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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE CURSO DE FONOAUDIOLOGIA FÍSICA ACÚSTICA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA PROFESSORA: ISABELA HOFFMEISTER MENEGOTTO Esther da Cunha Rodrigues ACÚSTICA DE SALAS PARA DIFERENTES PROPÓSITOS Proposta de Trabalho Monográfico apresentado a Disciplina de Física Acústica aplicada à Fonoaudiologia da Profa. Dra. Isabela Hoffmeister Menegotto. Porto Alegre 2018 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 2 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................4 2.1. Fonoaudiologia e Audiologia: Diferença entre ambas? ......................................................4 2.2 Fonoaudiologia: Frente a Acústica Arquitetônica .................... ...........................................6 2.2.1 Som - Onda Mecânica .................................................................................................6 2.2.2 Noções de acústica e psicoacústica .............................................................................7 2.2.3 Ruído e aspectos históricos do crescimento urbano.....................................................8 2.3 Projeto acústico em arquitetura .......................................................................................... 9 2.3.1 Aspectos básicos...........................................................................................................9 2.3.2 Salas de aula e ambientes de estudo...........................................................................10 2.3.3 Ambientes voltados para comunicação verbal: escritórios e salas de reuniões..........13 2.3.4 Auditórios e anfiteatros: palestras, espetáculos e apresentações musicais.................13 2.4 Cabina acústica para avaliações audiológicas....................................................................16 3. CONCLUSÃO.......................................................................................................................19 4. REFERÊNCIAS....................................................................................................................21 5. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS........................................................................................22 2 1. INTRODUÇÃO O referente trabalho tem como propósito investigar a compreensão da importância da relação entre a Fonoaudiologia e a acústica arquitetônica, já que a prevenção fonoaudiológica está diretamente associada às condições sonoras do ambiente. Dessa forma, inúmeras vezes, a presença de ruídos externos à certos ambientes, colaboram para que profissionais e outros elementos, intensifiquem sua voz ou sons repetidamente, alterando sua qualidade vocal. (Exemplo: professor em sala de aula). A área de Audiologia e de Voz, são as áreas da Fonoaudiologia que mais estudam os efeitos diretos do som na atividade humana. Essas duas, foram reconhecidas como especialidades da Fonoaudiologia em 17 de fevereiro de 2006, de acordo com a resolução n° 320 do CFFa. Os profissionais fonoaudiólogos especialistas em Audiologia têm o dever de promover a prevenção, o diagnóstico e a reabilitação da função auditiva e vestibular. Da mesma maneira, os fonoaudiólogos especialistas em Voz devem promover a saúde vocal, a avaliação e o aperfeiçoamento da voz. O som é uma variação de pressão, que se propaga em forma de ondas mecânicas, longitudinais e tridimensionais, e quando há a junção de sons indesejáveis surge o conceito de ruído, que pode gerar uma sensação de desconforto para a orelha humana e um aumento do esforço vocal em meio a situações em que esse está presente. Desse modo, o fonoaudiólogo especialista em Voz ou Audiologia terá contato mais frequente nas questões de diagnóstico e tratamento de distúrbios resultantes dos efeitos do ruído. A arquitetura e engenharia estudam maneiras de minimizar os impactos causados pelo ruído e abuso sonoro. Preocupando-se com o conforto acústico, desde o crescimento dos núcleos urbanos, apesar de esse tema se apresentar relativamente novo no Brasil. Ao se depararem com esta nova perspectiva, arquitetos, engenheiros e construtores acabam reutilizando fórmulas aplicadas em outras situações, e não se aprofundando na busca de um bom projeto de acústica arquitetônica. Isso acaba causando equívocos de conforto acústico, e influenciando no desequilíbrio sonoro resultante de ruídos urbanos. O barulho do tráfego, casas noturnas, igrejas e auditórios começam a fazer parte do cotidiano de residentes e trabalhadores próximos. Podendo resultar em perda da sensibilidade auditiva e abuso vocal por parte dos indivíduos que convivem com o ruído e o barulho, possíveis alterações fonoaudiológicas que podem surgir, introduzindo o papel do fonoaudiólogo na prevenção do desequilíbrio sonoro, e tratamento da audição e voz afetadas pela ausência de conforto acústico. 3 Sob esse prisma, compreende-se a importância do tema, já que a Fonoaudiologia como área de conhecimento preocupa-se com a qualidade e saúde comunicativa e auditiva das pessoas, entre outras. E dessa forma, neste estudo monográfico, buscar-se-á elucidar um pouco sobre o quanto esta área de conhecimento como ciência, demonstra preocupação quanto ao já exposto, pois tem por objetivo estudar e pesquisar técnicas, métodos de prevenção e terapia fonoaudiológica, frente a certas condições acústicas, que devem ser planejadas e definidas desde a elaboração do projeto arquitetônico, priorizando um tratamento acústico eficiente. Nessa perspectiva, buscar-se-á descrever algumas características básicas e elementos primordiais que compõem a acústica arquitetônica e que frente ao já descrito, devem ser analisados e ponderados para que se obtenha a boa qualidade acústica, impossibilitando futuros prejuízos de saúde. 