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Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A teníase é uma parasitose intestinal ocasionada pela presença das formas adultas de Taenia solium ou Taenia saginata. É transmitida através da ingestão de carnes cruas ou malcozidas de porco (T. solium) ou boi (T. saginata) contaminada com larvas ou cisticercos. Pode ser caracterizada por dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso. O homem ao ingerir acidentalmente ovos de T. solium adquire cisticercose humana, caracterizando-se como uma enfermidade somática. Formas evolutivas 1. Verme adulto: • Apresentam corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo • São de cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada de difícil visualização • Escólex: ▪ Pequena dilatação situada na extremidade anterior, funcionando como órgão de fixação à mucosa do intestino delgado humano ▪ Apresenta quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e proeminentes ▪ T. solium: escólex globoso com rostro e dupla fileira de acúleos ▪ T. saginata: escólex quadrangular, sem rostro e sem acúleos • Colo: ▪ Porção mais delgada do corpo onde as células do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação (zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes) • Estróbilo: ▪ Restante do corpo do parasito, iniciando logo após o colo, sendo observada diferenciação tissular que permite o reconhecimento de órgãos internos ou da segmentação do estróbilo ▪ Cada segmento formado é chamado de proglote ou anel ▪ A estrobilização é progressiva, ou seja, a medida que o colo cresce vai ocorrendo a delimitação das proglotes e cada uma delas inicia a formação dos seus órgãos ▪ Quanto mais afastado do escólex, mais evoluídas são as proglotes ▪ As proglotes são subdividas em: Proglote jovem: Mais curtas do que largas Apresentam o início do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos (se formam mais rapidamente que os femininos) → Protandria Proglote madura: Possui os órgãos masculinos e femininos completos e aptos para fecundação Proglote gravídica: Mais compridas do que largas Internamente os órgãos reprodutores vão sofrendo involução, enquanto o útero se ramifica cada vez mais, ficando repletos de ovos T. solium: menor, quadrangular com ramificações uterinas pouco numerosas, de tipo dendrítico e saem passivamente nas fezes T. saginata: maior, retangular com ramificações uterinas muito numerosas, de tipo dicotômico e saem ativamente no intervalo das defecações 2. Ovos e proglotes gravídicas: • Esféricos, morfologicamente indistinguíveis, medindo cerca de 30mm de diâmetro • São constituídos por uma casaca protetora (embrióforo), que é formado por blocos piramidais de quitina unidos entre si por uma substâncias cementante que lhe confere resistência no ambiente • Internamente encontra-se o embrião haxacanto ou oncosfera, provido de três pares de acúleos e dupla membrana • Diferenciação realizada através das proglotes liberadas nas fezes junto com os ovos 3. Cisticerco ou larva: • T. solium: ▪ Constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escólex com quatro ventosas, rostelo e colo • T. saginata: ▪ Apresenta a mesma morfologia da T. solium, diferindo apenas na ausência de rostelo • A parede da vesícula dos cisticercos é composta por três membranas: cuticular ou externa; celular ou intermediaria; reticular ou interna TENÍASE E CISTICERCOSE HUMANA EXAMES PARASITOLÓGICOS MÓDULO I – HELMINTOS Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Ciclo biológico Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior. No ambiente úmido e protegido de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade se mantendo infectantes por meses. Um hospedeiro intermediário ingere os ovos e os embrióforos (casca de ovo) sofrem a ação da pepsina no estômago. No intestino, as oncosferas se liberam do embrióforo e se movimentam no sentido da vilosidade, onde penetram com auxílio do acúleos, permanecendo ali até se adaptar as condições fisiológicas do hospedeiro. Em seguida, penetram nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos mesentéricos, sendo transportados pela corrente sanguínea para todos os órgãos e tecidos do organismo, até atingirem o local de implantação por bloqueio do capilar. Atravessam, então, a parede do vaso, se instalando nos tecidos circunvizinhos. As oncosferas se desenvolvem para cisticercos em tecidos moles (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro), mas preferem os músculos de maior movimentação e oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro). No interior dos tecidos, perdem os acúleos e cada oncosfera se transforma em um pequeno cisticerco delgado e translúcido. A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou de boi infectado. O cisticerco ingerido sofre ação do suco gástrico, evaginando e se fixando, através do escólex, na mucosa do intestino delgado, se transformando em tênia adulta. Três meses após a ingestão do cisticerco se inicia a eliminação de proglotes grávidas. Transmissão A teníase ocorre pela ingestão de carne suína ou bovina, crua ou malcozida, infectada pelo cisticerco de cada espécie de Taenia. A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis de T. solium eliminados nas fezes de portadores de teníase, apresentando três mecanismos de infecção: autoinfecção externa (ingestão de ovos através das mãos contaminadas), autoinfecção interna (vômito ou movimento retroperistálticos do intestino com rompimento das proglotes) e heteroinfecção (ingestão de alimentos contaminados com ovos) Patogenia • Teníase: ▪ Tonturas ▪ Astenia ▪ Apetite excessivo ▪ Vômitos ▪ Alargamento do abdômen • Cisticercose: ▪ Depende da localização, do número de parasitos e de seu estágio de desenvolvimento ▪ Neurocisticercose: Localizações mais frequentes: leptominges, córtex, medula espinal e cerebelo As manifestações clinicas surgem quando os cisticercos morrem, devido ao processo inflamatório que se instala Manifestações: Delírio Prostação Alucinações Hipertensão intracariana Ataques epileptiformes ▪ Cisticercose cardíaca: Palpitação Dispneia ▪ Cisticercose ocular: Deslocamento de retina Opacificação do humor vítreo Uveites Pantoftalmias Perda da visão Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de proglotes ou ovos pelos métodos rotineiros ou pelo método da fita gomada ▪ Para diferenciar as espécies de Taenia é necessário realizar a tamização do bolo fecal e identificar as proglotes • Imunológico: ▪ Realização da reação de fixação de complemento (Reação de Weinberg), hemaglutinação indireta, imunofluorescência ou ELISA • Neuroimagens: ▪ O raio x evidencia apenas cisticercos calcificados ▪ A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética fornecem informações quanto a localização, número, fase evolutiva e involução dos cisticercos, sendo métodos mais sensíveis Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A ascaridíase é uma parasitose geralmente benigna causada pelo Ascaris lumbricoides, verme nemátode fusiforme sem segmentação, com tubo digestivo completo e de reprodução sexuada. Formas evolutivas 1. Machos: • Apresentam cor leitosa • A boca/vestíbulo bucal está localizado na extremidade anterior e é contornado por três fortes lábios quitinosos com serrilha de dentículos e sem interlábios • A extremidade posterior é fortemente encurvada para a face ventral 2. Fêmeas: • A cor, a boca e o aparelho digestivosão semelhantes ao macho • A extremidade posterior é retilínea • Apresenta ovários filiformes e enovelados 3. Ovos: • São grandes (50μm), ovais e com capsula espessa, apresentando três membranas: ▪ Membrana externa mamilonada ▪ Membrana média de quitina e proteína ▪ Membrana interna delgada de proteína e lipídios (impermeável a água) • Apresentam massa de células germinativas no interior • O ovo pode ser fértil com casca (presença das três membranas), fértil sem casca (não apresenta membrana mamilonada) e ovo infértil (mais alongado e sem larvas) Ciclo biológico A primeira larva (L1) se forma dentro do ovo e é do tipo rabditoide (esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade, e uma constrição no meio). Após uma semana, ainda dentro do ovo, a L1 transforma-se em L2 e em seguida em L3 infectante com esôfago tipicamente filarióide (esôfago retilíneo). A L3 é capaz de permanecer infectantes no solo por vários meses. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado (agentes redutores, pH, temperatura, sais, [CO2]). Depois de liberadas, as larvas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado (18-24h). Em seguida chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior (2-3 dias) e depois nos pulmões (4-5 dias) – Ciclo de LOSS. A síndrome de Loss é uma associação das manifestações pulmonares com o aumento da eosinofilia. Após 8 dias de infecção, as larvas sofrem mudança para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5 e sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando o estômago e fixando-se no intestino delgado. Se transformam em adultos jovens após 20-30 dias da infecção e em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos têm uma longevidade de um a dois anos. Patogenia • Larvas: ▪ Em infecções de baixa intensidade, não se observa nenhuma alteração ▪ Em infecções maciças se encontra lesões hepáticas e pulmonares ▪ No fígado são encontrados numerosas formas larvais migrando pelo parênquima, podendo ser vistos pequenos focos hemorrágicos e de necrose que se tornam fibrosados ▪ Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos e dependendo do número de formas presentes, pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia e eosinofilia ▪ Há edemaciação dos alvéolos com infiltrado parenquimatoso eosinofilico, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia (Síndrome de Loeffler) ▪ Na tosse produtiva o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto ASCARIDÍASE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) • Vermes adultos: ▪ Em infecções de baixa intensidade (3-4 vermes) o hospedeiro não apresenta manifestação clínica ▪ Nas infecções médias (30-40 vermes) ou maciças (100 ou mais vermes) podem ser encontradas as seguintes alterações: Ação espoliadora: consumo de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C Ação tóxica: reação de hipersensibilidade (edema, urticária, convulsões epileptiformes) Ação mecânica: enovelamento e obstrução da luz intestinal Localização ectópica “áscaris errático”: apêndice cecal (apendicite aguda), canal colédoco (obstrução), canal de Wirsung (pancreatite aguda), eliminação do verme pela boca e narinas Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de ovos nas fezes – Método de Hoffman, Pons Janer ou Lutz ▪ Kato Katz - <5000 ovos (1-4 vermes); 5000-10000 ovos (5-10 vermes); >10000 ovos (>10 vermes) ▪ Infecções unissexuadas – grande número de ovos inférteis (fêmeas); sem sintomatologia e eliminação do verme adulto (machos) Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A tricuríase é uma parasitose intestinal causada pela nemátode Trichuris trichiura. Apesar de amplamente distribuída, é mais prevalente em regiões de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias, que favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência dos ovos do parasito. Formas evolutivas 1. Verme adulto: • A boca é localizada na extremidade anterior e é uma abertura simples e sem lábios, sendo seguida por um esôfago bastante longo e delgado (2/3 do comprimento total) • A parte posterior (1/3 do comprimento) compreende a porção alargada, onde se localiza o sistema reprodutor simples • São dioicos e com diformismo sexual • Machos: menor, possui testículo único seguido por canal deferente, canal ejaculador que termina com espiculo; a extremidade posterior é fortemente curvada ventralmente, apresentando o espiculo protegido por uma bainha recoberta por pequenos espinhos • Fêmeas: maior, presença de ovário e útero únicos, que se abrem na vulva, localizada na proximidade da junção entre esôfago e intestino 2. Ovos: • Formato elíptico característico com poros salientes e transparentes em ambas as extremidades, preenchidos por material lipídico • A casca é formada por três camadas: camada lipídica externa, camada quitinosa intermediária e camada vitelínica interna – favorece a resistência aos fatores ambientais Ciclo biológico O ciclo é monoxênico e são transmitidos através do consumo de alimentos e água contaminados com ovos. Após a ingestão, os ovos seguem até o intestino delgado, onde eclodem e seguem para o intestino grosso, onde podem penetrar na mucosa e permanecem até alcançar a fase adulta e reprodutiva. As fêmeas e os machos que habitam o intestino grosso se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes. A sobrevivência dos vermes adultos no homem é estimada em cerca de 3-4 anos. O embrião contido no ovo recém-eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante. O período de desenvolvimento do ovo depende das condições ambientais (25ºC – 21 dias; 34ºC – 13 dias; >52ºC/<-9ºC – não permitem o desenvolvimento dos ovos). Patogenia • Assintomática: ▪ Infecções leves ▪ Sintomatologia intestinal discreta • Sintomática: ▪ Dores de cabeça ▪ Dor epigástrica e no baixo abdômen ▪ Diarreia ▪ Náusea e vômitos ▪ Diarreia intermitente com presença abundante de muco e, algumas vezes, sangue ▪ Dor abdominal com tenesmo ▪ Anemia ▪ Desnutrição grave caracterizada por peso e altura abaixo do nível aceitável para a idade ▪ Prolapso retal Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de ovos pelos métodos de rotina TRICURÍASE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A enterobiose é uma infecção causada pelo nemátode Enterobius vermiculares que habita o intestino dos mamíferos. Apresenta como principal meio de transmissão a ingestão de ovos infectantes e é uma parasitose altamente contagiosa, sendo necessário tratar o indivíduo infectado e todos aqueles que tem contato com ele. Formas evolutivas 1. Vermes adultos: • Cor branca e filiforme • Na extremidade anterior, lateralmente a boca, se notam expansões vesiculosas muito típicas (asas cefálicas) • Apresenta boca pequena e esôfago claviforme, terminando em um bulbo cardíaco • Machos: ▪ Cauda fortemente recurvada em sentido ventral com um espiculo presente ▪ Apresenta um único testículo ▪ Se difere da fêmea pela porção posterior e tamanho (menor) • Fêmeas: ▪ Cauda pontiaguda e longa ▪ Apresenta dois úteros, repletos de ovos 2. Ovos: • Apresenta aspecto grosseiro de “D”, com um dos lados achatado e o outro convexo • Possui membrana dupla, lisa e transparente • Quando sai da fêmea, apresenta uma larva no seu interior Ciclo biológico O ciclo é monoxênico e osovos eliminados, embrionados, se tornam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo homem. No intestino delgado, as larvas rabditoides eclodem e sofrem duas transformações no trajeto intestinal até o ceco, onde se transformam em vermes adultos. Após a cópula, os machos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas repletas de ovos, se desprendem do ceco e dirigem-se para o ânus, onde ocorre o seu rompimento (traumatismo ou dissecamento) e liberação dos ovos. Transmissão • Heteroinfecção: ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo hospedeiro • Infecção indireta: ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro • Autoinfecção externa ou direta: ovos da região perianal são levados a boca (principalmente crianças) • Autoinfecção interna: as larvas eclodem no reto e migram para o ceco, onde se transformam em vermes adultos • Retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo intestino grosso chegando ao ceco, onde se transformam em vermes adultos Patogenia • Prurido anal (perda de sono, nervosismo, masturbação e erotismo) • Enterite catarral (ação mecânica e irritativa) • Ceco e apêndice inflamado • Vaginite, metrite, salpingite, ovarite (órgãos genitais femininos) Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de ovos na região perianal – Método de Graham ou fita adesiva (coleta pela manhã antes do banho) ▪ Os métodos de rotina não funcionam ENTEROBIOSE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A estrongiloidíase é uma afecção intestinal causada pelo parasita nemátode Strongyloides stercoralis, que podem viver indefinidamente no solo como formas livres. Do gênero Strongyloides, apenas duas espécies são consideradas infectantes para os humanos: S. stercoralis e S. fuelleborni. Formas evolutivas 1. Fêmea partenogenética parasita: • Possui corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada • Apresenta cutícula fina e transparente, levemente estriada no sentido transversal em toda a extensão do corpo • Aparelho digestivo simples com boca contendo três lábios • Esôfago filarioide • Elimina ovos embrionados 2. Fêmea de vida livre ou estercoral: • Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada • Apresenta cutícula fina e transparente, com finas estriações • Esôfago rabditoide 3. Macho de vida livre: • Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente • Boca com três lábios, esôfago tipo rabditoide • Apresenta dois pequenos espículos, auxiliares na cópula, que se deslocam sustentados por uma estrutura quitinizada denominada gubemáculo 4. Ovos: • São elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos ancilostomídeos • Podem ser observados nas fezes de indivíduos com diarreia grave ou após utilização de laxantes 5. Larva rabditoide: • Esôfago rabditoide • Apresentam cutícula fina e hialina • Apresentam vestíbulo bucal curto • Apresentam primórdio genital nítido • Terminam em cauda pontiaguda 6. Larvas filarióides: • Esôfago filarioide • Apresenta cutícula fina e hialina • Apresentam vestíbulo bucal curto • Terminam em cauda entalhada • Forma infectante do parasito (L3) Ciclo biológico O ciclo é monoxênico e as larvas rabditoides eliminadas nas fezes do individuo parasitado podem ser dois ciclos: direto/partenogenético ou indireto/sexuado/de vida livre. No ciclo direto as larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perineal após 24-72h se transformam em larvas filarioides infectantes. No ciclo