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Alimentação e Suplementação na Infância

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Alimentação e Suplementação na Infância 
Alimentação na infância: 
• Aleitamento materno – começo de tudo; 
• Os primeiros 1000 dias (concepção aos 2 anos); 
• Introdução alimentar (após os 6 meses, quando 
o aleitamento não é suficiente); 
• Alimentação equilibrada (a introdução alimentar 
deve ser de forma equilibrada). 
 
 
Aleitamento materno: 
• Propriedades importantes no LM: 
o IgA: atua principalmente no tubo 
digestivo da criança, protege contra 
aderência de bactérias e a absorção de 
substâncias que não são compatíveis 
com o organismo do bebê; 
o Lactoferrina: efeito bacteriostático, 
especialmente contra a E. coli – 
bactéria envolvida em diversas 
infecções, dentre elas os quadros de 
diarreia; e Cândida albicans, 
responsável por infecções fúngicas; 
o Lisozima: atua no controle de bactérias; 
o Fatores de crescimento epidérmico: 
moléculas que atuam na maturação do 
tubo digestivo da criança; 
o Oligossacarídeos: origem da formação 
da microbiota intestinal do bebê, a flora 
bífida. Substâncias que ajudam que as 
boas bactérias se proliferem na flora 
intestinal. 
 
Microbiota intestinal: 
• O que sabemos até o momento – microbiota 
adequada melhora a qualidade de vida e 
previne doenças (desbiose pode gerar 
doenças); 
• Formação ao longo da vida. 
 
Os primeiros 1000 dias (conceito de epigenética): 
• Da concepção aos 2 anos de idade; 
• Modulação genética: O que é isso? Como a 
genética é influenciada pela nutrição, estresse e 
ambiente. 
• Impacto na saúde a longo prazo; 
• Epigenética: conjunto emergente de 
mecanismos que explicam de que forma o 
ambiente e a alimentação/nutrição podem 
influenciar o genoma; 
• Primeiros 1000 dias: janela de oportunidade 
para melhorar a saúde dos indivíduos. 
10 passos para uma alimentação saudável: 
• Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 
meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer 
outros alimentos. *Na impossibilidade: fornece 
fórmula adequada para idade. 
• Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de 
forma lenta e gradual outros alimentos, 
mantendo o leite materno até os 2 anos de 
idade ou mais. 
• Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos 
complementares (cereais, tubérculos, carnes, 
leguminosas, frutas e legumes), três vezes ao 
dia, se a criança receber leite materno, e cinco 
vezes ao dia, se estiver desmamada. (A cada 3-
5 dias um único alimento considerado mais 
alergênico). 
• Passo 4 – A alimentação complementar deverá 
ser oferecida sem rigidez de horários, 
respeitando-se sempre a vontade da criança. 
• Passo 5 – A alimentação complementar deve 
ser espessa desde o início e oferecida com 
colher; começar com consistência pastosa 
(papas/purês) e, gradativamente, aumentar a 
consistência até chegar à alimentação da 
família. Não oferecer comida batida no 
liquidificador. 
• Passo 6 – Oferecer à criança diferentes 
alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, 
também, uma alimentação colorida. Mesmo 
sabores deixa a criança mais seletiva e 
resistente a novos sabores. 
• Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, 
verduras e legumes nas refeições. 
• Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, 
frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e 
outras guloseimas nos primeiros anos de vida. 
Se a criança se alimenta disso, ela tem 
deficiência na formação do paladar e acostuma-
se de forma inadequada. 
• Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e 
manuseio dos alimentos; garantir o seu 
armazenamento e conservação adequados. 
• Passo 10 – Estimular a criança doente e 
convalescente a se alimentar, oferecendo sua 
alimentação habitual e seus alimentos 
preferidos, respeitando a sua aceitação. Não 
deve suspender a alimentação saudável 
quando a criança está doente. 
 
Pontos importantes: 
• Alimentos de preferência frescos. 
• Imersão da mamadeira e utensílios em água 
com hipoclorito de sódio 2,5% por 15 minutos 
(20 gotas de hipoclorito para um litro de água) 
ou vinagre. 
• Utilização de bicarbonato de sódio a 1% para 
reduzir a contaminação com os agrotóxicos 
(uma colher de sopa para um litro de água) por 
20 minutos. 
• A água para beber deve ser filtrada e fervida ou 
clorada (2 gotas de hipoclorito de sódio 2,5% 
por litro de água, aguardando por 15 minutos). 
 