4 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. FONOAUDIOLOGIA E AUDIOLOGIA: DIFERENÇA ENTRE AMBAS? Compreender a Fonoaudiologia, como sendo um campo de conhecimento na área da saúde, é entender que suas metas se tornam responsáveis pelos cuidados, habilitação e reabilitação da voz, da audição, da motricidade orofacial, da linguagem e etc., a qual a caracteriza, como um campo de conhecimento que engloba um fenômeno físico chamado som, e que é extremamente importante em seu desenvolver, tornando-se um dos pilares de qualquer curso de graduação da área. Haja visto que, a formação do profissional fonoaudiólogo embora tenha surgido na década de 60, teve seu reconhecimento como profissão mediante a lei 6.9651, em 1981. Dessa forma, é interessante ressaltar que, mesmo após mais de três décadas desta regulamentação como profissão, parte da população ainda desconhece ou possui conhecimento somente parcial sobre a amplitude das ações realizadas por essa categoria, bem como dos benefícios que sua atuação pode trazer para a sociedade. Segundo Freire (2012, pg. 308) que caracteriza o tema como bastante árido, mas busca base na própria etimologia da palavra fonoaudiologia, para descrevê-la, afirma: “ que, literalmente, significa o estudo (do som) da fala e da audição ou o discurso sobre (o som) a fala e a audição. ” A autora detém-se na busca pela compreensão (Freire. 2012, pg. 308), ao afirmar: Fui então procurar na literatura uma definição formal de Fonoaudiologia e penso que encontrei uma das primeiras, aquela assinada por Antônio Amorim21, em 1972, que declara: “A Fonoaudiologia é o estudo integrado da linguagem humana e audição ...” Deixando momentaneamente de lado a pertinência da definição, e tomando agora como ponto de partida as palavras do fonoaudiólogo, passei a questionaro que o autor estaria querendo dizer com essa afirmação. Avançando na leitura de suas considerações sobre a Fonoaudiologia e seu objeto, encontrei um outro momento em que o autor parece explicitar em que sentido está usando as palavras audição e linguagem. Diz ele: “ A linguagem humana está relacionada com a audição. É através da audição que os homens identificam os sons, discriminam, memorizam e elaboram conceitos que são verbalmente transmitidos”. Ora, fica aqui afastada a suposição de que a Fonoaudiologia teria dois objetos pois a afirmação de que o estudo da audição deva ocorrer integrado ao da linguagem indicia entre ambas uma relação (de causalidade? de implicação?), em que a primeira pode comprometer a integridade da segunda. Dessa maneira, frente ao estudo proposto sobre a acústica arquitetônica, compreende-se, serem muito interessantes tais discussões, pois desencadeiam 1 2. Amorim A. Fonoaudiologia Geral, São Paulo: Ed. Livraria Pioneira Editora, 1972. 5 questionamentos e tornam-se muito importantes para a Fonoaudiologia enquanto ciência, afastando-a da Audiologia, compreendida por Freire (2012), “como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. ” A autora traz a questão do objeto em Fonoaudiologia, abrindo discussão para a unidade do campo e aponta para a inflexibilidade de sua divisão na concretização de seu estatuto científico. Conforme Freire (2012, pg. 308), afirma: “Retomo a discussão anterior, desta vez deixando de lado a audição como suposto objeto da Fonoaudiologia, não só por já tê-la interpretado como complementar à linguagem, mas também por supô-la objeto de outra ciência – a Audiologia. Freire (2012), propicia em seu artigo, reflexões e abre um leque para muitas discussões e debates sobre este tópico dentro da Fonoaudiologia, onde será de interesse do profissional da área, ter a compreensão de que ele pode especializar-se em audiologia, pois nem todo o fonoaudiólogo é um audiologista, porém todo o audiologista, obrigatoriamente deverá ser um fonoaudiólogo. Dessa maneira, a autora corrobora para que os profissionais e leitores tenham a compreensão do que esse termo significa e quais suas diferenças frente a Fonoaudiologia. Conforme afirma Freire (2012), ao tematizar em seu estudo certo afastamento entre a Fonoaudiologia e a Audiologia e em suas discussões, traz a linguagem como instância simbólica de subjetivação, dessa forma, instaura ao profissional da fonoaudiologia como clínico terapeuta, comprometimento com a linguagem de seu paciente e sua cura. E essa questão, torna-se muito relevante, já que será esse o profissional dentro da Fonoaudiologia que se especializará no sentido da audição e análise das capacidades acústicas de equipamentos eletrônicos (como os aparelhos auditivos). Nesse âmbito conforme Freire (2012, pg. 310) a Fonoaudiologia vislumbra uma possível autonomia consequente a sua recusa em se ver reduzida a qualquer outro campo de saber e pede a palavra. Eis um momento histórico: o do dito corte epistemológico. Para encurtar uma história longa, história já contada em outro lugar52 , com a ruptura a Fonoaudiologia pede a voz e passa, como diz Freud, a querer “usar a moeda vigente no país” ou seja, a dizer de si, de seu lugar, com seu olhar, nos termos e conceitos que têm a sua disposição. Aquelas disciplinas, antes fundantes e determinantes, adquirem um novo estatuto: passam a ser interpeladas pela Fonoaudiologia. Neste novo tempo, o primeiro da identidade, a Fonoaudiologia redefine seu objeto promovendo forte deslocamento em suas relações de vizinhança. Se a psicanálise nasce órfã – nas palavras de Althusser – a Fonoaudiologia deseja o 2 5. Cunha MC. Deslizamentos e Deslizes do Campo Fonoaudiológico em Fonoaudiologia e Psicanálise: a fronteira como território, São Paulo: Ed.Plexus, 1997. 