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1 Modelo Reintegração de servidor

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE XXX – ESTADO DE XXX
		NOME, nacionalidade, servidor público federal, estado civil, portador do documento de identidade Registro Geral nº XXX, inscrito no CPF nº XXX, residente e domiciliado no endereço XXX, endereço eletrônico XXX, por seu advogado inscrito na OAB/XX sob nº XXX, que esta subscreve, mandato em anexo (doc 1), com endereço profissional a Rua XXX, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 300, 319 e 320 do Código de Processo Civil, propor
AÇÃO ANULATÓRIA PELO PROCEDIMENTO COMUM COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
em face da União, pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ XXX, com sede em XXX – ESTADO DE XXX, endereço eletrônico XXX, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I. DOS FATOS (adaptar a narrativa ao caso)
O Autor é servidor público federal estável, aprovado em concurso público, empossado e em exercício desde (inserir data). Exímio em cumprir suas funções com zelo e dedicação, jamais deixou de atender qualquer ordem ou solicitação de seus superiores. No entanto, o chefe da repartição sabidamente nutria desapreço pelo Autor, fato que alguns colegas tinham ciência. Por motivações pessoais, o instaurou Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar MANIFESTAÇÃO DE DESAPREÇO, sob o pretexto de que o Autor “falava mal” dele dentro da repartição.
Durante o processo, o Autor solicitou a oitiva de testemunha, mas o pedido foi negado pela comissão processante que a considerou desnecessária. Além disso, as intimações para os atos do processo disciplinar eram entregues ao Autor com apenas 1 (um) dia de antecedência. O referido PAD restou em demissão publicada por meio de portaria.
Diante do exposto, não resta outra alternativa senão a propositura da presente AÇÃO ANULATÓRIA DE PORTARIA DEMISSIONAL com pedido de REINTEGRAÇÃO do servidor ao cargo anteriormente ocupado.
II. DA JUSTIÇA GRATUITA (se for o caso)
O Autor vive em situação econômica e financeira precárias e afirma não possuir condições de arcar com as custas processuais sem prejudicar o próprio sustento e de sua família, conforme declaração anexa, nos moldes da Lei 1.060/50 e do art. 98 do CPC.
Face ao exposto, requer-se o benefício da Justiça Gratuita nos termos legais.
III. DO DIREITO (adaptar ao caso concreto)
O art. 5º, LV, da CFRB/1988 estabelece o direito ao contraditório e a ampla defesa em processo administrativo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
No mesmo sentido corrobora o art. 2º da Lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo em âmbito federal) quando preceitua que a Administração Pública deve observar princípios indeléveis, dentre eles o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
(...) 
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.
Os preceitos constitucionais e legais foram severamente ofendidos pela Administração como se verá a seguir.
O citado art. 26, §2º, da Lei 9.784/99, determina que as intimações do processo administrativo, inclusive a inicial, sejam realizadas com antecedência mínima de 3 (três) DIAS ÚTEIS ao comparecimento. No entanto, a Administração realizava as intimações sempre com 1 (um) dia de antecedência. Tais fatos escancaram o prejuízo que o Autor teve em sua defesa pelo estreito lapso de tempo entre o recebimento das intimações e a realização dos atos. Resta, portanto, desrespeitado diretamente o princípio do CONTRADITÓRIO e, consequentemente, a soberania da Constituição Federal de 1988 e a imperatividade da lei.
Não obstante, o Autor ainda designou uma testemunha importante para o esclarecimento dos fatos - um dos colegas que sabiam da implicância do chefe -, porém foi peremptoriamente negada pela comissão processante sob o parco fundamento de que era “desnecessária”. Mais uma vez o processo disciplinar foi corrompido pela desobediência ao ordenamento jurídico, perpetrada pela ofensa ao princípio da AMPLA DEFESA.
Não bastasse isso, UM ATO viciado, ou seja, a instauração ilegítima de processo disciplinar, VIOLOU outros TRÊS PRINCÍPIOS basilares da administração pública, como se vê a seguir. 
O princípio constitucional da IMPESSOALIDADE “estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discriminações e privilégios (...) a particulares” (MAZZA, 2011). No entanto, o PAD foi instaurado pelo chefe da repartição como meio de perseguição, pois era sabido naquele recinto que o líder não gostava do Autor. Assim, além agir com pessoalidade, prestigiou interesses particulares em detrimento do interesse público causando irremediável ofensa ao princípio em comento.
Na mesma toada, o princípio da MORALIDADE “exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade” (MAZZA, 2011) no exercício das atribuições da administração pública. Ao revés, o ato persecutório violou tais padrões, restando claro e inequívoco rompimento com a moral administrativa. 
Da mesma forma, o princípio da EFICIÊNCIA tem como valores a economicidade, eliminação de desperdícios, agilidade, qualidade, produtividade e desempenho funcional, bem como a duração razoável do processo administrativo insculpida no art. 5, LXXVIII, da CFRB/1988. Contudo, ao utilizar-se do meio processual para atender anseios pessoais, o agente ocupou a máquina pública com finalidade alheia à da administração, interferindo negativamente na consecução de objetivos administrativos legítimos e nos resultados da repartição em clara afronta ao presente princípio.
