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- Lesões decorrentes de desaceleração brusca geram movimentos em sentido opostos de vísceras -> Quedas de alturas significativas, batidas de carro, acidentes com moto, bicicletas, ejeção da vítima do carro TRAUMA PENETRANTE - Causado quando há corte e laceração da pele e tecidos subjacentes - Ferimentos por arma branca e PAF são os principais exemplos - Órgãos mais atingidos > Lesão por arma branca: Fígado (40%); intestino delgado (30%), diafragma (20%) e cólon (15%) > Lesão por PAF: Intestino delgado (50%), cólon (40%), fígado (30%) e vasos abdominais (25%) - Explosões podem causar traumas por diferentes mecanismos -> Fragmentos, lesões contusas, ... - Abdome é limitado superiormente pela região inferior do tórax; anteriormente pelos arcos costais; lateralmente, pelas linhas axilares anteriores; e inferiormente, pelos ligamentos inguinais e sínfise púbica - A maioria das vísceras ocas podem ser atingidas diante de um trauma na região abdominal anterior - Transição toracoabdominal: se localiza abaixo da linha transmamilar (anteriormente), linha infraescapular (posteriormente) e arcos costais (superiormente) -> Inclui fígado, baço, diafragma e estômago - Flanco: localiza-se entre as linhas axilares anterior e posterior; inferiormente ao 6º EIC e superiormente à crista ilíaca - Dorso: localizado entre as linhas axilares posteriores; limitado inferiormente pela crista ilíaca e superiormente pelas pontas das escápulas - Flanco e dorso possuem musculatura mais forte, atuando como proteção contra as lesões - Flanco e dorso contém os órgãos retroperitoneais - Cavidade pélvica: limitada pelos ossos pélvicos -> Bexiga, reto, vasos ilíacos e órgãos do trato genital superior (mulheres) Trauma abdominalTrauma abdominal - É o traumatismo causado diretamente na região abdominal ou que repercute em lesões de estruturas abdominais - Compreensão facilita a identificação e o tratamento das lesões TRAUMA FECHADO - Não há penetração ou abertura da parte do corpo envolvida no trauma -Pode causar esmagamento ou compressão de vísceras abdominais e pélvicas - Órgãos mais acometidos: > Baço (40 -55%); fígado (35 - 45%) e intestino delgado (5 - 10%) - Cisalhamento: tipo de esmagamento causado quando um dispositivo de segurança é usado inadequadamente -> Estiramento de estruturas orgânicas - História e EF dão as pistas para o diagnóstico HISTÓRIA - Deve incluir relatos que ajudem a identificar o mecanismo do trauma - Acidentes de trânsito -> Velocidade, forma da colisão dos veículos envolvidos, intrusão de pacientes do veículo no compartimento dos passageiros, dispositivos de contenção, acionamento de airbags, posição do doente no veículo e suas condições - Trauma penetrante -> Distância entre a vítima e o agressor, tipo de arma, tempo decorrido, número de facadas ou tiros, quantidade de sangue perdida - Explosão -> A distância prediz a intensidade do dano causado EXAME FÍSICO - O exame abdominal deve ser minucioso e bastante detalhado -> Inspeção, ausculta, percussão e palpação - Analisar a pelve -> Estabilidade pélvica, uretra, períneo, reto, vagina - Inspeção: paciente totalmente despido > Tronco e períneo em busca de abrasões causados por dispositivos de contenção > Buscar por lecerações, feridas penetrantes, corpos estranhos, eviscerações e se há evidência de gravidez > Flanco, períneo e escroto devem ser examinados à procura de sangue no meato uretral, edemas, hematomas ou lacerações - Cobrir o paciente para evitar hipotermia - Ausculta: buscar por RHA -> Podem estar ausentes quando há sangue Anatomia Mecanismo do trauma Avaliação do paciente ou conteúdo GI livrem em cavidade - Percussão e palpação: > A percussão pode demonstrar sinais de irritação peritoneal > Se