6 reconhecimento de uma maternidade que lhe poderá ser extremamente vantajosa. Definindo seu objeto como a linguagem, estreita laços de filiação com a linguística e, se esta linguagem é aquela que se observa na fala do outro, aponta uma certa ciência da linguagem como o lugar para problematizar o funcionamento dessa mesma linguagem. Conforme Freire (2012): “a Fonoaudiologia pede a voz e passa, como diz Freud, a querer usar a moeda vigente no país, ou seja, a dizer de si, de seu lugar, com seu olhar, nos termos e conceitos que têm a sua disposição. ” As possibilidades ampliam-se, como em 2013, quando o Ministério do Trabalho passou a incluir na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) as sete áreas de especialização da atuação do fonoaudiólogo, a saber: Fonoaudiologia educacional, Audiologia, Disfagia, Linguagem, Motricidade orofacial, Saúde coletiva, Voz. Conforme afirma Danuello (2014): “essa inclusão significa o reconhecimento oficial das especialidades da profissão existentes. ” Ou seja, o campo de atuação profissional, ampliou-se a partir de 2013, durante o 20º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, quando foi divulgada a intenção do CFFa de criar outras sete áreas de especialização. Atualmente a fonoaudiologia conta com 12 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, sendo o profissional especialista em Fluência, o mais recentemente reconhecido, com base na resolução n° 507 do CFFa, de 19 de agosto de 2017. Dentre as 12 estão: Audiologia, Linguagem, Motricidade Orofacial, Voz, Saúde Coletiva, Disfagia, Fonoaudiologia Educacional, Gerontologia, Fonoaudiologia Neurofuncional, Fonoaudiologia do Trabalho, Neuropsicologia e Fluência. Áreas estas, consideradas muito importantes dentro do mundo em que vivemos, numa sociedade que se caracteriza por muitos ruídos e sons, e que tem nesse fato a chance de prevenir e combater diversos problemas que podem comprometer o indivíduo não apenas em seu aspecto profissional como também pessoal, emocional e social. E como descreve Carvalho (2006), “O projeto de Acústica Arquitetônica saiu da sala de aula, extrapolou os teatros, cinemas, igrejas e estúdios para constar em toda a produção arquitetônica. ” 2.2. FONOAUDIOLOGIA: FRENTE A ACÚSTICA ARQUITETÔNICA 2.2.1. SOM - ONDA MECÂNICA Pode-se caracterizar o som por ser um fenômeno ondulatório causado pelos mais diversos objetos e que se propaga através dos diferentes estados físicos da matéria. Ou 7 seja, onda é uma perturbação, abalo ou distúrbio transmitido através de um meio gasoso, líquido ou sólido. Atualmente, vivemos em uma sociedade, onde somos expostos constantemente a inúmeras fontes sonoras, que podem nos afetar de muitas maneiras, tanto de formas positivas como negativas. Por vezes, nem percebemos, mas nosso sistema nervoso aumenta seu estresse simplesmente por estarmos em um local ou um ambiente de tráfego intenso de veículos ou com muita conversa, risos e barulho, podendo gerar em nós desconforto e estresse. Dessa forma, compreende-se o quanto as ondas sonoras desempenham papel muito importante em nosso cotidiano e será por isso, que neste estudo o foco se voltará somente para elas, por mais que exista uma variedade muito grande de ondas. Estas possuem características que podem ou auxiliar, ou nos prejudicar inconscientemente, causando- nos muito incomodo. Alguns sons e ruídos podem nos trazer calmaria e alívio, trazendo sensações de descanso, enquanto outros, estimulam de forma negativa nosso subconsciente, estressando-nos. Essas alterações serão melhor explicadas no tópico abaixo. 2.2.2. NOÇÕES DE ACÚSTICA E PSICOACÚSTICA A acústica é uma área de conhecimento que estuda o som e os seus meios de propagação. Podemos dizer que ela vem sendo caracterizada de maneira especial sob dois aspectos, dividindo-seem duas ciências que são consideradas: Física Acústica e Psicoacústica. Ao se tratar da física acústica voltam-se os estudos para as vibrações e ondas mecânicas, enquanto que na psicoacústica, o importante são as sensações produzidas pelo som nos indivíduos, e dessa forma seus julgamentos e impressões ao receberem um estimulo sonoro em seus ouvidos. Dessa forma, todos os nossos órgãos sensoriais, principalmente as nossas orelhas captam grande variedade de fenômenos ondulatórios (que se caracteriza por transportar energia pelo espaço, som). A psicoacústica está relacionada com a habilidade dos indivíduos de diferenciar os estímulos, e os relatos dos ouvintes sobre tal som. Lidando com atributos específicos a partir da percepção do ouvinte, como o pitch ou a frequência, e também a intensidade ou lousness dos sons, e lidando com as impressões individuais resultantes de diversos tipos de estímulos sonoros. 8 Esses atributos específicos como o pitch, loudness, duração, timbre, são conforme Russo (1999), alguns aspectos das informações básicas que a orelha humana necessita para a percepção auditiva do som. 2.2.3. RUÍDO E ASPECTOS HISTÓRICOS DO CRESCIMENTO URBANO As ondas podem se apresentar de maneira aperiódica ou periódica. As ondas sonoras periódicas são padrões de ondas que se repetem em tempos iguais, se caracterizando, por exemplo, como alguns sons da fala. Já nas ondas sonoras aperiódicas, não é possível identificar uma repetição, não há uma constância, sendo aleatórios. O ruído refere-se a essas vibrações aperiódicas, que não mantém relações matemáticas entre suas frequências, diferentemente das ondas periódicas, e acaba se classificando como sons perturbadores e indesejáveis. O agente perturbador é subjetivo, podendo variar dependendo da tolerância de cada indivíduo. Esses sons identificados como ruídos foram multiplicados com a Revolução Industrial no séc. XVIII, com a maior concentração humana em cidades surge a consequência da era da máquina. A emergência do uso da máquina a vapor (início do sec. XVIII), do motor elétrico (fim do sec. XVIII), do motor de combustão interna (sec. XIX), e finalmente alcançando o surgimento do avião e do automóvel (fim do sec. XIX e início do sec. XX) desencadeou a presença frequente do ruído em meio aos ambientes de trabalho e públicos. Mais recentemente, na metade do sec. XX o alto crescimento urbano e demográfico, o grande fluxo de veículos e de outras fontes sonoras, têm resultado no aumento dos níveis de ruído ambiental, o que levou ao estabelecimento de normas estipulando níveis máximos de ruído que são permitidos nos ambientes. Mas, na maioria dos casos, no Brasil isso ainda não é levado em conta no planejamento urbano, acarretando em efeitos maléficos sobre o cotidiano e a saúde dos indivíduos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o ruído interfere no sono, na comunicação, e provoca reações fisiológicas e psicológicas causando problemas de saúde. Entre os diversos malefícios causados, conforme Medeiros (1999), tem-se a possibilidade de perda parcial (podendo ser total) da audição, problemas gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórios e hormonais, distúrbios da comunicação e do sono. Isso afeta a qualidade de vida e o desempenho profissional de um indivíduo, devido ás alterações, além das já citadas, no rendimento do trabalho e na concentração. 