Introdução Alimentar: 
• Quando iniciar? 
o Aos 6 meses e “sinais de prontidão” 
(sinais de que o sistema nervoso está 
desenvolvido – se manter sentada, 
sustentar a cabeça com facilidade, 
reflexo de interesse e busca o reflexo 
de protusão da língua); 
o Situações especiais: prematuros ou 
crianças com alterações neurológicas 
(atrasa um pouco a introdução 
alimentar); 
 
• Conceito primordial: alimentação complementar 
(aleitamento + comida até 2 anos); 
• Objetivo: apresentar os alimentos e criar uma 
relação saudável com a comida → comer é 
consequência do processo; 
 
• Como começar? 
o Primeiros alimentos; 
o Que horas oferecer? Não é preciso ter 
horário marcado; 
o Qual a melhor forma de oferecer? 
o A mãe determina o que, como e onde a 
criança vai comer, mas é a criança é 
que vai dizer se ela vai comer e quanto 
ela vai comer; 
 
• O que devemos evitar? 
o Os erros mais comuns: forçar, trocar, 
distrair; 
o Distúrbios alimentares mais comuns: 
como eles surgem? Surgem da má 
introdução alimentar na infância. 
 
• Priorizar alimentos preparados em casa, in 
natura, com poucos condimentos (pode usar 
temperos naturais, como salsinha, cebolinha, 
coentro) e boas condições de higiene. 
• Alimentos processados e ultra processados 
devem ser completamente abolidos nos 
primeiros anos de vida. 
• Evitar alimentos industrializados, café, chás, 
refrigerantes. 
 
Processamento dos alimentos: 
• In natura ou minimamente processados: frutas, 
verduras, carne congelada, arroz e feijão 
embalados etc. 
• Ingredientes culinários processados: sal de 
cozinha, açúcar, melado etc. 
• Alimentos processados: conservas de 
hortaliças, de cereais ou de leguminosas, 
castanhas com sal, carnes salgadas etc. 
• Alimentos ultraprocessados: produzidos por 
grandes indústrias como salgadinho, biscoito 
recheado, sorvete etc. 
 
 
 
• Riscos para a saúde: 
o As carnes ultraprocessadas 
(embutidos) são consideradas grupo 1 
de risco para câncer de intestino - 
chamados de elementos 
carcinogênicos. 
o Quem são elas: salsicha, linguiça, 
salame, bacon, presunto, peito de peru, 
blanquet. 
o Outros elementos Grupo 1 A para 
desenvolvimento de câncer: tabaco, 
amianto, fumaça de óleo diesel. 
 
Comida de verdade: 
• Grupos alimentares: 
o Leguminosas; 
o Hortaliças (verduras + legumes); 
o Cereais e tubérculos; 
o Óleos e gorduras; 
o Carnes e ovos; 
 
 
 
Comer é neurossensorial: 
• Alimentação de transição: preparado 
especialmente para criança pequena, até que 
ela possa receber alimentos na mesma 
consistência da família. Ou seja, alimentação de 
6 a 12 meses que é própria para ela e não é 
igual a do restante da família; 
• Introdução da alimentação complementar deve 
ser gradual, com alimentos inicialmente 
amassados, oferecida com colher (de silicone, 
plástico ou metal emborrachado); 
• Outros métodos de introdução alimentar: Baby-
Led Weaning (BLW) = a criança escolhe a 
comida/ ou Baby-Led Introduction to Solids 
(BLISS) = misto, a mãe dá e a criança escolhe; 
• Método tradicional = a mãe da a comida na boca 
da criança com a colherzinha; 
• Experimentar também com as mãos - explorar 
diferentes texturas de alimentos: aprendizado 
sensório motor. 
 
Alimentação equilibrada: 
• Pirâmide alimentar: 
 
 
 
• Proporção dos alimentos: 
 
 
 
• Fontes de ômega 3 e 6: os ácidos graxos 
essenciais, ácido linoleico (ômega-6) e ácido 
alfa-linolênico (ômega-3), devem ser 
consumidos na dieta. Ômega 6: óleos vegetais 
comestíveis e Ômega-3: óleos de soja, canola e 
sementes (linhaça, nozes, chia), salmão, atum; 
• Água: fornecer água potável a partir da 
introdução de alimentos complementares: 
 
 
 
• A preferência por determinados sabores (muito 
doce ou salgado, por exemplo) pode sermodificada pela exposição precoce a esse tipo 
de alimento. 
 