indireto as larvas rabditoides sofrem quatro transformações no solo e após 18-24h, produzem fêmeas e machos de vida livre. Ambos os ciclos se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Essas larvas secretam melanoproteases, que auxiliam na penetração e migração através dos tecidos. As larvas que alcançam a circulação venosa e linfática, seguem para o coração e pulmões. Ao chegar nos capilares pulmonares se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e migram pela árvore brônquica até a faringe, podendo ser expectoradas ou deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Os ovos são depositados na mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. ESTRONGILOIDÍASE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Transmissão • Heteroinfecção: as larvas filarioides infectantes (L3) penetram através da pele ou mucosas em um novo hospedeiro • Autoinfecção externa ou exógena: as larvas rabditoides presentes na região perianal de indivíduos infectados se transformam em larvas filarioides infectantes e penetram completando o ciclo direto (crianças, idosos, pacientes internados que defecam em fraldas, deficiência de higiene) • Autoinfecção interna ou endógena: as larvas rabditoides se transformam em larvas filarioides na luz intestinal do individuo infectado, penetrando na mucosa intestinal (constipação, imunodeficiência, gravidez, desnutrição, uso de corticoides) Patogenia • Lesões cutâneas: reações urticariformes • Lesões pulmonares: pneumonite difusa, broncopneumonia, dispneia • Lesões intestinais: ▪ Enterite catarral: reação inflamatória, infiltração de eosinófilos ▪ Enterite edematosa: edema, síndrome de má absorção ▪ Enterite ulcerosa: ulceração, invasão bacteriana, rigidez da mucosa intestinal, fibrose • Disseminada: pulmões, rins, intestino, fígado, coração, cérebro, pâncreas, linfonodos • Sintomas: ▪ Pneumonia grave ▪ Insuficiência respiratória grave – tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes ▪ Instabilidade hemodinâmica ▪ Distensão abdominal ▪ Anemia hipocrômica ▪ Eosinofilia ▪ Sudorese ▪ Palpitações ▪ Insônia ▪ Emagrecimento • Complicações: ▪ Meningite por gram negativos e septicemia (entrada de microrganismos intestinais na corrente sanguínea) Diagnóstico • Clinico: ▪ Sugestivo – diarreia, dor abdorminal, urticária, eosinofilia • Parasitológico: ▪ Bearmann-Moraes, Rugai – 3-5 amostras em dias alternados ▪ Harada-Mori - coprocultura ▪ Exame de fezes ▪ Pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos orgânicos ▪ Presença de cristais de Charcot-Leyden nas fezes • Endoscopia digestiva • Biopsia intestinal • Hemograma (eosinofilia) • Diagnósticos por imagem (alteração no relevo mucoso duodeno-jejunal) • Imunológico: ▪ ELISA Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A ancilostomose é uma doença causada por vermes nematódeos das espécies Necator americanos e Ancylostoma duodenale. As formas adultas do parasita se instalam no aparelho digestivo dos seres humanos, onde si fixam na intestino delgado e se nutrem do sangue do hospedeiro, causando anemia. Formas evolutivas 1. Verme adulto – Ancylostoma duodenale: • Cor róseo • Presença de dois pares de dentes na capsula bucal • Macho: apresentam bolsa copuladora mais larga e presença de gubernáculo • Fêmea: extremidade posterior afilada com presença de processo espeniforme 2. Verme adulto – Necator americanus: • Extremidade cefálica recurvada • Presença de lâminas na cápsula bucal • Macho: apresentam bolsa copuladora mais longa e ausência de gubernáculo • Fêmea: ausência de processo espeniforme 3. Ovos: • Presença de membrana delgada envolvendo o conteúdo no interior (blastômeros) – não se rompem no hospedeiro • Morfologicamente iguais entre as diferentes espécies 4. Larvas rabditoides: • Apresentam vestíbulo bucal longo, estômago rudimentar e esôfago rabditoide • Primórdio genital lenticular pouco visível 5. Larvas filarioides: • Apresentam bainha de revestimento, vestíbulo bucallongo e esôfago em desenvolvimento (sem bulbo) • Extremidade posterior afilada • Geotropismo negativo (permanece na superfície do solo) • Hidrotropismo e tigmotropismo (afinidade pela pele do hospedeiro) Ciclo biológico Apresenta duas fases de desenvolvimento, uma no meio exterior, de vida livre e outra no hospedeiro definitivo, de vida parasitária. Os ovos depositados pelas fêmeas, no intestino delgado do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos precisam de um ambiente propicio para formação da larva L1 (rabditoide) e sua eclosão. A L1 se desenvolve e perde a cutícula externa após ganhar uma nova, se transformando na larva L2 (rabditoide). Após a formação de uma nova cutícula interna, L2 se transforma na larva L3 (filarioide), a larva infectante. A infecção para o homem ocorre quando a L3 penetra ativamente, através da pele, conjutiva e mucosas ou passivamente, por via oral. Quando a infecção é ativa, as L3 ao entrarem em contato com o hospedeiro são estimuladas por efeitos térmicos e químicos, iniciam o processo de penetração, escapando da cutícula externa e começam a produzir enzimas semelhantes a colagenase, que facilitam o acesso através dos tecidos do hospedeiro. Da pele, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática e chegam ao coração, indo pelas arteriais pulmonares para os pulmões, onde se transformam em larvas L4. Ao atingir os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos até atingir a traqueia, faringe e laringe, quando são ingeridas, chegando ao intestino delgado (habitat final), onde se diferencia em larvas L5 e mais tarde em vermes adultos. Os vermes adultos realizando hematofagismo, iniciam a cópula, seguida de postula. Quando a penetração ocorre por via oral, através da ingestão de alimentos e água, as L3 perdem a cutícula externa no estômago e migram para o intestino delgado. Na altura do duodeno, as larvas penetram na mucosa, atingindo as células de Lienberkühn, onde se transformam em L4. Em eseguida, as larvas voltam a luz intestinal, se fixam na mucosa e iniciam o repasto sanguíneo, se transformando depois em L5 e mais tarde em vermes adultos, iniciando a cópula e postula dos ovos. ANCILOSTOMOSE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Patogenia • Cutâneo: hiperemia, prurido e edema • Pulmonar: tosse de longa ou curta duração e febrícula • Intestinal: dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, diarreia sanguinolenta ou não, constipação • Fase aguda: ▪ Migração das larvas do tecido cutâneo e pulmonar ▪ Instalação dos vermes adultos no intestino delgado • Fase crônica: ▪ Presença de verme adulto associado com a expoliação sanguínea e deficiência nutricional – anemia ▪ Sintomas primários: associados a atividade do parasita ▪ Sintomas secundários: decorrentes da anemia e hipoproteinemia Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de ovos – Hoffman, Pons, Janer; Willis - sedimentação espontânea, sedimentação por centrifugação e flutuação ▪ Diferenciação da espécie de ancilostomídeo e de estrongilóide – Harada Mori Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A filariose é a doença causada pelo parasita nemátode Wuchereria bancrofti, que se se alojam nos vasos linfáticos, causando linfedema. Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes. Quando o nemátode obstrui o vaso linfático, o edema é irreversível. Formas evolutivas 1. Verme adulto: • Macho: ▪ Corpo delgado e branco-leitoso ▪ Extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente • Fêmea: ▪ Corpo delgado e branco-leitoso ▪ Órgãos genitais duplos, com exceção da vagina 2. Microfilária ou embrião: • Apresenta membrana delicada que funciona como bainha flexível • Se movimenta ativamente na corrente sanguínea do hospedeiro • A bainha cuticular lisa é apoiada sobre numerosas células subcuticulares (hipoderme e musculatura do helminto adulto) e células somáticas (tubo digestivo e órgãos) – diagnóstico diferencial 3. Larva: • Encontrada no inseto vetor (Culex quinquefaciatus) • A L1 é originária da transformação da microfilária, se diferenciando em L2 e em seguida em L3 (larva infectante) Ciclo biológico O ciclo é heteroxênico e é transmitido através do mosquito vetor. A fêmea do Culex, ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no estômago do mosquito, após poucas horas, perdem a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral e migram para o tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e se transformam na larva L1. Seis a dez dias depois após o repasto infectante, ocorre a transformação da L1 em L2 e, após 10- 15 dias, a L2 se transforma na forma infectante (L3), que migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador), se concentrando no lábio do mosquito. Quando o inseto vetor vai fazer novo repasto sanguíneo, as larvas L3 escapam do lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro, migram para os vasos linfáticos, se tornam vermes adultos e após 7-8 meses as fêmeas grávidas produzem as primeiras microfilárias. Patogenia • Ação mecânica: ▪ Estase linfática com linfangiectasia (dilatação dos vasos linfáticos) ▪ Derramamento