Com a anulação da portaria demissional, a Constituição Federal determina que o servidor seja reintegrado ao cargo, como vemos a seguir:
Art. 41. (...)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.
O art. 28 da Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores Públicos da União) reitera o dispositivo constitucional citado acima:
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
Dessa forma, o referido PAD não pode ter seus efeitos perpetuados no tempo, motivo pelo qual a PORTARIA DEMISSIONAL deve ser ANULADA, ao passo que o Autor faz jus ao direito à imediata reintegração em tutela antecipada, além de, na sentença, indenização por danos materiais abrangendo todos os valores que deixou de receber, como se não tivesse sido demitido, acrescidos de danos morais.
IV. DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS
Entende-se DANO MATERIAL aquele que causa prejuízo a outrem, como preceitua o art. 186 do Código Civil.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Dessa forma, a instauração ilegal do PAD causou e permanece causando inúmeros prejuízos ao Autor, visto que os seus vencimentos constituíam a única fonte de manutenção de sua subsistência e de sua família, o quelhe foi tolhido. Constata-se, portanto, o inequívoco DANO MATERIAL.
Em decorrência disso, o DANO MORAL é aquele que ofende a esfera imaterial do indivíduo, violando algum dos direitos da personalidade insculpidos no Código Civil, em específico a honra e a dignidade. É possível verificar esse prejuízo pelo intenso sofrimento do Autor e de seus familiares, visto as constantes situações de humilhação por que passam, seja pela falta de condições materiais, seja pelas constantes cobranças de credores. Constituindo, por conseguinte, o DANO MORAL. 
Dessa forma, o Código Civil estabelece o direito de indenização quando houver dano a direitos da personalidade e decorrente de ato ilícito.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
(...)
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo Autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
A Constituição Federal assegura indenização àqueles que sofrerem danos decorrentes da atuação de agentes públicos, como segue: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(...)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Pelos fundamentos expostos, resta configurado os danos materiais e morais que ensejam reparação pelo ente administrativo. Portanto, requer o pagamento do valor referente a todos os vencimentos que o Autor deixou de receber somados à quantia de 20 (vinte) salários mínimos.
V - DA TUTELA DE URGÊNCIA
O art. 294 do CPC traz a possibilidade de o Autor requerer a tutela provisória, mais especificamente a de urgência, nos termos do art. 300 do mesmo diploma legal, quando houver “elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Como visto e amplamente constatado, a pena de demissão está eivada de ilegalidade, pois afronta não só ditames constitucionais como também legais. Junto a isso, a pertinência dos fundamentos apresentados faz concluir pela PROBABILIDADE DO DIREITO.
Inobstante, o eventual indeferimento da tutela de urgência com o fito de anular o ato de demissão e reintegrar o Autor ao cargo sem prejuízo da remuneração e das vantagens inerentes, representa absoluto risco econômico para sua família (esposa e XXX filhos menores) que pode ter a manutenção de sua subsistência severamente comprometida. Resta comprovado, portanto, a existência do PERIGO DE DANO.
Evidenciada a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, é indispensável a efetivação da tutela de urgência nos termos do art. 300, §2º, do CPC, sem necessidade de justificação prévia, para a pronta anulação do ato demissional ilegal e a imediata reintegração do Autor ao exercício do cargo público anteriormente ocupado com todas os benefícios de direito.
VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA com a ANULAÇÃO DA PORTARIA DEMISSIONAL e a imediata REINTEGRAÇÃO do Autor ao cargo público anteriormente ocupado com prioridade sobre novos ocupantes e com todos os benefícios de direito;
b) A procedência da presente ação, com a confirmação da tutela de urgência nos termos respectivos, para assegurar em definitivo a permanência do Autor no cargo, além da condenação da ré a pagar danos materiais consistentes em todos os valores atualizados que o Autor deixou de receber, como se não tivesse sido demitido, acrescidos de danos morais no montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
c) A citação da ré para, querendo, contestar a presente demanda no prazo legal, sob pena de revelia;
d) A condenação da ré ao pagamento de custas e honorários de sucumbência em montante não inferior a XX% do valor da condenação;
e) A dispensa da Audiência Prévia de mediação e conciliação;
f) O deferimento do benefício da Justiça Gratuita;
g) O deferimento da juntada de documentos;
h) para os fins do artigo 106, inciso I, do Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015, todas e quaisquer intimações ou comunicações referentes a esta ação devem ser encaminhadas exclusivamente ao [informar o nome do advogado/advogada, com endereço, e-mail]. 
Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e testemunhal.
Dá-se à causa o valor de R$ XXX (XXX) (somatória dos danos materiais e morais pleiteados).
Nestes termos, Pede Deferimento.
Local, data
___________________________________
(ASSINATURA DO ADVOGADO)
OAB/XX nº XXX

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