9 2.3.PROJETO ACÚSTICO EM ARQUITETURA Segundo Silva (1971, pág. 167-169) descreve que ao se pensar em um projeto acústico, o primeiro passo do engenheiro ou arquiteto é conhecer o local que se planeja construir, tendo em vista suas especificidades. Conforme o autor, aconselha certa sequência como básica do planejamento de um projeto acústico qualquer, as quais descreverei fundamentando-me no que é descrito por ele. 2.3.1. ASPECTOS BÁSICOS Inicialmente é necessário o levantamento dos ruídos locais, concentrando-se nos níveis de ruído nos diversos pontos do terreno e nas fontes de ruído existentes. Após feito isso, deve-se pensar nos objetivos do projeto, estabelecendo os níveis de ruído admissíveis, fazer a distribuição e determinar os diversos níveis de sons locais, calculando os tempos de reverberação dos mesmos. Voltando-se para etapas após o lançamento do projeto é necessário ter atenção ao isolamento dos sons e ao estudo das formas e superfícies interiores. Os cálculos deverão focar-se na transmissão do som através das paredes, cortinas, lajes e etc.; nas superfícies de absorção e de reverberação, com detalhes mais importantes relativos ás fundações, colunas e vigas, pisos e lajes, tetos e forros, paredes e repartições, portas, janelas e outras aberturas. Como Simões (2011, pág. 42) destaca: “quando uma onda sonora transmitida pelo ar incide sobre uma parede, parte do som é refletida e parte é transmitida à parede”. Considerando isso, a energia que incide sobre a parede se dissipa como calor, podendo ser transmitida pelo outro lado, propagando-se por outro ambiente. Para evitar esse fenômeno materiais absorventes, porosos e elásticos devem ser usados para impedir a reflexão sonora. Com isso, também é importante considerar o uso de materiais com massa elevada, para evitar que apenas dissipe a energia, e não vibre com ela. Um cuidado especial deve ser tomado no momento de projetar e realizar as instalações de condicionamento de ar e ventilação, instalações hidráulico-sanitárias, sistemas de amplificação sonora, de elevadores e escadas rolantes. O autor aconselha evitar disposições da construção que facilitem a reflexão do som (como superfícies côncavas voltadas para a rua e construções opostas frente a frente), principalmente no tratamento acústico das fachadas, que pode se tornar problemático. Silva (1971) aconselha também com base na localização dos compartimentos de permanência, como 10 quartos e sala, para que esses estejam do lado oposto à zona de barulho, sendo os compartimentos de serviço uma barreira anti-ruído. Quanto à escolha das estruturas Silva (1971, pág. 171) afirma: “ as estruturas heterogêneas são favoráveis à não propagação de ruídos”, ou seja, para que não haja incidência de ruído e frequências de ressonância, a estrutura deve contar com um tratamento acústico interno ou um isolamento de diversas partes envolvidas no fenômeno. Já as divisões podem ser feitas de material acústico isolante de 30 dB até 45 dB, ou construir-se uma parede dupla. Esta pode constar ou não com material isolante na área vazia, cujo índice de redução acústica seja superior a 50 dB. Para as divisórias não terem contato direto com as lajes, pode-se usar feltro alcatroado, borracha, entre outros, evitando a passagem direta do som. Com forte influência no tempo de reverberação, devem ser usados painéis ou murais acústicos como revestimento interior. De acordo com Silva (1971), os revestimentos podem se caracterizar como muito refletores (coeficiente de absorção superiores a 1/100 em sabine metro), ligeiramente absorventes (cujo coeficiente médio de absorção é 1/10 em sabine metro) ou muito absorventes (coeficientes médios de absorção são superiores a 5/10 em sabine metro). Considerando “sabin” como a unidade de absorção de um som, para que ele não seja refletido, alcançando o conforto acústico dependendo do revestimento. Para o autor, revestimentos de piso também devem ser considerados, principalmente para evitar ruídos de impacto. Com relação à equipamentos, há determinações específicas para o sistema de calefação, de aquecimento, de bombas e de ventilação, determinações para instalações de água, reservatórios de limpeza, colunas de queda de esgoto e lixo, motores de elevadores e etc., isso não será explorado nesse trabalho monográfico, pois não compete aos seus objetivos, porém a atenção do arquiteto a esses sistemas na confecção do projeto acústico arquitetônicoé imprescindível para um bom condicionamento acústico. 2.3.2. SALAS DE AULA E AMBIENTES DE ESTUDO As escolas e universidades são instituições de extrema importância na sociedade, responsáveis por moldar e ensinar os indivíduos que as frequentam. Desse modo, para que ocorra a aprendizagem de maneira tranquila, é fundamental que seu ambiente ao acolher crianças, adolescentes e adultos em formação, tenha a garantia de conforto 11 acústico com apenas os níveis admissíveis de ruídos e sons. De acordo com Gonçalves et al. (2009) o “déficit na leitura e nas habilidades linguísticas devido à má acústica das salas de aula são cumulativos, assim o efeito sobre estudantes mais jovens é devastador. Como resultado, os alunos têm seu processo de aprendizagem prejudicado e os professores ficam sujeitos a uma carga de estresse adicional, o que pode se refletir na qualidade do ensino”. Além dos alunos, os professores são diretamente afetados devido à ausência de conforto acústico. É comum professores precisarem se afastar de seu exercício profissional, ou diminuir sua carga de trabalho para reabilitar a voz e recuperar a capacidade de fala. Ao dar aulas para uma grande quantidade de pessoas, em alguns casos inalando pó de giz (condições que também deveriam ser analisadas para a qualidade de vida do docente), com ruído constante dos ambientes ao redor, o professor se torna alvo do abuso vocal, estresse, e consequentemente