linfático ou linforragia (edema linfático – ascite linfática na cavidade abdominal ou linfocele na túnica escrotal) • Ação irritativa: ▪ Linfangite retrógrada (inflamação dos vasos) ▪ Adenite (inflamação e hipertrofia dos gânglios linfáticos) ▪ Urticárias e edemas extrafocais FILARIOSE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Manifestações clínicas • Assintomática: ▪ Doença subclínica com danos os vasos linfáticos ou no sistema renal – linfocintigrafia e ultrassom • Aguda: ▪ Linfagite e adenite ▪ Febre e mal-estar • Crônica: ▪ Hidrocele ▪ Comprometimento renal • Eosinofilia pulmonar tropical (EPT): ▪ Síndrome caracterizada por sintomas de asma brônquica Diagnóstico • Laboratorial: ▪ Pesquisa de microfilárias – gota espessa (coloração com Giemsa) ▪ Pesquisa de vermes adultos – ultra-sonografia ▪ Pesquisa de Ac e Ag circulantes – pesquisa de Ac não é adequado; ELISA ou imunocromatografia rápida ▪ Pesquisa na urina – quilúria e hematúra Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Existem dois tipos de amebas: comensais – vivem no intestino do ser humano sem causar prejuízo (E. díspar, E. hartmanni, E. coli, Endolimax nana, Iodomoeba butshilli, E. gengivalis) e patogênica – causa quadro clinico e sintomático clássico, com fortes cólicas, diarreias seguidas ou não de sangue e apresenta semelhanças morfológicas com a E. díspar (E. histolytica). Por apresentarem semelhanças morfológicas entre as amebas entre si, é preciso notar pequenas diferenças no diagnóstico e identificação, como a quantidade de núcleos presentes na célula, disposição, presença de vacúolos. O gênero Entamoeba é caracterizado por possuir núcleo esférico ou arredondado e vesiculoso, com a cromatina periférica formada por pequenos grânulos justapostos e distribuídos regularmente na parte interna da membrana nuclear, lembrando uma roda de carroça. O cariossoma é relativamente pequeno, central ou excêntrico. Formas evolutivas: 1. Trofozoíto: • Apresentam apenas 1 núcleo, bem nítido (forma corada) ou pouco visível (forma viva) • Examinado a fresco, se apresenta pleomórfico, ativo, alongado, com emissão continua e rápida de pseudópodes, grossos e hialinos • Movimentação direcional (deslizamento) • Forma magna: ▪ Forma invasiva ▪ Apresenta hemácias engorfadas (hematófago) ▪ Parasitose sintomática e sem capacidadede formar cistos ▪ E. histolytica • Forma minuta: ▪ Forma não invasiva ▪ Apresenta bactérias no seu interior ▪ Parasitose assintomática e com capacidade de formar cistos (fácil disseminação) ▪ E. histolytica/E. díspar • O citoplasma se apresenta em: ectoplasma – claro e hialino e endoplasma – finamente granuloso, com vacúolos, núcleos e restos de substâncias alimentares • A membrana nuclear é delgada e a cromatina justaposta internamente a ela é formada por pequenos grânulos, uniformes no tamanho e na distribuição, dando ao núcleo um aspecto de anel • Na parede central do núcleo se encontra o cariossoma/endossoma, pequeno e com constituição semelhante a cromatina periférica 2. Pré-cisto: • Fase intermediaria entre o trofozoíto e cisto • Oval e ligeiramente arredondado • Menor que o trofozoíto e com núcleo semelhante 3. Cisto: • São esféricos ou ovais (8-20μm) • Os núcleos são pouco visíveis e variam de um a quatro • Os corpos cromatoides, quando presentes nos cistos, têm a forma de bastonetes ou de charutos, com pontas arredondadas • Apresentam reservas de glicogênio (vacúolos de glicogênio) que são coradas de castanho pelo lugol • Cistos jovens: 1-3 núcleos, vacúolos de glicogênio e corpos cromatoides • Cistos maduros: 4 nucleos e raramente apresentam vacúolos de glicogênio e corpos cromatoides Ciclo biológico O ciclo é monoxênico e se inicia com a ingestão dos cistos maduros através de alimentos e água contaminados. Os cistos passam pelo estômago, resistindo a ação do suco gástrico. Chegando ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso, ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma fenda na parede cística. O metacisto sofre, então, sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a 4 e depois 8 trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos, que migram para o intestino grosso, onde colonizam podendo tomar rumos fisiológicos diferentes. AMEBÍASE EXAMES PARASITOLÓGICOS MÓDULO I – PROTOZOÁRIOS Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) No ciclo não patogênico, os trofozoítos ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo como comensais, se alimentando de detritos e de bactérias. Através de divisões nucleares sucessivas, se transformam em pré-cisto e depois em cistos tetranucleados, que são eliminados com as fezes normais ou formadas, não sendo encontrados em fezes liquefeitas ou disentéricas. No ciclo patogênico, o equilíbrio parasito-hospedeiro é rompido e os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, se multiplicando ativamente no interior das úlceras, podendo, através da circulação porta, atingir outros órgãos (fígado, pulmão, rim, cérebro, pele), causando amebíase extra-intestinal. O trofozoíto presente nessas úlceras é denominado forma invasiva ou virulenta (forma magna). Não formam cistos e são hematófagos. Manifestações clínicas • Forma assintomática: ▪ Representa 80-90% das infecções ▪ É detectado pela presença de cistos no exame de fezes • Forma sintomática: ▪ Colite disentérica: Evacuações mucossanguinolentas e frequentes (8-10 por dia) Cólicas Flatulência Febre Pirose Náuseas e vômitos Desconforto abdorminal Tremores ▪ Colite não-disentérica: Evacuações diarreicas ou não (2-4 por dia) Fezes moles ou pastosas Raramente ocorre febre Duração variável (2-3 dias), com períodos normais até novo surto ▪ Amebíase extra-intestinal: Hepatite amebiana aguda Abscesso hepático (forma mais comum, com manifestação de dor, febre e hepatomegalia) O rompimento do abscesso leva a disseminação para o pulmão e cérebro Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Exame a fresco (20’ em temperatura ambiente ou em até 4h a 4ºC) ▪ Coloração com Tricromo ▪ Métodos de concentração: Centrifugo flutuação no sulfato de zinco (Faust) Centrifugação em éter (Ritchie) Sedimentação espontânea • Imunológico: ▪ Hemaglutinação indireta ▪ Imunodifusão em gel ▪ Imunofluorescência indireta ▪ ELISA • Testes para detecção de Ag nas fezes: ▪ Padrões eletroforético de izoenzimas (zimodemos) ▪ PCR ▪ Coproantígeno (ELISA) Sofre interferência de laxantes com óleo mineral e antibióticos Vantagem: Importante na distinção das espécies e determinação da amebíase extra-intestinal Desvantagem: Persistência de títulos meses ou anos após o tratamento; apresenta resultados negativos em assintomáticos; dificuldade no preparo e obtenção do Ag Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A giardíase é causada pelo protozoário flagelado Giardia, sendo o homem hospedeiro da G. lamblia/G. duodenalis/G.intestinalis/Lamblia intestinalis. Formas evolutivas 1. Trofozoíto: • Formato de pera, com simetria bilateral (20μm de comprimento x 10μm de largura) e binucleado • Fase dorsal lisa e convexa • Fase ventral côncava, apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa (disco ventral – fixação do parasita) e duas formações paralelas em forma de virgula (corpos medianos) • Possui dois núcleos, quatro pares de flagelos (anteriores, ventrais, posteriores e caudais) e numerosos vacúolos com função de pinocitose de partículas alimentares • Forma ativa do parasita (multiplicação) 2. Cisto: • Oval ou elipsoide (12μm de comprimento x 8μm de largura) • Possui dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de flagelos) e os corpos escuros com forma de meia, situados no polo oposto aos núcleos • Forma de resistência no ambiente (parede quitinosa – membrana cística) • Forma infectante Ciclo biológico O ciclo é monôxenico e a via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, através de alimentos e água contaminados. Os cistos passam para o estômago, onde sofrem a ação do meio ácido, dando início ao desencistamento, que é completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização dos trofozoítos. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito no ceco e sua eliminação para o meio exterior. Manifestações clínicas • Assintomático: ▪ Maioria ▪ Eliminação de cistos por até 6 meses • Sintomático: ▪ Quadro de diarreia aguda e autolimitante: Diarreia aquosa, explosiva, de odor fétido Gases com distensão Dores abdominais Muco e sangue são raros Dura pouco dias ▪ Quadro de diarreia persistente: Má absorção (gordura e nutrientes, como vitaminas lipossolúveis, vitamina B12, Fe, xilose e lactose) Perda de peso Esteatorréia Debilidade Não responde ao tratamento especifico Patogenia Os mecanismos pelos quais o parasita causa diarreia e má absorção não são bem conhecidos, sendo observado, no entanto, mudanças na arquitetura da mucosa, podendo se apresentar normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades. A explicação mais plausível para a alteração morfológica e funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos inflamatórios desencadeados pela Giardia, devido a reação imune do hospedeiro. A resposta imune local e a degranulação de mastócitos gera uma reação anafilática local, que provoca edema da mucosa e contração de seus músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, explicando o aumento da renovação dos enterócitos. O aparecimento de diarreia e má absorção também pode ser explicado pelo atapetamento da mucosa por um grande número de trofozoítos impedindo a absorção de alimentos. Além disso, a liberação de prostaglandinas pelos enterócitos e pelos parasitas, explicam o aumento da motilidade e a diarreia. GIARDÍASE Período pré-patente: 9-15 dias Período de incubação: 10-15 dias Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Pesquisa de cistos e trofozoítos nas fezes • Imunológico: ▪ Imunofluorescência indireta ▪ ELISARamona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) O protozoário responsável pela malária pertence ao gênero Plasmodium, possuindo quatro espécies: P. falciparum, P. malariae, P. vivax, P. ovale. A malária apresenta 300-500 milhões de infectados e 1,5 milhões de mortes. No Brasil, apresenta 500 mil indivíduos infetados. Formas evolutivas – Hospedeiro vertebrado 1. Esporozoíta: • Forma infectante do parasito • Presente na glândula salivar do mosquito 2. Trofozoíta: • Jovem: ▪ Forma encontrada dentro das hemácias ▪ Aspecto de anel • Maduro ou ameboide: ▪ Forma encontrada dentro das hemácias ▪ Citoplasma irregular 3. Esquizonte: • Forma encontrada dentro das hemácias • Citoplasma irregular e vacuolizado • Núcleo de apresenta dividido 4. Merozoíta: • Forma ovalada, contendo um núcleo • Células preparadas para perfurar hemácias 5. Gametócitos • Macrogametócito: ▪ Célula sexuada feminina ▪ Encontrada dentro da hemácia • Microgametócito: ▪ Célula sexuada masculina ▪ Encontrada dentro da hemácia Formas evolutivas – Hospedeiro invertebrado 1. Micro/Macrogameta: • Macrogametócito: ▪ Célula sexuada feminina ▪ Encontrada dentro da hemácia • Microgametócito: ▪ Célula sexuada masculina ▪ Encontrada dentro da hemácia 2. Ovo ou zigoto: • Forma esférica, encontrada na luz do estômago do mosquito • Formada pela fecundação do macrogameta pelo microgameta 3. Oocineto: • Forma alongada e móvel • Presente entre a luz e parede do estômago do mosquito 4. Oocisto: • Ovo ou zigoto encistado na parede do estômago do mosquito • Originará os esporozoítos 5. Esporozoíta: • Forma infectante do parasito • Presente na glândula salivar do mosquito Ciclo biológico No homem, os esporozoítos infectantes são inoculados no homem pelo inseto vetor (Anopheles), permanecendo na circulação por pouco tempo (1). Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se diferenciam em trofozoítos pré-eritrocíticos (2) que se multiplicam por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais (3) e, posteriormente, milhares de merozoítos que invadirão os eritrócitos (4). Após invadir os eritrócitos, os merozoítos de transformam em trofozoítos jovens e, em seguida, trofozoítos maduros (5). O desenvolvimento intra-eritrocítico do parasito se dá por esquizogonia, com consequente formação de esquizontes que invadirão novos eritrócitos (6). Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos (7). No vetor, somente os gametócitos serão capazes de evoluir no inseto, dando origem ao ciclo sexuado ou esporogônico. O gametócito masculino dá origem a oito microgametas – exflagelação e o gametócito feminino se transforma em macrogameta (9). Cada microgameta fecundará um macrogameta, formando o ovo ou zigoto (10), que é móvel e atinge a parede do intestino médio, se encistando na camada epitelial do órgão, passando a ser chamado de oocisto (11). Começa, então, o processo de divisão esporogônica e, após a ruptura da parede do oocisto, os esporozoítos formados são liberados e atingirão as células das glândulas salivares do mosquito (12). MALÁRIA Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) Patogenia A destruição dos eritrócitos parasitados e de eritrócitos não parasitados por auto-Ac e diminuição de produção de eritrócitos pela MO acarretam anemia. Além disso, o sequestro de eritrócitos parasitados na rede capilar levam a citoaderência endotelial e formação de rosetas que causam a obstrução da microcirculação e redução do fluxo de O2, acarretando acidose láctica (cérebro, rins e fígado). A resposta imunológica frente a infecção leva a lesão capilar pela deposição de imunocomplexos e toxicidade resultante da liberação de citocinas. A liberação de pirogênio endógeno pelos monócitos e macrófagos, resultam na febre, enquanto a liberação de citocinas inflamatórias (IL-1, IL-6, IL-8 e TNFα) estão associadas ao mal-estar e a febre. Ademais o TNF está associado a lesão endotelial - extravasamento de líquido para o espaço intersticial dos alvéolos e glomérulos, inibição da gliconeogênese – hipoglicemia, elevação de NO. Resistência inata • Fatores genéticos: ausência do Ag sanguíneo Duffy (FyFy) confere resistência ao P. vivax • Anemia falciforme: o baixo nível e K+ mata o parasita conferindo resistência ao P. falciparum • Deficiência de G6PD: a formação de metahemoglobina é tóxica para o Plasmodium Manifestações clínicas • Malária não complicada: ▪ Mal-estar, cefaleia, cansaço, mialgia ▪ Calafrio e sudorese ▪ Febre • Malária grave: ▪ Infecções graves ou fatais (P. falciparum) – imunocomprometidos, crianças e gestantes ▪ Malária cerebral ▪ Insuficiência renal aguda ▪ Edema pulmonar ▪ Hipoglicemia ▪ Icterícia ▪ Hemoglobinúria Diagnóstico • Parasitológico: ▪ Gota espessa ▪ Esfregaço delgado • Imunológicos: ▪ Imunocromatografia ▪ PCR Coloração: Giemsa e azul de metileno P. falciparum: 12 dias P. vivax: 13-17 dias P. malariae: 28-30 dias Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) A toxoplasmose é um zoonose, sendo a infecção mais frequente em várias espécies de animais. O gato e alguns outros felinos são os hospedeiros definitivos e o homem e outros animais são os hospedeiros intermediários, sendo o gato o único capaz de eliminar as formas morfologicamente resistentes. A gravidade da doença está relacionada com gestantes (parto prematuro, mal-formações congênitas ou aborto) e imunocomprometidos (óbito em caso de reativação). Formas evolutivas 1. Taquizoítos: • Encontrado na fase aguda – forma proliferatita/livre/trofozoíto • Forma grosseira de banana ou meia lua, com uma das extremidades mais afilada e a outra arredondada (2x6μm) • Núcleo em posição mais ou menos central • Forma móvel, de multiplicação rápida (endodiogenia) • Pouco resistentes a ação do suco gástrico, sendo destruídos em pouco tempo • Penetram na mucosa antes de sofrer ação do suco gástrico 2. Bradizoítos: • Forma encontrada em vários tecidos (musculares, esqueléticos e cardíacos, SNC, retina), durante a fase crônica da infecção, podendo ser encontrado em alguns casos na fase aguda • Multiplicação lenta dentro do cisto (endodiogenia ou endopoligenia) • São resistentes a tripsina e pepsina, permanecendo viáveis nos tecidos por vários anos 3. Cisto: • Corresponde a vários bradizoítos envoltos por uma membrana cística 4. Oocisto: • Forma de resistência • Possui parede dupla resistente as condições do meio ambiente • São produzidos nas células intestinais de felídeos não imunes e eliminados, ainda imaturos, junto com as fezes • Após esporulação e amadurecimento no meio ambiente, apresentam dois esporocistos com quatro esporozoítos cada Ciclo biológico O ciclo biológico do T. gondii é heteróxeno e se desenvolve em duas fases distintas: fase assexuada (nos linfonodos e nos tecidos de vários hospedeiros) e fase coccidiana ou sexuada (nas células do epitélio intestinal de gatos jovens não-imunes). Na fase assexuada, um hospedeiro suscetível (homem), ingere oocistos maduros, encontrados em alimentos ou água contaminada, cistos contendo bradizoítos encontrados na carne crua ou taquizoítos eliminados no leite, podendo adquirir o parasita e desenvolver a fase assexuada. As formas de taquizoítos que chegam ao estômago, por não apresentarem parede cística, serão destruídas, mas as que penetram na mucosa oral ou são inaladas poderão evoluir do mesmo modo que os cistos e oocistos. Portanto, se o indivíduo ingerir oocisto, ao chegar no intestino, ele eclodirá liberando trofozoítos; se o indivíduo ingeriu o cisto, ocorrerá a liberação de bradizoítos. A ingestão de trofozoítos não continua o ciclo quando eles forem destruídos pelassecreções gástricas. Cada esporozoíto, bradizoítos ou taquizoíto, liberado no tubo digestivo, sofrerá intensa multiplicação intracelular, como taquizoíto, após rápida passagem pelo epitélio intestinal, pode infectar todas as células com exceção das hemácias. Essa disseminação do parasito no organismo ocorre através de taquizoíto livres na linfa ou no sangue circulante, que poderão provocar um quadro polissintomático, cuja gravidade dependerá da quantidade de formas infectantes adquiridas e suscetibilidade do hospedeiro. Essa fase inicial da infecção – fase proliferativa com taquizoíto no sangue - caracteriza a fase aguda da doença. Neste ponto, a evolução poderá ir até a morte do hospedeiro, o que