. O valor contratual da dívida é R$ 30.000,00. Desses R$ 30.000,00, R$ 10.000,00 era de “B”, então agora que ele é credor de R$ 20.000,00 porque a cota dele foi abatida. “B” sendo credor procurou “C” para cobrar a dívida, pois o direito do credor “A” era R$ 30.000,00 na totalidade, pois para ele a obrigação era indivisível. Em razão da sua sub-rogação os direitos, garantias e privilégios de “A” se transferem ao “B”. O direito de “A” que foi transferido ao “B” é agora o direito de cobrar na totalidade. Se não existisse sub-rogação o “B” só poderia cobrar de “C” R$ 10.000,00, ou seja, a quota, mas como houve a sub-rogação o direito que era do credor primitivo se transfere ao novo credor. Digamos que “B” procurou o “C” e cobrou dele os R$ 20.000,00. A obrigação de “C” e “D” em relação ao “B” considerando que o “C” pagou os R$ 20.000,00 a obrigação se extingue. Em razão do “C” ter pago na totalidade a lei determina que ele se sub-roga. Sai o “B” e entra o “C”: A obrigação agora ficou entre “C” credor e “D” devedor. O objeto da obrigação agora será R$ 10.000,00 porque foi descontado o que era quota de “C”. Quando “C” cobrar ele cobrará a totalidade, pois a obrigação não é mais indivisível porque para ela ser indivisível é necessário que ela seja múltipla e agora ela não é mais múltipla. Ainda assim vai ser cobrado na totalidade porque é um único credor cobrando de um único devedor. “C” cobra os R$ 10.000,00 de “D” e o “D” diz que não tem dinheiro (devo não nego, pago quando puder). O “C” nesse caso não fica no prejuízo, ele pode pegar o carro porque esse bem foi uma garantia R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 B B C 1/3 1/3 1/3 R$ 30.000,00 INDIVISÍVEL Patrimônio de “B” $$$ A relação se extingue A D R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 B B C 1/3 1/3 1/3 R$ 30.000,00 INDIVISÍVEL Patrimônio de “B” $$$ A relação se extingue A D R$ 20.000,00 C 9 dada ao credor “A” que em razão da sub-rogação essa garantia foi transmitida ao “B” e que em razão dessa outra sub-rogação a garantia foi transmitida ao “C”, por isso “C” pode pegar o carro. Se não tivesse sub-rogação ele ficaria no prejuízo porque ele não poderia exigir o carro, mas por ter sub-rogação tudo que era direito, garantia e privilégio do credor primitivo vai se transferindo ao outro credor. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; (...) Comentário: Nesse artigo o legislador fala da falta de cumprimento das relações indivisíveis. Exemplo: Tendo 03 credores de uma Obrigação Indivisível, no vencimento, não importa quem vai cobrar se é o “A” ou o “B” ou o “C” , pois será cobrado sempre na totalidade. Art. 260. (...) mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; Não tem dinheiro R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 B B C 1/3 1/3 1/3 R$ 30.000,00 INDIVISÍVEL Patrimônio de “B” $$$ A relação se extingue A D R$ 20.000,00 C A B C D INDIVISÍVEL 10 Digamos que o objeto da obrigação seja um animal de raça. Um cavalo devidamente especificado no Contrato. “D” é Devedor e “A”, “B” e “C” são os 03 credores. O legislador trata no artigo 260 a forma de cumprimento na Obrigação Indivisível frente aos vários credores. Imaginando que “A”, “B” e “C” são 03 irmãos que adquiram esse único bem que era o cavalo. No vencimento a primeira opção de “D” de pagamento, segundo o legislador é: Pagar a todos conjuntamente, isso significa reunir os 03 credores e entregar o objeto da obrigação. Ao reunir os 03 credores o “D” tem direito a exigir quitação dos 03. É extremamente seguro pagar dessa forma, porque “D” terá um recibo assinado pelos 03 credores. A conseqüência é que ninguém pode reivindicar nada em relação ao “D”. Apesar dessa situação o legislador reconhece que reunir os 03 credores ou os vários credores num