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Histologia do sistema respiratório HISTOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Referência: Junqueira e Carneiro – Histologia Básica 12° Ed. 1. Epitélio Respiratório A maior parte da porção condutora é revestida por epitélio ciliado pseudoestratificado colunar com muitas células caliciformes, denominado epitélio respiratório. O epitélio respiratório típico consiste em cinco tipos celulares, identificáveis ao microscópio eletrônico. O tipo mais abundante é a célula colunar ciliada. Cada uma tem cerca de 300 cílios na sua superfície apical e, embaixo dos corpúsculos basais dos cílios, há numerosas mitocôndrias, que fornecem ATP para os batimentos ciliares. Em termos quantitativos, vêm em segundo lugar as células caliciformes, secretoras de muco. A parte apical dessas células contém numerosas gotículas de muco composto de glicoproteínas. As demais células colunares são conhecidas como células em escova (brus/J cells), em virtude dos numerosos microvilos existentes em suas superfícies apicais. Na base das células em escova há terminações nervosas aferentes, e essas células são consideradas receptores sensoriais. Existem ainda as células basais, que são pequenas e arredondadas, também apoiadas na lâmina basal, mas que não se estendem até a superfície livre do epitélio. Essas células são células-tronco (stem cells) que se multiplicam continuamente, por mitose, e originam os demais tipos celulares do epitélio respiratório. Finalmente, encontra-se a célula granular, que parece a célula basal, mas contém numerosos grânulos com diâmetro de 100 a 300 nm, os quais apresentam a parte central mais densa aos elétrons. Estudos histoquímicos mostraram que as células granulares pertencem ao sistema neuroendócrino difuso. Todas as células do epitélio pseudoestratificado colunar ciliado apoiam-se na lâmina basal. ➔ Fossas nasais São revestidas por mucosa com diferentes estruturas, segundo a região considerada. Distinguem -se nas fossas nasais três regiões: o vestíbulo, a área respiratória e a área olfatória. ➔ Fossas nasais e área respiratória O vestíbulo é a porção mais anterior e dilatada das fossas nasais; sua mucosa é continuação da pele do nariz, porém o epitélio estratificado pavimentoso da pele logo perde sua camada de queratina e o tecido conjuntivo da derme dá origem à lâmina própria da mucosa. Os pelos curtos (vibrissas) e a secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas existentes no vestíbulo constituem uma barreira à penetração de partículas grosseiras nas vias respiratórias. A área respiratória compreende a maior parte das fossas nasais. A mucosa dessa região é recoberta por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, com muitas células caliciformes (epitélio respiratório, já descrito). Nesse local a lâmina própria contém glândulas mistas (serosas e mucosas), cuja secreção é lançada na superfície do epitélio. O muco produzido pelas glândulas mistas e pelas células caliciformes prende microrganismos e partículas inertes, sendo deslocado ao longo da superfície epitelial em direção à faringe, fgtspelo batimento ciliar. Esse deslocamento do muco protetor, na direção do exterior, é importante para proteger o aparelho respiratório. A superfície da parede lateral de cada cavidade nasal apresenta-se irregular, em razão da existência de três expansões ósseas chamadas conchas ou cornetos. Nos cornetos inferior e médio, a lâmina própria contém um abundante plexo venoso. Ao passar pelas fossas nasais, o ar é aquecido, filtrado e umedecido, atribuindo-se ao plexo venoso função importante nesse aquecimento. ➔ Área olfatória A área olfatória é uma região situada na parte superior das fossas nasais, sendo responsável pela sensibilidade olfatória. Essa área é revestida pelo epitélio olfatório, que contém os quimiorreceptores da olfação. O epitélio olfatório é um neuroepitélio colunar pseudoestratificado, formado por três tipos celulares. Histologia do sistema respiratório As células de sustentação são prismáticas, largas no seu ápice e mais estreitas na sua base; apresentam, na sua superfície, microvilos que se projetam para dentro da camada de muco que cobre o epitélio. Essas células têm um pigmento acastanhado que é responsável pela cor amarelo- castanha da mucosa olfatória. As células basais são pequenas, arredondadas, e