dos distúrbios vocais. Gonçalves et al. apresentam uma pesquisa feita com professores pelas fonoaudiólogas Fabiana Zambon, do Sindicato dos Professores de São Paulo (SINPRO- SP), e Mara Behlau, do Centro de Estudos da Voz de São Paulo (CEV-SP). Elas encontraram, entre muitos outros resultados, os seguintes fatos citados no artigo de Gonçalves et al.: “Ainda em relação à pesquisa, dos 217 entrevistados, 85% dos professores têm hábitos saudáveis e não fumam e 76% não ingerem bebidas alcoólicas regularmente. “O problema é ocupacional, daí a necessidade de uma lei que garanta ao professor melhores condições de trabalho”, afirma Rita Fraga, diretora do SINPRO-SP, que verificou também a ausência de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), a qual tem entre suas funções orientar e prevenir problemas de voz em professores. Segundo o SINPRO-SP, a atividade profissional do professor revela-se um fator de risco para o surgimento de lesões que acometem as estruturas corporais. Essas lesões acabam afetando a realização plena das atividades docentes gerando, por vezes, incapacidades temporárias ou permanentes. Nos casos mais graves pode gerar afastamento da escola e das atividades profissionais. ” Considerando as necessidades que acabam surgindo, por parte dos alunos e professores que são expostos ao ruído no ambiente de estudo e trabalho, o arquiteto ao propor um projeto buscando o conforto acústico das salas de aula e locais de estudo, deve levar em conta aspectos que são propostos pelo Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (PROINFÂNCIA). Que afirma que existe a necessidade da implementação das metas definidas no Plano de Desenvolvimento (PDE), elaborado pelo Ministério da Educação, que garantem um padrão mínimo de qualidade de ensino e consequentemente melhorias na infraestrutura da rede física escolar. 12 Dessa forma, por meio de um Manual Técnico de Arquitetura e Engenharia de orientação para elaboração de projetos de construção de centros de educação infantil, o PROINFÂNCIA estabelece que o projeto da unidade de educação deve buscar “a relação harmoniosa com o entorno, garantindo conforto ambiental dos seus usuários (conforto térmico, visual, acústico, olfativo/qualidade do ar), qualidade sanitária dos ambientes e segurança”. Especificando as estruturas, as coberturas, as esquadrias, as ferragens, os revestimentos, a pintura, o piso da escola, entre outras. Para abordar o necessário para alcançar o conforto acústico de salas de aula e estudos, me basearei em Silva (1971, pág. 176) trazendo os principais pontos citados por ele, que devem ser atentados por parte do arquiteto no planejamento do projeto acústico para esses locais. Inicialmente o arquiteto deve ter em mente a necessidade de versatilidade das salas de aulas e ambientes de estudo, que podem servir para conferências, cinema, concertos, debates e etc.. Assim, a localização deve ser escolhida de modo que não seja próximo de ruas e estradas movimentadas e nem de aeroportos, pois os ruídos externos apenas prejudicam a audibilidade da fala e distraem os alunos. A criteriosa distribuição dos prédios deve ser estudada, de maneira que uma boa arborização e demais estruturas formem barreiras isolantes do ruído. As diversas dependências da escola devem receber o devido isolamento acústico de acordo com suas finalidades, salas de aula, laboratórios, bibliotecas e auditórios devem receber maior atenção, baseando-se nas bases do projeto acústico, já citado anteriormente. Um dos pontos a ser atentado pelo arquiteto em meio às bases do projeto é a reverberação, que é muito comum em salas de aula, podendo causar a percepção da própria voz do indivíduo de maneira atrasada. De acordo com Fernandes (2006), a reverberação depende do índice de reflexão das superfícies do ambiente (paredes, teto e piso). Então, materiais como mármore, concreto, vidro, etc. são altamente reflexivos, não sendo indicados para o uso na construção da sala de aula. Mas, materiais macios e porosos como a espuma, carpete, algodão, lã de vidro, cortiça, tapetes, cortinas grossas, etc. são absorventes, facilitando a absorção do som pelas paredes e divisórias. E o índice de reflexão também depende do volume do ambiente, pois quanto maior a distância entre as superfícies, maior será o atraso do som e maior será a reverberação. Finalizando as considerações desse tipo de ambiente, não se pode deixar de planejar a não propagação dos ruídos provenientes do interior de casas de máquinas, 13 usinas de energia, ginásios desportivos, piscinas e pátios de recreio, estando localizados mais afastados dos locais que requerem um nível mais baixo de propagação sonora. 2.3.3. AMBIENTES VOLTADOS PARA COMUNICAÇÃO VERBAL: ESCRITÓRIOS E SALAS DE REUNIÕES Conforme Carvalho (2006), as salas de reuniões e ambientes de escritório (também aplicando-se a salas de estudo), devem garantir as necessidades que apresentam os indivíduos que os frequentam, de poderem expressar-se e comunicar-se de maneira a não atrapalharem outros recintos com a dissipação de suas conversas e discussões. Desse modo, o isolamento acústico deve ser feito adequadamente aos níveis de ruído produzidos interna ou externamente ao ambiente e também o tempo de reverberação do recinto deve ser pensado e corrigido, para que haja atenuação dos ruídos produzidos interiormente. Questões a respeito da necessidade ou não de privacidade visual devem ser estudadas, podendo-se descartar a possibilidade do uso de divisórias envidraçadas, as quais não dissipam bem o ruído. Além disso, o uso de computadores, telefones e outros equipamentos geradores de ruídos são questões de maior complexidade, já que seu uso é indispensável e muitas vezes simultâneo. Outro tópico importante é a dimensão da circulação de pessoas pelo ambiente, para prever outros ruídos que possam vir a surgir durante o cotidiano. Ao abordar as salas de reuniões, Carvalho (2006), afirma que sua geometria interna deve proporcionar a melhor distribuição possível dos sons produzidos, em que a reflexão e a absorção seja calculada para que ocorra de acordo com a necessidade, podendo por exemplo, fazer o uso de portas de grandes massas para evitar a dissipação de conversas confidenciais. Para finalizar este tópico, recomenda-se a aproximação dos interlocutores em um espaço de reunião,como uma estratégia que pode ser usada, de modo a aumentar a audibilidade da fala nos ambientes citados. 