houver sinal de irritação peritoneal, nenhuma outra manobra para identificação de irritação deve ser executada > Palpação ajuda a diferenciar dor superficial de profunda; pode identificar a presença de útero gravídico e estimar a IG - Avaliação da estabilidade pélvica > Instabilidade deve ser considerada em caso de vítimas com fratura pélvica e hipotensão, se não houver outra fonte de sangramento explicável > Achados do EF que indicam fratura pélvica -> Evidência de ruptura da uretra, discrepância entre o comprimento dos MMII, deformidade rotacional da perna sem fratura óssea > Não realizar manobras em caso de hipotensão, choque ou fratura exposta óbvia > Manobra de distração e compressão - Exame da uretra, do períneo e do reto: sangue no meato uretral, equimose ou hematoma de escroto e períneo sugerem lesão na uretra > Trauma fechado -> Avaliação do tônus esfincteriano e integridade da mucosa retal, localização da próstata, identificação de fratura nos ossos pélvicos - Exame vaginal: só deve ser realizado na suspeita de lesão - Exame dos glúteos: se estende das cristas ilíacas às pregas glúteas > Lesões penetrantes se associam com lesões intra-abdominais MEDIDAS AUXILIARES NO EXAME FÍSICO - Sondas gástricas e urinárias: > Sondagem vesical alivia a retenção urinária, auxilia na descompressão da bexiga para realizar o LPD e é usada para monitorar o débito urinário - Hematúria macroscópica -> Trauma no trato urinário ou genital e de órgãos abdominais não renais - Ausência de hematúria não descarta a presença de lesão > Sondagem gástrica: evitar nasogástrica em pacientes com fratura na porção média da face EXAMES COMPLEMENTARES - FAST: um dos exames diagnósticos mais rápidos para identificar hemorragia > Detecta-se a presença de hemoperitônio > Rápido, não invasivo e barato, além de poder ser repetido > Pode ser realizado em pacientes instáveis > Imagens em 4 janelas -> Saco pericardial, espaço hepatorrenal, espaço esplenorrenal, pelve + fundo de saco > Obesidade, presença de enfisema subcutâneo e cirurgias abdominais prévias dificultam a visualização - Lavado peritoneal diagnóstico (LPD): é rápido para identificar hemorragia > Invasivo > Alta sensibilidade para identificação de sangue intraperitoneal > Indicações: Pacientes com instabilidade hemodinâmica e trauma fechado; também pode ser indicado em pacientes hemodinamicamente estáveis com trauma fechado quando TC e FAST não estiverem disponíveis > Contraindicações relativas: cirurgias abdominais prévias, obesidade mórbida, cirrose avançada e coagulopatia pré- existente > Fácil aspiração de sangue, conteúdo GI, fibras vegetais ou bile em pacientes hemodinamicamente instáveis indica laparotomia > Se não houver grande quantidade de sangue ou conteúdo GI aspirados, faz-se uma lavagem com 1000 mL de solução cristaloide -> Colhe-se o líquido e envia-se para análise > Teste positivo se: > 100.000 hmácial/mm3; > 500 leucócitos/mm3 ou detecção de bactérias por Gram - Pacientes hemodinamicamente estáveis requerem exames complementares na presença de -> Alteração do sensório, mudança na sensibilidade, lesão de estruturas adjacentes, exame físico duvidoso, previsão de perda prolongada de contato com o paciente - Radiografias para trauma abdominal > Rx AP do tórax -> Em todo doente com trauma fechado multissistêmico > Casos hemodinamicamente instáveis com trauma penetrante não necessitam de triagem radiográfica na sala de emergência > Pacientes hemodinamicamente estáveis com trauma penetrante acima da cicatriz umbilical ou lesão toracoabdominal suspeita -> RX de tórax pode ajudar a descartar hemotórax, pneumotórax ou pneumoperitônio > Rx AP pélvico -> Pode esclarecer a origem de perda de sangue em doentes instáveis e naqueles com dor pélvica - Tomografia