Janela imunológica: 
• A melhor época de contato com alimentos 
alergênicos. Menos risco de alergia no futuro; 
• Alimentos com glúten, ovo, peixe e outros 
alimentos alergênicos podem ser introduzidos 
aos 6 meses; 
• Nenhuma fruta é contraindicada (exceção da 
carambola em casos de insuficiência renal); 
• Preferir orgânicas ou “de época”. 
 
Existe ordem? 
Sim. 
 
 
Progredindo as quantidades: 
 
 
Não deve fazer uma mistura de todos os alimentos, isso 
prejudica quanto a criança conhece os diferentes tipos 
de alimentos. 
Adicionar óleo vegetal: 3 a 3,5ml para cada 100ml ou 
100g de preparação. 
 
 
Recomendações gerais: 
 
Cuidado com as regras! 
 
 
A criança recusa as comidas no começo, o que é 
normal! 
 
Alimentação no primeiro ano de vida: 
• Não consumir mel no primeiro ano de vida (risco 
de intoxicação); 
• Pode demorar de 8-10 exposições ao alimento 
para aceitação da criança; 
• Respeitar a autorregulação do lactente; 
• Não adicionar sal aos alimentos antes dos 12 
meses; 
• Não oferecer leite de vaca integral; 
• Consistência dos alimentos progressivamente 
aumentada; 
 
Alimentação entre 1 e 2 anos: 
• Refeição na mesa com a família, sem TV, 
ambiente calmo; 
• Treinamento de talheres; 
• Queixa de recusa alimentar é frequente no 2º 
ano de vida – redução de velocidade de 
crescimento; 
• Não premiar quando aceita dieta, nem 
chantagear; 
• Evitar sucos (quanto mais suco, menos 
alimentos); 
• Não consumir açúcar antes de 2 anos de vida; 
• Não consumir café. 
 
Alimentação no pré-escolar: 
• Entre 2 e 6 anos; 
• Velocidade de ganho de peso e estatura menor 
que lactentes – redução das necessidade 
nutricionais e do apetite; 
• O apetite pode variar ao longo do dia e época, 
bem como a preferência por determinados 
alimentos; 
• Neofobia: dificuldade de aceitar alimentos 
novos; 
• Preferência pelo doce → por isso evitar; 
• Importante provar novos alimentos; 
• Mecanismo internos de saciedade – respeitar; 
• Sentar-se à mesa; 
• Respeitar preferências alimentares quando 
possível; 
• Variar modo de preparo de mesmos alimentos 
ou substituir por outros de valor nutricional 
semelhante; 
• Comportamentos como recompensas, 
chantagens, subornos, punições ou castigos 
para forçar a criança a comer, devem ser 
evitados - podem reforçar a recusa alimentar; 
• Alimentação lúdica – preparo dos alimentos 
(com desenhos); 
• Monitorar crescimento e situação nutricional 
(deficiência de micronutrientes em crianças com 
dificuldades alimentares); 
• Evitar líquido durante refeições; 
• Evitar excesso de refrigerante e sucos de 
caixinha. Não estimular consumo de doces e 
salgadinhos, explicando motivo; 
• Os pais são os melhores exemplos; 
• Evitar monotonia alimentar (sempre variar); 
• Dietas ricas em gorduras, sal e açúcares levam 
a distúrbios nutricionais a curto, médio e longo 
prazo, como anemia, desnutrição, HAS, 
doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes 
tipo 2, osteoporose, entre outras. 
 
Alimentação no escolar: 
• 5 refeições: café da manhã, almoço, lanche da 
tarde, jantar, lanche da noite; 
• Alimentação variada, incluindo todos os grupos 
de alimentos, conforme preconizado na 
pirâmide de alimentos; 
• Consumo de frutas (evitar excesso de suco); 
• Estimular consumo de peixes marinhos 
2x/semana; 
• Consumo de leite 600ml/dia (fonte de cálcio) ou 
outras fontes de cálcio. 
 