situam-se na região basal do epitélio, entre as células olfatórias e as de sustentação; são as células-tronco (stem cells) do epitélio olfatório. As células olfatórias são neurônios bipolares que se distinguem das células de sustentação porque seus núcleos se localizam em uma posição mais inferior. Suas extremidades (dendritos) apresentam dilatações elevadas, de onde partem 6 a 8 cílios, sem mobilidade, que são quimiorreceptores excitáveis pelas substâncias odoríferas. A existência dos cílios amplia enormemente a superfície receptora. Os axônios que nascem nas porções basais desses neurônios sensoriais reúnem –se em pequenos feixes, dirigindo-se para o s istema nervoso central. Na lâmina própria dessa mucosa, além d e abundantes vasos e nervos, observam-se glândulas ramificadas túbulo acinosas alveolares, as glândulas de Bowman (serosas). Os duetos dessas glândulas levam a secreção para a superfície epitelial, criando uma corrente líquida contínua, que limpa os cílios das células olfatórias, facilitando o acesso de novas substâncias odoríferas. ➔ Seios paranasais São cavidades nos ossos frontal, maxilar, etmoide e esfenoide revestidas por epitélio do tipo respiratório, que se apresenta baixo e com poucas células caliciformes. A lâmina própria contém apenas algumas glândulas pequenas e é contínua com o periósteo adjacente. Os seios paranasais se comunicam com as fossas nasais por meio de pequenos orifkios. O muco produzido nessas cavidades é drenado para as fossas nasais pela atividade das células epiteliais ciliadas. ➔ Nasofaringe É a primeira parte da faringe, continuando caudalmente com a orofaringe, porção oral desse órgão. A nasofaringe, que é separada incompletamente da orofaringe pelo palato mole, é revestida por epitélio tipo respiratório. Na orofaringe o epitélio é estratificado pavirnentoso. ➔ Laringe É um tubo de forma irregular que une a faringe à traqueia. Suas paredes contêm peças cartilaginosas irregulares, unidas entre si por tecido conjuntivo fibroelástico. As cartilagens mantêm o lúmen da laringe sempre aberto, garantindo a livre passagem do ar. As peças cartilaginosas maiores (tireoide, cricoide e a maior parte das aritenoides) são do tipo hialino: as demais são do tipo elástico. A epiglote é um prolongamento que se estende da laringe na direção da faringe, apresentando urna face dorsal e uma face ventral. A mucosa forma dois pares de pregas que provocam saliência no lúmen da laringe. O primeiro par, superior, constitui as falsas cordas vocais (ou pregas vestibulares); a lâmina própria dessa região é frouxa e contém numerosas glândulas. O segundo par, inferior, constitui as cordas vocais verdadeiras, que apresentam um eixo de tecido conjuntivo muito elástico, ao qual se seguem, externamente, os músculos intrínsecos da laringe. Quando o ar passa através da laringe, esses músculos podem contrair-se, modificando a abertura das cordas vocais e condicionando a produção de sons com diferentes tonalidades. O revestimento epitelial não é uniforme ao longo de toda a laringe. Na face ventral e parte da face dorsal da epiglote, bem como nas cordas vocais verdadeiras, o epitélio está sujeito a atritos e desgaste, sendo, portanto, do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. Nas demais regiões é do tipo respiratório, com cílios que vibram em direção à Histologia do sistema respiratório faringe. A lâmina própria é rica em fibras elásticas e contém pequenasglândulas mistas (serosas e mucosas). Essas glândulas não são encontradas nas cordas vocais verdadeiras. ➔ Traqueia A traqueia é uma continuação da laringe e termina ramificando-se nos dois brônquios extrapulmonares. e um tubo revestido internamente por epitélio do tipo respiratório. A lâmina própria é de tecido conjuntivo frouxo, rico em fibras elásticas. Contém glândulas seromucosas, cujos duetos se abrem no lúmen traqueal. A secreção, tanto das glândulas como das células caliciformes, forma um tubo viscoso continuo, que é levado em direção à faringe pelos batimentos ciliares, para remover partículas de pó que entram com o ar inspirado. Além da barreira de muco, as vias respiratórias apresentam outro sistema de defesa contra o meio externo, representado pela barreira linfocitária de função imunitária, a qual compreende tanto linfócitos isolados como acúmulos linfocitários ricos em plasmócitos (nódulos