computadorizada: > Paciente estável e sem indicação de laparotomia de urgência > Evidencia lesões de órgãos específicos e sua extensão, detecta lesões de órgãos retroperitoneais e pélvicos > Contraindicações relativas: demora para obter tomógrafo, doente pouco colaborativo e que não pode ser sedado com segurança, alérgicos ao contraste iodado - Exames contrastados: > Uretrografia -> Realizada antes de inserir sonda vesical em pacientes com suspeita de ruptura uretral > Se o paciente for de alto risco para a lesão, deve-sefazer -> RX contrastado do tubo digestivo alto ou TC com duplo contraste - Lesões pancreáticas: > Resultam de golpe direto no epigástrio > Amilase sérica seriada que aumenta progressivamente deve gerar investigação adicional > TC de duplo contraste pode não identificar a lesão inicialmente, devendo ser repetida posteriormente se houver suspeita de lesão pancreática - Lesões geniturinárias: > Avaliação do trauma urinário com TC deve ser realizada em casos de trauma no dorso ou flancos que cursem com equimose ou hematoma e em casos de hematúria em doentes com: trauma penetrante, trauma fechado com episódio de hipotensão e lesões intra-abdominais associadas em paciente com trauma fechado - Lesão de vísceras ocas: > Lesões contusas de intestino -> Desaceleração brusca -> Suspeitar quando: hematomas ou equimoses lineares ou transversos ou fratura lombar com desvio detectada na radiografia - Lesões de órgãos sólidos: > Lesões no fígado, rins e baço que cursem com choque, instabilidade hemodinâmica ou evidência de hemorragia ativa indicam laparotomia de urgência > Se o paciente estiver hemodinamicamente bem, pode ser tratado clinicamente - Fraturas pélvicas e lesões associadas: > Fraturas pélvicas acompanhadas de hemorragia sugerem ruptura dos ligamentos ósseos posteriores por fratura e/ou luxação sacral > Ruptura do anel pélvico pode romper o plexo venoso pélvico e ramos da ilíaca interna > Fraturas -> Quatro padrões de força -> Compressão anteroposterior, compressão lateral, cisalhamento vertical ou combinação desses > Tratamento da fratura pélvica grave com hemorragia -> Controle da hemorragia e reanimação com líquidos > Cistografia -> Avaliação de ruptura de bexiga intra ou extra- peritoneal Avaliação do trauma abdominal - Indicações de laparotomia: > Trauma abdominal fechado com hipotensão e FAST positivo, ou evidência clínica de hemorragia intraperitoneal > Trauma abdominal fechado ou penetrante com LPD positivo > Hipotensão associada a ferimento abdominal penetrante > Ferimentos por PAF que atravessam a cavidade peritoneal ou o compartimento visceral/vascular do retroperitônio > Evisceração > Hemorragia do estômago, reto ou trato geniturinário por ferimento penetrante > Peritonite > Ar livre, ar peritoneal ou ruptura do hemidiafragma > TC com contraste evidenciando lesão do TGI, lesão intraperitoneal da bexiga, lesão do pedículo renal ou lesão parenquimatosa grave após trauma contuso ou penetrante - Caso o paciente não se encaixe nos critérios de laparotomia, as opções incluem exame físico seriado e LPD (ferimento toracoabdominal e da parede anterior - Em ferimentos em flanco e dorso, TC com duplo ou triplo contraste é útil Diagnósticos específicos - Lesões diafragmáticas: > Hemidiafragma esquerdo é mais comumente atingido, principalmente a região posterolateral > Suspeitar quando -> Ferimento toracoabdominal > Anormalidades do RX inicial -> Elevação ou borramento do hemidiafragma, hemotórax, apagamento da imagem do diafragma por substância gasosa ou presença de sombra gástrica no tórax - Lesões duodenais: > Ruptura duodenal é encontrada em pacientes sem cinto de segurança que sofreram lesão frontal ou golpe direto no abdome
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