poderá ocorrer em fetos ou em indivíduos com comprometimento imunológico, ou diminuir e cessar pelo aparecimento de resposta imune específica. Com o aparecimento da imunidade, os parasitos extracelulares desaparecem do sangue, da linfa e dos órgãos viscerais ocorrendo uma diminuição de parasitismo. Alguns parasitos evoluem para a formação de cistos com bradizoítos. Essa fase cística, com a diminuição da TOXOPLASMOSE Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) sintomatologia, caracteriza a fase crônica. Entretanto, em pacientes com baixa de imunidade (AIDS ou pós-transplantes), o cisto pode se romper liberando taquizoítos, reativando a fase aguda da toxoplasmose. A não ser que ocorra esta reativação, a fase crônica geralmente é assintomática. Os processos da reprodução assexuada são endodiogenia (forma especializada de divisão assexuada na qual duas células-filhas são formadas dentro da célula-mãe) e endopoligenia (representa o mesmo processo anteriormente descrito, mais rápido e com maior formação de taquizoíto; seria uma endodiogenia múltipla). No ser humano, o parasita pode localizar-se em células, líquidos orgânicos, secreções, tecidos. Encontramos taquizoítos no sangue na fase aguda e bradizoítos nos músculos durante a fase crônica. Na fase sexuada, o gato pode se infectar ingerindo oocistos na água ou em seu alimento, cistos com bradizoítos presentes em ratos ou por meio de taquizoíto presente no leite (estes, entretanto, só infectam se penetrarem na mucosa oral, uma vez que são sensíveis à ação do suco gástrico). O ciclo coccidiano ocorre somente nas células epiteliais, principalmente do intestino delgado de gato e de outros felídeos jovens. Durante o desenvolvimento desse ciclo ocorre uma fase assexuada (merogonia) e outra sexuada (garnogonia) do parasito. Por esse motivo, esses animais são considerados hospedeiros definitivos. Deste modo, um gato jovem e não-imune, infectando-se oralmente por oocistos, cistos ou taquizoíto, desenvolverá o ciclo sexuado. Os esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos ao penetrarem nas células do epitélio intestinal do gato sofrerão um processo de multiplicação por endodiogenia e merogonia (esquizogonia), dando origem a vários merozoítos. O conjunto desses merozoítos formados dentro do vacúolo parasitóforo da célula é denominado meronte ou esquizonte maduro. O rompimento da célula parasitada libera os merozoítos que penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas formas sexuadas masculinas ou femininas: os gametófitos ou gamontes, que após um processo de maturação formarão os gametas masculinos móveis (microgametas com dois flagelos) e femininos imóveis (macrogametas). O macrogameta permanecerá dentro de uma célula epitelial, enquanto os microgametas móveis sairão de sua célula e irão fecundar o macrogameta, formando o ovo ou zigoto. Este evoluirá dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla, dando origem ao oocisto imaturo. Esta forma alcançará o meio exterior com as fezes. A sua maturação no meio exterior ocorrerá por um processo denominado esporogonia, após um período de cerca de quatro dias, e apresentará dois esporocistos contendo quatro esporozoítos cada. O oocisto, em condições de umidade, temperatura e local sombreado favorável, é capaz de se manter infectante por cerca de 12 a 18 meses. O gato só desenvolverá sintomas se o taquizoíto ingerido no alimento invadir a mucosa oral, atingindo, assim, o a corrente sanguínea do felídeo. Entretanto, este processo é extremamente raro. Patogenia • Toxoplasmose aguda pós-natal (paciente imunocompetente): ▪ Período de incubação: 5-20 dias ▪ Assintomática (80-90% dos casos) ▪ Sintomatologia variável dependendo do estado imunológico do hospedeiro ▪ Alterações ou lesões na gravidez: 1º trimestre – aborto 2º trimestre – aborto ou nascimento prematuro (criança normal ou com anomalias graves) 3º trimestre – criança pode nascer normal e apresentar evidencias da doenças alguns dias, semanas ou meses após o parto • Forma ganglionar ou febril aguda: ▪ É a forma mais frequente, encontrada tanto em crianças como em adultos ▪ Há um comprometimento ganglionar (aumento dos gânglios), generalizado ou não, e febre alta ▪ Outros sintomas: mialgias, perda do apetite ▪ Duração de aproximadamente 1-2 semanas, estando a cura clínica associada a um resposta imune apropriada com formação de anticorpos específicos ▪ Após a cura da fase aguda, o paciente entra em fase crônica • Toxoplasmose ocular: ▪ O protozoário (taquizoíto ou cistos) estão presentes na retina ▪ A retinocoroidite é a lesão mais frequente de toxoplasmose ocular (infecção aguda – presença de taquizoítos, crônica – presença de cistos contendo bradizoítos localizados na retina). ▪ A transmissão congênita é responsável pela grande maioria de casos, com sintomas aparecendo tardiamente ▪ Cistos de parasito localizados na retina e originários de uma infecção congênita rompem-se anos depois (vida adulta) levando a uma reação inflamatória e dano ocular • Forma cutânea ou exantemática: ▪ Raramente encontrada, estando associada à toxoplasmose pós-natal ▪ Lesões generalizadas na pele ▪ Raramente encontrado ▪ Evolução rápida e fatal Ramona Widmer – Biomed 2019.2 (6º período) • Forma meningoencefálica: ▪ Rara em indivíduos imunocompetentes ▪ Frequente em indivíduos imunodeprimidos ▪ Manifestações clínicas: cefaleia, febre, paralisia, confusão mental, convulsões, delírio, alucinações, coma e morte • Forma generalizada: ▪ Forma rara, evolução fatal ▪ Comprometimento geral: miocárdio, pulmonar... • Toxoplasmose congênita: ▪ Quadro grave caracterizado por aborto, nascimento prematuro ou anomalias fetais ▪ Para que a toxoplasmose congênita aconteça, a gestante deve apresentar a fase aguda da doença ou mesmo reativação da fase crônica, de modo que os taquizoítos presentes em seu sangue passem para o concepto via membrana placentária ▪ O curso da infecção depende da idade gestacional, da parasitemia fetal, da maturidade do sistema imune e da virulência da cepa Diagnóstico • Laboratorial: ▪ Pesquisa do protozoário – líquido amniótico, sangue (fase aguda – taquizoíto); biopsia (fase crônica – cisto com bradizoíto) ▪ Exames imunológicos em gestantes (ELISA) IgM em recém-nascidos (não atravessa a placenta) Título do recém-nascido maior que o título da mãe em duas diluições Elevação dos títulos de IgG do recém-nascido em testes sucessivas Persistência da reação positiva no lactente após cinco meses ▪ Reação de imunofluorescência indireta ▪ Hemaglutinação EXAMES PARASITOLÓGICOS MODULO II MÉTODOS PARASITOLÓGICOS Ramona Widmer – Biomed 2019.2 Soluções conservadoras de material fecal • Formalina 10% • MIF (metiolato-iodo-formaldeído) • SAF • TAF (conservação de helmintos – larvas e vermes adultos) Exame macroscópico As amostras fecais não preservadas devem ser examinadas macroscopicamente para determinar consistência, odor, cor, presença ou ausência de sangue, muco, proglotes e vermes adultos. Coprologia Finalidades gerais da coprologia: • Estudo das funções digestivas • Pesquisa do sangue oculto • Pesquisa bacteriológica• Pesquisa parasitológica Pesquisa de sangue oculto nas fezes Procedimento: 1. Espalhar pequena quantidade de fezes sobre o papel de filtro limpo e colocar duas gotas de água oxigenada sobre o esfregaço 2. Adicionar duas gotas de solução de benzidina 3. Observar imediatamente a cor Leitura: A reação de benzidina é sensível, mas as gorduras podem torná-la positiva • Nenhuma mudança de cor: negativo • Esverdeado: Traços • Verde claro: + • Verde escuro: ++ • Verde azulado: +++ • Azul intenso: ++++ Exame Direto Procedimento: 1. Colocar uma gota do material a ser examinado numa lâmina, cobrindo com uma lamínula 2. Usando a objetiva de 40x, observar a presença de formas móveis dos protozoários (trofozoítos) 3. Procurar focalizar o protozoário, que é facilmente reconhecido pelo seu movimento típico Observação de Flagelos e Ciliados Procedimento: 1. Preparar a lâmina com o material a observar 2. Levar ao microscópio, usando a objetiva de 40x e observar os movimentos da forma pesquisada 3. Retirar com papel de filtro, parte da água existente entre a lâmina e lamínula, com cuidado, até conseguir uma diminuição do movimento do flagelo ou ciliado e verificar as características morfológicas Métodos para exame dos parasitos no sangue Colheita de sangue: O sangue pode ser colhido por punção do lóbulo da orelha, da superfície palmar da ponta de um dedo da mão, no caso de lactentes da superfície plantar do grande artelho ou no calcanhar. No caso da orelha, é a margem livre do lóbulo e não a face lateral que deve ser puncionada. A picada deve ser feita com deliberação e lentamente, para não provocar dor. A picada deve ter profundidade de 3mm. Não se deve utilizar um local edemaciado ou congestionado. Exame a fresco: Uma pequena gota de sangue, examinada entre lâmina e lamínula em médio aumento. Esta nos permite demonstrar de forma rápida microfilárias e Trypanosoma. Exame seco (Preparação corada): • Gota espessa: 1. Colher 3 a 4 gotas de sangue na lâmina e