linfáticos e linfonodos), distribuídos ao longo da porção condutora do aparelho respiratório. A traqueia apresenta um número variável (16 a 20) de cartilagens hialinas, em forma de C, cujas extremidades livres estão voltadas para o lado posterior. Ligamentos fibroelásticos e feixes de músculo liso prendem-se ao pericôndrio e unem as porções abertas das peças cartilaginosas em forma de C. Os ligamentos impedem a excessiva distensão do lúmen, e os feixes musculares possibilitam sua regulação. A contração do músculo causa redução do lúmen traqueal, participando do reflexo da tosse. O estreitamento do lúmen pela contração muscular aumenta a velocidade do ar expirado, e isso toma mais fácil expulsar, pela tosse, a secreção acumulada na traqueia e os corpos estranhos que possam ter penetrado. A traqueia é revestida externamente por um tecido conjuntivo frouxo, constituindo a camada adventícia, que liga o órgão aos tecidos adjacentes. ➔ Árvore brônquica A traqueia ramifica-se originando dois brônquios que, após curto trajeto, entram nos pulmões através do hilo. Esses brônquios são chamados de primários. Pelo hilo também entram artérias e saem vasos linfáticos e veias. Todas essas estruturas são revestidas por tecido conjuntivo denso, sendo o conjunto conhecido por raiz do pulmão. Os brônquios primários, ao penetrarem os pulmões, dirigem-se para baixo e para fora, dando origem a três brônquios no pulmão direito e dois no esquerdo. Cada brônquio supre um lobo pulmonar. Esses brônquios lo bares dividem-se repetidas vezes, originando brônquios cada vez menores, sendo os últimos ramos chamados de bronquíolos. Cada bronquíolo penetra um lóbulo pulmonar, no qual se ramifica, formando de cinco a sete bronquíolos terminais. Os lóbulos têm forma piramidal, com o ápice voltado para o hilo e a base dirigida para a superfície pulmonar. Sua delimitação é dada por delgados septos conjuntivos, de fácil visualização no feto. No adulto, esses septos são incompletos, sendo os lóbulos, então, mal delimitados; é exceção a região próxima à pleura, onde há grande deposição de partículas de carvão nos macrófagos dos septos interlobulares. Cada bronquíolo terminal origina um ou mais bronquíolos respiratórios, os quais marcam a transição para a porção respiratória, a qual, por sua vez, compreende os duetos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos. Os brônquios primários, na sua porção extrapulmonar, têm a mesma estrutura observada na traqueia. À medida que se caminha para a porção respiratória, observa-se simplificação na estrutura desse sistema de condutos, bem como diminuição da altura do epitélio. Deve-se ressaltar, entretanto, que essa simplificação é gradual, não havendo transição brusca. Dessa maneira, a divisão da árvore brônquica em diferentes segmentos é, até certo ponto, artificial, mas tem valor didático. Histologia do sistema respiratório ➔ Brônquios Nos ramos maiores, a mucosa é idêntica à da traqueia, enquanto nos ramos menores o epitélio pode ser cilíndrico simples ciliado. A lâmina própria é rica em fibras elásticas. Segue-se à mucosa uma camada muscular lisa, formada por feixes musculares dispostos em espiral que circundam completamente o brônquio. Em corte histológico, essa camada muscular aparece descontínua, a contração desse músculo, após a morte, é responsável pelas dobras características da mucosa brônquica, observadas em um corte histológico. Externamente a essa camada muscular existem glândulas seromucosas, cujos duetos se abrem no lúmen brônquico. As peças cartilaginosas são envolvidas por tecido conjuntivo rico em fibras elásticas. Essa capa conjuntiva, frequentemente denominada camada adventícia, continua com as fibras conjuntivas do tecido pulmonar adjacente. Tanto na adventícia como na mucosa são frequentes os acúmulos de linfócitos. Particularmente nos pontos de ramificação da árvore brônquica, é comum a existência de nódulos linfáticos ➔ Bronquíolos Os bronquíolos são segmentos intralobulares, tendo diâmetro de l mm ou menos: não apresentam cartilagem, glândulas ou nódulos linfáticos. O epitélio, nas porções iniciais, é cilíndrico simples ciliado, passando a cúbico simples, ciliado ou não, na porção final. As células caliciformes diminuem em número, podendo mesmo faltar completamente. O epitélio dos bronquíolos apresenta regiões especializadas denominadas corpos neuroepiteliais. Cada