2.3.4. AUDITÓRIOS E ANFITEATROS: PALESTRAS, ESPETÁCULOS E APRESENTAÇÕES MUSICAIS O teatro como espetáculo falado e cantado surgiu no século IV a. C. através dos gregos, que realizavam procissões com cantos e danças. Ao evoluírem as procissões, a duração dos textos foram aumentando, e consequentemente o público precisava sentar para estar confortável ao assistir. Os teatros cresciam cada vez mais, muitos sendo 14 construídos para cinco mil pessoas. Tem-se o exemplo do teatro de Dódona, localizado em Épiros (figura 1), que contava com dezoito mil lugares. E era cada vez mais necessário, construir de maneira que a palavra falada fosse audível e que toda sua energia fosse aproveitada. Tendo em vista os primórdios do teatro, e a evolução da habilidade dos arquitetos gregos em entender os detalhes acústicos, os anfiteatros eram construídos de modo que conforme Blesser e Salter (2007, pág. 96): “Primeiro, a grande parede frontal do palco, detrás dos interpretes teria refletido o som para a audiência bem do jeito que o faz a parede de fundo da casa cênica em muitos teatros do século dezessete (e também em muitos teatros modernos). Segundo, aumentando a inclinação da área da arquibancada teriam posicionada o público mais perto dos intérpretes. (Anfiteatros com forte inclinação tem sem dúvida melhor acústica). Terceiro, a abertura da boca das máscaras teria funcionado como mini-megafones. Quarto, com treinamento especial, os intérpretes teriam projetado suas vozes para obter a máxima inteligibilidade. Finalmente, cantando, os intérpretes poderiam projetar suas vozes mais longe do que simplesmente falando – bem longe, provavelmente atingindo os lugares mais afastados. ” E como estes mesmos autores afirmam, o espaço do teatro e auditórios devem, além de proporcionar uma experiência visual, também proporcionar vivência sonora. O arquiteto irá projetar esses ambientes traçando o perfil de seu uso, para que os espectadores tenham uma boa audibilidade e visibilidade. Inicialmente, deve ser feita a verificação do ruído no entorno, para a dimensão do isolamento acústico necessário, e em seguida, deve-se buscar que a forma arquitetônica do ambiente interno auxilie no condicionamento acústico, atentando para a distribuição dos sons produzidos. Tendo isso em vista, a forma geométrica do projeto arquitetônico pode auxiliar no comportamento acústico do local, e como menciona Carvalho (2006, Figura 1. Imagem tirada do Archaeological site of Dodona. Teatro de Dódona 15 pág: 142) pode haver combinação entre o isolamento acústico e a ventilação natural, desde que sejam adotados atenuadores de ruído posicionados juntamente às aberturas. Ao considerar uma forma geométrica para o ambiente interno, deve-se observar, por questões técnicas, a necessidade da adoção de painéis refletores ou absorventes, nos tetos e paredes, como exemplo, na figura 2 é possível observar os cinco painéis refletores usados pelo arquiteto Mauro Marcon em seu projeto para a construção de um teatro em São Miguel do Iguaçu, essas placas refletoras surgem como alternativa em locais cujo formato interno não favorece a reflexão do som. Caso não haja necessidade dos painéis, é preciso atentar para elementos exclusivamente estéticos do local, que podem resultar em problemas de reflexão ou absorção além dos calculados. Carvalho (2006) ainda traz a análise do tempo de reverberação do recinto, para que possíveis correções sejam realizadas através da absorção acústica dos componentes do auditório. E também, o estabelecimento da taxa de ocupação em função do volume interno, ocorrendo possíveis simulações de correção do tempo de reverberação do recinto com diferentes taxas de ocupação. Com relação á especificações mais técnicas de auditórios menores (de até 400 lugares), Silva (1971) traz que o teto deve ser refletor nas proximidades do palco, e absorvente no fundo do auditório, com sua altura buscando não ultrapassar 7 metros. Deve-se planejar as paredes laterais não sendo paralelas, possuindo pequenas divergências. A parede do fundo não deve ser côncava, caso aconteça, esta precisa ser Figura 2. Projeto arquitetônico do Arq. Mauro Marcon para um teatro em São Miguel do Iguaçú 16 revestida com material extremamente absorvente, para evitar a concentração de energia, formando focos. As cadeiras devem ser do tipo poltrona, estofadas, para que a superfície de absorção aumente. As alas e passagens devem ser revestidas com tapetes de borracha ou outro material absorvente. Por fim, ao considerar o projeto acústico em arquitetura para teatros e auditórios, estes devem possuir paredes espessas e pesadas ou isolamento especial, com consequente iluminação artificial, ventilação mecânica ou condicionamento de ar, para o conforto geral do ambiente. 2.4. CABINA ACÚSTICA PARA AVALIAÇÕES AUDIOLÓGICAS As cabinas acústicas usadas em exames audiométricos são utilizadas por fonoaudiólogos em clínicas, em hospitais ou em empresas, que necessitam de avaliações periódicas para consulta da saúde auditiva de seus trabalhadores. Se caracteriza por ser um cubículo fechado que tem o objetivo de isolar os sons externos do ambiente interno, reduzindo os ruídos para não haver interferência nos resultados dos exames. De acordo com as orientações dos conselhos de fonoaudiologia para o ambiente acústico na realização de testes audiológicos, propostas pelo CFFa em 2010, o ambiente onde pretende-se instalar o escritório e a cabine audiométrica devem ter os níveis de ruídos já dimensionados. Localizando-se em uma sala distante de corredores com muita movimentação e lugares barulhentos, evitando proximidade com janelas e portas, salas de máquinas como ar condicionado central, compressor de ar, casa de bombas e etc. Após a escolha do local, é necessário realizar a avaliação dos níveis de ruído para verificar