com a ponta de um estilete, desfibriná-la (impede a coagulação e fendilhamento da preparação, garantindo a necessária aderência do sangue ao vidro durante a coloração) 2. Deixar secar ao abrigo de corrente de ar quente que podem causar esporos de fungos contaminantes, ou deixar secar em estufa a 37ºC 3. Realizar desemoglobinização antes da coloração. • Camada delgada ou estiramento: 1. Colhida a gota de sangue na lâmina, imediatamente coloca-se a lâmina distensora na posição 2. Por capilaridade, o sangue espalha prontamente na zona de contato das lâminas 3. Num movimento rápido e contínuo, a lâmina distensora é deslocada para frente, obtendo-se assim a camada delgada • Coloração do estiraço: ▪ Método de Giemsa: fixação com metanol e coloração com solução de Giemsa ▪ Método de Leishman: fixação e coloração como solução de azul de metileno e eosina Método de Sedimentação Espontânea (Hoffman, Pons & Janer) Fundamento: Precipitação de partículas, inclusive de cistos, ovos e larvas de parasitos ao fundo do cálice de sedimentação, devido a força da gravidade. Indicação: Utilizado na pesquisa de ovos de S. mansoni, é atualmente usado na rotina diária dos laboratórios, na detecção de cistos de protozoários, de ovos e larvas de helmintos. Vantagem: Baixo custo Desvantagem: Detritos fecais Procedimento: 1. Colocar cerca de 5g de fezes, coletados de várias partes do bolo fecal, em copo graduado ou Becker de 250ml 2. Completar o volume de 50-60 ml de água corrente e misturar vigorosamente 3. Preparar a suspensão juntando 100ml de água corrente 4. Filtrar essa suspensão através de gaze dobrado 4x, recolhendo-a em copo de sedimentação de capacidade de 125ml 5. Se necessário, adicionar água corrente, até completar aproximadamente ¾ do volume do copo cônico (repouso por 1-2h) 6. Com uma longa pipeta capilar, fixada a um bulbo de borracha, colher uma pequena porção do sedimento na camada inferior, depositando sobre a lâmina 7. Se a preparação estiver muito espessa, diluir com uma gota de solução salina a 0,85% ou água corrente 8. Examinar ao microscópio – ovos, larvas e cistos Fundamento: Baseado na capacidade da solução saturada de cloreto de sódio de fazer flutuar ovos de helmintos, considerados leves. Indicação: Recomendado para a pesquisa de ovos de helmintos de baixo peso especifico – Ancilostomídeos (mesmo com baixa infestação), Trichuris trichiura e ovos férteis de Ascaris lumbricoides. Pode ser utilizado açúcar ao invés do sal no preparo da solução. Não é recomendado para protozoários, ovos inférteis de A. lumbricoides, ovos de tremaódeos ou E. vermicularis. Procedimento: 1. Colocar uma quantidade de fezes de aproximadamente 1-2g coletada de várias partes do bolo fecal, em pequena cuba de vidro de 3cm de diâmetro com capacidade aproximada de 20ml 2. Completar ¼ da capacidade do recipiente com solução saturada de cloreto de sódio 3. Suspender as fezes na solução saturada salina até haver uma total homogeneização 4. A lamínula deve ficar em contato com o menisco durante 30-45 minutos (sem bolhas) 5. A gota contendo os ovos se adere à face inferior da lamínula 6. Remover a lamínula e inverter rapidamente a sua posição sobre uma lamínula 7. Examinar ao microscópio Método de Willis Centrífugo-Flutuação pelo Sulfato de Zinco (Faust) Fundamento: Flutuação de cistos de protozoários e ovos leves de helmintos em solução de sulfato de zinco Indicação: Indicado na pesquisa de protozoários e de ovos leves de helmintos – Ancilostomídeos, E. vermicularis, T. trichiura. Pode ser utilizada com fezes preservadas em formaldeido, SAF e outros fixadores (ajustar densidade especifica), mas pode causar distorção dos organismos. A permanência prolongada na suspensão pode resultar em distorção dos organismos. Deve-se examinar em até 20 minutos e utilizar tubos com fundo. Desvantagem: Imprópria para espécimes com grande quantidade de gorduras Procedimento: 1. Colocar 1-2g de fezes coletadas de várias partes do bolo fecal em frasco contendo 10ml de água 2. Filtrar a suspensão através de gazes dobradas 4x e receber o filtrado em um tubo cônico de centrifuga de 15ml 3. Adicionar água corrente até completar 2/3 da capacidade do tubo e centrifugar por 1min 4. Descartar sobrenadante e adicionar 1-2ml de água corrente ao sedimento, antes de ressuspendê-lo e completar com água 2/3 do volume do tubo, agitar e centrifugar 5. Repetir a etapa 4 até sobrenadante ficar relativamente claro 6. Depois que o ultimo sobrenadante é decantado, adicionar 1-2ml do reagente e resuspender o sedimento 7. Completar com sulfato de zinco até 0,5cm da borda do tubo e centrifugar por 1min 8. Remover o tubo de centrifuga e, sem agitação, coloca-lo em uma estante em posição vertical 9. Com uma alça de arame tocar no centro da membrana formada na superfície, transferindo várias alçadas para uma lâmina de microscopia 10. Examinar ovos, larvas e cistos Obs.: Ovos de trematódeos e cestoides podem estar presentes – examinar sedimento Centrífugo-Sedimentação por Formol Acetato de Etila Fundamento: Fornece o diagnóstico para ovos, larvas e cistos de todas as espécies de parasitos intestinais detectáveis e separa dos detritos, deixando o sedimento limpo Indicação: Pesquisa de protozoários e helmintos nas fezes Procedimento: 1. Diluir aproximadamente 2g de fezes em 5ml de solução de formalina a 10% e filtrar por meio de gaze dobrada 2. Colocar em tubo de centrifuga e acrescentar 1-2 gotas de detergente comercial 3. Acrescentar 3ml de acetato de etila comercial 4. Tampar o tubo e agitar por 10s 5. Destampar e centrifugar por 2min a 2000rpm 6. Observar a formação de quatro camadas distintas: • 1ª camada: sedimento no fundo do tubo • 2ª camada: formalina • 3ª camada: detritos • 4ª camada: acetato de etila 7. Desprezar as camadas sobrenadantes com um movimento rápido 8. Ressuspender o sobrenadante com 7ml de água, tampar e agitar 9. Centrifugar 2000rpm por 2min e desprezaro sobrenadante 10. Deixar o tubo emborcado sobre a gaze por 2min 11. Ressuspender o sedimento com lugol, colocar uma gota do sedimento sobre a lâmina e proceder a leitura Função do Formol: Fixa e mantém íntegras as estruturas de ovos, larvas e cistos por períodos prolongados e tem função de diluente. Função do Acetato de Etila: Remove as substâncias graxas e possibilita a flutuação dos detritos e é um eficiente solvente para objetos de plástico (tubo, pipetas, estantes), devendo ser empregados sempre com objetos de vidro. Função do Detergente: Aumenta a positividade para ovos de A. lumbricoides. Os ovos inférteis de Ascaris têm a superfície acentuadamente mamilonada, permitindo que muitas gotículas de acetato de etila se alonguem na sua face voltada para o fundo do tubo. Em consequência alguns desses ovos seriam retidos junto ao sobrenadante. Em presença de detergente, que abaixa a tensão superficial, as gotículas de acetato confluem umas em relação as outras com maior facilidade, reduzindo a possibilidade delas alongarem debaixo de estruturas como os ovos inférteis de Ascaris. Função do Éter: Mesma função do acetato de etila, dissolve substâncias graxas e faz flutuar os detritos, porém mais volátil, explosivo e inflamável Centrífugo-Sedimentação por Formol Éter (Método de Ritchie) Fundamento: Fornece o diagnóstico para ovos, larvas e cistos de todas as espécies de parasitos intestinais detectáveis e separa dos detritos, deixando o sedimento limpo Indicação: Pesquisa de protozoários e helmintos nas fezes Procedimento: 1. Colocar 1-2g de fezes coletadas de várias partes do bolo fecal em frasco contendo 10ml de água corrente ou solução salina a 0,85% 2. Filtrar a suspensão através de gaze dobrada 2-4x, receber o filtrado em um tubo cônico de centrifuga de 15ml e centrifugar por 1min (2000rpm) 3. Decantar o sobrenadante e adicionar 1-2ml de água corrente ou solução salina a 0,85% ao sedimento antes de ressuspendê-lo 4. Completar com água corrente (ou solução salina 0,85%) 2/3 do volume do tubo, agitar e centrifugar por 1 min 5. Repetir a etapa 4 até o sobrenadante se apresentar relativamente claro 6. Depois que o último sobrenadante é decantado, resuspender o sedimento com 1-2ml de formalina a 10% e completar em 10ml com formalina a 10%, deixando em repouso por 5min 7. Adicionar 3ml de éter ou acetato de etila, fechar o tubo e agitar vigorosamente, na posição invertida, por 30min 8. Remover tampa com cuidado e centrifugar por 1min (4 camadas) 9. Afrouxar e separar o tampão de detritos das paredes do tubo com um estilete fino e, com cuidado, decantar as três camadas superiores 10. Limpar com swab de algodão as paredes do tubo, removendo os detritos remanescentes 11. Uma pequena quantidade de liquido que permanece nas paredes do tubo escorre para o fundo junto ao sedimento 12. Misturar o liquido e o sedimento, preparando as lâminas para a pesquisa de ovos, larvas e cistos Método de Baermann-Moraes Fundamento: Baseado no hidro e termotropismo das larvas e na tendência destas de sedimentar, espontaneamente, quando se encontram na água Indicação: Pesquisa de larvas de Strongyloides stercoralis e de Ancilostomídeos. Podem