ato só para pagar dessa maneira, muitas vezes é impraticável. Já que nem sempre é possível pagar a todos de uma vez, ele tenta facilitar a vida desses credores e do devedor, por isso o inciso II do Art. 260 Art. 260. (...) II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Comentário: É possível que o devedor pague a um só credor, mas para que isso aconteça, este “um só credor” vai ter que ter Caução {garantia} de Ratificação dos demais credores. CAUÇÃO DE RATIFICAÇÃO: É um documento que garante autorização dos demais para que um só receba. Serve como garantia para o devedor, onde um só credor poderá receber em nome dos demais. Um só sujeito pode receber em nome dos demais, desde que ele esteja portando a autorização dos demais para receber em nome deles. Voltando ao exemplo: No vencimento,“D” que é o devedor que tem que entregar o objeto para os 03 credores acaba não conseguindo reunir os 03 credores num mesmo ato, nisso o credor “A” apareceu para receber. O credor tem direito de cobrar de “D” a dívida, nisso “D” tem que entregar para “A”, mas isso só poderá acontecer se “A” tiver a autorização dos demais. Se “A” não tiver a autorização dos demais e “D” entregar o objeto para “A” a conseqüência é que “D” pagou mal, ou seja, quem paga mal, paga de novo, podendo “B” e “C” cobrarem a dívida. A B C D INDIVISÍVEL R$ 3.000,00 11 Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Comentário: O artigo 261 está em consonância com o inciso II do Art. 260. Se por exemplo: “D” entrega R$ 3.000,00, na totalidade, para o credor “A” mediante Caução de Ratificação. Se “A” recebe a obrigação se extingue frente aos 03 credores, pois houve pagamento. “D” agora não tem nada a ver com a relação dos 03 credores. Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Comentário: Uma ação se resolve em perdas e danos quando há perecimento do objeto por culpa do devedor. A ação perde sua qualidade de indivisível porque a indivisibilidade se concentra no objeto. Se acabar o objeto, acaba a indivisibilidade da obrigação. Se o objeto perecer com culpa não há o que se falar mais em Obrigação Indivisível. O objeto perecido com culpa se converte em: Equivalente + Perdas e Dados. O Equivalente, Perdas e Danos serão pagos por quotas e não mais na totalidade, pois a Obrigação deixou de ser indivisível quando pereceu o objeto. Se perder o objeto, com culpa ou sem culpa não há o que se falar mais em indivisibilidade na obrigação. Caução de Ratificação de “B” e “C” para “A” 1/3 A B C D 1/3 1/3 INDIVISÍVEL R$ 3.000,00 B D A C 1/3 1/3 1/3 R$ 3.000,00 INDIVISÍVEL $ + P.D Equivalência mais perdas e danos Perecimento por culpa 12 Art. 263. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. Se os 03 devedores pegarem um cavalo que é objeto da obrigação e o colocarem num estábulo comum aos 03 e não observarem que havia no canto umas sacas com veneno e o animal venha ingerir uma grande quantidade de veneno causando a morte ao animal. Nesse caso houve perecimento com culpa, mesmo que eles não sabiam que o veneno estava lá, caracteriza negligência. Eles que tinham que zelar, que observar para não acontecer o perecimento com culpa. A obrigação deixa de ser Indivisível e se converte em Equivalente + Perdas e Danos. Esse Equivalente corresponde ao Valor Econômico do Objeto da Obrigação. Se o valor já foi pago a primeira coisa que o credor tem direito a exigir é a devolução desse valor. O credor pede a devolução desse Equivalente para os 03 devedores. Vamos dizer que o cavalo valia R$ 60.000,00 e o credor pagou os R$ 60.000,00. Ele vai exigir, R$ 20.000,00 de “B”, R$ 20.000,00 de “C” e R$ 20.000,00 de “D”. Esses R$ 20.000,00 de cada um é a Equivalência e não as perdas e danos. O credor pode também cobrar Perdas e Danos em razão da culpa e nesse caso os 03 agiram com culpa. As Perdas e Danos, como por exemplo, R$ 150.000,00 o credor vai cobrar dos 03 e essa cobrança será por cotas, ou seja, ele vai cobrar 1/3 de cada (R$ 50.000,00 de cada). Art. 263. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. B D A C CULPA R$ 60.000,00 INDIVISÍVEL $ + P.D Equivalência mais perdas e danos Perecimento por culpa dos devedores CULPA CULPA EQUIVALENTE + PERDAS E DANOS B D A C R$ 60.000,00 INDIVISÍVEL $ + P.D Equivalência mais perdas e danos Perecimento por culpa do devedor “D” CULPA EQUIVALENTE + PERDAS E DANOS 13 Vamos dizer que “D” tenha sido o sujeito que ficou de cuidar do animal para entregá-lo no vencimento. Mesma história acima, onde o animal ingere grande quantidade de veneno, havendo perecimento com culpa, em razão da negligência. Não tem mais objeto da obrigação a ser entregue. Frente à “B” e “C” o perecimento foi sem culpa, frente a “D” foi com culpa. A primeira coisa que o credor tem é o direito de exigir na obrigação, é o Equivalente. OBS.: Nesse Equivalente o credor vai exigir dos 03 credores, pois o Equivalente não decorre de culpa, o Equivalente foi o valor que “A” pagou. Quando se fala de Equivalente nem se olha se tem culpa ou não. O credor vai apenas pedir que se devolva o que foi pago. Pode ser que “B” e “C” tenham prejuízo pelo ato culposo de “D”, mas nesse caso “B” e “C” que se virem com “D”. Além do Equivalente o credor tem direito a exigir as Perdas e Danos, mas essas serão cobradas apenas de “D”, pois, nessa historinha, só ele agiu com culpa. Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Quando a Obrigação é Divisível ela é exigida por cotas, ou seja, “A” tem direito a cobrar R$ 1.000,00 de “B” R$ 1.000,00 e assim sucessivamente. Partindo da premissa de que as cotas são iguais. O Artigo está falando da possibilidade do credor remitir a dívida. REMISSÃO DA DÍVIDA: É o perdão da dívida. Quando o sujeito perdoa a dívida a obrigação se extingue, tanto que remissão é uma forma de extinção das obrigações que tem por base o perdão da dívida. Somente o credor que pode perdoar uma dívida. O credor só pode remitir porque ele tem o direito de remitir. Não há nenhuma vantagem econômica em remitir, mas ele tem a possibilidade jurídica. A remissão SEMPRE será vantajosa economicamente para o devedor. Se não existir vantagem econômica, não é remissão, é qualquer outra coisa, menos remissão. Remissão só é quando ele perdoa à dívida, não sempre toda, pode ser parte da dívida. O credor pode perdoar a dívida até o limite do crédito dele. Se ele for o único credor ele pode perdoar toda a dívida, se entre ele tiver outros credores ele não poderá perdoar toda a dívida, mas poderá perdoar apenas a sua parte da dívida. 14 Numa Obrigação Divisível, chega o “C” e procura o “D” e diz que quer remitir a sua dívida. “C” poderá remitir a dívida de “D” em até a sua quota parte, que no caso seria 1/3 ou R$ 1.000,00. O “D” aceita a remissão. Quando a remissão é feita à obrigação de “D” no alcance dos R$ 1.000,00 se extingue. Como houve a remissão em R$ 1.000,00 a obrigação de “D” se extingue em R$ 1.000,00. Sobrou dívida de “D” em R$ 2.000,00, pois foi descontado do total a cota remitida que é o que a letra da lei fala. “A” e “B” têm o direito de exigir R$ 2.000,00, cada um a sua cota. Foi vantajosa para o “D” essa remissão porque no final das contas em vez dele pagar R$ 3.000,00 ele só pagará R$ 2.000,00. Os outros R$ 1.000,00 fica para “D”, é como se ele estivesse no lugar de “C” para ficar com esses R$ 1.000,00. Outra situação sendo a Obrigação Indivisível. Sendo a Obrigação Indivisível no vencimento o valor que cada um dos credores poderá exigir será os R$ 3.000,00 ou a totalidade. “C” é credor de R$ 3.000,00, mas ele não pode falar em nome dos demais, então ele só pode remitir em R$ 1.000,00, no que seria a quota interna dele. “C” tem direito a exigir os R$ 3.000,00, mas segundo a Lei ele não tem direito ao crédito de R$ 3.000,00. Ele só pode remitir no que efetivamente ele pode receber. Internamente pertence a ele R$ 1.000,00, portanto ele não pode remitir além da sua cota. Chegou o “C” e procurou o “D” querendo remitir a dívida de “D”. O “C” nesse caso tem direito a remitir, pois somente o credor tem esse poder. 