corpo neuroepitelial é constituído por 80 a 100 células que contêm grânulos de secreção e recebem terminações nervosas colinérgicas. Provavelmente, trata-se de quimiorreceptores que reagem às alterações na com posição dos gases que penetram o pulmão. Admite-se que sua secreção tem ação local A lâmina própria dos bronquíolos é delgada e rica em fibras elásticas. Segue- se à mucosa uma camada muscular lisa cujas células se entrelaçam com as fibras elásticas, as quais se estendem para fora, continuando com a estrutura esponjosa do parênquima pulmonar. Quando se compara a espessura das paredes dos brônquios com a d os bronquíolos, nota -se que a musculatura bronquiolar é relativamente mais desenvolvida que a brônquica. As crises asmáticas são causadas principalmente pela contração da musculatura bronquiolar, com peque na participação da musculatura dos brônquios. ➔ Bronquíolos terminais Denominam-se bronquíolos terminais as últimas porções da árvore brônquica. Têm estrutura semelhante à dos bronquíolos, tendo, porém, parede mais delgada, revestida internamente por epitélio colunar baixo ou cúbico, com células ciliadas e não ciliadas. Os bronquíolos terminais têm ainda as células de Clara não ciliadas, que apresentam grânulos secretores em suas porções apicais. As células de Clara secretam proteínas que protegem o revestimento bronquiolar contra determinados poluentes do ar inspirado e contra inflamações. ➔ Bronquíolos Respiratórios Cada bronquíolo terminal se subdivide em dois ou mais bronquíolos respiratórios que constituem a transição entre a porção condutora e a respiratória. O bronquíolo respiratório é um tubo curto, às vezes ramificado, com estrutura semelhante à do bronquíolo terminal, exceto pela existência de numerosas expansões saculiformes constituídas por alvéolos, onde ocorrem trocas de gases. As porções dos bronquíolos respiratórios não ocupadas pelos alvéolos são revestidas por epitélio simples que varia de colunar baixo a cuboide, podendo ainda apresentar cílios na porção inicial. Esse epitélio simples contém também células de Clara. O músculo liso e as fibras elásticas formam uma camada mais delgada do que a do bronquíolo terminal. ➔ Duetos alveolares Histologia do sistema respiratório À medida que a árvore respiratória se prolonga no parênquima pulmonar, aumenta o número de alvéolos que se abrem no bronquíolo respiratório, até que a parede passa a serconstituída apenas de alvéolos, e o tubo passa a ser chamado de dueto alveolar. Tanto os duetos alveolares como os alvéolos são revestidos por epitélio simples plano cujas células são extremamente delgadas. Nas bordas dos alvéolos, a lâmina própria apresenta feixes de músculo liso. Nos cortes histológicos, esses acúmulos de músculo liso são vistos muito facilmente entre alvéolos adjacentes. Os duetos alveolares mais distais não apresentam músculo liso. Uma matriz rica em fibras elásticas e contendo também fibras reticulares constitui o suporte para os duetos e alvéolos. Funcionalmente, as fibras elásticas são importantes, porque se distendem durante a inspiração e se contraem passivamente na expiração. As fibras reticulares servem de suporte para os delicados capilares sanguíneos interalveolares e para a parede dos alvéolos, impedindo a distensão excessiva dessas estruturas e eventuais lesões. ➔ Alvéolos O dueto alveolar termina em um alvéolo único ou em sacos alveolares constituídos por diversos alvéolos. Os alvéolos são estruturas encontradas nos sacos alveolares, duetos alveolares e bronquíolos respiratórios; constin1em as últimas porções da árvore brônquica, sendo os responsáveis pela estrutura esponjosa do parênquima pulmonar. São pequenas bolsas semelhantes aos favos de colmeia, abertas de um lado, cujas paredes são constituídas por uma camada epitelial fina que se apoia em wn tecido conjuntivo delicado, no qual há uma rica rede de capilares sanguíneos. Essa parede alveolar é comum a dois alvéolos adjacentes, constituindo, portanto, uma parede ou septo interalveolar. O septo interalveolar consiste em duas camadas de pneumócitos (principalmente tipo 1) separadas pelo interstício de tecido conjuntivo com fibras reticulares e elásticas, substância fundamental e células do conjuntivo, e a rede de capilares sangulneos. O septo interalveolar contém a rede capilar mais rica do organismo. O ar alveolar é separado do