ser encontradas larvas rabditoides ou filarioides de ancilostomídeos em fezes que permanecem em temperatura ambiente por mais de 24h ou de indivíduos que sofrem de constipação intestinal. Procedimento: 1. Encher o funil com água corrente, aquecida a 40-45º 2. Abrir a pinça de Mohr, deixando escorrer uma pequena quantidade de água para evitar a formação de bolhas de ar na haste e no tubo de látex 3. Colocar 8-10g de fezes, recentemente emitidas, sobre gaze dobrada 4x e, se necessário, juntar mais água, até que as fezes fiquem submersas e deixar em repouso durante 1h 4. Abrir a pinça e coletar parte do liquido em vidro de reógio 5. Examinar ao microscópio estereoscópio e deixar repousar por alguns minutos (larvas migram para o centro do vidro) ou coletar em tubo cônico de centrifuga, centrifugar e examinar o sedimento entre lâmina e lamínula 6. Corar a preparação com solução de Lugol e examinar ao microscópio Método de Rugai, Mattos & Brisola Fundamento: Baseado no hidro e termotropismo das larvas e na tendência destas de sedimentar, espontaneamente, quando se encontram na água Indicação: Pesquisa de larvas de Strongyloides stercoralis e de Ancilostomídeos. Procedimento: 1. estender, sobre a abertura de um recipiente contendo fezes, gaze dobrada 4x, e repuxar as extremidades para trás 2. Encher, com aproximadamente 70-100ml de água corrente aquecida a 40-45ºC, um copo cônico de sedimentação 3. Transferir o recipiente com as fezes para o interior do copo cônico de sedimentação, de modo que o liquido alcance toda a extensão da abertura do recipiente, cuidando para não formar bolhas de ar e deixar em repouso durante 1h 4. Colher o sedimento, no fundo do copo cônico, com pipeta capilar longa 5. Examinar o sedimento entre lâmina e lamínula Método de Harada-Mori Fundamento: Visa o cultivo de larvas em papel de filtro Indicação: Empregado no cultivo de larvas de ancilostomídeos e Strongyloides stercoralis presentes no material fecal Procedimento: 1. Distribuir 0,5g de fezes em tira de papel filtro, deixando as extremidades livres 2. Colocar a tira em um tubo de ensaio com água destilada, de modo que a extremidade inferior toque na água 3. Tampar o tubo de ensaio, deixar 7-14 dias na temperatura ambiente 4. Examinar com lupa o fundo do tubo 5. Adicionar formalina 10% de piperazina a 5% e colocar o tubo de ensaio em banho-maria a 50ºC por 15min a fim de matar as larvas 6. Retirar as larvas e coloca-las entre lâmina e lamínula para identificação Método de Tamisação (Pesquisa e identificação de proglotes) Fundamento: Tamisação do material fecal, como meio de captura de anéis (proglotes) de tenídeos Indicação: Retirada de anéis de escólex de tenídeos das fezes para fins de diagnóstico para controle de cura e pesquisa de vermes adultos de A. lumbricoides, E. vermicularis, T. trichiura, Ancilostomídeos e H. nana (encontrados no bolo fecal no início do tratamento). Realizar com material excretado durante o dia e conservar em formalina 10%. Procedimento: 1. Emulsionar as fezes com água e coar através de peneira metálica (jato de água corrente) • Método do Ácido Glacial: 1. Colocar em uma placa de Petri, contendo ácido acético glacial, a proglote a ser identificada, durante 15-20 minutos 2. Após o período, comprimi-la entre lâminas 3. Examinar sob iluminação intensa • Método de Campos: 1. Dissolver três comprimidos de metoquina em 5ml de água destilada-deionizada 2. Mergulhar nesta solução, durante 15min, a proglote a ser identificada 3. Após este período, comprimi-la entre lâminas 4. Examinar sob iluminação intensa Método da Fita Gomada (Graham) Fundamento: Baseado na utilização da fita gomada na apreensão de estágios evolutivos de parasitos localizados na região perianal Indicação: Pesquisa de todos os parasitos que prioritária ou ocasionalmente se deslocam até a região perianal – E. vermicularis, Taenia sp, A. lumbricoides, Ancilostomídeos e T. trichiura Procedimento: 1. Coleta do material deverá ser realizada pela manhã antes que o paciente realize sua higiene (recomendar que não use pomada ou qualquer medicamento de uso tópico) 2. Tomar um pedaço de fita gomada com aproximadamente 10cm, colar nas extremidades dois retângulos de papel oficio, a fim de servirem para identificação dos pacientes e manuseio técnico, sem risco de contaminação 3. Montar em tubo de ensaio de modo que a parte adesiva permaneça livre, na parte externa do fundo do tubo 4. Recomendar que o paciente fique em decúbito ventral e aplicar a fita gomada montada sobre a região perianal, tendo o cuidado de afastar os glúteos 5. Após a coleta, aplicar a fita gomada sobre a lâmina pressionando levemente do centro para a periferia a fim de evitar a apreensão de bolhas de ar 6. Prepararno mínimo duas lâminas e levar a microscopia 7. As lâminas assim preparadas poderão ser encaminhadas até dois meses após, devido a capacidade de conservação da técnica Técnica de Kinyoun Fundamento: Os coccídios coram-se pela fucsina básica, adquirindo coloração vermelha ou rosa brilhante intensa e são álcool ácido resistente, destacando-se de outros resíduos, leveduras e bactérias Indicação: Pesquisa dos coccídios intestinais (Cryptosporidium parvum, Cyclospora cayetanensis e Isospora belli Procedimento: 1. Preparar o esfregaço com 1-2 gotas de fezes frescas ou preservadas e deixar secar a temperatura ambiente 2. Fixar submetendo direto ao calor rapidamente 3. Cobrir com fucsina 3-5min 4. Lavar rapidamente 5. Diferenciar com álcool ácido até não sair mais cornte 6. Lavar com água 7. Contra corar com azul de metileno por 30-60s 8. Deixar secar e examinar ao microscópio Obs: A coloração de fundo da preparação depende do corante utilizado; azul de metileno concede a cor azul aos organismos que não se coram pela fucsina, enquanto o verde malaquita cora o fundo verde e o ácido pícrico em amarelo Solução de Fucsina carbórica Fucsina básica.................4g Fenollíquido....................8g Álcool 95%.....................20ml Água destilada................100ml Dissolver a fucsina no álcool e no fenol e filtrar antes de usar Solução de Álcool-Ácido clorídrico 0,1% HCl.....................................................0,1ml Álcool.................................................99ml Solução Estoque de Azul de Metileno Azul de metileno...............................1,4g Álcool 95%.......................................100ml Método de Stoll-Hausheer (Contagem de ovos) Fundamento: Baseado na diluição de quantidade conhecida de fezes e contagem do número de ovos de uma amostra da diluição, de maneira a deduzir a intensidade parasitária Indicação: Avaliação da carga parasitária e suas repercussões patogênicas – Ancilostomídeos Procedimento: 1. Preencher o frasco de Stoll com NaOH até a marca que corresponde a 56ml 2. Adicionar fezes até que o liquido (NaOH) alcance a marca de 60ml 3. Introduzir no frasco pérolas de vidro e em seguida, obtura-lo com rolha de borracha 4. Agitar bem até a perfeita homogeneização (alto para baixo e nunca movimento circular) e retirar com pipeta aspiratória/automática 0,1ml da suspensão 5. Colocar em lâmina, cobrir com lamínula e examinar em pequeno aumento 6. Contar o número total de ovos na lâmina 7. Calcular o número de ovos por grama de fezes, multiplicando o valor encontrado por 150 (resultado: ovos/ml) 8. Examinar sempre mais de uma lâmina e trabalhar com média aritmética Obs: O resultado deverá ser corrigido segundo a consistência das fezes. Para fezes formadas, multiplicar o resultado por 1; Para fezes pastosas por 1,5; Para fezes diarreicas por 3. Método de Kato-Katz Fundamento: Contagem de ovos de helmintos em lâmina após o peneiramento e contato com substância conservadora Indicação: Avaliação da carga parasitária no diagnóstico e controle de cura após o tratamento – S. mansoni Contar os ovos encontrados em toda a lâmina e multiplicar por 23, a fim de ter o número de ovo por grama de fezes Procedimento: 1. Colocar a amostra fecal sobre o papel absorvente 2. Comprimir a tela metálica ou de náilon sobre as fezes, fazendo com que passe através das malhas 3. Remover as fezes que passam através das malhas e transferi-las para o orifício do cartão, colocando sobre a lâmina 4. Depois de encher o orifício central, remover com cuidado o cartão, deixando as fezes com a lamínula 5. Cobrir as fezes com a lamínula de celofane, invertendo e pressionando a lâmina sobre o papel absorvente 6. Deixar a preparação em repouso (clarificação) durante 30 min a 34-40ºC ou a temperatura ambiente por 1-2h 7. Examinar a preparação ao microscópio Obs.: Apesar de ser recomendado para a pesquisa de helmintos, esse método é mais empregado na esquistossomose, devido as modificações que podem ocorrer na morfologia dos ovos de outros parasitas. A função da glicerina é a clarificação do material fecal, tornando-o transparente e permitindo a melhor visualização dos ovos presentes. Os ovos de Ascaris e de Trichuris conservam-se bem por semanas ou meses, enquanto os ovos de Ancilostomídeos tem sua visualização comprometida.
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