1/3 A B C D 1/3 1/3 DIVISÍVEL Objeto: R$ 3.000,00 REMISSÃO 1/3 A B C D 1/3 1/3 INDIVISÍVEL Objeto:R$ 3.000,00 REMISSÃO 15 Mesmo na Obrigação Indivisível um não pode falar em nome dos demais, tanto que para receber em nome dos demais é necessário a Caução de Ratificação. O sujeito não pode praticar ato em nome dos demais, salvo quando autorizado, se não, só poderá remitir a sua cota. Antes do vencimento “C” remite a dívida de “D” e esse aceita, ou seja, mesmo sendo Obrigação Indivisível o “C” só poderá remitir em 1/3 que corresponde a R$ 1.000,00. A obrigação de “D” para com “C” se extingue depois da remissão é como se no lugar do “C” o “D” ocupasse sua posição apesar de ainda sobrar dívida. A dívida que sobrou foi de R$ 2.000,00, pois foi descontado R$1.000,00 dos R$ 3.000,00. Agora os credores da dívida serão apenas “A” e “B”. O credor “C” está fora porque ele não tinha o crédito de R$ 3.000,00, quando ele remitiu a cota dele é como se ele sumisse da obrigação. Foi vantajoso para o devedor em R$ 1.000,00 que ele não tem mais que pagar, pois a cota de “C” foi “transferida” pra ele. Vamos dizer que “A”, “B” e “C”; credores de “D” com o objeto da Obrigação sendo um cavalo, materialmente indivisível. Os credores já realizaram o pagamento em dinheiro desse cavalo para o devedor “D”, eles pagaram R$ 30.000,00, ou seja eles estão adquirindo, pagaram para receber posteriormente o cavalo. A B C D 1/3 1/3 1/3 INDIVISÍVEL R$ 30.000,00 A B C D 1/2 1/2 1/3 INDIVISÍVEL R$ 30.000,00 REMISSÃO 16 Antes do vencimento da obrigação o credor “C” procura o “D” e fala a ele que quer remitir a dívida dele. Ele pode no alcance da cota interna dele, mas o objeto da Obrigação é o Cavalo, portanto ele tem direito a 1/3 do objeto da obrigação. Diferentemente das hipóteses anteriores, não tem como desmembrar como foi feito com o dinheiro. Portanto, a cota que era de “C” vai pertencer a “B”, como se saísse o “C” da história e o “D” ficasse no lugar dele. Ainda existe obrigação de “D” frente à “A” e “B”. Antes da remissão “D” entregaria um cavalo para 03 sujeitos, cada sujeito tinha direito 1/3 do cavalo. Na forma contratual tinha-se 1/3 estipulado para cada sujeito. Agora o “D” não tem que entregar mais o cavalo para o “C”, porque o que era de “C” ficou para o “D”, mas ele continua com a obrigação. “D” não tem como repartir a cota dele, pois não tem como partir um pedaço do cavalo e separar, mas ele continua, portanto com a obrigação de entregar a totalidade. Antes “D” entregaria a totalidade para 03 sujeitos e agora ele tem que entregar para 02. Se “D” continua com a obrigação de entregar ele pode afirmar que antes, cada credor receberia 1/3, agora cada um irá receber metade (1/2). Mesmo sendo “D” sócio do cavalo ficando com 1/3 que “C” concedeu a remissão, ainda assim, a lei não pode obrigar que “D” fique com aquilo que ele está dispondo (alienando), então “D” continua com sua obrigação, não sendo obrigado a virar sócio com pessoas que ele nunca viu na vida, por isso “D” pode entregar o cavalo do mesmo jeito. Antes o cavalo internamente seria repartido em 03, agora ele está sendo repartido em 02: “A” e “B”. Ao receber mais, o “D” não tem que entregar menos, já que recebeu os R$ 30.000,00. Ao entregar mais o devedor tem o direito de exigir a diferença do preço. Internamente