se estão conforme os recomendados na ISO 8253-1 (International Organization for Standardization, Acoustics -- Audiometric test methods). E em seguida, deve ser feita a avaliação dos níveis de pressão sonora do ruído ambiente conforme a metodologia estipulada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, observando de acordo com a ISO 8253-1, que estes devem ser menores ou iguais a 18 dB para determinação de limiares tonais de via aérea e menores ou iguais a 4 dB para a via óssea. Desse modo, a cabina audiométrica é usada para promover o nível de isolamento suficiente determinados pela ISO 8253-1. A seguir, serão descritas instruções que devem ser atentadas no momento da instalação de uma cabina acústica, essas estão baseadas nas orientações oferecidas pelo CFFa. 17 De acordo com a Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Ministério da Saúde - a cabina audiométrica deve possuir dimensão mínima de 1,4 m² e a sala para comando do exame 4 m². O isolamento acústico proporcionado por ela dependerá dos materiais empregados em sua construção, da sua tecnologia de vedação, da montagem, entre outros. Assim, deve-se ter cuidado redobrado com as aberturas, – porta, visor, passagem de cabos e fios – por isso são recomendadas portas com trinco de pressão e visor com vidros duplos ou triplos. E para segurança dos clientes, as portas devem possuir dispositivos que permitam a abertura de dentro para fora. Os orifícios por onde passam cabos e fios devem ter atenção redobrada, devem ser isolados com o uso de materiais que realizem sua vedação. E o sistema de iluminação interna da cabina deve ser instalado de maneira que não produza ruídos. Os materiais internos e externos da cabina devem ser selecionados de maneira a elevar a absorção sonora, porém deve-se observar também a necessidadede limpeza e manutenção da mesma. Um aspecto a ser observado é a acessibilidade da cabina, para pessoas com necessidades físicas ou mobilidade reduzida, prestando atenção para a altura e a largura da porta, e também uma rampa de acesso caso necessário. Seguindo esta ideia, trago a proposta de uma cabina audimétrica (figura 3) que atende as necessidades anteriormente citadas. É uma alternativa proposta por Zambom et al. (2015) que afirmam: “embora o processo seja lento, futuramente todos os tipos de pessoas portadoras de deficiências receberão os equipamentos adequados de acordo com suas necessidades...”, que criaram uma disposição de uma cabina audiométrica para pessoas com necessidades especiais. 18 Figura 3. Figura 5 do artigo de Zambom et al. (2015), que traz a proposta de uma cabina acústica acessível, focando em suas necessidades de vedamento sonoro. 19 3. CONCLUSÃO Como tratado neste trabalho monográfico o ruído é um problema que acomete comumente qualquer indivíduo, podendo ter suas consequências agravadas pelo contato constante, ou seja, sua duração, e sua intensidade. Visto isso, inserem-se nesse contexto os distúrbios e problemas fonoaudiológicos causados por ele. Todos somos vítimas do ruído constantemente, surge a partir desse ponto a necessidade da reflexão acerca dos lugares que frequentamos, e se esses atendem as normas estipuladas tanto arquitetonicamente para as construções, como quando ao ar livre. Trazendo uma perspectiva individual da autora deste trabalho monográfico, delineando experiências cotidianas pelas quais passa, percebe o quanto necessita do silencia para concentrar-se nos estudos. E o quanto é afetada negativamente quando há ruídos externos como cortadores de grama, barulhos da estradas movimentadas, conversas e ruídos de vizinhos e etc. pois tem que parar e recomeçar constantemente suas atividades devido a desatenção que este fenômeno causa. Considerando também a fé desta autora, que sempre frequentou igrejas e templos, esta nota falhas constantes quanto à disposição das fontes sonoras nesses ambientes, e como o som acaba tendo uma reflexão e absorção inexata. Esse fato, que não ocorre apenas em igrejas e templos, prejudica o estabelecimento no local, podendo trazer aspectos fisiológicos e incômodos à orelha humana. Visto as alterações que o ruído pode causar, é muito importante que o fonoaudiólogo defenda a prevenção do ruído, e realize o tratamento dos distúrbios causados por ele. Mesmo nos ambientes em que não se pode isolar o ruído é necessária a afirmação por parte do fonoaudiólogo, da utilização de Equipamentos de Proteção Individual para a conservação auditiva. Este uso está regulamentado pelo Ministério do Trabalho, e determinado que a própria empresa deve fornecer esses equipamentos ao trabalhador, que podem ser internos de silicone, internos de espuma ou externos tipo concha (Simões, 2011). Além disso, devem ser fornecidas avaliações audiométricas periódicas para esses trabalhadores. Também compete ao fonoaudiólogo e ao arquiteto defender a existência de normas que visem assegurar o controle dos níveis de ruído. Sabendo que compete ao poder público municipal a elaboração de ações que visem assegurar que, individualmente, o nível de som ou ruído dos diversos agentes emissores esteja dentro dos limites legais, na 20 ausência de uma legislação municipal específica sobre ruído, devem ser observadas as Normas Técnicas Brasileiras. A existência dessas normas facilita o trabalho do arquiteto, tendo uma base legal para justificar suas ações e o uso de materiais diferentes em seu projeto. Desse modo, deve ser defendida e estimulada a criação de normas específicas para cada município, concentrando-se nas necessidades individuais de cada um. Percebe-se então que a física acústica é um tema que se aplica à várias ciências, como a construção civil, a arquitetura, as ciências da saúde e a própria física. E é necessário um enfoque mais preciso nesse tema, e a estimulação de pesquisas nessa área, seja para a qualidade dos edifícios e o tranquilo exercício de atividades, como para prevenir fatores fisiológicos que podem vir a surgir como consequência da exposição ao ruído. 