sangue capilar por quatro estruturas, que são o citoplasma do pneumócito tipo I, a lâmina basal dessa célula, a lâmina basal do capilar e o citoplasma da célula epiteliais. A espessura total dessas quatro estruturas é de 0, 1 a 1,5 μ.m. Geralmente, as duas lâminas basais se fundem, formando uma membrana basal única O oxigênio do ar alveolar passa para o sangue capilar através das membranas citadas; o C02 difunde- se em direção contrária. A liberação do C02 a partir de H2C03 é catalisada pela enzima anidrase carbônica existente nas hemácias. A parede interalveolar é formada por três tipos celulares principais: células endoteliais dos capilares, pneumócitos tipo I e pneumócitos tipo II. As células endoteliais dos capilares são as mais numerosas e têm o núcleo mais alongado que o dos pneumócitos. O endotélio é do tipo contínuo, não fenestrado. O pneumócito tipo I, também chamado de célula alveolar pavimentosa, tem núcleo achatado, fazendo uma ligeira saliência para o interior do alvéolo. Em razão da extensão do citoplasma, os núcleos estão muito separados uns dos outros. O citoplasma é muito delgado, exceto na região perinuclear, e apresenta desmossomos, ligando células adjacentes. Em muitas regiões o citoplasma dos pneumócitos tipo I é tão delgado que somente com o microscópio eletrônico foi possível a certeza de que eles formam uma camada contínua. Além dos desmossomos, os pneumócitos tipo I apresentam zônulas de oclusão junções oclusivas), que impedem a passagem de fluidos do espaço tecidual (interstício) para o interior dos alvéolos. A principal função dos pneumócitos tipo I é constituir uma barreira de espessura mínima para possibilitar as trocas de gases e ao mesmo tempo impedir a passagem de líquido. Os pneumócitos tipo II, também chamados de células septais, localizam-se entre os pneumócitos tipo l, com os quais formam desmossomos e junções mútivas. Os pneumócitos tipo II são células arredondadas que ficam sempre sobre a membrana basal do epitélio alveolar, como parte desse epitélio. Histologia do sistema respiratório Aparecem de preferência em grupos de duas ou três células, nos pontos em que as paredes alveolares se tocam. O núcleo é maior e mais vesicular, em relação às demais células da parede interalveolar. O citoplasma não se adelgaça e, na microscopia óptica, aparece vacuolizado. Essas células apresentam retículo endoplasmático granuloso desenvolvido e microvilos na sua superfície livre. Sua principal característica são os corpos multilamelares de l a 2 μ,m de diâmetro, elétron densos, que são os responsáveis pelo aspecto vesicular do citoplasma à microscopia óptica. Os corpos multilamelares contêm fosfolipídios, proteínas, glicosaminoglicanos, e são continuamente sintetizados eliberados pela porção apical dos pneumócitos tipo II. Os corpos lamelares originam o material que se espalha sobre a superfície dos alvéolos. Esse material forma uma camada extracelular nos alvéolos, denominada surfactante pulmonar. A camada surfactante consiste em uma hipófase aquosa e proteica, coberta por uma camada monomolecular de fosfolipídios, composta principalmente de dipalmitoilfosfatidilcolina e fosfatidilglicerol. O surfactante exerce diver-sas funções importantes, porém a mais evidente é reduzir a tensão superficial dos alvéolos, o que reduz também a força necessária para a inspiração, facilitando a respiração. Além disso, sem o surfactante os alvéolos tenderiam a entrar em colapso durante a expiração. A camada surfactante não é estática; ao contrário, ela é renovada constantemente. As moléculas de lipoproteínassão continuamente removidas pelos dois tipos de pneumócitos (I e II) por pinocitose e pelos macrófagos alveolares. O fluido alveolar é removido para a porção condutora pelo movimento ciliar, que cria uma corrente de líquido. Este líquido se mistura com o muco dos brônquios, formando o líquido broncoalveolar, que auxilia a remoção de partículas e substâncias prejudiciais que possam penetrar com o ar inspirado. O líquido broncoalveolar contém diversas enzimas, como lisozima, colagenase e betaglicuronidase, provavelmente produzidas pelos macrófagos alveolares. Em fetos, essa película surfatante lipoproteica aparece nas últimas semanas da gestação, na mesma ocasião em que aparecem os corpos multilamelares nos pneumócitos tipo II. ➔ Poros alveolares O septo interalveolar contém