Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA APLICADA terça-feira, 2 de março de 2021 TRATAMENTO DE ASMA, DPOC E TOSSE ASMA Menina, 13 anos, com queixa de crises de tosse e chiado desde 3 anos de idade. As crises duram em torno de 5 dias. Geralmente procura o Pronto Socorro, onde recebe de 2 a 3 inalações com brometo de ipratrópio (250 mcg/dose) e bromidato de fenoterol (0,1 mg/kg/dose), com melhora. Mãe relata de 2 a 3 crises semelhantes por ano, especialmente entre maio e agosto. Ficou internada há 6 meses, com quadro de pneumonia lobar na base do pulmão direito, durante uma semana. A partir de então, passou a levar regularmente ao pediatra para tratamento. Encontra-se em uso de fluticasona inalatória em dose baixa há 6 meses (400 mcg/dia). Há 2 meses, tem recebido salbutamol (100 mcg) 2 x por semana para crises de tosse. Mantém tosse noturna em torno de 3x/semana. Divide o quarto com irmão, com cortinas de tecido, piso laminado. Ambos têm vários bichos de pelúcia. A família possui um gato de raça não definida. - fenoterol: agonista beta-2 SABA (curta duração) - ipratrópio: antagonista muscarínico SAMA - resultado: broncodilatação mais acentuada devido a ausência da adrenalina - salbutamol: SABAs A asma é uma doença inflamatória crônica de vias aéreas que envolve a participação de diversas células e componentes celulares. A inflamação crônica caracterizada por uma hiperresponsividade e hiper-reatividade brônquica que determinam episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, opressão torácica e tosse, particularmente a noite ou ao despertar. - Obstrução reversível das vias aéreas - Hipertrofia músculo liso brônquico - Presença de muco Principais sintomas Fatores de risco · Histórico familiar · Atopia (alérgico - possui muita IgE circulante) · Infecções do trato respiratório · Exposição a alérgenos Tipos de asma Fisiopatologia da asma alérgica Inicialmente, ao entrar em contato com alérgeno, as APCs apresentam o antígeno para o linfócito Th2 que produz IL-4, atuando no LB para a secreção de IgE. A IgE acopla o mastócito e quando o alérgeno se liga com o IgE presente na membrana do mastócito é induzida a degranulação, liberando histamina, leucotrienos e fator de ativação plaquetária. Como resultado vai haver uma broncoconstrição, edema das vias respiratórias (ambas pela histamina e cis leucotrienos), produção de muco (cis-leucotrieno) e uma reação asmática aguda. Cronicamente, além disso, o LTh2 produz, também, IL-5 que ativa os eosinófilos que libera os grânulos (principalmente MPB e ECP) que degradam o parênquima pulmonar culminando com o remodelamento da via aérea. Concomitantemente, na fase crônica os mastócitos também têm função. Como resultado, vai gerar uma reação asmática crônica, broncoconstrição, edema vasogênico, hipersecreção de muco, inflamação crônica e o remodelamento das vias respiratórias Tratamento: administramos broncodilatadores na fase aguda, glicocorticóides que consegue diminuir a ativação de LTh2 influenciando em toda a cascata, terapia com anticorpos bloqueando IL-5; Tratamento da asma Há duas categorias: 1- Broncodilatadores - agonistas dos receptores β2 adrenérgicos; (SABA/LABA) - antagonistas dos receptores muscarínicos; (SAMA/LAMA) - antagonistas dos receptores de cis-LTs; (montelucaste) - xantinas (teofilina) 2- Anti-inflamatórios (base do tratamento) - glicocorticóides inalatórios - Imunoterapia - Anti-IgE e anti IL-5 Classificação clínica e tratamento Anti-inflamatórios - Glicocorticóides • Reduzem ativação de LTh2 e induzem sua apoptose • Reduzem ativação de linfócitos B e a produção de IgE = reduzem sensibilização e desgranulação de mastóditos • Reduzem a produção de ILs e a ativação de eosinófilos = diminuem lesão epitelial • Supra-regulam receptores b2 Principais compostos: 1- Beclometasona 2- Budesonida 3- Fluticasona 4- Mometasona Efeitos adversos: candidíase orofaríngea, disfonia Agonistas b2 -adrenérgicos • Efeitos em b2; inibem liberação de mediadores em mastócitos; aumentam remoção do muco; potencializam efeitos dos glicocorticóides • ação curta (SABA): salbutamol, fenoterol (3/5h). --> age rapidamente • ação longa (LABA): formoterol (age rápido e pode ser utilizado por demanda e tratamento) e salmeterol (8/12h). • ação ultralonga: vilanterol (16/23h) • Efeitos indesejáveis: tremor (beta 2- musculo esquelético), taquicardia (beta 1), vasodilatação periférica (beta 2), arritmias (beta 1). BRONCODILATADORES/ANTI-INFLAMATÓRIOS Antagonistas dos receptores de cis-LTs • CisLT: mucosa respiratória e células inflamatórias infiltrativas. • Montelucaste (comprimido mastigável ou não, granulado) • Zafirlucaste (comprimido) Efeitos •Reduzem as frequências das exacerbações • Inibem a asma induzida pelo exercício; • Relaxam as vias aéreas; • Ação aditiva β2; • Reduzem a eosinofilia do escarro. • Alternativa ao uso de corticóides no tratamento de controle da asma Efeitos indesejáveis: • Cefaléia • Distúrbios gastrintestinais Farmacocinética • Administração oral • montelucaste – meia-vida 3/6h (comprimido, granulado) • zafirlucaste – meia-vida 10h (comprimido) BRONCODILATADORES Antagonistas muscarínicos • Ipratrópio (SAMA): bloqueio M1 e M3; aumento da depuração mucociliar; mais usado para tosse em asmáticos - Via inalatória, 3/5h, poucos efeitos indesejáveis (distúrbios gastrintestinais e vasodilatação acentuada) • Tiotrópio (LAMA): DPOC (etapa I) e asma (etapa V); ação longa • Coadjuvantes dos agonistas b2 e corticosteróides ANTI-INFLAMATÓRIOS Anti-IgE - Omalizumabe Eficácia depende de redução de mais de 90% da IgE livre Anti-IL-5 Benralizumabe (18 anos) Mepolizumabe (6 anos) 1. Se liga ao receptor de IL-5 (IL-5Ra) impedindo sua ligação e ativação de eosinófilos 2. Se liga ao receptor FcgRIIIa das células NK induzindo a apoptose dos eosinófilos pela ADCC Anticorpos • Adultos e adolescentes com alergias e asma grave. • Eficaz em reduzir dependência de corticoides. • Omalizumabe - 1 injeção subcutânea a cada 2-4 semanas; meia-vida – 26 dias. •Benralizumabe – 1 injeção subcutânea a cada 4 semanas nas 3 primeiras doses, depois a cada 8 semanas; meia-vida – 16 dias • Mepolizumabe – 1 injeção subcutânea a cada 4 semanas por 32 semanas; meia-vida de 16 a 22 dias • Efeitos colaterais: reações de hipersensibilidade tipo I, anafilaxia, aumento das infecções parasitárias BRONCODILATADORES Xantinas teofilina, aminofilina – uso agudo Mecanismos de ação: • Inibição de isoenzimas da fosfodiesterase (PDE) com do AMPc e/ou GMPc – do tônus muscular brônquico • Antagonismo dos receptores de adenosina = Adenosina + ML e mastócitos = broncoconstrição e desgranulação de mastócitos • Liberação de IL-10 • Indução de apoptose de mastócitos, eosinófilos, macrófagos e neutrófilos • Administração oral ou parenteral (aminofilina) • Associadas a b2 adrenérgicos ou anticolinérgicos = broncodilatação adicional; 2a escolha à b2 adrenérgicos. Ações e efeitos colaterais: • Estimulam o SNC: alerta, tremor, nervosismo, insônia, convulsões. • Estimulam o sistema cardiovascular: Ino e cronotropismo positivo + relaxamento músculo liso cardiovascular = arritmias • Dose terapêutica muito próxima da dose tóxica CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA ASMA RESUMO DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA – DPOC • Obstrução persistente das vias aéreas causada pelo enfisema e/ou pela bronquite crônica. • Afeta as pequenas vias aéreas e o parênquima pulmonar • Fator de risco – tabagismo; poluição ambiental e ocupacional • Limitação crônica do fluxo de ar (devido ao rompimento do alvéolo), dispnéia, tosse e aumento da produção de muco. • 5ª causa de internação entre adultos no Brasil FISIOPATOLOGIA DA DPOC A fumaça de cigarro e outros irritantes estimulam os macrófagos residentes que vão produzir quimiocinas permitindo o influxo de neutrófilos que dentre todas as substâncias que ele produz, as proteases também estão presentes promovendo a destruição de alvéolos resultando no enfisema. Além disso, também há uma estimulação das células de muco para produzir ainda mais a substâncias. Além disso, a fumaça de cigarro eoutros irritantes estimulam as células epiteliais a produzir TGF-beta que estimulam os fibroblastos provocando a fibrose pulmonar. DPOC X ASMA TRATAMENTO DA DPOC TERAPIA FARMACOLÓGICA DA DPOC b2 -agonistas: – Curta duração (SABA): salbutamol, fenoterol – Longa duração (LABA): formoterol, salmeterol, indacaterol Anticolinérgicos: Curta duração (SAMA): ipratrópio Longa duração (LAMA): tiotrópio, glicopirrônio, umeclidinio Corticóides inalatórios (CI) - Beclometasona, budesonida, fluticasona, mometasona Roflumilaste – Inibidor da fosfodiesterase-4 (PDE4). Dose única diária - Aumento de AMPc intracelular = reduz liberação de mediadores inflamatórios, expressão de marcadores de superfícies em células e a apoptose - Usado também para exacerbações na bronquite crônica grave - Efeitos adversos – náuseas, emese, diarréia, cefaléia, perda de peso, dor abdominal e distúrbios do sono TOSSE Tosse - reflexo protetor que retira material estranho e secreções dos brônquios e bronquíolos. - Aguda: < 3 semanas - Subaguda: entre 3 – 8 semanas - Crônica: > 8 semanas - Seca - Produtiva Água é o melhor antitussígeno: facilita movimentação do muco sobre a camada de cílios Chás são bons e muitas vezes tem propriedades anti- inflamatórias FÁRMACOS PARA A TOSSE - Antitussígenos - Expectorantes - Mucolíticos - Fluidificantes Antitussígenos diminuem ou inibem a tosse. Somente em casos de: • tosse não produtiva e de curta duração • doentes sem patologia crônica de base • que interfira com o sono • que provoque/agrave irritação brônquica • que represente risco para o doente • antes, durante ou após procedimentos diagnósticos ou intervenções terapêuticas no torax, bronquios ou pleura • Após extubação Fármacos: • clobutinol - ação seletiva no centro da tosse • dropropizina, levodropripizina • difenidramina/prometazina (anti-histamínico - casos de alergia) • dextrometorfano – eleva limiar da tosse • codeína – supressor moderado Expectorantes Facilitam a eliminação do muco das vias aéreas superiores 1. Mucolíticos - Diminuem a viscosidade das secreções - Acebrofilina (Brondilat®) – broncodilatador,mucolítico e expectorante - Ambroxol (anabron®, mucosolvan®) Inibe liberação de citocinas (TNF-α, IL-2) - N-acetilcisteína (fluimicil®) - Carboximetil-cisteína (mucofan®, mucolit®) Rompem ligações S-S de glicoproteínas Podem provocar estomatites e irritação do TGI 2. Fluidificantes Aumentando o fluxo das secreções - Guaifenesina (Xarope vick de guaifenesina®) - Iodeto de potássio (MM expectorante®, Expec®) Diabéticos – xaropes com açúcar
Compartilhar