21 4. REFERÊNCIAS: CARVALHO, R. P. Acústica Arquitetônica. Editora Thesaurus, Brasília, 2006. SIMÕES, F. M. Acústica Arquitetônica. Ed. Procel Edifica. Rio de Janeiro, agosto, 2011. DANUELLO, J. C. Estudo da produção científica dos docentes de pós-graduação em Fonoaudiologia, no Brasil, para uma análise do domínio. Marília, 2014. 163 f.: il. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/110389. Acesso em: 18 de abril de 2018. FREIRE, R. M. A. C. Sobre o objeto da Fonoaudiologia. Rev. CEFAC vol.14 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2012 Epub May 13, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200015 . Acesso em: 18 de abril de 2018. SILVA, P. Acústica Arquitetônica. 2a Ed. Belo Horizonte: Engenharia e Arquitetura, 1971. RUSSO, I. C. P. Acústica e Psicoacústica aplicadas à Fonoaudiologia. Ed. Lovise, 2° edição, 1999. MEDEIROS, L.B. Ruído: Efeitos Extra-auditivos no Corpo Humano. Monografia de conclusão do curso de especialização em audiologia clínica. Centro de especialização em fonoaudiologia clínica, audiologia clínica (CEFAC) – Porto Alegre, 1999. Disponível em: https://www.segurancaetrabalho.com.br/download/ruido-luana-medeiros.pdf Acesso em: 18 de abril de 2018. GONÇALVES, V. S. B.; SILVA, L. B.; COUTINHO, A. S. Ruído como agente comprometedor da inteligibilidade de fala dos professores. Produção, v. 19, n. 3, p. 466-476, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 65132009000300005&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 19 de abril de 2018. FERNANDES, J. C. 2006. Padronização Das Condições Acústicas Para Salas De Aula. Bauru, São Paulo, Brasil : S.N., 6 A 8 De Novembro De 2006. Xiii Simpep. Disponível em: http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/823.pdf Acesso em: 19 de abril de 2018. FERREIRA, L. F. Acústica de Ambientes e Salas de Aula. Monografia de conclusão de curso do Departamento de Física de Ji-Paraná da Universidade Federal de Rondônia. Ji- Paraná, Julho de 2010. Disponível em: http://www.fisicajp.unir.br/downloads/1992_tccleondas.pdf Acesso em 19 de abril de 2018. MULLER, K. G., FILHO, L. P. F., DINIZ, D. C. Manual técnico de arquitetura e engenharia: Orientação para elaboração de projetos de construção de centros de educação e infantil. PDE, FNDE, Ministério da Educação. Brasília, 2009. Disponível em: ftp://ftp.fnde.gov.br/web/pro_infancia/cartilha_proinfancia_projetos_proprios.pdf Acesso em: 21 de abril de 2018 https://repositorio.unesp.br/handle/11449/110389 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200015 https://www.segurancaetrabalho.com.br/download/ruido-luana-medeiros.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65132009000300005&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65132009000300005&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/823.pdf http://www.fisicajp.unir.br/downloads/1992_tccleondas.pdf ftp://ftp.fnde.gov.br/web/pro_infancia/cartilha_proinfancia_projetos_proprios.pdf 22 MARCO, C. J. S. Análise acústica de auditórios musicais depois de construídos. 2009. 115 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) -Universidade de Brasília, Brasília, 2009. BLESSER, B., SALTER, L. R. Spaces speak, are you listening?. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology, 2007 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária. Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002: dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/ resol/2002/50_02rdc.pdf Acesso em: 21 de abril de 2018. International Organization for Standardization. ISO 8253-1: 1989: Acoustics -- Audiometric test methods -- Part 1: Basic pure tone air and bone conduction threshold audiometry. Revised by ISO 8253-1:2010. Disponível em: https://www.iso.org/standard/15356.html Acesso em: 28 de abril de 2018. ZAMBON, S, A., BORTOLIN, A. R., FERNANDES, F. R. Design para acessibilidade: estudo e desenvolvimento de uma cabine de audiometria voltada aos paraplégicos e tetraplégicos. p. 1527-1538. In: Anais do 15º Ergodesign & Usihc. São Paulo: Blucher, 2015. Disponível em PDF: http://www.proceedings.blucher.com.br/article- details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de- audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104. Acesso em: 30 de abril de 2018. CFFa, Ambiente Acústico em Cabina/Sala de Teste: Orientações dos conselhos de fonoaudiologia para o ambiente acústico na realização de testes audiológicos. Março, 2010. Disponível em: https://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/avaliacao- audiologica/normas_ambiente_acustico.pdf Acesso em: 28 de abril de 2018. 5. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS Figura 1. Archaeological site of Dodona. Disponível em: http://epirustreasures.gr/?p=3571&lang=en. Acesso em: 28 abril 2018. Figura 2. Projeto arquitetônico do Arq. Mauro Marcon para um teatro em São Miguel do Iguaçú. Disponível em: https://acustica.arq.br/projetos/. Acesso em: 28 de abril de 2018. Figura 3. Imagem tirada do artigo “Design para acessibilidade: estudo e desenvolvimento de uma cabine de audiometria voltada aos paraplégicos e tetraplégicos” https://www.iso.org/standard/43601.html https://www.iso.org/standard/15356.html http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104 http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104 http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104 https://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/avaliacao-audiologica/normas_ambiente_acustico.pdf https://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/avaliacao-audiologica/normas_ambiente_acustico.pdf http://epirustreasures.gr/?p=3571&lang=en https://acustica.arq.br/projetos/ 23 de Zambom et al. 2015. Disponível em PDF: http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade- estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e- tetraplgicos-19104. Acesso em: 30 de abril de 2018. http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104 http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104 http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-para-acessibilidade-estudo-e-desenvolvimento-de-uma-cabine-de-audiometria-voltada-aos-paraplgicos-e-tetraplgicos-19104
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