poros de 10 a 15 μm de diâmetro, comunicando dois alvéolos adjacentes. Esses poros equalizam a pressão do ar nos alvéolos e possibilitam a circulação colateral do ar, quando um bronquíolo é obstruído. • Macrófagos alveolares Os macrófagos alveolares, também chamados de células de poeira, são encontrados no interior dos septos interalveolares e na superfície dos alvéolos. Os macrófagos alveolares localizados na camada surfactante que limpam a superfície do epitélio alveolar são transportados para a faringe, de onde são deglutidos. Os numerosos macrófagos carregados de partículas de carbono ou de poeira, encontrados no tecido conjuntivo, em volta dos vasos sanguíneos e no conjuntivo da pleura, provavelmente não são macrófagos alveolares que migraram através do epitélio alveolar. O material fagocitado que aparece no citoplasma desses macrófagos passou dos alvéolos para o interstício dos septos alveolares pela atividade pinocitótica dos pneumócitos tipo I. ➔ Vasos sanguíneos dos pulmões A circulação sanguínea do pulmão compreende vasos nutridores (sistêmicos) e vasos funcionais (vasos pulmonares). A circulação funcional é representada pelas artérias e veias pulmonares. As artérias pulmonares são do tipo elástico, de paredes delgadas, porque nelas é baixa a pressão sanguínea. Essas artérias transportam sangue venoso para ser oxigenado nos alvéolos pulmonares. Dentro do pulmão, as artériaspulmonares se ramificam, acompanhando a árvore brônquica; os ramos arteriais são envolvidos pela adventícia dos brônquios e bronquíolos. Histologia do sistema respiratório Na altura dos duetos alveolares os ramos arteriais originam a rede capilar dos septos in ter alveolares. Essa rede capilar entra em contato direto com o epitélio alveolar. O pulmão apresenta a rede capilar mais desenvolvida de todo o organismo. Da rede capilar originam-se vênulas que correm isoladas pelo parênquima pulmonar, afastadas dos duetos condutores de ar. e penetram os septos interlobulares. Após saírem dos lóbulos, as veias contendo sangue oxigenado (arterial) acompanham a árvore brônquica, dirigindo- se para o hilo. Os vasos nutridores compreendem as artérias e as veias brônquicas, que levam sangue com nutrientes e oxigênio para todo o parênquima pulmonar. Os ramos da artéria brônquica acompanham a árvore brônquica até os bronquíolos respiratórios, onde se anastomosam com pequenos ramos da artéria pulmonar. ➔ Vasos linfáticos dos pulmões Distribuem -se acompanhando os brônquios e os vasos pulmonares; são encontrados também nos septos interlobulares. Dirigindo-se todos eles para os linfonodos da região do hilo. Essa rede linfática é chamada de rede profunda, para ser distinguida da rede superficial, que compreende os linfáticos existentes na pleura visceral. Os vasos linfáticos da rede superficial ou acompanham a pleura em toda a sua extensão ou podem penetrar o parênquima pulmonar através dos septos interlobulares, dirigindo- se também para os linfonodos do hilo pulmonar. Nas porções terminais da árvore brônquica e nos alvéolos não existem vasos linfáticos. ➔ Pleura Pleura é a serosa que envolve o pulmão, sendo formada por dois folhetos, o parietal e o visceral, que são contínuos na região do hilo do pulmão. Ambos os folhetos são formados por mesotélio e uma fina camada de tecido conjuntivo, que contém fibras colágenas e elásticas. As fibras elásticas do folheto visceral se continuam com as do parênquima pulmonar. Os dois folhetos delimitam, para cada pulmão, uma cavidade independente e inteiramente revestida pelo mesotélio. Em condições normais, essa cavidade pleural é virtual, contendo apenas uma película de líquido que age como lubrificante, tornando possível o deslizamento suave dos dois folhetos durante os movimentos respiratórios e impossibilitando o atrito entre o mesotélio visceral e o parietal. A pleura, assim como o revestimento de outras cavidades serosas (peritônio e pericárdio), é uma estrutura de grande permeabilidade, o que explica a frequência de acúmulo de líquidos entre os dois folhetos pleurais (derrame pleural). Esse líquido deriva do plasma sanguíneo por transudação através da parede dos capilares, provocada por processos patológicos. Em contrapartida, em determinadas condições, líquidos ou gases contidos na cavidade da pleura são rapidamente absorvidos.
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