cada cota valia R$ 10.000,00, se “D” entregasse o cavalo para os outros 02 sujeitos ele estaria entregando a sua cota para eles. “D” ao entregar o cavalo para “A” e “B” ele tem o direito de exigir a CONTRAPRESTAÇÃO disso, ou seja, “A” e “B” receberiam 1/3 cada um, mas agora eles estão recebendo metade. “D” tem direito de exigir dos outros 02 sujeitos o acréscimo de R$ 10.000,00. De “A” será cobrado R$ 5.000,00 e de “B” também será cobrado R$ 5.000,00. Quando “D” exige mais esses R$ 10.000,00 no final das contas, para entregar esse cavalo “D” recebeu R$ 40.000,00. 17 Ao invés de “D” entregar um cavalo por R$ 30.000,00 ele está entregando um cavalo por R$ 40.000,00. Se “A” e “B” não tiverem situações financeiras de pagar esse a mais eles não são obrigados ao recebimento disso, por isso a obrigação se extingue. O credor não é obrigado a receber e quando isso acontece extingue-se a obrigação. Para o “C” não precisa ser devolvido nada porque o “C” remitiu a parte dele. No final das contas “D” fica no lucro de R$ 10.000,00 que era cota de “C” tendo que entregar o cavalo para “A” e “B”. Ninguém é obrigado a fazer negócio de forma distinta, agora também não é obrigado o devedor a sofrer prejuízo por ter sido beneficiado por uma remissão. Se o “A” e o “B” não quiserem, prejuízo ele não podem alegar. Eles passam a ter metade, por isso eles teriam que pagar mais. Se pagarem, cada um fica com metade sobre o cavalo, se não quiserem pagar eles não são obrigados ao recebimento, volta para eles ao status ad quo. OBS.: Se não houver pagamento não haverá remissão. Vem o legislador e diz: Art. 262 Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. Comentário: Confusão, Compensação e Novação são formas de extinção das Obrigações que ainda será visto. Ainda não temos condição de saber cada um desses institutos. A Confusão acontece quando na mesma obrigação um só sujeito é o mesmo tempo credor e devedor de si mesmo. Exemplo1: “A” que emprestou R$ 1.000,00 para o “B”, por coincidência pai e filho, mas eles fizeram um negócio jurídico. Ex-cota de “C” D R$ 30.000,00 B 5.000 ½ de 1/3 5.000 ½ de 1/3 A C 1/2 1/2 1/3 INDIVISÍVEL REMISSÃO R$ 30.000,00 R$ 10.000,00 R$ 40.000,00 18 Antes do vencimento da obrigação o “A” morre (Pai). O pai morrendo os créditos dele passam para os herdeiros. “A” não deixou cônjuge vivo e deixou um único filho que é “B”. Em razão do falecimento “B” fica no lugar do pai nessa obrigação. Fica um só sujeito na mesma obrigação reunido na qualidade de devedor e credor. Ninguém cobra de si mesmo a dívida. A obrigação, portanto, se extingue. Chama Confusão porque se confunde a figura do credor e do devedor já que se concentram na mesma pessoa. Exemplo2: “A”, “B” e “C” emprestaram R$ 3.000,00 a “D”, a obrigação é indivisível. Sabe-se que o “A” pode cobrar R$ 3.000,00 ou “B”, ou “C”. Antes do vencimento o “C” morre. Os créditos dele passam para os herdeiros que vamos considerar por coincidência “D” é filho dele. (Só para facilitar ele poderia ter mil herdeiros e não se dá Confusão só em razão da morte). Obrigação A B Pai Filho Obrigação A B Pai Filho B Obrigação A B Pai † Filho 1/3 Pai 1/3 A B C D 1/3 INDIVISÍVEL Objeto: R$ 3.000,00 Filho 19 Em razão da sucessão o “D” substitui o pai na obrigação. Em relação ao crédito de “D” e ao débito de “B” a obrigação se extingue, mas ela não se extingue na totalidade ela se extingue em 1/3 (R$ 1.000,00). Sobrou R$ 2.000,00 em dívida. Os credores desses R$ 2.000,00 é “A” e “B”. Igual a remissão e é isso que o legislador fala no Art. 262. Com o cavalo a história seria a mesma. ------------------------------------ Filho Pai † 1/3 A B C D R$ 1.000,00 INDIVISÍVEL Objeto: R$ 3.000,00 Objeto: R$ 2.000,00 R$ 1.000,00
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