Alimentação no adolescente: 
• OMS: 10 aos 20 anos; 
• Intensas transformações físicas, psicológicas e 
comportamentais; 
• Necessidades nutricionais são influenciadas 
pelos eventos da puberdade e pelo estirão do 
crescimento; 
• O padrão alimentar é determinado por vários 
fatores pessoais, ambientais e 
macroambientais; 
• Eventos que influenciam diretamente o 
equilíbrio nutritivo: 
o Início da transformação pubertária; 
o Aceleração do crescimento 
longitudinal; 
o Aumento da massa corporal; 
o Modificação da composição corporal; 
o Variações individuais quanto à 
atividade física; 
• Faixa de risco extremamente vulnerável devido 
estilo de vida e ao alto consumo de energia e 
gordura, especialmente na forma de lanches; 
• O consumo excessivo de lanches afeta não 
somente a ingestão diária de macronutrientes, 
mas também a de vitaminas e minerais; 
• Quantidade e tipo gordura consumidos aumenta 
frequência de obesidade, doenças metabólicas 
e risco cardiovasculares; 
• Dietas vegetarianas ou restritas (ex.: glúten e 
lactose), sem devido acompanhamento, pode 
trazer prejuízo a saúde; 
• Promover o consumo de dieta variada, que 
inclua porções adequadas de cada um dos 
grupos principais de alimentos. 
 
Suplementações: 
• Vitaminas e minerais: 
o Maioria das vitaminas não é sintetizada 
pelo organismo e necessita consumo 
na alimentação; 
o A alimentação deve ser colorida e 
variada, para suprir a necessidade da 
maioria das vitaminas; 
o Quando alimentação deficiente com 
riscos de carência, a vitamina deve ser 
utilizada sob a forma medicamentosa, 
principalmente nos primeiros anos de 
vida; 
o Vitamina K é administrada ao 
nascimento (1 mg por via 
intramuscular), para prevenir a doença 
hemorrágica; 
o Iodo: sal de cozinha; 
o Flúor: na água; 
o Cálcio: fontes alimentares; 
o Vitaminas C e do complexo B: repor em 
situações especiais; 
 
→ Ferro: 
o Deficiência de ferro é frequente em 
criança e interfere no quociente de 
inteligência; 
o Estratégias para melhor aporte de ferro 
no início da vida: suplementação de 
ferro nas gestantes, clampeamento do 
cordão após um minuto do nascimento 
e incentivo a prática da amamentação 
exclusiva no 1º semestre de vida; 
o Ação: hemoglobina e mioglobinas; 
 
 
 
* OBS: Pelo MS deve-se iniciar o ferro aos 6 
meses em crianças nascidas a termos e AIG. 
 
→ Vitamina D: 
o Produzido pela exposição solar; 
o Ação: metabolismo do cálcio e osso, 
transcrição gênica, imunidade; 
o Leite materno e dieta complementar 
não atingem os valores diários 
recomendados, por isso é indicado 
suplementação desde primeira semana 
de vida; 
o 0-12 meses: 400UI/dia; 
o 12-24 meses: 600UI/dia; 
o Avaliar suplementação em crianças 
que não consumam quantidade diária 
recomendada, não tenham exposição 
solar ou tenham alguma doença crônica 
(ex. hepatopatia, nefropatia). 
 
→ Vitamina A: 
o Concentração no leite materno varia de 
acordo com dieta materna; 
o Função: olhos, imunidade, 
hematopoiese, pele, ossos; 
o Em regiões de alta prevalência da 
deficiência de vitamina A*, deve ser 
suplementada na forma de megadose: 
▪ 6-11 meses: 100.000 UI em 
dose única; 
▪ 12-72 meses: 200.000 UI a 
cada 4 a 6 meses; 
 
 
 Regiões Norte e Nordeste e diversos 
municípios das Regiões Centro-Oeste, Sul 
e Sudeste. 
 OBS: MS recomenda megadose de 
Vitamina A a cada 6 meses em crianças de 
6-59 meses. 
 
→ Zinco: 
o Função: participa de processos 
enzimáticos, ação no crescimento e 
replicação celular e na imunidade; 
o Deve ser reposto na diarreia aguda por 
10-14 dias: 
▪ < 6 meses: 10 mg/dia; 
▪ > 6 meses: 20 mg/dia. 
 
Ferro, Vitamina D e Vitamina A devem ser 
suplementados. 
 
 
*2 anos e 2 meses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6-12 meses melhor fase para introduzir alimentos 
alergênicos.

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